na rua, na chuva ou na fazenda

sexta-feira, junho 02, 2017

desisti de desistir (o retorno)

diante de tanta ignomínia que tenho visto, ouvido e lido sobre a república brasilis nesses tempos bicudos de lava-jato, eu havia decidido abrir mão do direito de tentar opinar sobre tudo isto que vem acontecendo. porém, ah! porém, como diria o mestre paulinho da viola, descuidei-me da minha decisão e eis-me aqui, outra vez, falando por escrito, aquilo que me vai na alma brasileira que carrego nas costas. no noticiário de sexta-feira (2 de junho), luizignatiusluladasilva, primeiro e único (e espero, último) boquirrotou para quem quisesse ouvi-lo (e existem milhões de tolos que o veneram)entre gargalhadas da plateia: "um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana. tá na hora de parar de palhaçada, que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento."


investigado em cinco inquéritos na operação comandada pelo juiz sergio moro (eleito como o incendiador de brasilha e de outros cantos das grandes empreiteiras),  ignatiusluladasilva manipula com extrema habilidade a multidão embasbacada que o acompanha nos comícios que tem feito desde que começaram as investigações. ora vítima, ora algoz, ora criminoso ora herói, ele ganhou, de há muito,  o meu respeito por essa habilidade. sim, eu o respeito como um dos mais habilidosos políticos que este país já concebeu algum dia. sem diplomas acadêmicos - à exceção daqueles honoríficos - o sujeito que passou de "sapo barbudo" a "pai dos pobres" com suas ações de cunho assistencial-populista como um getúlio vargas nordestino (embora ele o negue sempre com atitudes que nada tem a ver com o sertanejo deste lado de cá do país), ignatius, cuja enorme capacidade de articulação e manipulação é a mesma da sua voracidade aos espíritos etílicos sejam lá de que procedência forem, desqualifica toda e qualquer acusação. na verdade, ele nem deveria mais tentar desqualificá-las mais já que a culpa foi, segundo ele mesmo em depoimento a moro, da pobre dona marisa, egressa deste mundo de meu deus há pouco tempo. declaração das mais infelizes que esse astro do picadeiro em que o brasil se transformou já pode prestar.

deixemo-lo de lado, vamos pensar nas outras pobres criaturas que, como ele (não deu pra deixá-lo completamente de lado), foram ou são alvos da lava-jato: luiz argolo, ex-deputado federal, antonio palocci, ex-braço direito de ignatius; marcelo odebrecht, ex-mandachuva da empresa que leva o nome da sua família; eduardo cunha, ex-todo poderoso da câmara; sergio cabral, ex-governador do rídejanêro e amante de jóias e jantares nababescos... todos (por enquanto) enjaulados e apreciando a paisagem das janelas (?) de suas celas. outros, que não foram e não são alvos da lava-jato, percorrem as ruas e vielas do país como baratas tontas procurando emprego, comida, escola, saúde e tudo o que o estado deveria - em tese - ser o provedor, estão tão encarcerados quanto os acima citados e seus companheiros que não foram aqui nominados. são prisioneiros de homens sem escrúpulos (e suas mulheres) que fazem valer a máxima  publicitária cunhada na década de 70 do século passado quando um jogador de futebol dizia que "como todo brasileiro, eu gosto de levar vantagem em tudo!".

o empresário-bomba, joesley batista, também está luxuosamente prisioneiro na quintavenida lá de noviorque em seu apartamento de 52 milhões de dólares. enquanto isso, sãpaulo se divide em cracolândias e o rídejaneiro vê as armas dos traficantes chegarem em seu principal aeroporto. mas "o rio de janeiro continua lindo..." diria gilberto gil em seus antigos devaneios musicais. aliás, o rio de janeiro continua sendo o principal polo de tráfico internacional de cocaína do país, continua sendo o quartel general dos barões da droga. infelizmente. porque, como o resto dos brasileiros, o rio de janeiro não merecia e nem merece ter se tornado isto. chicobuarqueando: "amanhã, há de ser outro dia..."


e como nem só de luizignatius et caterva vive o meu desapontamento com este brasilvaronil, o atual inquilino do palácio do planalto e que prefere se homiziar no palácio do jaburu, também articula e manobra suas artimanhas: para proteger seus aliados e quebra-facas, baixa medidas provisórias como as crianças baixam aqueles joguinhos enjoados no tablets. só que, no caso dele, são ordens que blindam seus asseclas e os isolam da possibilidade (real) de visitarem, na condição de hóspedes, os mesmos presídios da turma que falei lá em cima; para se proteger, demite e nomeia ministros justamente para os tribunais onde ele poderia, eventualmente, ir parar.