na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, julho 28, 2010

sempre sobra para o polvo



esse admirável lula novo me surpreende, me entristece e, às vezes, me estupora. sério! imagine um cara campeoníssimo em burlas à lei eleitoral abrindo a fenda bucal no meio da agora bem cuidada barba para pedir desculpas e se declarando inocente "e que não fez por mal" quando anunciou a bonecadelouçadecristaleira dilma rochosa - perdão! - roussef, como a mãe do trem bala brasileiro! e olha que esse trem bala só foi disparado no papel! luizignatiusignobilisluladasilva compromete a sua imagem diante de mim. eu que o achava o mais tenaz, maquiavélico, astuto e astucioso oponente à minha indignação vejo-o, em fim de mandato, deteriorando-se e à péssima imagem que me acostumei a fazer dele.

claro que astuto e astucioso ele permanece, mas não com aquela tenacidade de antes. agora ele se assemelha e muito, ao seu criador e eterno ídolo, hugo boquirroto chávez. e isto o afasta da minha mira porque o chavito não me merece senão um olhar 43 carregado de desprezo. mas já que ele entrou na conversa... esta semana, furibundo, chavito se fez acompanhar de outra figura rotunda e do mesmo naipe para bradar aos quatro ventos que rompia relações diplomáticas com a colômbia por ter sido acusado de acobertar ou dar guarida às gentes das farc e do ejército de la libertación nacional. ora, vamos lá! não somos tão inocentes, puros e bestas assim. as gentes das farc andam pelas terras tupiniquins tão à vontade que qualquer dia desses vamos encontrá-las num mcdonald's, num shopping qualquer! mas também a colômbia não chiou conosco nem nos denunciou na oea. aqui já foi o paraíso de nazistas, ainda é de alguns mafiosos (italianos, ítalo-americanos e do último dos moicanos) portanto...

pois bem, o tal do chavito, aplaudido de pé por aquele jogador rechonchudo que andou distribuindo beijos a torto e a direito durante a copa na áfrica e que agora está desempregado, também boquirrotou (este verbo existe?) que iria parar de fornecer petróleo aos ianques lá de obama. homiquásiômedêxe! donde já se viu? ele deixa de mandar petróleo e o dinheiro para de entrar nos seus cofres já que a turma do banguebangue lá de cima compra sessenta por cento de toda a sua produção. pimba! cabou a fanfarronice chaviana!

voltemos a inacito: seguindo à risca o seu papel de filhote de ditador de república de bananas, manifestou sua estranheza com a decisão colombiana de entregar gaguinho (lembra daquele porquinho dos gibis quando ainda não existiam os mangás? chavito me lembra dele porém sem inteligência!) e até pensou em pedir explicações. mas o pileque passou rápido e, pela primeira vez na história deste país (ooops! isto pega!) a razão raspou pela sua cabeça e ele não o fez. pagaria o maior mico (segundo sylvester stallone, aqui se pode fazer o que quiser, detonar quem quiser e a gente além de agradecer, oferece um macaquinho de lembrança). na verdade, não pagaria mico nenhum, ofereceria um macaquinho para uribe que, como ele, também está saindo de cena.

o nosso valoroso ahmadinelula, anda paparicando o irã para se botar de defensor dos frascos e dos comprimidos. tá certo. nunca, na história deste país (valei-me são sebastião do passé!) presidente algum se botou de herói (tirando getúlio, todo mundo faz questão de tirar o seu da reta!). ele "tem" que ser o primeiro! afinal, é o primeiro "operário" que se tornou presidente. parece até que se esqueceram de lech walesa. se bem que... ignatius fazia mesmo o que quando se presidentou? sindicalista é profissão reconhecida? qual o sinônimo de sindicalista? sanguessuga? escorador de muro? ou ele é simplesmente aquele cara que fica vermelho com o esforço alheio? sindicalistas à parte - porque, sejamos justos, existem alguns e contam-se nos dedos das mãos (não nas de ignatius porque senão vai faltar alguém), que dão duro, tem boa vontade, se esforçam, lutam e merecem respeito. pois bem, ahmadinatius, fez até reunião de cúpula com turcos e iranianos. ninguém deu bola. aliás, deram sim. gargalharam até às lágrimas.

lá da pérsia, ahmadinejad, esperneou horrores por conta do acordo não acordado e agora, descobriu o grande culpado: o polvo paul. aquele simpático octopus alemão que não fala nada mas acerta todas. luiz ignatius primus et eternus provavelmente concordará. sempre sobra pro polvo!

sexta-feira, julho 16, 2010

dilma é o avatar de lula!


há tempos, quase uma copa do mundo, não falo do meu ídolo luiz ignatius lula da silva. hoje amanheci com uma certa saudade... nostalgia, diriam os mais letrados. é que o brasil anda comovido, mesmerizado, estabacado com duas imensas tragédias nacionais: o desaparecimento, como fumaça, da moça eliza samudio por algum tempo comborça do goleiro bruno, do flamengo - a maior torcida nacional - e, o que é pior, a eliminação do escrete do hitleriano dunga. esta, tão grande que despachou ignatius de volta da áfrica do sul para a américa idem como se fosse uma jabulani açoitada pela cabeça daquele holandês sneijder pras redes do julio cesar (ave!).

esqueçamos as tragédias e voltemos ao nosso alvo. ignatius tem uma imensa, galática capacidade de me surpreender. quando ele somente perambulava por brasilha e circunvizinhanças, dando um pulinho ali na venezuela do compadre hugo chávez, ou no quintal do evo morales, a coisa andava dentro dos conformes. vez em quando aparecia um ou outro escândalozinho patrocinado pelos companheiros mas, nada de fazer muita mossa. depois, ele deu uns pulinhos mais adiante e mais adiante e mais adiante e... acabou como o rei da cocada preta na crise entre os americanos do norte e os iranianos da pérsia liderados por outro maluco com nome de quebrar a língua de qualquer lusófono: ahmadinejad (como você só está lendo, não precisa quebrar a sua, coligado!). apesar de todo o lhufa-lhufa, o acordo deu no que as coisas lá em brasilha sempre dão: em nada.

aliás, ele até já pensa na secretaria geral da onu! a mosquinha azul deve ter picado em outro canto que não no braço!

mas, eu sou tão beócio que ele me surpreende até mesmo com pequenas coisas. assessorado pelo baiano de tucano (não é do psdb, não. é de "tucano" mesmo - uma cidade famosa na história da bahia, do brasil e do mundo! êpa! me entusiasmei demais!) joão santana, mais conhecido como "patinhas" entre seus amigos, ignatius primeiro e único assimilou mais do que bem, os ensinamentos do irmão de maria de fátima, alter-ego de balila e está com a corda toda. como não conseguiu se perpetuar na cadeira mais fofa de brasilha por vias, digamos, legais, como o compadre hugo chávez, ignatius uno e omni deu a volta por cima e, inspirado em james cameron criou o seu próprio avatar. e ei-lo que chega, ainda que feminilizado.

observe a dilma! veja como se parece com ignatius primus! desengonçada a princípio mas desenvolta a seguir. encabulada em público mas mui safa nos gabinetes. tudo bem que não tem a barba mas tem a estatura e o ótimo hábito de trocar as bolas (ooops! ato falho), errar nomes, mudar datas, lugares, enfim... até obras de papel ela inaugura! parece ou não parece?! tudo bem que ela tem um dedinho a mais... e, ao que parece nunca executou performances com pilequinhos nem usa metáforas futebolísticas para explicar questões político-administrativas em todos os níveis. bom, isso a gente até perdoa.

no afã de se perpetuar em seu avatar, ignatius, the one, se tornou ele próprio, um outdoor falante. por último, ele deixou de ser o executor para se tornar o autor. em cerimônia de lançamento do trem-bala que, ao contrário do metrô de sãosalvadordabahia, vai ligar um lugar a vários outros, ele preferiu dizer que os usuários desse moderníssimo trem que ainda não passa de rabiscos em papel, devem agradecer a esta mulher, pois, sem ela, provavelmente (aí entra a minha imaginação) ainda estaríamos esperando a invenção da roda! dilma é o avatar de lula!

infelizmente, ninguém vê (nem o tse), só eu!

quinta-feira, julho 15, 2010

onde a dor não tem razão



de há algum tempo atrás tenho vivido uma experiência em parte dolorosa, em parte surpreendentemente, digamos, educativa, sob o ponto de vista espiritual (sem querer ou pretender ser melodramático). tudo começou em abril do ano passado quando o meu mundinho corriqueiro se diluiu em fluidos sanguíneos e o meu mais profundo desprezo por excertos da categoria médica aflorou com violência a partir do diagnóstico de leucemia no meu filho mais novo (gabriel, 15 anos à época). a partir daí, calvários à parte já que cada um tem o seu mais íntimo, comecei a frequentar assiduamente, ambulatórios, laboratórios, quartos hospitalares... enfim, a liturgia do cargo de ser pai. no entanto, e aí é que vem tudo de bom dessa experiência que continua dolorosa, comecei a olhar, com um olhar mais sensível – característica humana muito mais presente na mulher, a sensibilidade, a sintonia fina com o mundo em seu todo – tudo o que me cercava.
nas minhas idas à clínica, me vi, subitamente cercado de não-dores, de não-doentes absurdamente doentes. alguns, com pouco tempo de viver esse mundo daqui. outros, lutando para tentar ver o amanhecer seguinte. dramático? não. apenas o que via ou sentia. via e sentia a dor das mães (onipresentes) e a perplexidade dos pais (como eu, minoria absoluta). mas, deixei de ter uma identidade única para ser “pai”. apenas “pai” se tornou o meu nome como o de todos os poucos outros que lá vão com os olhos marejados, vermelhos, mas secos (homem não chora!). me tornei muitos.
mas não se trata bem disso, o que quero falar. afora a minha tristeza, a dor do meu filho (que também se tornou a meus olhos, muitos – todos aqueles que passam à minha frente na sala de espera, na enfermaria ou que me olham curiosos enquanto não consigo cochilar ao lado de gabriel, como eles, meio sedados e com uma agulha levando uma mixórdia de química para suas veias – acabei surpreendido com a forte presença e, ao mesmo tempo a ausência da dor naquele ambiente onde a parca caminha com naturalidade.
crianças cheias de dor física, brincam pintam e bordam indiferentes à própria dor e só a acusam quando se torna insuportavelmente adulta. no entanto, adultos sucumbem diante da dor infantil e perdem as forças enquanto os pequenos se superam. nos olhos de todas as matizes, há sim, sofrimento, mas bem lá no fundo. uma sombra fugidia. cada novo paciente é um novo amigo, mais um parceiro para uma brincadeira que pode não mais acontecer na manhã seguinte. fazem do agora, uma festa. da dor, algo que simplesmente está ali. não a ignoram. sentem-na. sofrem-na. impávidos colossos, ensinam-nos a viver... enquanto, às vezes, estão à morte.

* o texto acima foi postado, originalmente, no blog "conversa de menina" por ordem de uma pessoa por quem tenho o maior apreço e admiração, a jornalista e mestra andreia santana, numa janela chamada "homem de palavra". republico-o agora como forma de mostrar um outro lado do sofrimento de quem tem seu mundo estilhaçado. é também uma forma, ainda que precoce, de agradecer o carinho, o profissionalismo e a atenção de quem lida em um terreno pantanoso onde a ceifadora está sempre presente e a esperança é, quase sempre, a corda estendida à beira do precipício. o texto é também dedicado a todos os habitantes de um mundinho à parte chamado clínica onco. a todos, pacientes e profissionais.

quinta-feira, julho 08, 2010

jabba the hutt - the rescue


ele não é o meu personagem predileto - este continua sendo luiz ignatius lula da silva, primeiro e único - mas caiu nas minhas boas graças por conta da sua agilidade apesar do corpanzil e da língua que quase não cabe na boca que parece de um peixe. recentemente, nossos nobres congressistas atenderam ao apelo popular e, mesmo evitando alguns pontos perigosos - para eles, claro!- aprovaram uma lei de nomezinho simpaticissimo: lei da ficha limpa.

a princípio, a danadinha da lei serviria para, digamos, dar uma arejada no ambiente político brasileiro evitando que cidadãos nem tão certinhos assim povoassem (e arruinassem)assembléias legislativas, câmaras municipais, o próprio congresso (que, vixe maria!)ou sentassem com suas adiposidades calipígeas em cadeiras de prefeituras, governadorias estaduais e federais. isto, a princípio.

no entanto, mal nasceu e a pobrezinha da lei já foi torcida, retorcida e distorcida por ninguém menos que o mais alto tribunal do país que, enredado pelo primeiro secretário jabba the hutt, concedeu-lhe o direito de burlar a coitadinha da lei e registrar sua candidatura de ficha nada limpa. ele e uma outra criatura também de ficha precisando de muito detergente, omo, soda cáustica e esfregão para se tentar dar um jeito nela. tudo bem que outros sete não conseguiram o feito. também, eles não tem o jogo de cintura de jabba the hutt!

uma pena que o chefe da suprema corte tenha, ele próprio, aprovado a lei que driblou. mas, vai ver que é o vício do cachimbo que tenha agido e ele ficou de boca (caneta e mente) torta. afinal, ele já absolveu outros fichas-sujas antes. de qualquer forma, a miraculosa lei já foi desvirginada, conspurcada mas, como fênix, renascerá das cinzas e alçará vôo poderosa e bela para que nós, aparvalhados com tamanho esplendor um dia reverberemos nosso orgulho e a aplaudamos de pé. se bem que, pelo andar da carruagem e pelo empáfia com que jabba the hutt anda, desfilando sua papada e sua boca ictiológica isto talvez demore gerações. e não somos tão "fortes" assim. duvidam? perguntem ao heráclito!