na rua, na chuva ou na fazenda

sexta-feira, novembro 12, 2021

navegar é preciso, viver não é preciso...



ando precisando de dar um upgrade nas minhas emoções. pra valer! como estamos em tempos de palavras novas, preciso entrar numas de me "ressignificar" seja lá o que diabo isto queira dizer; tanto pro bom quanto pro ruim. só isto pra dar o tom exato do que quero dizer, se é que você me entende. em verdade, em verdade eu vos digo (perdoa-me jc, este aqui não sabe que é proibido apropriar-se frases bíblicas a menos que seja pastor ou primo de edir macedo porque malafaia caiu um bocado de pontos nos faith bet). vamos deixar de enrolar  e vamos ao ponto de partida.

estou precisando mesmo de dar um grau nas minhas emoções desde um fatídico abril de 2021 quando me desconfiaram possivelmente neoplásico. frouxo que sou, comecei a fazer as investigações preliminares na levada dos sambas de martinho da vila "bem devagar, devagarinho..." pura frouxidão mesmo! mas o tempo passa, o tempo voa e os deslizes do corpo não perdoam. chegou a confirmação indesejada de todo: eu estava portador de um tumor na região da orofaringe que, por tabelinha e pura diversão me atingiu a base da língua e ameaçava as cordas vocais.

me mantive fleumaticamente britânico, gelado que nem um viking que antes de conquistar os países nórdicos vivia em botswana e, pra se acostumar à gelidez da vida e da meteorologia, passava as férias de verão no kilimanjaro . tradução: o medo se instalou geral a ponto de me fossilizar . não adiantaram os acalantos de amigos, parentes e aderentes na base do "porra véi a medicina tá super evoluida! pare com isso!" meu estado de espírito flutuava qual alma penada (trocaralho do cadilho de tão infeliz!): ia do purgatoriano limbo aos infernos bíblicos e dantescos em milisesgundos. não que eu não tenha medo da morte. tenho, sim; e como!!! apenas finjo que não é comigo. mas esse medo é perfeitamente compreensível: qualquer vivente tem medo daquilo que não conhece!


e é aí que entra essa coisa de "ressignificar" minhas emoções; reconhecer que vivi o bastante pra aprender um monte de coisas e se não pus em prática o que aprendi foi puro relaxamento e agora não dá mais pra invocar a intervenção do árbrito de v.a..r numa tentativa de driblar um destino construido com muito esforço à base de noites mal dormidas, conhaques, cervejas, vinhos, vodkas e cigarros e, de vez em quando uma comidinha pra quebrar a rotina.


hoje, em um leito de hospital dito especializado, me surpreendo com o desprendimento de meninas e meninos, homens e mulheres novos e nem tão novos assim que se doam em busca de lenitivo para as dores de uns como eu e outros a quem o acaso se encarrega de castigar por erros ainda não cometidos ou cometidos em tempos doutrora. é fato e é bonito este lado de uma casa pra se morrer falando em saude. tocante o desespero (real) que bate nos olhos dos embriões de médicos e enfermeiros (com todos os gêneros a que esses profissionais optem neste mundo cheio de preconceitos dentro de preconceitos) quando um paciente mais cético e mais cansado desiste. presenciei dois desses casos de desânimo pela vida e o entusiasmo com que dão à morte seu último suspiro. certamente não pensaram no sofrimento de quem se esforçava pra deixá-los aqui mais um tempinho e se sentiram lesados levianamente.

na enfermaria que ocupo somos quatro. o time recebeu reforços depois de duas desistências. resistir é preciso; viver também é?

 

terça-feira, setembro 21, 2021

o brasil redescoberto

a assembleia geral das nações unidas realizada em noviorque neste 21 de setembro deu à luz um novo brasil. diferente daquele a que estamos acostumados - e assombrados - o país recém descoberto pelo navegador brasileiro de origem italiana jair messias (nenhuma relação com mussolini posto que se chama bolsonaro), mantém as cores pujantes de 1.500,
muito menos índios e muito menos matas.

no entanto, como na carta do bardo escrevinhador (na verdade, o primeiro a contar lorotas com sotaque brasileiro) pero vaz de caminha, neste país em se plantando tudo dá: notícias falsas, facadas cinematográficas e uma legião enorme de imbecis dispostos a imbecilizar os que não se deixaram encabrestar.

o novo descobridor do brasil pintou para o mundo um país das maravilhas sem alices ou chapeleiros malucos; um país equilibrado em pernas de pau sob uma lona estrelada.

dos filisteus és mãe gentil, pátria armada, brasil.

o fechamento do brasil na abertura da assembleia da onu


a mordida na fatia de pizza no meio de uma rua lá da big apple me deixou com água na boca de tanta saudade de um país para chamar de meu. porra, véi, que coisa legal ver o presidente do seu país se comportando igual a você, metendo a mão numa suculenta fatia de pizza e enchendo a boca com aquela massa macia e, ao mesmo tempo, crocante! mas isso não acontece.

o dedo médio em riste do ministro queiroga insistiu em quebrar a fantasia, em esbagaçar a quimera. deselegante e rasteiro, o ministro mostrou, com seu dedo transformado em falo, o que pensa do que queremos, do que necessitamos e até mesmo do que pensamos. mas não paramos por aí.

tradicionalmente o puxador dos discursos de abertura da assembleia geral da onu, o brasil desta vez protagonizou um teatro de barbárie, no palavreado chinfrim e seco de fundamentação do nosso estimadíssimo senhor presidente da república. 

na contramão e em alta velocidade, o manda chuva-mor brasileiro fez com os ouvidos de seus pares o que tem feito com os nossos: um imenso penico! mas manteve a sua postura de quem quer, a todo o custo, inaugurar mais uma ditadura nas terras abaixo da linha do equador.

de ivermectina a dedadas, o brasil cagou e andou para a comunidade mundial. andaram dizendo a boca pequena (porque ninguém é maluco de confrontar o presidente brasileiro a menos que se chame adélio e tenha a inteção de elegê-lo) que sua fala foi fakespeech pra nós, que estamos acostumados, nenhuma novidade.

mesmo assim, fiquei speechless.

atualizando um antigo lema, o filho 04 do presidente entrou numa loja de armas para escolher seus novos brinquedos. brasil, arme-o ou deixe-o!

quarta-feira, setembro 15, 2021

o tempora, o mores!


laços que unem - e separam - norteamericanos e brasileiros neste século 21: cada um tem, ou teve, o presidente e o setembro que merecem. lá em cima, tiveram o trump; cá embaixo, temos o que temos; lá, eles tiveram o seu 11 há 20 anos; cá, pintamos o 7. pro bem ou pro mal, algo em comum.

brasilha tem vivido dias quase silenciosos se comparados aos arrotos vulcânicos que prenunciavam uma erupção no dia da pátria (prefiro mátria). houve sim, um certo abalo sísmico mas de tal intensidade que não chegou a sacudir os alicerces da barraca de praia que frequentei há séculos lá no diogo. fluxos piroclásticos então, nem pensar! o que houve em sequência, foi uma grita quase ensurdecedora e depois, um silêncio retumbante..

passados os rompantes e a gritaria, sobrou o silêncio. este sim, perigoso. posto que vindo de onde e de quem vem, dele tudo se pode esperar. até mesmo desculpas esfarrapadas como as que disfarçadamente foram publicizadas sob a forma de uma mensagem à nação construída sabe-se lá a quantas mãos mas com as digitais de michel temer.

se o atual inquilino do palácio do planalto voltou atrás em sua paixão ditatorial, não se sabe, mas a semente que ele vinha plantando foi regada. ele pode ter silenciado temporariamente o movimento das suas tripas autoritárias mas o movimento peristáltico dentro delas continua e cresce. a diarreia ainda pode advir.

legislando em causa própria e famiglia: o chefe lá do planalto, baixou uma medida que institucionalizaria a mentira nas "redes sociais" como verdade absoluta. não deu certo. justificou-se: "quem nunca contou uma mentirinha que seja?" 

no congresso, os inquisidores acabam sendo inquiridos e, em algumas ocasiões, chacoteados por decisões judiciais que beneficiam tão somente aqueles que, aproveitando-se do momento, pretendiam


apenas enriquecer mais um pouquinho nas tetas da vaca profana da república ainda que às custas da morte de milhares de inocentes e outros nem tanto. tornou-se regra "invoco o meu direito de ficar em silêncio!"

enquanto isso, sanpaulo, o maior dos maiores estados brasileiros, publicitariamente comandado por um propagandista, briga com brasilha com olhos em eleições (auditadas?) vindouras. já em brasilha, o ministro da saúde, diz que o brasil já tem vacinas demais (e mortos de menos?).

cícero (o romano, não o brasileiro) estava certo: o tempore, o mores! e a nação, amarrotada vai adiante. vida que segue!

quinta-feira, agosto 19, 2021

quo vadis, renan? (ah, excelência com todo respeito, eu vou exercer minha prerrogativa de me manter em silêncio)

neste país de enxovalhamentos diversos, em algum momento alguém deve ter pensado "a cpi da covid vai dar em algum lugar!" à medida que o tempo passa, os bate-bocas, o mutismo e as atitudes mais deslavadas que o plenário da cpi se nos apresenta, tenho quase certeza de que não vai dar em outro lugar senão a gaveta mais remota e profunda do congresso.


lotado de personagens às vezes histriônicos, o plenário onde se desenrola essa cpi muito se assemelha ao que está contido em a gaiola das loucas, fogueira das vaidades, a nau dos insensatos e contos da carochinha(?). Testemunhas e/ou depoentes se garantem o direito à mudez (e muito se fala em liberdade de expressão) deixando os inquiridores em palpos de aranha e sem se sentirem desmoralizados; senadores se prestam a moleques de recado e defensores de frascos e comprimidos não dando a mínima para o respeito que, em tese, deveriam ter para (pelo menos) com aqueles que os elegeram.

esses mereceriam pelo menos tópicos à parte. eduardo girão, marco rogério, fernando bezerra, renan calheiros (para ficar nos que mais estão expostos) cada um à sua maneira desconstrói a imagem que deveríamos ter e manter de um congresso sério, de parlamentares sérios.

girão, rogério e bezerra seriam, em outras circunstâncias, aqueles a quem caberia a pecha de jagunços, paus mandados, ou em casos heróicos, buchas de canhão. tudo o que fazem é manter a cabeça-de-ponte instalada pelo pranalto em todas as frentes de batalha. já o calheiros, coitado, como relator vê agonizarem suas esperanças de desconstruir a imagem que tem no imaginário de muita gente substituindo-a por uma novinha em folha: a de paladino da pandemia.

o rogério (marcos), ah, o rogério! este é um caso à parte. sempre se colocando como 'jornalista' defende, com garras e dentes, tudo aquilo que todo jornalista, à exceção dos "ícones" da estirpe de alexandre garcia, considerariam indefensáveis. mas, como os sites de pornô costumam destacar naquelas ocasiões em que as atrizes se submetem a posições de fazer inveja ao lado dark do kama sutra, é apenas uma questão de pov (point of view).

ao cabo e ao fim ou vice-e-versa, estamos todos sendo enganados estrepitosamente em som e imagem e textos. em redes sociais ou antissociais (é assim que se escreve?); em desfiles mixurucas fazendo de tanques caminhões postais; em briguinhas de compadres envolvendo togas e faixas e mais toscamente no silêncio ensurdecedor das "testemunhas-chave" chamadas à cpi.

a lixeira espera, de boca escancarada, os resultados de tamanha encenação. ah, cazuza, que país é este?


terça-feira, agosto 17, 2021

a (minha) grande família


nesses tempos estranhos em que amigos velhos e novos se voltam uns contra os outros por questões meramente de simpatia e não de ideologias, acabei por descobrir um mecanismo fantástico para mensurar a temperatura político/ideológica do país sem precisar recorrer a institutos de pesquisa ou de construir um cercadinho para juntar uma claque: olhar e ouvir a minha própria família.

os membros mais ativos desse meu macro universo são dois filhos e um irmão: bolachinha, pudim e tonga. na outra ponta, o resto todo, inclusive eu, que me reputo um zero à esquerda nessas questões e noutras também.

bolachinha, rechonchudo e bonachão, de um bom humor arrevesado e contagiante é a ponta mais afiada desse pedregulho residente na sola da minha chinela. radical intransigente, reproduz fidedignamente tudo aquilo que recebe de sites, de redes, de sinais de fumaça ou de quaisquer outros meios de comunicação ou que saia das hostes do palácio do pranalto. e ponto final.

pudim, espigado e mal humorado como todo e qualquer barnabé - embora barnabé diferenciado por se dedicar a ajudar a salvar vidas - é, digamos, um pouco mais transigente; um pouco mais tolerante (menos quando se trata de mexer na sua cota de cerveja ou no seu holerite). mas aceita discutir; o problema é aceitar opiniões diversas.

tonga, o estofo intelectual desse tripé familiar é, de longe, o mais complicado por reunir as qualidades dos dois anteriores e aglutiná-las às suas. isto faz dele o sal da terra. sujeito simpático e bonachão, é uma mistura de marco rogério e eduardo girão (senadores da república) e j.m.bolsonaro. negacionistas de quatro costados.

os três, como boa parte da gente dessa terra brasilis, defende com unhas, dentes e canhões o defenestramento de ministros, o retorno de atos autoritários e, sobretudo, o brasil acima de tudo e deus acima de todos (ou seria o contrário?)! não aceitam, sob nenhuma hipótese, argumentos contrários. mitos (e míticos) eles próprios, endeusam o "mito" e desconstroem a verdade. tem razão. até porque a verdade, verdadeiramente, pertence a cada um que a diga como tal. 

vivendo sob o signo do câncer - apesar de nascido sob o de touro - divirto-me vendo a minha família se dividir como nação. divirto-me vendo deputados, senadores et caterva se digladiando tornando política uma crise humanitária e tornando desumana uma tragédia eminentemente humana.



sexta-feira, agosto 13, 2021

Coincidência às avessas

em agosto de 1964, no auditório da escola superior de comando e estado-maior do exército, o marechal  castello branco, disparou: "eu os identifico a todos. e são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vem aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar." 


primeiro presidente do regime militar, o cearense castelo branco (20/09/1897 - 18/07/1967), referia-se à empresários e políticos que assediavam o iniciante governo buscando se abrigar (e lucrar) junto aos novos manda-chuvas. hoje fosse, estaria se referindo ao presidente jair m. bolsonaro e seus apoiadores o que pode soar um tanto quanto estranho visto que o presidente é egresso (da pior forma) do exército.

"vivandeiras" eram mulheres que seguiam as tropas e lhes "prestavam favores" (sem misoginia ou machismo, por favor!). como disse, messias até que segue as tropas, afinal, saiu de uma delas para se tornar uma vivandeira. na verdade, a vivandeira líder.

coincidentemente, a frase de castelo branco, dita num discurso onde sinalizava não aceitar ou, no mínimo não ouvir com bons ouvidos o canto de sereia daqueles a quem hoje chamamos de baba-ovos, reverberou em agosto de 1964; e é também em agosto (este) que messias veste a carapuça atirada por castelo branco ao convocar um desfile militar para lhe servir de correio: oficialmente, para entregar um convite; por baixo dos panos, para ameaçar e/ou intimidar a todos aqueles que não rezam pela sua cartilha.

a política brasileira e o próprio povo nunca estiveram tão à mercê de mentes tacanhas como agora. perdido em suas inúmeras tentativas de se estabilizar desestabilizando, messias desde sempre tem cortejado militares e civis sob todas as formas. nessa sua busca insensata de apoio à sua própria insensatez, messias sempre  que pode,  evoca Deus, como fez, certa ocasião, durante almoço comemorativo da promoção de novos oficiais no clube naval, em brasilha: "nada fazemos sozinhos. a grande âncora do meu governo são as forças armadas.../... que amanhã, se deus assim permitir, os senhores estarão aqui na frente, muito bem representando o nosso brasil. novos desafios. com deus no norte!"

uma vivandeira postada em local bem estratégico e um exercício naval a mais de mil quilômetros da praia. 

coincidência às avessas.



quarta-feira, agosto 04, 2021

um salto para o passado


eleito, quero crer democraticamente, pelo voto eletrônico, o "messias" presidente quer agora, dar um salto de volta para o passado açulando seus cães de guerra com um discurso típico de quem não tem argumentos para se sustentar. a alucinação presidencial parte do princípio de que as urnas eletrônicas não são confiáveis, não podem ser auditadas e podem ser invadidas por piratas cibernéticos ("hackers" no português moderno).

ora bolas! o cidadão que se elegeu - não, ele não se elegeu, foi eleito! - através de votos depositados nas agora não confiáveis maquininhas e pelo clamor provocado por uma "facada" hoje renega os mecanismos da sua eleição? Se bem que, venhamos e convenhamos, a "facada" ele não renega pois se assim o fizer comprovará a minha absurda teoria de que ela não existiu jamais (seria uma facada falsa ou "fake" como diriam os defensores da pureza da língua pátria).

o que ele quer, na verdade é a volta de um velho conhecido desta república de bananas: o voto de cabresto. saber quais bois e mulas permanecem nos seus currais e quais pularam a cerca e precisam ser reconduzidos ao mourão (vixe!) para o devido castigo. nada mais do que isso. 

interessante é que os seus 'apoiadores' vão ao delírio a cada aparição sua no "cercadinho" (melhor seria curralinho) onde, todas as quintas, ele vai conferir se a marca do seu ferro continua visível nas testas que substituem ancas. estão lá, as marcas e o gado. sempre!

evangélico (será?) reza por uma cartilha tortuosa; militar expurgado das fileiras, cooptou para baixo de suas asas rapineiras,  um punhado de outros tais quais e se põe a vomitar ameaças entrincheirado por trás de dólmans e ordens unidas. e o pior é que a sua plateia aplaude e ainda pede bis. 

é assim o país que substituiu o "ame-o ou deixe-o" pelo "brasil acima de todos e deus acima de tudo!" (é acima mesmo?). é assim o homem que clama por transparência e clareza e impõe sigilo de cem anos nas atividades daqueles que estão mais próximos de si. 

* a imagem aqui publicada foi copiada de uma página do facebook e não identifica o seu autor. 


segunda-feira, agosto 02, 2021

dom de iludir

 a pandemia infectou a política brasileira de uma forma tão ou mais completa do que a que vem fazendo com a população. enquanto na maioria dos países se busca desesperadamente um modo de conter o avanço (?) do vírus, por aqui o que se busca é o protagonismo arrevesado de "quem pode mais, quem manda mais". políticos de todos os naipes, de todas as matizes, de todos os tamanhos se engalfinham com discursos (e discussões) mirabolantes que bem caberiam em qualquer roteiro saído de uma viagem de lsd dos anos 70.

o presidente brasileiro arregimentou uma tropa de choque para combater na batalha louca de defender suas  ideias e teorias conspiratórias contra a forma de votação que o elegeu com o auxílio luxuoso de uma facada cenográfica e achou quem se dispusesse a tanto. senadores, deputados, médicos, intelectuais e pés rapados compraram a ideia e o resultado são embates que mais nos empobrecem e mais nos deixam à beira de um desastre maior.

jairzinho bem amado, perdigoto e mentiroso contumaz está mais feliz que pinto em bosta: apesar de toda a rejeição, vê crescer a matilha que o segue encegueirada e isso lhe dá forças para continuar fazendo a velha política que ele jura de pés juntos que não segue. tudo bem. mentir está no seu dna. o interessante é que nesse rebanho de seguidores pode-se, em uma olhada mais atenta, definir dois grupos distintos: um, composto pelos que (como sempre) vislumbram uma possibilidade de ganho (dinheiro ou poder ou os dois juntos) e o outro, formado pela malta desembestada que segue a qualquer um sem saber sequer o que ou a quem está seguindo.

é bem assim o brasil onde ministros e presidente e governadores e prefeitos e juízes e senadores e deputados e vereadores mentem descaradamente e o povo, como sempre, acredita. pra variar, mentindo pra si mesmo, 

quarta-feira, junho 09, 2021

a ópera-bufa da covid 19 invade brasilha

 

"o povo brasileiro é brincalhão, feliz, hospitaleiro e bonachão". alguém disse isto em algum lugar, em algum tempo. não sei de quem foi a boca ou a pena que cravou esta definição deste povo que vive neste lugar abaixo da da linha do equador chamado de terra brasilis. portanto, livro-me aqui e alhures de incorrer em erro. apenas repito como papagaio, aquilo que não estou careca de ouvir posto que careca sou por questões de genética.

a afirmação/definição carece de fundamentos ou, na melhor das hipóteses, de complementos. o brasileiro só brinca com o que é sério; o brasileiro, não é feliz - parafraseando aquele poeta português - ele finge que é felicidade a felicidade que deveras não sente e aqui, o adendo é meu: brasileiro só é feliz na infelicidade alheia. pelo menos se formos prestar atenção ao enorme debate político (se digo debate é para evitar palavra pior) que se trava em torno das ações de combate à pandemia que assola o mundo e, em especial, o brasil.

instituiu-se, no senado, a cpi da covid. formou-se um circo de horrores. de um lado, aqueles que se autodefinem como defensores do povo; do outro, os que defendem as linhas traçadas pelo cidadão que sonha em se eternizar como o messias do século 21. 

é de entristecer qualquer  palhaço. brasileiro ou não. pior é que enxovalham tudo que abordam. no imenso lodaçal que vem sendo criado, chafurdam os marcos rogérios, eduardos girão e seus ombreados civis que se querem militares nomeados como "tropa de choque".

esse teatro de absurdos só não é maior porque nem todos dão atenção à fogueira de vaidades e jogo de interesses escusos que a cpi de boas intenções e nenhum resultado até agora nos tem proporcionado.

marcos rogério, respaldado talvez em sua passagem no episódio de cassação de eduardo cunha, então presidente da câmara dos deputados e hoje embrião de escritor, tenta, de todas as formas possíveis e imagináveis, extrair o pior de si e dos outros na defesa de seu comandante; eduardo girão (que tem o mesmo sobrenome e espero que não parentesco com um grande amigo meu) faz o mesmo, quem sabe lembrando o seu tempo de presidente do fortaleza futebol clube.

por enquanto, estamos todos na mesma cova. sofrendo a mesma derrota e, pior de tudo, assistindo a uma ópera-bufa comandada de longe por um sujeito cujo maior prazer é ver o circo pegar fogo. 

terça-feira, março 23, 2021

negando o negacionismo


parafraseando um certo cidadão que costumava iniciar seus discursos de efeito dizendo "nunca antes na história deste país", verdadeiramente nunca antes na história deste país se viu ou se ouviu, em curtíssimo espaço de tempo, um desfiar tão grande de mentiras e um exercício de hipocrisia tão sincero quanto o desta terça-feira, 23 de março de 2021.

em rede nacional de rádio e televisão, o presidente brasileiro me chamou de burro, idiota, beócio, desmemoriado e tudo o mais que ele achou de direito me chamar por não pactuar com sua linha de raciocínio.

hoje, realmente, ele se superou negando a própria negação e acabou por me convencer: ele, definitivamente é o cara que tem se matado para evitar a morte diária de milhares de brasileiros; ele realmente tem chorado lágrimas de sangue para evitar o choro de milhares de brasileiros internados, intubados, internando, intubando ou enterrando outros tantos milhares.

me senti péssimo por ter duvidado tanto do presidente e da sua equipe e até quase me peguei entrando na telinha da tv para lhe dar um abraço e quem sabe, com um pouco de sorte e muito azar meu, lhe passar a pior cepa possível do Covid.

quarta-feira, janeiro 27, 2021

o covid e o covil sombrio do brasileiro

além de detonar, sem dó, o brasilian way of life e matar gente de todas as castas a torto e a direito, o covid escancarou um lado sombrio do brasileiro tido como afável, terno, brincalhão e um povo solidário ao revelar o lado sombrio dessa solidariedade tão celebrada.

com a chegada de alguns milhões de doses de vacina que  não chegam para imunizar sequer um décimo da população local, o país entra em uma refrega que expõe o lado sombrio desse povo tão ensolarado. 

o negacionismo do inquilino do palácio do alvorada e seus sequazes é fichinha se comparado à ideia exposta pelos nababos que querem comprar dos laboratórios o medicamento que pode ajudar a salvar suas vidas e suas castas.

enquanto no resto do mundo grande parte da raça humana tenta alcançar a todos com o imunizante (claro que há exceções), aqui, na terra brasilis, a iniciativa privada quer garantir o seu quinhão e, desta forma, criar a sua própria arca de noé.

mas não só a nata, a elite econômica que age assim, esse lado canalha do brasil está representado pela enfermeira que rouba um vidrinho milagroso pra vacinar seu médico preferido (e olhe que ambos tem prioridade e, portanto, não há necessidade do gesto); a dentista jovem, que se acha no direito de ser vacinada por ter um grande futuro pela frente ou o prefeito que "quer dar exemplo" ao povo.

as altas coortes também reivindicam sua parte nesse latifúndio. stf; supremo; tse... todos, todos feitos do mesmo barro porém, como nos açougues, com cortes mais nobres. enquanto isso...

vacina pouca, meu bracinho primeiro!