na rua, na chuva ou na fazenda

segunda-feira, janeiro 16, 2017

encarcerados

finalmente, as grandes redes de tevê brasileiras decidiram-se a mostrar, ainda que superficialmente, a guerra civil em curso no brasil. deixaram de lado as mazelas bolivarianas, as querelas religiosamente discutidas a mísseis, bombas e correlatos lá do oriente médio, a catequização supostamente evangélica dos macedos e seus congêneres praticada exaustivamente com o fito de enriquecer "bispos", "apóstolos" "pastores" e nenhum "judas" através de horários comprados ou não e deram notícias sobre o quanto se mata neste imenso país tropical. nem todas o fizeram, claro. mas devem ter lá suas razões.

foram declinados da cobertura, a turma lá do éssetêéfe, a mulher do cunha, o sofrimento de cabral, e o calvário de odebrecht lá em curitiba. sequer foram lembrados "à vera" o calheiros, o maia ou mesmo o temer - presidente tão acidental quanto a matança lá do amazonas - ou o collor de mello, grande defensor dos seus direitos e autor de metade dos pedidos de impugnação do procurador janot e dos juízes do tribunal que citei acima.

eu não sei  - e aí me perdoem a ignorância - qual a população carcerária do brasil (se é que se pode chamar de cárcere aquele lugar onde se fazem festas regadas a whiskies, vodkas e etcoetera servidas por prostitutas ou melhor dizendo, garotas de programa e com segurança estatal na figura dos guardas penitenciários agenciados por diretores penitenciários e, algumas vezes, desembargadores). só sei que mesmo chegando a 10 ou 20 por cento do total de brasileiros, ela já se organizou social e politicamente. tem toda uma cadeia (trocadilho mais infame!) de comando digna de brasilha.

organizaram-se em "facções" onde cada um toma partido (mais um trocadilho miserável!) para o que mais lhe convier e menos lhe ameace o pescoço. tem partido, quero dizer, facção pra todo gosto: pcc. cv, cn e muito mais dessa sopa de letrinhas que o brasileiro tanto se apega. nas terras baianas, onde a criatividade reina, existem o bdm e as outras siglas já ditas acima e uma outra de nomezinho bem sugestivo: katyara. quanta singeleza!

estamos nos primeiros dias de 2017 e, sem nenhuma sombra de dúvida, a articulação político-administrativa dessa parcela de brasileiros, mostra que sabe mandar e sabe se fazer obedecer. para mostrar seu poder de organização e mando, determinou a seus ministros, secretários, subsecretários e juízes uma ação efetiva em todos os seus palácios e o resultado é - até porque a ordem é ainda vigente - algo em torno de 200 mortos. pelo menos metade deles, decapitada.

a sorte do povo que esvoaça em brasilha é que, lá não se cortam cabeças. pelo menos não literalmente. de qualquer maneira, embora estejamos, em tese, livres da prisão, vivemos todos encarcerados.