na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, setembro 06, 2006

a volta dos que não foram

ando meio desligado como diriam rita lee e os mutantes em tempos mais do que idos. paira sobre minha cabeça, além do chapéu e nuvens nordestinas, uma coisa assim meio non-sense, meio déja-vu. tudo isto por conta dessa tal de campanha eleitoral no rádio, na televisão, nas ruas, nos muros e nas conversas de botequins. essa última, muito interessante por causa dos tira-gostos, das biritas e, até mesmo, das fofocas que nada têm a ver com a política. já na televisão e no rádio... valha-medeusnossasenhora! é um deusnosacuda de deslavadas mentiras, de paternidades subitamente assumidas, de anúncios de projetos que sequer chegaram ao papel. de candidaturas a jesus cristo do século 21. salvadores da pátriaamadaómãegentiléstubrasil às carradas!
não aguento a cara sem cara de alckiminho! não ví - graças a deus! - a cara sem barba de meunomenéias! gosto até de ver a cara estranhamente miudinha daquela moça alagoana e gosto que me enrosco do seu sotaque com um "t" duro que só nordestino sabe falar! é muito bom de ouvir! bom demais da conta. e pára por aí. dos outros não se fala nada, inclusive porque não se ouve nada. quem será esse tal de luladasilva que mesmerizou mais de cinquenta por cento dos brasileiros? de quem será aquela voz saída do fundo da garganta, roufenha parecendo de fantasma de filme b que garante bolsafamíliaescolasalárioboteco pra todo mundo? sinceramente não sei. não consigo ligar a voz ao dono. minha memória de peixinho dourado é, além de tamanho nano, seletiva: apagou completamente uma possível imagem do cidadão. como era mesmo o nome dele? ele fazia o quê antes de se candidatar? ele já foi alguma coisa? esteve no abc paulista? é de ribeirão preto? bebe, por acaso? quem são os parentes mais próximos? fidel? chávez? evo morales? bush? quem serão seu amigos mais íntimos? de quem estou falando mesmo? esquecí. portanto, mudemos de assunto.
ameaçados de extinção, alguns bichos escrotos do planalto central de brasilha, juntaram-se em assembléia para deliberar sobre a forma de defenderem-se, com eficácia, de um novo animal recém introduzido no seu hábitat natural e que revelou-se mortalmente predador para sua espécie. no decorrer da assembléia, descobriram alguns artifícios que poderiam servir como camuflagem quase natural. o ruim é que essa camuflagem revelou-se de curta duração. chamada de renúncia, escondia a possível vítima por um curto período que levava a uma certa distração do predador na hora do rango e ele - o bicho ameaçado - voltava todo serelepe para a brasilha do bem bom agora protegido por mais quatro ou oito anos pela capa da imunidade parlamentar que era a carapaça da camuflagem quando dava - e, em certos casos, ainda dá. pois bem. agora, nessa deliberação, descobriram uma arma que pode ser letal contra o tal do predador pois engana-o definitivamente - ad seculum seculorum, amen - o voto aberto! hip!hip!hurra!!! ainda não se sabe ao certo quem foi o pai da idéia. mas, todos o aplaudem, seja lá ele quem for. descoberta a arma, resolveram para legitimá-la na base do voto - que por sua vez, é também a mais poderosa ferramenta do tal do predador - e puseram-se a alardeá-lo para que o predador se sentisse seguro na caça. isto feito ( o alarde, ó cara-pálida!) juntaram-se todos, às vistas do predador, e puseram-se a votar o voto aberto. votaram-no maciçamente. apenas uns poucos abstiveram-se ou esconderam-se. alguns por temerários, outros por já terem se dado conta de que o predador, apesar de feroz nos últimos tempos, é obtuso como uma porta de castelo medieval e não precisava tanto esforço.
uma notícia: câmara dos deputados aprova o fim do voto secreto!
outra notícia: crime organizado se espalha pelo país!
mais uma notícia: ferrão de arraia mata caçador de crocodilos na austrália!
voltemos ao assunto: apesar de aprovado o fim do voto secreto pelos deputados, os senadores de brasilha já sinalizaram de que não vão aprovar a história do jeito que ela foi escrita. resultado: bumbumpraticunbumprucurundum! rolou samba do crioulo doido em brasilha!

quarta-feira, agosto 16, 2006

o debate que eu não vi...nem participei

como nos países ditos civilizados, existem temporadas de caça que são abertas, a cada estação. temporada de caça ao pato, ao veado, ao alce, ao ganso e etc, etc, etc. no brasil, nem tão civilizado assim, abre-se temporada de caça ao pato – neste caso, o eleitor. ao contrário dos civilizados países, o incivilizado caçador brasileiro não se utiliza de espingardas, rifles ou outras armas mortais. civilizadamente, o brasileiro opta por armas mais sofisticadas: bolsas família & escola, aumento salarial, indulto de assassinos e traficantes a pretexto de que mesmo eles, têm filhos e assim por diante. são armas poderosíssimas. tão letais quanto os mísseis israelenses (ou israelitas?) que caem como chuva de verão sobre Beirute para matar crianças que não seqüestraram dois soldados judeus. mas tem lá sua justiça: caçam, também, o rísbolá. quem estiver no meio do caminho – ou da explosão, que se dane! Além disso, de não usarem essas armas explosivas e invasivas do corpo humano, os caçadores brasileiros têm, em uma temporada – a da caça ao pato – duas temporadas pelo mesmo preço: caçam o pato brasileiro que, por sinal é um pato suculento, pois dá milhões de votos e a caça ao santo graal – não aquele quase mitológico por conter, dizem os crédulos e não crêem os incrédulos, o sangue de jc – mas ao que vive escondido no recôndito das urnas guardando esperanças de milhões de patos brasileiros e que tem poderes tão milagrosos quanto os do da lenda cristã. esse graal brasileiro atende pelo nome de mandato e, dentre os poderes está o da total impunidade. além disso, a posse do tal graal garante ao seu ungido, como a naturalidade kryptoniana garante a clark kent, a invulnerabilidade absoluta. à justiça, a desvios e pruridos morais como vergonha e honestidade e assim por diante.
está aberta a temporada de caça a partir de brasilha e estendendo-se por todo o território nacional. despidos de quaisquer atributos de moralidade, o que lhes confere um caráter de predadores absolutos, os candidatos esforçam-se nos discursos, nos efeitos especiais e... na caça. predador e presa não se confundem. em absoluto. apesar de absolutamente iguais, tentam se fazer diferentes. como aquele peixe que se finge de isca para devorar o outro peixe. e isto, eletronicamente. no rádio, na tevê, na internete e nos jornais. todos são angelicalmente inocentes, puros e bestas. têm propostas que nos fariam entrar, de imediato, no universo do povo mais saudável, sob todos os aspectos, deste planetazinho chamado terra. a isca desses predadores é – não a única, mas uma das mais utilizadas – um negócio chamado debate! criada por especialistas na caça-ao-pato, essa isca foi devidamente assimilada – claro que por interesses difusos – pelos especialistas em comunicação e convencimento de massa ao pato e se tornou um dos grandes trunfos de quem sabe jogar o jogo. assim, a caça ao pato – solenemente apelidada de campanha presidencial ou simplesmente de campanha política – sem um único debate em rede nacional, não é campanha nem é caça ao besta (não era pato?).
já aconteceram alguns, por esses dias. na verdade, não passaram de conversas amistosas, em ambientes finamente decorados das quais todos saíram rindo, sorrindo e dando risadas. mas teve (houve?) um que, mesmo não o tendo visto, se tornou memorável para mim: o inaugural. que devia, até mesmo pela pompa e circunstância de ser “o inaugural” devia contar com todos os caçadores alfa desta temporada: o maior de todos (alfa-alfa) e todos os beta. pois é. os beta foram e o alfa, não. por ser o melhor, talvez. como sou mentiroso contumaz (assim como o alfa-alfa) disse que não vi o debate. menti e não menti! menti quando disse que não vi o debate e não menti quando afirmei que não vi o debate. entendeu?
não vi o debate! a não ser que debate seja aquela coisa de expor friamente e com jeito de sabatina cantada em escola nordestina propostas que estamos calejados de ouvir. debate – e este, eu não vi! –, seria crivar aquela cadeira vazia de perguntas às quais ela não teria resposta alguma - como não as tem desde que, mesmo cadeira (e vazia de tudo) sentou-se na cadeira mais alta de brasilha e do país – debate seria fazer com que aquela cadeira vazia nos dissesse, afinal, que diabos ela quer com esse povo, que mesmo pato, ainda se pretende, se deseja, se necessita mas já não sabe se pode ser honesto, ser tratado com honestidade, com dignidade, como povo! não mais como pato!
“...de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto!” (e olhe que eu achava rb um chato!)
p.s.: não falei de lula! é contra as regras da temporada de caça ao pato!

segunda-feira, julho 24, 2006

ali-lulá, quantos são os ladrões?

jurei, um milhão de vezes, antes de começar a escrever isto aqui, que não falaria do lula. jurei e manterei, na medida do possível, o meu juramento. e olhe que isto é uma tarefa hercúlea. porque, para não falar do lula, presidente do haiti “é aqui” de gilberto gil e caetano é meio complicado quando se trata de falar de brasilha e seus desdobramentos de bandeiras, carteiras, mensalidades e processos.
por isto, optei por falar – ou escrever – sobre 112 (não seriam bem mais?) ilustres cidadãos de conduta ilibadíssima – a tal ponto que não me sinto honesto o suficiente para grafar-lhes aqui os nomes – citados por eminentíssima revista de circulação por todo o território da pátriamadidolatradaéstubrasil com direito a retrato trêsporquatro e nome de partido.
menino! que coisa mais bonita de se ver! 112 (e não seriam bem mais?) guapos e respeitáveis cidadãos, exemplos de pais, maridos, irmãos, amigos, concubinos, súcubos, íncubos em quem votamos na mais deslavada confiança cientes de que perpetrávamos o melhor para este retumbante país, que sufragávamos nas eletrônicas urnas – modernidades do terceiro mundo – o reflexo das nossas mais secretas aspirações (lanchas de 52 pés, mansões em paraísos tropicais, contas em paraísos fiscais, amantes em clubes fechados de brasilha, pin-up girls nos chamando de titios – se quem estiver se aventurando neste blog agora for do sexo feminino, por favor, desconsidere o machismo – apaniguados, aparentados ou não tanto, como sogras e concunhados pendurados em cargos bem remunerados nas tetas da viúva) denunciados como se fossem meramente bandidinhos com os quais convivemos tanto em presídios como nas casas ao lado da nossa! eu, por exemplo, na república livre de itapuan, cumprimento todos os que conheço, inclusive a mim mesmo. a diferença, entre nós e a turma que elegemos é que a vida nos leva a isto. a mim só levou, pelo menos por enquanto, a pequenos delitos como deixar a conta da mercearia e do bar pro mês seguinte, deixar de pagar a luz até receber a ameaça de corte e etc., já a outros vizinhos, as vicissitudes e outros vícios levaram a outros lugares... paciência, os estofos, nem sempre são iguais.
voltemos aos nossos 112 (não seriam bem mais?). vou, de bate pronto, rebater a famigerada matéria da indigitada revista de circulação absurdamente nacional: declaro, para todos os efeitos, em alto e bom som (letras escritas têm sonoridade?) que não acredito na reportagem. apesar de muito bem feita, trabalho de profissional competente, investigativa, elucidativa e esclarecedora, a matéria quer, simplesmente, acabar com a minha, a sua, a nossa fé nesses 112 homens-santos (será que não seriam muito, mas muito mais?) que, motivados por um enorme sentimento patriótico “dosfilhosdestesolésmãegentilpatriamadabrasilsilsilsil!” tentaram, da melhor forma possível, recuperar tudo aquilo que, em mais de 500 anos de dominação estrangeira nos surrupiaram. a tal matéria, supra-sumo do bom jornalismo, quer apenas que não sufraguemos novamente os nomes, digníssimos nomes (e não números prisionais) desses 112 (não seriam muitíssimo mais?) que, a despeito de toda a arquitetação maquiavélica dos editores da tal revista semanal, já estão aí, a postos com as caras aplicadas em cartazes e, brevemente, em vt’s nos dizendo da sua santidade e da confiança que têm na nossa capacidade de nos lembrar que eles! eles, sim! são a nossa salvação da condenação eterna.
não creio em revistas. creio nesses 112 (será que eu não esqueci mais alguns algarismos? não seriam eles um pouco bastante mais?) que voltarão, lépidos e fagueiros em defesa dessa pátriaamadómãegentil da qual não sabem nem uma estrofe completa do hino de louvor mas defendem-na com um ardor que a revista não teve, que você não tem e eu, muito menos.
voltarão, sim. pastores evangélicos, católicos praticantes, bispos e acólitos, ex-guerrilheiros, sapos-barbudos, lampião e as volantes. e que um tal diogo mainardi me faça uma última gentileza quando sair disso aqui: me inclui no pacote de pacote de papel higiênico e me leva junto?!
viu só? não falei do lula, mas ele garante que, como os 112 (viu que tinha, pelo menos, mais um?), vai voltar. sorte sua!

quinta-feira, julho 06, 2006

home quá sinhormideixe!

deu nos jorná: "patrimônio de lula dobra na presidência! brasil decepciona na alemanha! ronaldo tá gordo! 12 dos 19 mensaleiros vão tentar a reeleição! " ora bolas! deixa os caras em paz! pra começo de conversa, do jeito que sou, brasileiro nato, até eu dobraria meu patrimônio se estivesse sentado a bunda lá naquela cadeira do palácio do planalto, em brasilha. aliás nem precisava tanto. bastava ser deputado que nem aquela lá, a tal de ângela "boquinha da garrafa" guadagnin que festejou horrores a absolvição de um seu par. se bem que, aqui pra nós, a sujeita já é feia mas naquela dança de caras e bocas, conseguiu se superar! passei umas boas noites sem dormir e vendo a hora do pesadelo 3 para funcionar como antídoto.
voltemos à nossa conversa - que mania que eu tenho de interromper pensamentos - lulinha é um exemplo mais do que perfeito de que o sertanejo é, antes de tudo, um forte. vejamos a sua biografia não autorizada: nasceu pernambucano e fala com sotaque paulista; andou de pau de arara mas nunca ficou pendurado em paus de arara; tinha dez dedos nas mãos e, para se aposentar, se desfez de um (o mindinho) - nesse ponto eu até concordo com ele: dos males, o menor. pra que serve afinal, o mindinho a não ser na ajuda básica com a melequinha no nariz? - se aposentou por invalidez - falta de dedinho dá nisso - , criou um partido e se fez presidente. pô! depois de tamanha luta é justo e frouxo que seu patrimônio duplique! tudo bem. o que eu não entendo e aí posso até engrossar o coral das maledicências, é que tipo de mágica ele andou fazendo ao longo desses anos para amealhar quase meio milhão com aposentadoria bancada pelo inss e câmara de deputados. ooops! tá explicado! agora ele tá tentando a reeleição. tentando não, está se reelegendo. certo! certíssimo! se ele não faz isso, como é que vai poder quadruplicar seu patrimônio? ó ineptos, néscios e absurdamente ignorantes! quereis ser honestos e pobres? quereis seus filhos e netos sem um primeiro milhão? quereis nunca ser notados pelos ditadores de plantão ainda que se digam democratas? então ignorai a trajetória desse garoto humilde e deficiente físico - um dedo a menos, lembrai-vos - e segue a tua própria trajetória, a labuta diária de oito e até dez horas de trabalho à base de salários aviltantes, chefes escrotos e colegas canalhas que vos entregam ao menor deslize. morrereis ao cabo de algumas dezenas de anos, com calos nas mãos, nos pés e na alma. sereis enterrados numa ordem terceira qualquer, empacotados em caixão vagabundo e depositados em cova rasa com data de validade apodrecidos ou não. morram de inveja todos os mancheteiros de periódicos que não souberam trilhar o bom caminho.
lula é o exemplo perfeito do brasileiro bem sucedido. aquele cantado em verso e prosa de propaganda de cigarro. aquele que acabou encarnando a lei de gerson melhor do que gerson (por onde andará? morreu de câncer de pulmão?). esse é o lula que nós devemos nos espelhar: o vencedor. que adiante voltará vencer. é um vaticínio, sim. e que fique registrado. depois de reeleito, iluminado por uma luz divinal saída de um reflexo do sol num copo de whiskey, o sertanejo, homem do povo, trabalhador aposentado por invalidez, tomará uma brilhante decisão: abolirá de vez, a necessidade do voto. abolirá de vez a necessidade de se trocar de presidente. e se perpetuará em brasilha. afinal, essa inspiração divinal baseia-se na inatacável teoria pebolística que reza" em time que está ganhando não se mexe". parreira que o diga. galvão bueno que o esbraveje. não se mexe mesmo.
o nosso bravo sertanejo seguirá o seu ídolo chávez. e reinará absoluto. dircelianamente absoluto ad seculum, seculorum. e nós viveremos felizes para sempre. quando o bicho pegar, reinventa-se um programa social tipo bolsa isto, bolsa aquilo, inaugura-se uma pedra fundamental de uma idéia já morta e...habemus vitae! a felicidade virá como o sonho do hexa e a gordura do ronaldo ex-fenômeno! ressuscitaremos das cinzas como aquela rapaziada que recebia uma graninha por fora e quase perde o mandato por isto. como se fosse crime! por isso mesmo, e com todo o direito, eles querem e vão voltar! homequásiórmedéxe! brasileiro é foda, não pode ver ninguém subir na vida que já vem malhando! táqueospariu!

quinta-feira, maio 25, 2006

histórias estelares - calote sideral - pt saudações

sério mesmo, camarada. eu fiquei de cara - não confundir com outra parte da anatomia - pra lua uns dias atrás, pensando em como seria bom que o brasil tivesse um astronauta que tivesse dito "a terra é azul!" ou então desse uma passada na superfície lunar e cagasse "este é um grande passo para a humanidade". quanto orgulho teríamos! o peito estouraria de prazer e ufanismo verde, amarelo e branco azul anil! as estrelas nos ombros dos generais, coronéis, brigadeiros, almirantes, majores, capitães e até tenentes brilhariam mais do que nunca, os cassetetes dos sargentos e soldados se levantariam mais do que o falo de príapo! eita, brasil poderoso e belo!
eu falei aí em cima que essa divagação olhando pra bola selenita no firmamento ocorreu há uns dias atrás. não foi. foi há um bocado de tempo. eu era ainda criança, e plínio salgado me ensinava preceitos da opus dei nos seus livros de educação, moral e cívica guiado pelas vivandeiras que não apenas rondavam os bivaques mas também davam dentro deles - em segredo, claro - e nossos homens de farda tresandavam de orgulho varonil "eu te amo meu brasil, eu te amo!" bradavam uns rapazes metidos a músicos e que se chamavam os incríveis. pois é. assim como eu, muito provavelmente, um certo luiz inácio - ainda não lula - da silva também devia estar fazendo o mesmo. pode até não ter sido no mesmo dia. mas que fez, com certeza, fez. só que, mais visionário - e presunçoso - que eu, ele devia estar pensando também no seguinte: "assim que eu viajar de pau de arara pra 'sumpalo' cum minha famía, crescer, virar torneiro mecânico numa fábrica de automórve e dexar a máquina torar o dedo mindinho, vou virar líder sindicalista. bom aí, apruveito pra criar um partido que vou chamar de partido dos trabaiador, butar uma estrela cumaquela que tou veno agora e depois, vou virar presidente. no cumeço, vou tê de fazê um supretivo de primero grau, pra ninguém me chamar de anafabeto e faço mermo, nem que seja no telecurso. e depois de virar presidente, mando um astronauta brasileiro pro espaço". bom paremos um pouco nas divagações do menino lula. analisemo-nas à luz dos dias de hoje: tudo correu direitinho, à exceção de que precisou de mais do que uma campanha para poder se tornar presidente. tão direitinho que o partido idealizado por aquela criança sertaneja e agora adulto cosmopolita, se tornou imenso, poderoso cheio de ideais e moralidade. a idéia, ou melhor, a criação do matuto pernambucano foi tão boa que lhe rendeu salamaleques e bajulações mís de portentosos expoentes da intelligentsia tupiniquim. esses homens de cérebros maiores que melancias infladas e q.i. de 4 dígitos, renderam-se àquela humildade sertaneja, àquela capacidade de articulação adubada com jerimun e farinha de mandioca e uns goles de água quando havia a dita cuja e aceitaram-no como presidente da sua própria idéia! aí, o menino já tinha barba, um dedo a menos e tinha o apelido de lula. virou então, luiz inácio lula da silva. um dedo a menos, barbas demais e o maior terror da burguesia de então. pulemos algumas partes dessa biografia não autorizada que não é sequer o tema dessa nossa conversa.
de qualquer forma, o sonho do petiz se tornou realidade. e ele virou presidente. aí o bicho desandou.
aí, cara-pálida, você deve estar dando uma de moraes moreira se perguncantando: desandou por quê? pois bem desandou pelo seguinte: o pt que era uma constelação, uma congregação de santos – todos do pau oco, veio a se descobrir logo depois – se lascou em banda, como dizem os baianos ali da ladeira da montanha, os caras, que viviam num pau de goiaba da miséria – ou da peste, pra usar o sotaque original do presidente – nunca tinham visto tanta grana junta, tanto poder junto e tascaram o pau! foi dinheiro a rodo escorrendo por ralos nunca dantes vistos, indo pra contas que os dedos não dão conta e tudo fora do país. bem, aí é outra história, porque se disser (escrever) quinhentos, vão pensar que eu também sou petista e vou cobrar uma ponta, então, deixa o mundo quieto.
vamos então, pra conversa original que, coitada, inda nem começou: o presidente, que em menino sonhava num astronauta brasileiro, empombou de realizar o sonho e tome-lhe tentativas. uma delas, naufragou ainda no papel que a nasa mandou dizendo que não tinha vaga no time dentes-de-leite que já contava com japoneses, russos e o escambau. desistiu? p.n. au contràire: insistiu e, já na segunda tentativa, bingo! a Rússia, desmantelada, ferrada, comprando fiado e pedindo troco, abriu as pernas e tchum! o pernambucano enfiou-lhe um guapo engenheiro com farda de voador em troca de uns míseros vinte milhões de dólares pra treinamento e um cruzeiro espacial de uma semana a bordo da velhusca estação espacial já prestes a ser desativada. muitos juram que a soma foi um tantinho maior – são da oposição, companheiro – e a missão (aaarrrááá!) era de vital importância para o sonho, desculpem, o programa espacial brasileiro. e, o que que era essa missão mesmo? como toda missão que se preze, cheia de cientistas, tinha de ter experimentos científicos. e o que eram eles? bom, o principal deles era descobrir porque e como o vaga-lume acende a bunda. perdão, de novo. era descobrir as propriedades do líquido bundal do vaga-lume. certo, sabichão. Você taí querendo me dizer pro cara ir pra goiás ou pro pantanal que a concentração de vaga-lumes lá é tão grande que ele ia acabar descobrindo alguma coisa. até mesmo como acender a própria. só que no espaço tem mais charme.
fim de assunto. o cara, com todo o respeito, coronel, foi pro espaço – no bom sentido – não descobriu pn, voltou, fez mais um tratamento no spa russo e veio pra pátriaamadaidolatradaéstubrasil. Apoteose total! habemus astronautus! fumacinha branca nas chaminés e as porras. aí, o governo daquele ex-menino, agora presidente patrocinador de astroturismocientíficoinvestigatóricobundavagalumiano, declarou com pompa e circunstância que o programa espacial (sonho idiota para os não tão íntimos assim) brasileiro finalmente decolara.
beleza! só que esqueceram de contar pro cara, que ele não ia poder faturar mais do que o que ele já faturara com as férias espacialmente remuneradas. aí, fudeu Maria-preá. o cara ficou na dele um tempinho deixando esfriar a remandiola e, semana passada, na surdina, chutou o pau da barraca e pediu pra sair de campo! na espinha mole. agora, todos vão ficar felizes para sempre: o menino de nove dedos e faixa presidencial por que entrou para a posteridade ao criar o astronauta e o calote sideral; o astronauta que, de coronel sem muito futuro, apareceu em propaganda de tudo que foi coisa, ajudou na criação do calote sideral, não descobriu porque vaga-lume acende a bunda e agora vai dar palestras sobre como a terra é azul vista do espaço ganhando uma bolada pra isto (aprendeu com o partido) e nós, daqui de baixo vamos continuar sonhando e bolando uma estratégia pra mandar todos eles pra plutão com bilhete só de ida.

terça-feira, abril 04, 2006

a pergunta que não quer calar

futa que o fariu! tô gripado e prenhe de ufanismo!!!! futa que o fariu!! que o novo pires (waldir) da defesa nacional me perdoe mas é impossível não ser arrebatado e levado de roldão pela patriótica enxurrada verde e amarelo que desce do azul do espaço; é impossível não ser siderado pela ufania de estar passando ridículas (porque minúsculas) férias lá em cima (será que aqui é "lá embaixo?!) e poder parafrasear aquele russo de uma nave também russa e berrar aos quatro cantos (bolas, esferas, redondos têm quatro cantos?); "a terra é azul!" (como é que se diz esta frase em russo globalizado?). putaqueopariu! até a gripe passou de tanta felicidade cosmonáutica (não poderia ser cosmogônica?). recriamos o universo! brincamos de deus! saramagoniamos a ciência beletrista de saramago! pra frente brasil! salve a seleção! quer dizer, salve a criação! mais orgulhoso do que eu, só lula! mais invejoso do que eu, só lula! orgulhoso, porque, bastardo da plebe - eis que ele era um lorde e não o sabíamos (apenas desonfiávamos daquele jeitão castrense de meter um charutão na boca e desprezar uma cachacinha) - colocou o país-continente no hall da fama na corrida espacial. e invejoso porque, até agora, ele só passeou em inema, no subúrbio de salvador. tudo bem que cercado de toda a segurança concernente a um chefe de estado em território de nem tanta segurança assim (cercado de pobreza por todos os lados) mas mesmo assim, inema. bonita até a vista doer. excludente até o dinheiro chegar. mas, infelizmente, inema. infelizmente, brasil com "l" de leis condescendentes, excludentes (de novo?! tá acabando meu vocabulário! socorro, são diego! ele. sem dois "ll" a não ser os dos nomes pelos quais é conhecido: luiz e lula (e olhe que só aí já se vão os dois: o terceiro fica pro sobrenome). aahhh! lulalápazeamormendociano: que felicidade, meu querido! só você, vindo do sertão pernambucano pra perder um dedo numa oficina qualquer de uma montadora de automóvel que pobre só pode olhar pra nos fazer assim, saltar dessa merdolência infeliz nordestiniana embora ao sul do equador para os píncaros da glória de olhar a terra, os ingleses, franceses, indianos, japoneses e chineses e até alemães, de cima! bem do alto. e melhor: com o fair play que nem os ingleses têm; com o savoir faire que francês nenhum há de alcançar! só você pra jogar debaixo do tapete o (north) american way-of-life e dizer: estamos também no espaço!!! dá-lhe, lulocci!
e não importa que palula tenha jogado pela descarga do vaso sanitário daquela casa de diversão de brasilha tudo aquilo que ele vinha amealhando no seu patrimônio moral no meio de nós, humildes salafrários cujo maior crime é a obrigação de votar em guardiães da moral, cantores de óperas-bufa em hóteis de são-paulo pro brasil se extasiar no jornal nacional, ou mesmo em paladinos da justiça que vão dar palestras com-tudo-pago e depois pedem ressarcimento de gastos aos cofres públicos. nós, de alguma forma, somos criminosos contumazes e eles? que culpa têm se os elegemos nossos sacrossantos e ilibados defensores? que culpa têm se salafrários - como nós - os aviltam oferecendo alguns poucos milhões de reais (o que significam?) para que possam defender-nos um pouco melhor de nós mesmos ou dos nossos desejos inconfessáveis de uma vida melhor?
vida melhor prá quê? vivemos bem com um salário minimamente estabelecido em 350 contos. tá bom demais da conta. dá pra pagar luz, água, telefone, casa de aluguel, plano de saúde, escola das crianças (para que nós as fazemos? para perpetuar essa felicidade) e, futuramente, uma cova rasa (desde que saramago não intervenha com sua morte paredista a fazer greve parecendo saída do mst de stédile e rainha e nos tire esse prazer de saber que alguém vai chorar por nós). pois bem, tá até na hora de fazermos justiça a alguns de nossos heróis. primeiro rebaixando alguns a quem o surto de honestidade, de brasilianidade, de patriotismo ou uma cachaça mal fumada quase nos leva pro buraco: uns eribertos, uns faxineiros de aeroporto que encontram dezmildolares e devolvem ao seu legítimo dono, uns francenildos (eita nomezinho!) dizer que viu, sim, o mais poderoso depois do poderosíssimo sair da casa de jeany escanteio. vamos colocá-los em seus devidos lugares: são apenas brasileiros. ciosos de assim o serem. vamos fazer jus aos verdadeiros heróis desta ópatriamadidolatrada: sorry, so sorry jeffersons, dirceus e a jubarte dançarina (só pra não encher a página de tantos patrióticos e inefáveis nomes). cês merecem muito mais que trinta dinheiros! nós merecemos o seu repúdio e a sua indignação (justíssima, justiça lhes seja feita!)
tem uma amigamulherminha que diz que não consigo alinhavar os meus textos neste brog muito embora eles até consigam ser "brilhantes". na verdade, quando falou em "brilhantes", ela antevia essa façanha lulesca e, nessa antevisão, antevisava o meu alvo: o nosso astronauta de mármore (valeimedeus! virei pop roque nacional!) que, a bordo de uma nave russa, correu riscos de antonov em céu de brigadeiro (como caem aqueles aviões) partiu pro espaço com uma missão altamente científica e histórica. histórica por marcar a presença do primeiro brasileiro no espaço sideral (ainda que nem tão longe assim já que podia enxergar brasilha) e científica, por fazer lá em cima em meio a dois russos cheios de vodca (vai ver que aprenderam nesse período a fazer uma caipiroska) e uma americano vermelho de tanto "rye": descobrir se feijões crescem mais rápido sob gravidade zero e, esta sim, a piece de resistence de todo o brasileiro projeto. a pergunta que um frevinho pernambucano - no seu nascimento, inocente - transformada na maior questão filosófica do carnaval brasileiro: por que que vagalume acende a bunda? a propósito: era cadela ou cachorro o primeiro astronauta russo? e viva o astronauta brasileiro! de qualquer modo, mesmo que 20 milhões de dólares mais pobres, sejamos educados: dosvidânia, tovarich!

terça-feira, março 28, 2006

ésopo adaptado a brasilha - e o pombo matou o gavião

amanhecí pensativo. um fato corriqueiro na natureza mas insólito quando visto numa grande cidade cujas árvores tem troncos de cimento e flores de parabólico alumínio me fez ficar assim pensativo. sorumbático. um gavião caçou um pombo e fez dele a piéce de resisténce de seu almoço servido no anteparo do ar-condicionado do oitavo andar da árvore/edifício em que trabalho e não fico rico (parafraseando as paralelas de belchior). desse presumido lauto almoço que pode muito bem ter sido um jantar ou mesmo café da manhã, sobraram penas, intestinos, duas tristes patinhas a acenarem ao vento um adeus à vida e, pasmem! crueldade das crueldades: a cabeça do pombo com olhos poética e tragicamente entreabertos olhando pros meus olhos curiosos. olhos que devem guardar na memória da morte o riso cruel do seu algoz de bico escancarado a comer-lhe as carnes e ignorar-lhe as entranhas (até nisso sobra o nojo visceral). o gavião matou o pombo. e daí? na natureza isto é o trivial. de novo: isto me deixou pensativo.
em "brasilha", o pombo matou o gavião. não é a primeira vez. aliás, é sim, a primeira vez. porque, da outra, o pombo feriu de morte mas não matou. os urubus o fizeram. com a galhardia dos urubus que, por sinal, não gostam de matar. preferem os já mortos. não dão tanto trabalho e já vem condimentados pela putrefação. pois bem, no caso de brasilha, o pombo não tinha asas, penas ou quaisquer outros adereços inerentes às columbinas. a única coisa em comum, era a inocência (presumida) de ambos. o pombo lá de brasilha era, até prova em contrário, um pombo limpo (digo isto porque no idioma policialês pombo sujo equivale sempre a pobre - independente da cor - e significa vagabundo) e trabalhava como caseiro do ninho do gavião. era, portanto, um pombo até certo ponto, temerário. já imaginou? pombo trabalhando pra gavião? nem o bíblico daniel teria essa coragem toda! pois bem. esse pombo limpo detonou um dos maiores gaviões da floresta de brasilha e pôs em risco o gavião-rei de penacho grisalho que quase lhe cobre o bico. a bem da verdade, o que causou surpresa em mim e frisson nas ilhotas que cercam brasilha é que vários outros gaviões menores já haviam sido derrubados em pleno vôo - mas por outros gaviões - jamais por um pombo. e olhe que teve um que não era nem tão menor assim. era do tamanho ou talvez menor do que este de quem eu tento contar a desdita e, ao mesmo tempo, fazer elegia ao pombo. ninguém jamais havia visto algo assim como suponho ter dito antes. como o pombo conseguiu derrubar tamanho gavião? aí é que vem o melhor.
o gavião, de quem eu falo - ou melhor, escrevo - como os outros gaviões que estrelam os céus daquele lugar, vinha de outras plagas, de outros ribeirões e era - assim o parecia - experiente. tinha manhas. mas, como todos os outros que trocaram suas florestas natais pela exuberância brasilhense, não esquecera suas origens e, mesmo mais cauteloso que os outros, não abandonou certos salutares hábitos, alguns prazeres que de tão prazeirosos, eram inomináveis. não vem ao caso. pelo menos, não agora. em bandos, costumavam pousar num ninho coletivo para farras homéricas e ali, em meio aos eflúvios etílicos que sempre acompanhavam essas reuniões, decidiam os destinos de toda a passarinhada e ainda por cima, embolsavam algum.
apesar da dêbacle de muitos importantes membros dessa confraria rapinal, esse nosso gavião resistia impávido a todas as tsunamis avassaladoras que passaram por e sobre brasilha. até o pombo dessa conversa resolver abrir o bico. e como abriu. e do seu bico saiu o tiro mortal que abateu o nosso gavião. mas, antes disso...minto, quando o pombo começou a arrulhar arrepiaram-se todas as penas das cabeças coroadas da rapinagem sobrevivente e todos eles assestaram suas garras e bicos ferozes em direção ao indigitado pombo arrulhador. até mesmo os gaviões togados (esses não se metiam - ao que se sabe mas não se confirma - em bandalheiras de esquinas) tentaram calar o bico do tal do pombo. chegaram a silenciá-lo com uma mordaça legal mas, o mal estava feito. os arrulhos chegaram aos ouvidos das corujas que espreitam na calada da noite e repercutiram pelos bicos dos papagaios faladores que também costumam habitar altos galhos de brasilha. os gaviões togados sabiamente se retraíram um pouco em sua pompa e circunstância enquanto os outros, já auxiliados por gaviões menores esquadrinhavam todos os cantos e recantos da vidinha caseira do pombo caseiro do gavião ferido e agonizante. descobriram que ele nascera de ninho bastardo, de ovo não reconhecido, que estocara trinta mil milhos e por aí afora.
apesar de todos os esforços, o tiro impulsionado pelos arrulhos do pombo revelou-se mortal e o grande gavião morreu. numa conversa com amigos de pombal e alguns papagaios que acabaram tornando-se co-algozes do grande gavião, o pombo arrulhara antes que arrulharia até a morte. agora, em nova conversa, já carpindo o defuntado, o pombo arrulha: "ficou provado que o lado mais fraco não é o lado de um simples caseiro. o lado mais fraco é o lado da mentira".
contei toda essa embromação acima só para dizer o por quê de ter ficado pensativo ao descobrir um pombo estraçalhado por um gavião no anteparo do ar-condicionado do prédio em que trabalho: que mundo é este, em que simples caseiros derrubam ministros e põem de pernas bambas e orelhas em pé ilustríssimas e altíssimas figuras de um país? claro, como escreví antes, houve um outro caso, de um outro pombo, nesse caso, motorista e não caseiro, que alvejou profundamente um outro figuraço e detonou todo um processo que culminou com sua queda. precisamos, urgentemente, eleger alguns oficiais de limpeza de aeroportos que não se incomodam de devolver aos seus legítimos donos alguns milhares de dólares encontrados em banheiros; precisamos encontrar algumas centenas de francenildos caseiros, outros tantos egbertos motoristas e assim, darmos uma faxinada geral nesse lugar. se bem que temos uma outra alternativa: se nos sentirmos um tanto quanto inseguros podemos correr pra casa e demitir a faxineira, o zelador, o lavador de carro por que, senão o bicho pode pegar.

segunda-feira, março 27, 2006

rhyno's dancing (de como o congresso enlameia até quem não é porco)

preconceitos à parte, algo em mim se partiu ao ver uma certa gorducha estrebuchando uma dança estranha no picadeiro da câmara dos deputados lá em 'brasilha'. sem quê nem pra quê, me peguei estupefacto fazendo mil e uma conjecturas: seria a dança da chuva? ou a dança da fertilidade? ou do acasalamento? ou a dança da dança? que diabos dançava ela? pensei até numa reencarnação ou renascimento, por assim dizer, da carla perez alguns xandis mais velha: a pança enorme, os oxigenados cabelos mais curtos, a bunda algumas (várias) vezes maior. com tudo em cima: a queixada em cima dos peitos, os peitos em cima da barriga e a barriga em cima de...bem, deixemos pra lá estes exercícios anatômico-imaginativos e ponhamo-nos a rever (muito embora seja extremo sacrifício) a cena escatológica: vestida numa roupa condizente com a sua performance, a nobilíssima deputada/dançarina festejava. o que ela festejava, em verdade, em verdade vos digo, ignaros e raros frequentadores desta página/telinha, era o nosso vilipêndio moral perpetrado por aqueles em quem depositamos incontáveis votinhos que os levaram aos píncaros da glória da imoralidade. e o sorriso dela? camarada? que sorrisão tratado a laser e o caceteaquatro bem distante da realidade banguela dessa gente que, enganada a telhas, dentaduras mal feitas em protético de esquina e camisas padrão de time espanhol com direito a nome de ronaldinho estampado nas costas entregou em urnas eletrônicas os votos necessários à perpetuação da bandalheira escancarada que assola 'brasilha' essa moça ostentava enquanto dançava! e o brilho de felicidade dos olhos dela?! só ví tanta felicidade junta numa cara só quando o sarney, fazendo de conta que não era com ele, pespegou-se a faixa presidencial pela defuncção de tancredo neves. ninguém viu porque aquele bigodão, tipo pára-choque de carreta, escondia. mas eu pressentia através do meu desconfiômetro de risadas largas escondidas atrás de bigodes vastos. e a desinfeliz da deputada nem bigode tem. e, se o tem, raspou para a apresentação. e o pior é que depois da sioux, ianomami, cinta larga ou sejaláquediabofor acabou, ela, candidamente explicou que comemorava a vitória da justiça! justiiiiiçaaaa! que justiça?... da moralidade. que moralidade, cara pálida?! aquela que livra a cara do escroto (no bom sentido - se é que há algum bom sentido nisto) e joga o inocente na cadeia?
talvez a gorducha esteja certa. afinal, tem aquela menina escrotíssima que entrou no mercado e roubou um negocim lá pro filhin dela distrair as idéias do estômago colado na espinha. por uma questão de justiça, a polícia agiu rápido, ela foi presa, o pacote de biscoitos meio aberto, não foi devolvido porque era a prova cabal do crime e ela foi pra cadeia. saiu semana passada. também, quem manda roubar biscoito?! tem que roubar é do povo! roubar a consciência, o direito, a honra, a vergonha... tem mais é que receber propina, falsificar documentos e acabar com a amazônia, com a mata atlântica, escravizar nordestinos que teimam em fazer a vida (em todos os sentidos) no sul maravilha e acabam em fazendas cujos donos tem endereços funcionais em 'brasilha' (tou me cansando dessa cidade!) porque isto não é crime, não é amoral. a bem da verdade, dá até um certo charme entrar num restaurante, andar numa avenida movimentada e ser reconhecido com reconhecida inveja: "aquele ali, aquela ali é fulana de tal, parlamentar. meteu a mão aí, por baixo, nuns cinco milhão!" certo charme porra nenhuma! dá mesmo é orgulho!
então por que a gorduchinha (e que me perdoem os gordinhos, desde lá de cima do começo desse negócio) não teria o direito de comemorar uma sacanagenzinha com o povo brasileiro? idiota foi o caseiro. de tão besta que é resolveu dizer o que disse do chefe e aí juntou um exército de defensores da moral, arapongas, araras, tucanos, macacos-prego, enfim toda a fauna brasilhense se transformou numa legião de combatentes da moral e dos bons costumes perpetrados naquelas bandas 'prassalto central (quero dizer planalto central) e mostraram que ele, sim. ele, é o verdadeiro bandido. como ousa mostrar as entranhas da moralidade dessa forma? como se atreve a apontar com seu dedo bastardo as esquinas (dá-lhe jeanny corner!) do poder que de tão puro, fede? pois então francenildo (pobre até de nome! teve de juntar dois pra se tornar um), dane-se na sua humilhante pobreza e na sua indigna necessidade de ser honesto e assim, tentar, em nome de milhões, resgatar a dignidade de um (país)! falta de aviso não foi. fica lá com os 30 mil reais que teu pai - que também te renega - te fez o favor de botar na conta poupança que tens e pede desculpas: perdoa-me pailocci, pois pequei! e depois corre pra casa dos teus amigos onde te escondes e vai assistir à vitoriosa gorduchinha na performance 'global rhyno's dancing'.

quarta-feira, março 15, 2006

desculpe, joão ubaldo, mas viva o povo brasileiro!

é, mestre joão, tenho mesmo que pedir, implorar, suplicar desculpas pela apropriação indevida do seu título mas, não se considere desapropriado e muito menos, vilipendiado por este idiota aqui. é que as coisas aqui do lado de baixo do equador me entusiasmam, me surpreendem tanto que não tenho outro jeito senão bradar - para seu desespero -: "viva o povo brasileiro!"
mestre joão, eu já ví o lulaládasilva conversando (?) com a rainha da inglaterra; com reis africanos (será que andou em busca de raízes pra feitiço de reeleição?) várias incontáveis vezes. também já ví o mesmo lulinhalápazeamordasilva desconversando das coisas mensalônicas urdidas por seu primeiro melhor amigo ministro zé dirceu -pobre marília (ou melhor, brasília)! - e tchurma. já ví o operário deficiente físico (falta-lhe um dedo) que se descobriu presidente por força de termos fechado os olhos (à época, achávamos que os abríramos) e, consequentemente poderoso, se perguntar perplexo, se filho de presidente não podia se tornar milionário e negar veementemente que não sabia das transas (no bom sentido) do filho lá da silva com uma empresa enorme de telefonia. maravilhosa e sábia inocência!
também ví o nosso querido diadêmico lulinha paz e amor se aprochegar de um certo imbecil com ares napoleônicos que quer se tornar vitalício como el presidente de algum lugar aqui perto. chávez neles! ví muita coisa, mestre joão! mas, o que mais me deixou feliz, entusiasmado, abilolado de tanta admiração não foi nada disto não.
não foi o perdão dado pelos parlamentares aos parlamentares depois de um bocado de teatro; não foi a venezuela ir parar no sambódromo do rio de janeiro que depois foi ocupado pelo exército roubado em gloriosos fuzis e pistolas por nada heróicos guerrilheiros urbanos do pó carioca, nada disso. me deixou meditabundo de tanta felicidade a pose olímpica de duda 'não basta ser remédio, tem que ser gelol' mendonça, apoiado pelos seus brilhantes advogados, decidir que a forma como ele amealhou seus milhões -alguns muito direitinho e outros, nem tanto - não é da conta de ninguém. maravilhoso! divino duda 'não basta ser pai, tem que participar' mendonça quase me leva à apoplexia. que homem é esse, que com uma simples frase derrotou aqueles monstros da legalidade do congresso nacional? que herói é esse que, diante da empáfia e da soberbia daqueles poderosos defensores da honestidade brasiliana (mensalões, propinodutos e caixas dois, três e quatro nunca os macularam), não titubeou. não tremeu. não se deixou abater. derrotou-os, mansamente: "vossa excelência, sinto muito, não vou responder ". e todos calaram. dá-lhe duda! não basta ser pai - do lula, do dirceu, do delúbio e etc -, tem que participar!

terça-feira, fevereiro 28, 2006

carnaval da bahia - tudo de bom!

ói nóis aqui de novo! estou amando de paixão essa insanidade chamada carnaval. tomaram de assalto a praça do campo grande, a praça castro alves, confinaram as estátuas e os pombos, confinaram as flores, puseram os pardais de quarentena - na verdade eles se picaram porque pardal não é que nem pombo que é besta e fica voando à toa tentando entender as barbaridades que esse barulhão quer dizer - e, surpreeeeesa! desapareceram com os mendigos e inauguraram a era dos sem-teto-por-causa-da-festa-e-da-cachaça. se bem que cachaça agora tem outros nomes: birinaites, roska, capeta e por aí a fora.
tou mesmo amando o carnaval onde ivete sangalo mostra as pernas e exibe o enésimo candidato a namorado sob juras de amor eterno (interno, não seria melhor?). se bem que, depois de dois beijos públicos, ela descarta o indigitado numa rapidez de banda nova de axé, que deus me livre! aliás, tudo que eu menos gostaria na vida era ganhar um beijabraço de ivete. não que a idéia não seja estimulante. o problema é que ex de ivete é a mesma coisa de ser porta voz de lula: fica marcado pro resto da vida e nunca mais pode ser ele mesmo. é transitório. vixe mainha! (quer dizer, vixe, maria! axé music é mesmo de matar e pega que nem a gripe do frango.) nunca ví, ou melhor, nunca ouví tanta baboseira como no carnaval. e por isto mesmo, amo cada vez mais, esta folia.
carnaval é o de salvador. aquele negócio pasteurizado do ridjaneiro com aquelas mulheres ou nuas de mais ou vestidas de sobra desfilando ao ritmo torturante de uma música cuja letra é feita de acordo com o patrocinador de plantão - este ano teve até elegia a hugo tchávez! - não chega aos pés da folia baiana: aqui, cada canto tem seu próprio ritmo. o amor - leia-se o sexo - ama nos bares, becos, sombras de árvores, sob viadutos, na grama, na lama, enfim. a putaria (que me perdoem as moças pertencentes à categoria à qual o substantivo/adjetivado se remete pertencem) rola federalmente - nenhuma ligação com o planalto central onde existe um negócio chamado congresso. e é preto com branco, homem com homem, mulher com mulher e vamos lá.
amo os cheiros do carnaval. desde a alfazema dos filhos de gandhi ao cheiro de mijo e merda que a cidade adquire pra ficar parecida com paris. e não adiantam os esforços suarentos dos garis com aquelas fálicas mangueiras - hoje estou terrível - despejando água perfumada sobre os dejetos carnavalescos. alías, adianta sim. acrescenta um fedor inigualável aos ares da cidade. tente ler, com o nariz, esta descrição. mijo, merda, perfume, bodum...tudo junto! que maravilha! dá até pra cantar aquela musiquinha de jorge ben quando ainda não havia se tornado outra pessoa "ela vem toda de branco, toda molhada e despenteada que maravilha ela é o meu amor". e, no meio desses cheiros todos, que se fazem um só, homens e mulheres rolam, se agarram, se beijam, trocam fluidos por cima por baixo (e aqui vale uma observação: se as peças iniciais do sexo - ou amor, como queiram - ficam no meio do corpo, por que essa mania de dizer embaixo?). A cornucópia de prazeres tem um fundo musical de zilhões decibéis (não tem um tímpano virgem nesta cidade!) e claro, essa cortina sensorial nos nossos narizes (engraçado como no carnaval os urubus desaparecem).
por isto, amo o carnaval. amo de paixão. só quem não concorda muito comigo é meu corpo. meu nariz, coitado já nem sequer se cheira mais. minha cabeça dói horrores; minhas pernas já me deram um ultimato: ou eu paro ou elas se recusam a andar o pior deles nessas rebeldias contra esse meu amor pelo carnaval, são meus pés. recalcitrantes, incompreensivos e acima de tudo intolerantes, já não aceitam carinhos, afagos nem nada. De tanto doerem me fizeram parar. aaaah! eu adoro o carnaval.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

olê, mulè rendêra, olê, mulé redá... -no bom sentido -

hojeutôretadopacopiar! acabei de ler uma frase daquela mulé - no bom sentido - heloísa helena. retada de boa - no caso a frase, e no bom sentido -: "o poder não muda as pessoas, apenas as revela". êta baianidade que me corrompe o latim - no bom sentido! - e me faz nordestaneiar cada vez mais! êilá! além de -se não for por sangue, descendência ou coisa que o valha, no mínimo é por nordestineidade, alagoineidade ou coisa que o valha. mas é bom. retado de bom. melhor que macaxêra manhãcedo. mas deixa uma pergunta varrumando o côco: revela o quê? é bom ou é rúim? táquiopariu (tô ficando craque nesse termo)! fica difícil saber. tentemos descobrir (ou revelar) o que a singela frase da heloísa nos quer dizer.
opção 1 - se você (ou eu) podemos adentrar ao supermercado pela porta da frente e por ela sair, temos "poder"...de compra. podemos então, comer esse nosso poder. classifiquemo-nos então: consumidores, com certo "poder".
opção 2 - se, a cada final de ano, compramos e compramos e compramos. presentes pra mãe, pros filhos - se os podemos tê-los ( e olhe que no plural, já é exagero) - temos um "poder" diferente: temos p o d e r. classifiquemo-nos, de novo: consumidores com "algum poder".
opção três: se, além de (1) entrar e sair pela porta dianteira do supermercado; (2) comprar desnecessariamente, presentes de natal, comemorar halloween ou outras imbelicidades mis, podemos ainda ter (a) carro próprio - ainda que um lada russo antediluviano - (b) morar em barraco próprio (não vale barracão de lona de um 'ms' qualquer) (c) gatear a sky ou a net ou mesmo só ver novela e big brother...táqueopariu! tornamo-nos classe média!
bom, tentar a sorte de crescer um pouquinho mais a partir daqui, é meio phoda, convenhamos. e é aí que entra 'héló', ou 'isa' ou 'lena' ou 'leninha' ou seja lá como os seus nordestinos -como eu - parentes a chamem e a sua frasesinha linda. o poder não muda as pessoas, apenas as revela. beleza de creuza, comadre! pago pra ver se eu não mudo se sapecar na cabeça da pule um milhar do primeiro ao quinto valendo dez conto! troco de buteco, troco de peixeiro, não compro mais na caderneta nem peço emprestado a vizinho! e isso é só pra começar!
vai piorar - ou melhor, mudar - mais ainda, se eu tascar uma mega-sena acumulada por cinco meses e botar um bucadodemilhão na conta que o cara do banco do brasil vive doido pra encerrar por falta de fundo pra se segurar - ah, se não fosse o salário de todo o mês! - metia bronca: era carro novo, escola particular pros muleques que já fizeram muleques, em vez de 51, era uísque. em vez de mocotó...uns camarãozinho metido a besta (que nem os que lula e a digníssima fizeram os caras do cerimonia correrem atrás em tempo de defeso: "sete barba!"). botava pra lá! mesmo! juro!
mas héló tá certa: o poder não muda as pessoas. apenas as revela. como eu me revelaria, como você se revelaria. como padre pinto se revelou e se desrevelou. como a opus dei não se revela - e olhe que sou católico, dom geraldo! - como nós todos nos revelaremos um dia. vai do gosto. biblicamente: tu és pó e ao pó retornarás. roqueiramente, à la david bowie - ou padre pinto sem inspiração afro-brasileira no momento - : ashes to ashes.
nos revelamos na nossa mudança. depende do montante de grana. que entre ou que saia. pra uns a cadeia. pra outros, bom...

pior fome é boca pura

"Um dia vieram e levaram meu
vizinho que era judeu. Como não
sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era
comunista. Como não sou
comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram
meu vizinho católico. Como não sou
católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me
levaram; já não havia mais
ninguém para reclamar..."
Martin Niemoller, 1933
hoje acordei...como se diz na moda, revendo todos os meus conceitos. me revendo. aí, é que deu! comecei por um conceito emitido pelo mais filósofo dos filósofos que eu conheço: chico, ou melhor, chiquinho motorista lá da repartição onde trabalhamos. "pior fome é de boca vazia". dá-lhe, chico! profundíssimo. claro! de barriga vazia a gente não pensa, não analisa, não faz boas escolhas...o que vier é troco. verdade. de barriga vazia a gente até come feijão dormido de seis dias atrás e já com aquele cheirinho que até cachorro rejeita. vamos então, desconstruir - palavra nova no pedaço! (pelo menos para mim) - esse conceito chiquiniano.
foi por causa dele, do conceito, não de chico, que eu, de barriga vazia de democracia verdadeira, com fome de um presidente do povo e escolhido (mesmo!) pelo povo e com cara de povo, tasquei um voto grandioso e sonhador num apelido de quatro letras e mil toneladas de esperanças. esquecí-me, por conta daquela fome, de que por trás do apelidozinho carinhoso, tão pequeno quanto fácil de falar, até mais fácil do ter que dizer fêagácê - pouca gente sabia o que era aquilo - , dizer "lula" soava como chocolate branco derretendo na boca; levava jeito de...ahnnn...vamos exagerar...beijo de amor. daqueles bem novelescos. imbuído - ê aurélio, morre de inveja! - sapequei-lhe meu voto lulístico e aí eu digo do que esqueci. esqueci que por trás daquele tal apelidozinho carinhoso havia a sua matriz pomposa: luiz ignácio lula da silva. o apelido tinha virado nome do meio. táqueopariu! a fome de barriga vazia de um presidente que falasse a minha língua e entendesse as minhas necessidades escondeu a possibilidade daquele ente imperial "luiz ignácio lula da silva" aflorasse do "lula" zépovinho como eu e o subjugasse. foi aí que me ferrei. ria, não besta. cê também se ferrou. sem nunca o ter sido, agarrei bandeiras petistas e as brandí em meio ao populacho ensandecido. festejei a vitória brasileiramente.
e agora? bom, aos poucos o operário se deixou convencer pelo imperador que o melhor era trocar de avião, mudar a decoração da casinha lá de brasília, derrubar uma estrela do céu e plantá-la no jardim da granja, bem vermelha. e o pior é que seus ajudantes o incitavam mais e mais a se deixar imperializar.
o seu richelieu, acostumado a brigas de galo, o fez provar do mais puro néctar do olimpo: um romaneé conti - é assim que se escreve? - de mais de sete contos de réis - coisa impensável prum operário criado a 51. ensinou-lhe também que viajar faz um bem danado e, tome-lhe viagens. o que ele deve ter de calo na bunda de tanto viajar não em nenhuma mão de operário que se preze. mas ele é o imperador.
e como imperador, se deu ao luxo de avacalhar minha fome de um presidente presidente.
tem nada não. amanhã, dizia o poeta, há de ser outro dia. e aí quem vai ignorá-lo imperial, solene e olimpicamente, serei eu. daqui de baixo, da poeira do meu chão de zépovinho que deixou de acreditar em sonhos, operários, papai noel e saci-pererê (pra ser mais brasileiro e menos aculturado). vou votar na opus dei (pelo menos acredita em virgindade, silícios, suplícios e coisa e tal) e, isso eu garanto, não passa fome nem que a vaca tussa! nem fome de comida, nem fome de poder - porque já o tem em excesso - ou mesmo de renovar esperanças.
a melhor fome é pensar nela como algo que não existe.
e não me enganem de novo com apelidos porque gato escaldado de água quente tem medo até de desenho de torneira .
e viva o mst que não explora petróleo mas ganhou verba da petrobrás. salve duda mendonça que soube ganhar o dele - que ninguém é besta - só repetindo "não basta ser pai, tem que participar" não basta ser remédio, tem que ser gelol" "não basta ser ótica, tem que ser ernesto". maluf que fez! umm um

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Entre a Lula e o Pinto...o bicho pegapontocom

é sério! a despeito de todas as tentativas do grande ratzinger - que nome prum papa! - de moralizar a veneranda e secular católica e apostólica romana igreja, tem gente, do seu próprio seio (da igreja, não do ratzinger -nomezinho infame!) doido pra esculhambar. mas a seriedade do rrrrr...não escrevo mais esse nome, é edificante. sob algum ponto de vista (não o meu, claro!). paremos por aqui e voltemos à razão do título: vivo num brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro (o que isso quer dizer, o diabo -valha-me deus!- sabe!) que elegeu um operário (valha-me são lech walesa!) presidente e uma manicure, primeira dama. nada a censurar por que o "céu nasceu para todos" inclusive este aqui abaixo da linha do equador. o problema "são os outros". o meu presidente, eleito num feito raro aqui por baixo dos trópicos, democraticamente, reelegeu-se em si um deus grego. esqueceu-se, olímpicamente, de ser presidente duma republiqueta com ares de potência cósmica "abaixo bush?!" e ignora, solenemente, suas próprias responsabilidades para com os irresponsáveis que o puseram no trono de zeus tropicalista (desculpas, caetano e turma). táqueopariu! nunca vi tamanha insensatez - dá-lhe tom jobim!- nem tampouco tamanha resistência a um visquizinho à cowboy - reencarna, vinicius! - numa pessoa só.
tudo bem. vamo parar de falar mal do moço. afinal, dizia minha vó: gato que nunca foi à bahia, come acarajé da cira, e acaba se lambuzando de azeite. simbora, nóis! o príncipe, quer dizer, o deus, quer dizer, o presidente - que coisa!- se esqueceu de tanta coisa que eu nem sei mais do que é que ele se lembra mesmo -ô, chefe! não se esqueça de que ainda é p r e s i d e n t e! pelamordedeus!-. se é do dirceu, pum! esqueceu! do valério, nem nunca viu; delúbio? quem será esse?! mensalão??? é aquele riacho lá de pernambuco véi de guerra? tá. tá bom que a gente que faz umas 'mão de gole' vez em quando sofre de uma degeneração que os médicos com aquela empolação - leia-se embromação - hipocratiana definem como amnésia (valei-me, minha ex-sogra!) etílica temporária ou, ainda melhor, os loucos denominados psiquiatras ou psicólogos ou seguidores de freud, jung e outros tantos também costumem analisar, quando sóbrios, como memória seletiva. tradução de beira de balcão: faz de conta que não lembra pra não se comprometer - já imaginou acordar do lado de um dragão que gravou tua voz dizendo, eu te amo, meu amor? merda pura! - e, se for assim, o barbudo lá de brasília/garanhuns/abc/pernambuco, meu pai!, é mestre! mesmo! tá bom. já falei que não falaria mais dele. não falo mais. desde que ele não vá mais pro fantástico tentar enrolar pedro bial como enrolou a mim que sou inocente, puro e besta. não vá mais! mas ele vai. vai por que quem mente e gosta, mente duas vezes. ou se esquece que mentiu. TÁ BOM!!! NÃO FALO MAIS!!!
bom. fui obrigado a falar em maiúsculas só pro seu prazer. o rrrrr - jurei, lá em cima, não escrever mais o nome - papa, tá querendo acabar com o limbo. danou-se o mundo e eu não me chamo raimundo! ondéquele vai botar todo esse povo que mudou-se da vida sem os sacramentos (não valem cláudio, joão ou maria do socorro sacramento pois são meus amigos)? na capela sistina? em riba de joãozinho beleza pura? aaah! tá! só por isso, um padre artista, aqui da velha bahia, terra onde ninguém nasce, estréia nizaneamente, um tal de padre pinto de cara pintada como ney matogrosso nos tempos de secos&molhados só que anos-luz mais velho e mais...bem deixa pra lá, deu a louca por conta de uma granazinha mixuruca pra botar o bloco dele na rua. bloco, não. terno de reis. e se vestiu de pomba-gira, de oxum, sei lá mais do que e rodou a baiana! (coitada da dinha do acarajé!) com a cara da líciafábio -ô mulé feia!- esperneou no altar: eu quero morrer aquiiiiiiii!
te esconjuro!
apesar de tudo, entre o pinto e o lula, sou mais o pinto. pelo menos saiu do armário de vez e trancou tudo com cadeado.