na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, janeiro 16, 2013

reflexões de lupanar

fiquei assim, como se diz, de queixo caido? com as mais recentes declarações de setores competentes (mas nem tanto assim) quanto ao crescimento profissional das moças que cuidarão das necessidades sexuais dos nossos visitantes adictos ao pebolismo em 2014. "autoridades" no assunto declararam altissonantes que as 'profissionais do sexo' (e aí masculinize-se a categoria já que temos também 'os profissionais' do ramo e que, no meu tempo eram conhecidos por outros adjetivos) estão ampliando seus recursos e horizontes (não só o "v" das pernas abertas) e, para atender a esperada vasta clientela, aprimoram seus conhecimentos linguísticos com o aprendizado do universal inglês, o francês bairrista, o espanhol aportuguesado, o hebraico (?) e, até quem sabe? o aramaico já que a profissão milenar, por antiguidade, talvez o exija.

é bom? deve ser. afinal trata-se de um trabalho remunerado como outro qualquer. minto. não é um trabalho como outro qualquer. trata-se de uma das mais antigas profissões do mundo. existia antes até de inventarem a consolidação das leis do trabalho, o congresso nacional, a cut, o pt e o mst com suas derivações. é mais velha até que o carnaval da bahia (o antigo, não o novo!). portanto, nada mais justo que seus operários (as) sejam também fluentes em todos os idiomas da terra até mesmo do falecido português do brasil - hoje aqui se fala internetês. 
 

um irmão, assim o considero, o zédejesusbarreto, indignou-se poeticamente e publicou sua poesia indignada no fáicebúk: Em BH e outras capitais, prostitutas (garotas e garotos de programa) aprendem idiomas para bem receber e ampliar seus serviços; em Brasília já rola na Câmara urgência para um projeto regularizando a prostituição como profissão. Sem grilos... é assim que nos preparamos para a Copa do Mundo 2014. Ufanemo-nos, pois !

quêisso, seu zé?! deixa de birra, homem! tudo bem que não se fazem mais lupanares como antigamente - aliás, os que existem estão aí de teimosos e as moças se postam às janelas apenas pelo romantismo de antigamente. os de hoje estão nas salas de aula, nas raves, nos endereços tidos e ditos elegantes e também nos que sequer constam dos guias "who's who" das nossas grandes cidades. E pra falar a verdade, é sempre bom misturar prazeres e negócios. alguns dizem que não mas estes são minoria, voto vencido.


me cabe uma pergunta inocente: será que os e as de lá virão pra cá preparados como os e as de cá estarão (espera-se) preparados para recebê-los (las)? em todo o caso, vai ser uma "puta" copa (ou cópula?). de qualquer forma, estamos aprimorando a arte do bem receber.

autor: gentil







* um outro amigo meu, esse, tão famoso que já não deve ser mais meu amigo nem tampouco saber quem sou, está mandando e desmandando na cidade. mais até do que o alcaide. há algum tempo, em nome da sua estatura artística, pretendeu criar mais um circuito no empobrecido roteiro carnavalesco da cidade. negaram-lhe a pretensão. foi como se não o tivessem feito. sabe o que ele fez? fingiu-se de morto, fez cara de paisagem e anunciou um circuito dentro do circuito. de modo que, quer queiram quer não, o carnaval de salvador da bahia, ano 2013, terá um circuito afro-sei-lá-o-quê. antonio carlos, xará do alcaide, esse, sim, é o cara! a indústria carnavalesca agradece e o povo balança o chão da praça enquanto o fogo come a chapada diamantina, a seca criou domicílio no sertão e a fome acarinha a barriga dos miseráveis que agradecem ao santo inácio um vale-pobreza qualquer.
foto: manoel porto

* manoel porto, renomado fotógrafo, cavaleiro andante dos sertões diamantinos e diletante apreciador da paz e dos mangues (praieiros e não puteiros) de siribinha, enriquece esta postagem com o sorriso da natureza morta dos nossos sertões.     



quinta-feira, janeiro 10, 2013

bbb

rançoso como só eu mesmo, conheço poucos. acho que pior do que eu só toucinho meio apodrecido. mesmo assim, não é por esse ranço de velho que me ufano de jamais ter visto algumas coisas produzidas pela rede grobo de televisão e que servem como divisor de águas com meio brasil varonil idolatrando e a outra metade fazendo caretas, torcendo o bico, dando muxoxos e desancando. isto sem contar quem, não por ranço mas por falta de aparelhos receptores como os kayowas (é assim que se escreve?) que estão no epicentro de mais uma nova contestação da moda. não me refiro aos neo kayowas e sim àqueles que o são de fato. mas como eles - os índios - são uma outra nação, nem entram nessa briga.

vamos lá: a grobo lançou duas coisas aí para este começo de ano. as novidades são uma minissérie que tem a bahia, suas festas e seus ritmos e suas musas e seus musos e sua música (?)  como palco e seu sotaque global indisfarçável como contraponto histriônico e uma outra coisa lá que é bem nova, novíssima até, como a novilíngua de george orwell: o big brother brasil edição 1984 milhões.

desde jean willys, de quem tenho ouvido falar pouco e que foi o brother que melhor capitalizou seus 15 minutos de fama quase eternizando-os num mandato de deputado federal, que esse negócio capitaneado por um pedro bial dismorfo mesmeriza o país, movimenta milhões de reais (estaria eu sendo contido nos meus cálculos?) e faz o milagre que nenhuma cnbb conseguiu até hoje: juntar a família todas as noites em casa. se bem que não pelo divino propósito ceenebebista, mas reúne. se bem que, cá entre nós, o meu lado voyeur ainda que correndo o risco de ficar cego de um olho, prefere o bom e velho buraco de fechadura pra bisbilhotar as intimidades alheias. mas, como já não se fazem mais fechaduras como antigamente...

nas redes sociais - por quê "redes sociais"? - o tal do bbb repercute, divide, reparte, solapa, cria divergências, preferências enfim... movimenta a sociedade brasileira que busca um novo herói. saído do anonimato em que se escondia esperando o momento certo para sua aparição retumbante, este impávido colosso (qual seria mesmo o feminino disto aí?) reinará por alguns carnavais, umas tantas raves, algumas dezenas de desfiles e até eventos beneficentes em prol dos desprovidos de fama até desvanecer-se no seu próprio sonho ou ser morto em "alguma tentativa de assalto" - como já aconteceu - e voltar às manchetes ainda que defuntado para todo o sempre.

na questão minissérie, sarajane, a moça do "abre a rodinha" co-gestora (no sentido de maternidade e não de administração) da axé music, que andava esquecida no baú de recordações dos "studios wr" pomposamente chamado, à epoca, de maior estúdio de gravações e produções do norte/nordeste, vituperou furiosamente querendo, e deve estar coberta de razão, a sua parte nos direitos autorais se não da minissérie pelo menos da música que acaba com nossos (seus porque os meus não estão a serviço de penico) ouvidos como trilha sonora da indigitada peça televisiva.

difícil mesmo é engolir o "sotaque" baiano que a grobo inventou e que mesmo baianos da gema como ivete sangalo, margareth menezes e tantos e tantos outros baianíssimos tão da gema que você pode batê-los no liquidificador que darão um excelente tônico como o seu correlato feito com o produto posto pela galinha, assumiram, como prova dessa baianidade nagô (quem inventou isto?).

mas a grobo é a grobo. que ergue e destrói coisas belas diria caetano veloso se tivesse que reinventar 'sampa'. por isso mesmo, recolho-me à minha insignificância, desaprendo-me desapegando-me dessa globalização e reaprendo-me no isolamento das raízes do mangue de siribinha, fazendo retratos de nascedouro morrente e de uma barra de rio prenhe de gente e vazia de peixes.

plim! plim! repararam que eu não falei de ignatius nem do pt?




terça-feira, janeiro 08, 2013

terapêutica praieira



comovo-me às gargalhadas cada vez que me deparo com notícias a respeito deste nosso brasil varonil. da última vez, misturei gargalhadas e lágrimas por conta de zé e zeca (nesta ordem de comoção). desta vez, volto a comover-me e ainda erro o teclado pois as lágrimas provocadas pelas gargalhadas embaçam-me a vista, com o zé e seu irmão, também zé. um é genoíno, o outro é nobre guimarães. ambos pontificam no partido dos trabalhadores - infelizmente para o partido -: um, em são paulo e o outro, no ceará. ambos batem ponto - infelizmente para nós todos - em brasilha.

praia de inema - salvador/ba
dos poucos que se atrevem a visitar este blogue (sete ou oito, pois não consegui alcançar o prodígio dos dois dígitos no índice de visitantes, assinantes ou coisas que o valham ) três ou quatro reclamaram que eu peguei pesado com o zé e que sempre pego pesado com o pt e com ignatius submersus. não havia percebido tal detalhe. mas esses três ou quatro - maioria dos meus visitantes - não atentaram para outro detalhe: mesmo sem nominar, eu avisei que o zé não estaria tão só assim e que tinha outros companheiros de desídia nessa sua reentrée lá no congresso. tem o colbert, o joão paulo cunha e tantos outros que nomeá-los chega a ser enfadonho como comer preá com melancia. portanto, calei-me e calo-me novamente. busquem-nos vocês, eternos insatisfeitos.

dilma medita solitária em inema
ricardo ribeiro, um amigo - perdoe-me se o chamo assim, meu caro - que mantinha um blog muito interessante e que consta da minha listagem (eu, como seguidor dele) anda postando umas fotos belíssimas no fáicebúk de praias paradisíacas. vendo-as, me deu um estalo: será que o médico que recomendou ao ricardo esse pit stop do blog dele pelas praias por onde anda é o mesmo que é advogado de carlinhos cachoeira e, provavelmente assessor para assuntos litorâneos de lula, dilma, fhc e outros presidentes de plantão ao escolherem o subúrbio ferroviário da cidade da bahia como retiro político-espiritual-etílico (no caso de lula) em suas férias? deve ser.

idílio em inema: ignatius e marisa
no caso de carlinhos cachoeira, a terapia funcionou tanto que ele cometeu casamento contra a criatura que se tornou a musa do mensalão; no caso do ricardo ribeiro eu não sei com quem ele pode estar acompanhado - tomara que seja da comadre para não dar problemas futuros - nem tampouco os motivos que o levaram a um retiro tão extremo que ele retirou o blog do ar; lula, fhc e dilma (não necessariamente nesta ordem) tem lá os seus. ignatius e seu avatar carregam a montoeira de problemas petistas e descarregam-nos como oferendas, tributos ou sei lá o quê (peguei a doença luliana do "não vi, não sei") nas águas de inema onde fhc filosofava em francês enquanto mandava aposentadorias especiais para o espaço.

vigília e romaria em inema
mas essa nova terapia, apresentada formalmente à nação pelo advogado do cachoeira esta semana, traz,  a cada final de ano e a cada carnaval, os holofotes para o subúrbio ferroviário de salvador da bahia. repórteres à mancheia se poem à espreita e seus olhos e lentes se espraiam por aquela parte da cidade da bahia que ninguém liga mesmo a não ser nas eleições. infelizmente, os bons resultados dessa terapia praieira não surte o menor efeito no resto do subúrbio. depois que os seus pacientes famosos recuperam as energias, recobrados e serelepes vão embora tão aparatosamente escoltados como chegaram, inema continua impávida e bela.

desvirgininada diuturnamente ainda que por um curto período, revirgina-se preparando-se para a próxima invasão (foi assim que nasceu o provérbio chulo que reza "lavou, tá nova!). e o subúrbio, mais suburbano que nunca evanesce-se no descaso de sempre. pensando bem, talvez seja até melhor assim.
o que não é visto não é desejado. de tão vista, a paisagem da paralela, suas matas, lagoas, rios e riachos estão desaparecendo mais rápido do que surgiam as lágrimas e amores do ex-prefeito joão henrique carneiro.

quanto a genoíno... bem, do jeito que ele vai, acaba presidente do brasil. quer mais?

sexta-feira, janeiro 04, 2013

imagens de 2013: quantos brasis existem em nós?

2013 mal começou e já nos traz imagens genuinamente brasileiras para nos dar a exata dimensão de como somos múltiplos em caráter. para ser mais humildes, coisa que não somos de jeito nenhum (vide o hino nacional tonitruante e ufanista!), baixemos essa multiplicidade para dualidade.


voltemos os olhos para as imagens e sua história. posse de josé genoíno na câmara dos deputados. o pt orgulhosamente apresenta sua mais nova arma na guerra surda que trava contra o supremo tribunal federal provocada pelos desmandos de antigos defensores dos frascos e dos comprimidos que se deixaram seduzir pelo canto de sereia da grana que entra fácil e enriquece mais fácil ainda e cujo único subproduto é a perda total da dignidade, do respeito e da honradez. genoíno, genuinamente travestido de mártir da justiça, adentra o palco numa pré-estreia chamando um jornalista de "torturador moderno". lembrava-se dos velhos tempos quando ainda vestia a indumentária de cruzado na luta pela democracia, justiça e direitos que, nos tempos de agora, ele próprio solapa e golpeia. e ameaçava: "com você eu só falo depois da posse!". cai o pano.
no dia seguinte, em grande estilo, secundado por seus coadjuvantes - em verdade, patrocinadores de peso - novamente adentra o palco. desta vez, leva consigo como um amuleto, um patuá contra o mau olhado aqui nominado como joaquim barbosa ou stf, a constituição brasileira. vale lembrar os `versos íntimos` de augusto dos anjos (1884-1914). genoíno leva a constituição brasileira na mão. podia estar levando um rolo de papel higiênico.

deixemos brasilha, feudo de sua majestade augusta luizignatiusluladasilva primo et uno agora praticamente invisível como crocodilo submerso à espera da inocente e sedenta presa que em algum momento vai sucumbir à sede e aí, companheiro...

no ridejaneiro, as chuvas de verão voltam a assombrar. do alto dos seus palácios ou das cabines blindadas dos seus carros oficiais condenam a resistência daqueles que, ano após ano, tragédia após tragédia, preferem permanecer em suas casas e, quem sabe, engrossar as fileiras de desabrigados, as listas de desaparecidos ou mortos a perder o teto sobre a cabeça mesmo quando e se o céu, o morro e a insensibilidade humana cairem sobre ele. condenam, mas nada fazem até que o fato aconteça. aí então, os discursos lacrimejantes e cheios de decisão e apelos são absurdamente plenos de comoção, piedade e do melhor que nós humanos (?) temos em algum recôndito de nós.

no suburbano xerem, a tragédia carioca sempre anunciada se consumou para muita gente. em meio a escombros, lama, árvores tombadas, gritos e lamentações, um personagem conhecido de todos - e para quem, alguns torcem os narizes chiques - corria como um louco pelas ruas do distrito sobre um quadriciclo. molhado e enlameado até os ossos, olhar desarvorado, zeca pagodinho entrava em cena nesse outro teatro.
distante dos holofotes grandiosos de brasilha, sem se remeter à constituição, à bíblia ou seja lá a que tipo de muleta moral costumamos nos remeter, fez o que esperamos que todos façam (mas nem sempre cobramos de nós próprios): exerceu a sua cidadania, mostrou o melhor do ser  humano.

jessé, chamado zeca. josé, chamado genoíno. zeca pagodinho e `zé` genuíno. ""...dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada brasil!  
 
em tempo: genoíno, ao contrário de zeca, não está sozinho. tem muitos outros com ele lá em brasilha. ele é apenas a estrela mais brilhante nos céus do planalto central nesses dias de verão e aguaceiro.