na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Ave, Ignatius!

eu bem que gostaria de postar um 'brog' de fim de ano. assim - como diz a nova safra de 'jornalistas' egressos da facom e de tantas outras escolas - , meio meloso, desejando a todos tudo de bom, falando do novo ano e edicéteraetal. mas não deu. precisando saudar o nosso novo imperador ignatius augustus da silva primus et dominus e o seu lugar-tenente geddelius limus secundus (até tu, ó brutus!) deparei-me, ó miraculoso correius interneticus! com um texto mais mesquinho que o meu, mais redondo que o meu, mais cínico que o meu, mais canalha que o meu, mais irônico que o meu e, acima de tudo, mil vezes melhor que o meu, assinado por zédejesusbarreto, emérito (valhei-me futuro são ivo lorscheider, cujas exéquias nem bem se acabaram e já pretendem torná-lo santíssimo) jornalista cujo nome é, acima de tudo nordestino (zé. zé é o máximo do nordestinismo que o augusto Ignatius sacudiu da pele). e decidí, sem a devida vênia, transcrever neste espaço. que ele me perdoe e não me processe e, se processar, não vai ganhar nem os trocados necessários pra pagar o rango no mini-cacique do hispanobaiano lula (cruz credo mangalô trêsvezes!). aí está a transcrição ipsi leteris do texto zébarretiano e a todos um (tomara) feliz ano novo. e isto vale pra dom cappio, pro rio são francisco e pra todos nós:

Lula já morreu há muito!


Lula morreu. Foi o que disse o franciscano bispo católico Dom Cappio, um sonhador. Constatou o falecimento do Lula trabalhador, nordestino, pobre, sindicalista, líder e esperança de uma massa de desamparados brasileiros durante (ou depois de) sua quase auto-imolação, num jejum de mais de 20 dias em defesa do rio São Francisco, de seus ribeirinhos e contra o mega-projeto do governo federal de transposição das águas do Velho Chico para alguns estados nordestinos mais ao norte, a pretexto de matar a sede real de uns e a fome de dinheiro e negócios de outros.

Leio e me esforço para entender como é que vão gastar bilhões pra levar água em canaletas sertão acima no intuito de aplacar a seca do Ceará, Paraíba, Pernambuco... e não são capazes de amenizar a agonia de milhões de brasileiros/nordestinos que nesse instante de inclemência do sol deste verão 2007/08 morrem de sede e de necessidade, por absoluta falta de um caneco d’água, a poucos quilômetros de distância de uma margem e outra do rio que vem de Minas e corta a Bahia de sul a norte, descambando pro leste atlântico. Há anos, décadas, milênios que é assim e essa história dom Cappio é ciente, mais que todos nós. Quem conhece os cafundós de Bom Jesus da Lapa, Xique-Xique ou Chorrochó (Xorroxó né mais bonito?) sabe do que estou falando.

O nosso bispo só demorou muito para perceber a morte de Lula, enforcado pelo sistema, envenenado pelo Poder já há muito tempo.

Daquele velho Lula identificado com o sofrimento dos desprotegidos quase nada resta, nem mesmo na aparência física. Talvez a falange do dedo mindinho devorada pela máquina voraz de fazer dinheiro. Uma dolorida e proveitosa lembrança. Os cabelos revoltos estão bem penteados, a barba crespa do sapo barbudo foi aparada, os dentes que fazem o sibilar dos effes e esses estão bem alinhados, as rugas disfarçadas, a retórica redirecionada... Enfim, daquela impávida e nova liderança popular que nos emocionou nos tempos de luta contra a ditadura e o coronelismo tupiniquim restou uma sombra bem retocada pela força da máquina do que chamávamos de “establishment”.

Lula morreu, constatou o bispo. Tardiamente. Não é de hoje que eu já havia me dado conta de sua “passagem”.
Quem assumiu na cola de sua sombra foi o Sr Luis Ignácio, Dom Luis Ignácio, quem sabe até Doutor Luis Ignácio – um novo e prepotente coronel de estilo caudilhista, de linguajar populista, irritadiço ou gracejador a depender da ocasião e objetivo, postura sempre prepotente, rico sim senhor, implacável com os inimigos e benevolente até o acoitamento com os amigos “companheiros”, vaidoso e sabido o suficiente para usar e abusar do marketing e do assistencialismo mais primitivo para se perpetuar como o “grande timoneiro” das massas, porque, como repete a cada instante, “ nunca antes na história deste país” houve alguém tão, tão, tão, como ele, o próprio. “Ah , espelho meu, espelho meu, em 2010 ou 2014 haverá alguém tão bonito quanto eu?”, pergunta-se a cada dia diante da penteadeira de Dona Marisa botox.

Lula morreu há muito, corintianos!


Só o pessoal do PT militante faz que não quer ver que o presidente é outro, muito mais identificado com os interesses dos banqueiros, dos grandes negócios globalizantes, das grandes madeireiras, dos ricos agro-negociantes, dos usineiros, dos insaciáveis empreiteiros, dos incansáveis lobistas de Brasília, muito mais focado em se firmar como líder continental, num empura-empurra patético com o milico Chaves – aquele que posa de vermelho para enganar as massas que sempre levantaram a bandeira anti-ianque.

Ora, de sertanejo nordestino o sr Luis Ignácio não guarda nem mais o sotaque. Hoje ele é um homem de negócios e interesses. Grandes negócios que passam, é claro, pelo Poder, que se consegue através de votos, de eleições, que são ganhas com um bom discurso, com boa polêmica, sem dar trégua aos adversários e, por quê não, boas receitas assistencialistas... Essa nossa república foi construída comprando-se votos, com favores, benefícios, chicote, promessas ou recompensas. Salário mínimo e leis trabalhistas transformaram o ditador Getúlio Vargas em “pai dos pobres”, está na história. Algum provável candidato à presidência, mesmo sendo contrário, teria coragem hoje de criticar o “bolsa-família”, que tem levado milhares de jovens nordestinas a emprenhar seguidamente para obter o benefício, filhos famintos nos braços?
Ah, nisso o Doutor Luis Ignácio é muito bom, sempre foi, ninguém é melhor do que ele,
até porque, ao invés de ficar alisando a bunda em bancos de escola, passou a melhor fase de sua vida brigando, defendendo posições, barganhando, discursando, polemizando, fazendo greve, resistindo, convencendo, disputando espaço, cargos, poderes. Ninguém no PT, nenhum outro político na recente história desse país soube ou sabe como ele fazer esse jogo político.

O presidente Luis Ignácio vive do culto a Lula, o finado. Ele cultua o mito, com sabedoria.

Por favor, não me queiram mal, acho até que o governo do doutor Luis Ignácio teve e tem coisas bem positivas, pontuais. Como outros também tiveram. Até mesmo os milicos da ditadura obtiveram seus êxitos, aqui e ali, sobretudo em momentos econômicos favoráveis. É só passar as páginas da história com os olhos desanuviados.

Mas o pobre (de verdade) missionário franciscano dom Cappio tem razão: Lula morreu!

Quanto às águas do São Francisco... se é que algum dia elas serão suficientes e de fato transpostas, poderão chegar a algum lugar... só não acredito que possam molhar o bico dos milhões de catingueiros que o Geddel apregoa. Aliás, com aquela pança e aquelas bochechas rosadas o que é que Geddel entende de sertão e caatinga, pelo amor de Deus?
Que o nosso padim padre Ciço nos proteja de tanta aleivosia.


zedejesusbarreto, jornalista
natal/2007.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

caso renan: confissões de um judaslescente ou de como mônica subverteu meus pudores

venhamos e convenhamos: não dá mais pra esconder, dissimular ou disfarçar. sou mesmo um perjuro (é assim que se escreve?) incorrigível. traio as minhas palavras a cada sílaba enunciada pelo fôlego dos meus pulmões nicotinados há mais de trocentos anos. minto, descarada e deslavadamente quando falo minhas verdades – afinal, cada um tem a verdade que merece!
dia desses, ou melhor, postagem dessas, jurei nunca mais falar no santo (e agora eu o acredito assim) nome de renan calheiros. não que, à época, eu já não estivesse propenso a acreditá-lo santo. a bem da verdade, passava, como diriam os “galvão bueno” da vida – para que pluralizá-lo se um só já é o bastante para encher o saco de milhões? – “tirando tinta” por essa santidade não canonizada por dom “santidade” ratzinger (agora bento dezesseis). agora vou virar beato, pedir medalhinhas de são renan. vixe, maria! o homem escapa de não sei quantos processos, absolvido que foi pelos seus (também santíssimos) pares e pelo divino luizignatiuslulachavezdasilvathesecondbrazilianemperor quem, quem?! Na mais perfeita consciência teria (ou terá) dúvidas sobre os milagres cometidos por este santo. quem?
bom, voltemos ao nosso perjurismo militante (êh, pt que não me deixa em paz!): jurei, quando fui abandonado pela minha primeira amada (era, sem no entanto o saber, a professora gizélia “pingo de gente” – biologia, em tempos idos) jamais amar a mulher alguma. infâmia! perjúrio primeiro! continuo amando a todas (mulheres! oh! ignominioso homofóbico que sou!). jurei outras trocentas vezes e trocentas vezes cometi o crime do perjúrio. portanto, este crimezinho, pecadilho até, cometido aqui, num blog que ninguém se dispõe a perder tempo pra ler, é café pequeno.
tudo bem que, para ser absolvido, são renan teve de abrir mão de certos privilégios. mas quais santos que não o fizeram para alcançar a divindade? a lista é enorme: são francisco, são jorge (okê arô oxossi!), jesus (a benção, pai do céu!) minha mãe, meu pai, o seu, a sua...então, porque não renan? e olhe que, diante do sacrifício desses outros acima citados santos, o dele foi imensamente mais doloroso e maior: desisitiu da presidência do senado!!!!! do brasil!!! quer mais? ah! sim, e das belas partes mostradas na plêibói de mônicalheiroslewinskyveloso que agora lança livros, corre o país e se morre de saudades de renanzinho e de brasilha. em verdade, em verdade, eu vos digo, eu morro é de inveja desse canalha de sorriso fácil! como diria gonzaguinha (que também é santo: não dá mais pra segurar, explode coração!
em tempo: podem até me sugerir a mudança de nome do blog para: judas é pouco pra ele!

quarta-feira, novembro 21, 2007

patinhas prá que?

quando moleque, eu acalentava um sonho (valha-me, luther king!): queria ser piloto de caça. me via em céu de brigadeiro pilotando um potente jato cheio de metralhadoras derrubando andorinhas que eram meus inimigos (nazistas ou não). eram meus sonhos de guerreiro. no máximo cometia assassinatos de alados outros como morcegos, pombas-rolas, bem-te-vis e um dia, triste sina!, de um beija flor. crescí e, ao contrário do belicismo infantil, prosaicamente, tornei-me quase pacifista porque essa história de levar um tabefe de um lado da cara e oferecer o outro para mais um bofetão não cai muito bem nas minhas idéias.
bem, um outro cara, em menino provavelmente sonhava com uma mesa farta, água à vontade e roupas limpas. esse aí deu certo. sertanejo, deixou de sê-lo e pau-de-araramente, apaulistou-se, cresceu, abarbudou-se, politizou-se e deu no que deu: de luiz inácio da silva - sem "g" no meio do "inácio" sem "lula" no meio do nome, até porque apelido é apenas apelido - tornou-se presidente. primeiro de sindicato, depois, de partido político e, finalmente, de brasilha e dos brasileiros. e aí acrescentou o charmoso e elegante "g"no meio do "inácio" consolidou o apelido no meio do nome, caiu no gosto do povo como uma boa cachaça mineira ou santamarense de antigamente ou até mesmo das atuais de abaíra. de muito bom grado, trocou as cachaças do abc paulista pelos uísques importados. só não trocou de amigos (dirceu que o diga, delúbio, idem) ganhou novos, até. tão novos que falam outra língua. mas ele os entende e bem. afinal, a linguagem do coração - e dos interesses escusos - é universal. ficaram amigos de infância e um influencia o outro e outro influencia o um. é tamanha essa influência que tentando seguir os passos de um deles, o nosso ex-nordestino sonhador já se articula como grande chefe da nação brasilis e pensa permanecer sentado naquela cadeira de alto espaldar na casinha de brasilha por mais um tempo para que possamos apreciá-lo um pouco mais. nada mais justo.
justo e frouxo. afinal, ele saiu do nordeste que é um brasil que o outro brasil não conhece e maltrata mas recebe bem a sua força de trabalho; lutou, viu e venceu (valei-me, césar, aníbal e outros tantos da antiguidade!). mostrou-se íntimo dos pobres, por ter sido um; mostrou-se o campeão do povo, pois um dia chegou a sê-lo e, fazendo alarde da sua condição de trabalhador maltratado pelos poderosos, chegou ao poder. fica apenas uma peergunta: pra que diabos luiz ignacio lula da silva chávez contratou o célebre marqueteiro baiano joão irmão de balila santana? pobre patinhas! com a experiência que tem sem nunca ter posto os pés numa agência de publicidade, chávito brasileño o põe no chinelo de olhos fechados! e de tanta amizade que tem pelo caudilho de fala espanhola que desafiou um rei vai ver que, como justa homenagem, vai ficar com um nome retumbante. imaginem como ficaria! aceitam-se sugestões: luiz ignatiusluladasilvachavez é a primeira que me passa pela cabeça.

sexta-feira, novembro 16, 2007

jobinianas atômicas

duas declarações surpreendentes foram feitas ontem: a primeira delas, a do nelson, que alguns desavisados trocam por tom, jobim e a segunda, do general-de-exército josé benedito de barros moreira. ambos são do ministério da defesa de luiz ignácio lula chavez da silva. o primeiro é o titular da pasta, é ministro; o segundo é secretário de política, estratégia e relações internacionais desse ministério. ambos mostraram-se infectados pelo vírus que atacou o cara lá da coréia do norte: querem a nuclearização do brasil.
jobim, não o tom mas o nelson, baseado na descoberta nem tão recente assim, da mega jazida de petróleo nas águas de santos, quer que o país construa um submarino nuclear para, segundo ele, defender a nossa riqueza.
benedito, que tem nome de papa, mas não parece ser santo, já está prevendo um ataque à nossa água, à amazônia e ao petróleo e prefere logo a radicalização: vamos construir uma bomba nuclear! valha-me deus!
aliás, a nossa prodigalidade em gerar projetos plenos de imbecilidade está cada vez mais fantástica senão, vejamos: de tanto ser maltratado, o rio são francisco está morrendo mas nós elaboramos um milionário projeto para fazer a transposição das suas águas para terras nunca dantes irrigadas pelo velho chico; as queimadas estão devastando cerrados e eco-sistemas aqui, no mato grosso e em toda a amazônia; no entanto, o nosso melhor projeto para evitar isto é entregar a fazendeiros e garimpeiros o direito de cuidar desses lugares ou seja: entregamos o galinheiro de bandeja pra raposa.
enquanto isso, o ministro e seu subalterno sonham com submarinos e armas nucleares e eu fico de cá pensando na falta de escolas, de saúde, de saneamento... mas também continuo achando que arembepe ainda tem muito de paraíso se não fosse a beleza urbana de guarajuba.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Jurei não amar ninguém... viva ataulfo alves!

jurei, há algum blog atrás, que não mais mencionaria o santo nome do renan aqui. ainda disse que “me caíssem os dedos se teclasse o benedito (valei-me, bento dezesseis!) nome aqui neste bico rapininiano e carniceiro. menti. do mesmo jeito que ele o fez. cometi perjúrio do mesmo jeito que ele o faz (notem que estou evitando o nada santo nome). brasileiramente, segurei a onda até agora. não dá mais. tenho de falar – teclar – o tal para poder esvaziar a cloaca da minha mente: renan saiu. saiu, não. licenciou-se. mas isto é quase como sair. é um sair meio de fininho, assim sem graça. nada pomposo como uma cassação. mas é um sair. e esse sair dele me entristeceu. à vera, como se diz baianamente. porque saiu? saiu porque? (perdoem-me moraes moreira e os hippies remanescentes de arembepe). fiquei triste porque ele não nos deixou mostrar até que ponto pode ir a nossa indignação e a sua indignidade. fui às lágrimas porque, ao contrário do cordeiro de deus, ele não se deixou ser jogado à turba ignara. só que o filho do cara lá de cima, pelo menos até onde eu sei e me ensinaram a vida inteira desde que eu comecei a pensar, era inocente (salvo aquela historinha com dona maria madalena e que os preceptores nos impedem até hoje de saber a sordidez divina dos detalhes – deve ter sido o bitcho!) puro e, até certo ponto, besta. vou lá eu, do alto dos meus cinqüenta e lá vai bala de anos de vida, me deixar ser pego por um beijo na cara! Inda mais dado por um barbado! renan, nos sacaneou ao se licensair. tudo bem, é apenas uma retirada estratégica, momentânea, para preparar a volta triunfal e, quem sabe virar herói do senado – já que a grande maioria, de acordo com o evangelho segundo calheiros, tem seus pecadilhos que não assim tão “ilhos” e estão mais para “ões” – e de nós todos que, como eu, invejamos sobremaneira, a maneira canalha, escrotíssima – para chegar ao nível dele – calhorda de encarar o que não se pode encarar quando se é honesto e, (hoje estou cheio de “e”s) afrontar a patriamadaidolatradéstubrasil com uma cara de pau que não dá pra nenhum lustra móveis segurar. mas ele tá garantido de voltar e isto me faz feliz. garantido por luládasilva, que, do meio de sua trocentésima viagem internacional, já lançou d’áfrica, a sua predileção pelo mal feito: além de garantir não ler a playboy que traz a mônica lewinsky de renan – ele não lê, talvez por não saber, mas, garanto eu: ele vê as fotos e morre de inveja renaniana do renan – garante também “o cargo é dele!”. e eu, por inveja ou maledicência concordo com lulalá (que é bem melhor que cá) e fico superfeliz: volta renan. volta, que eu quero te ver sair!

quinta-feira, setembro 13, 2007

o dia em que o senado afundou

com quantos adjetivos se nomeia um senado? e um senador? reúnam-se todos os dicionários, colham-se todos os pejorativos e, ainda assim, não o teremos definido. o que se viu ontem, em brasilha, foi uma calheirice – ooops! canalhice – generalizada. morra de vergonha, judas! quarenta calheiros – de novo, ooops! canalhas – avalisaram o que, há quinhentos anos e uns pedacinhos, nós – pelo menos eu – estamos carecas de saber: o brasil, ao contrário do que prega o hino ufanista é corrupto por natureza. façamos justiça no entanto: o hino tem até uma certa correção quando se diz “gigante pela própria natureza” o problema é a corrupção embutida, metastasiada nesse gigante.
quem estava sendo “votado” em julgamento oculto, sombrio, escamoteado dos olhos de quem queria ver, não era o tal do alagoano (a partir de agora, caia-me a língua, apodreçam-me os dedos se eu falar ou dedilhar seu nome!), era o próprio senado. era a nossa fé, a nossa crença, a nossa confiança. que foi deslavadamente enxovalhada – trocaralho do cadilho, este – por quarenta ladrões que julgavam ali-babá. se bem que alguns dos pares do maior vaqueiro das alagoas se dispuseram a apontar-lhe o dedo e, isto, creio eu, mais por demagogia –baseada na teoria martasuplyciana de que “já que o estupro é certo, relaxe e goze” – do que em defesa de uma moralidade que em brasilha e, por conseqüência, no brasil, já que brasilha é a mãe de todos os males, não existe desde que um tal de cabral perdeu o rumo da sua nau – rima pobre em prosa mais pobre ainda – e veio dar com os costados nas costas da bahia – e tome-lhe trocadilhos! - .
ganhou o vaqueiro das alagoas! remexe-se em seu túmulo outro alagoano este, um menestrel. seus ossos devem estar pedindo, mesmo defuntos, pra ir embora pra pasárgada. perdemos nós? não. não perdemos porque nunca tivemos. me refiro a dignidade, a honradez, a respeito. de lá, da nórdica finlândia, passeando de charrete, o sapo barbudo (que me perdoem os sapos) nomeado e votado e aclamado presidente-em-chefe desse grande latifúndio, bem do seu jeito etílico de ser e ignorar o óbvio (u)lulante, bem do seu jeito de fazer de conta que não tem nada a ver com o peixe, deu uma de marioneteiro e mexeu todos os cordões que tinha à mão e à conveniente distância que há entre o brasil e a finlândia, moveu céus e terras, mexeu todos os pauzinhos tirados da floresta amazônica para salvar da guilhotina da honradez o seu apaniguado criador milagroso de gado. conseguiu e balbuciou que “esta é mais uma prova da democracia que grassa no país”. apesar das aspas, a frase é minha. toda minha. indignada como toda esta pátriamadidolatrada brasil. mas a minha, ou nossa, indignação não basta para fazer calar as vozes que dão asco.
estamos tendo hoje o nosso dia do medo de todos os medos. o medo de que um dia tudo isto mude e tenhamos no senado de brasilha, um grupo de homens honrados e na cadeira de presidente desta fazendola um homem de atitude que, ao contrário de certas majestades, reine, governe. e que tenha opinião. mas isto, na verdade, é apavorante para quem se acostumou a chafurdar na lama da corrupção, da impunidade e da desonra. o senado desabou! viva o senado! viva a república das alagoas!
é tudo que merecemos: panis et circensis!

quarta-feira, setembro 05, 2007

robin hood dos otários, rei da malandragem

ouvindo, dia desses, a notícia de que o governo que, lá de brasilha, manda em todos nós (parece que eles lá têm mania de deus: adoram manipular a vida alheia sem direito a reclamações – se bem que, de Deus a gente reclama) decidiu que vai abrir quase 30 mil vagas no funcionalismo público federal, lembrei de um comentário do alexandre garcia, aquele jornalcomentaristaglobal, criticando a luta de lulapingafogodasilva para que o congresso aprove a manutenção da cpmf e aí tive um frenesi, uma comoção nacionalalulista digna de qualquer plínio salgado: tornei-me brasileiro – o que compulsoriamente já sou – de carteirinha. dizia maldosamente o alexandre, que o governo arrecadava tantos e não sei quantos milhões de reais com a tal contribuição e que esse dinheiro não ajudava em nada o povo cá de fora de brasilha. servia, sim, segundo o jornalista, para pagar os salários de funcionários em cargos de comissão lá do planalto central indicados por padrinhos poderosos e coisa e tal.
estava errado, o alexandre. ele não é brasileiro coisa nenhuma. ele não torce pelo brasil como eu, você e lula. ele não quer ver ninguém bem. imagine! como é que o cara consegue ser contra uma contribuiçãozinha de nada como essa cpmf? são meros 0,38 por cento cobrados sobre movimentações financeiras apenas para ajudar o governo a pagar seus trabalhadores que, lá de brasilha, se matam para que a gente tenha vida que a gente leva? quanta ingratidão! é pouco, e pouco pra nós é tiquinho. a intenção governamental de ajudar esses pobres coitados indicados por alguns desprendidos senadores, deputados e até ministros para cargos importantíssimos onde saber fazer nada é fundamental para o andamento da máquina político-administrativa do país, é fantástica! chega a ser divinal! esse alexandre garcia não sabe de nada de desprendimento, de magnanimidade, de bondade, de altruísmo!
pois bem, lula e o governo de brasilha me levaram a avalon, me levaram a recordar o herói bretão eterno namorado da dama de honra da rainha, lady marion. verdade! essa coisa de fazer continuar a valer a cpmf me lembrou robin hood e seus companheiros, little john , o frade – não aquele do pasquim – frei tuck e outros tantos. nada de ali babá! apenas o orgulho de ser brasileiro e não brasilheiro porque aí o bicho pega. me fez sentir orgulho de lula e seu estoicismo em permanecer e querer permanecer mais ainda presidente. daí compará-lo a robin hood, meu herói. e é a partir dessa analogia que digo onde o alexandre garcia está totalmente errado. como robin, que roubava dos ricos para distribuir aos pobres, lula e sua cpmf tiram de todos para distribuir para uns poucos! meu herói!
em tempo: essa contribuição provisória já é tão permanente quanto as medidas do fernando henrique.

terça-feira, julho 31, 2007

carpe diem. cansei. viva lula! viva o pam, renan!

não sou roberto carlos pra ficar cheio de melosidades, mas sinceramente, cansei. cansei do pan, cansei do renan, cansei dos berros do pessoal da grobo cada vez que um “atreta” brasileiro pegava aquele negocin quadradin e pendurava no pescoço pespegando-lhes beijos lambidos e mordidinhas (ih! inauguraram o mais novo fetichismo no pan-sexualismo brasileiro: a lambida da medalha ou a mordiscadinha pré-orgásmica da trepada no pódio!). cansei do oscar ximíte com aquela falta de educação portenha exibida por nossos hermanos que, por não poderem enfiar as medalhas num ‘segundo lugar’ tiravam-nas dos pescoços - argentinos quase sempre - e as punham sabe lá deus onde (nos bolsos?), ficou a vaiar feito neymatogrosso secomolhado desvairado quaisquer erros – menores que eles fossem – dos adversários. onde será que ele enfiou o seu espírito olímpico?
pois é, cansei, panamericanamente, do pan, da maquiagem a que nos dispusemos a usar na cara, no caráter e na honra. cansei da canseira de waldir pires que, cansado, foi demitido do ministério da defesa do cansaço brasilhano ou brasilhense; cansei do cansaço dum tal de lula, ora presidente do brasil – imenso território ao sul dos estadozunidosdamérica – que se fingiu de doente pra não ser visitado nem visitar os parentes nem os mortos nem os sobreviventes nem os aderentes nem os inocentes nem os culpados dos vôos da tam ou, anteriormente, da gol. aliás, gols foram as únicas coisas que não faltaram saídas das pernas das meninas (?!) da seleção que não era de dunga mas se vestiram de verdeamarelo e mostraram a marmanjos pagos a euros como é que se joga bola até pelo prazer de jogar (lá vem sexo no meio de uma questão séria!)
e pra me cansar mais ainda, cansei de marcauréliogarcia coroado assessorministro do cansadíssimo (uuuuuuufa!) lula paragesticular os mutantes e o fradim pasquiniano de henfil no seu famigerado “vá se f*” pra ditadura de outrora que... futaqueofariu! acabei de surtar! no meio desse cansaço todo bateu saudade (valei-me, sãbernardo!) do tempo da ditadura estrelada que, a qualquer espirro de greve, desenssarilhava (é com um “s” só?) os sabres, sacava dos “fáos”, puxava dos quepes sobre os olhos e dos cassetetes da cintura e berrava: “vai trabalhar, vagabundo” (santo chicobuarquedhollandajulinhodadelaide!) e botava tudo nos eixos (e tome-lhe sexo!), dentro dos conformes. mas lula “novededos” quer distância disto. primeiro, por que, por ter nove dedos teve de se aposentar e não pode trabalhar – trabaiá é muito bom, num é minha veia, mas é um tanto arriscoso... – segundo, lula, tirando sua simpatia por evo morales e hugo chávez e fidel (dobre a língua no “l”) castro é antiditatorial. estamos mal parados. e cansados.
mas uma coisa me deixa contente: nesse país “grobalizado” voltamos à programação normal. O rídejanêro continua lindo com seu cristo redentor maravilha do mundo muderno! as favelas (não os favelados) voltaram a trocar tiros com a puliça do rí que ganhou a companhia da força nacioná. os mortos de sempre voltaram a morrer como sempre. os cubanos, pra desespero de lula e outros tantos que falam algum espanhol ou castelhano ou portunhol só não ficaram todos no brasí porque não deu tempo ou faltou avião ou fidel não deu uma de marido traído e descobriu a traição antes dela totalmente consumada (e tome-lhe sexo!) e mandou buscar o grosso (ai, meu jesus!) de volta antes de... deixa pra lá!
mais contente ainda: como se fosse restituição de imposto de renda, renan calhorda (oooooops! calheiros, gente!) está entregando o segundo lote dos seus documentos (ah! meu deus! hoje só penso em sexo!) pros investigadores (kkkkkkkkkkkkkk) esta semana. de tanto ouro que o brasil ganhou pra sair das vacas magras olímpicas ou não, vai ver que ele acaba inocente como meu neto que nasceu há 15 dias. mas eu ando meio calheiro (quero dizer, canalha) e torço pra que ele enfie o pé na jaca e se top! top! top! (thanks, mr. marcoaurélio) e leve alguns tantos junto.
finalizando: cansei do cansei! esse movimento parasita criado por um filhote de publicitário espertinho que, no fundo, no fundo, só quer saber de uma coisa: faturar às custas do defunto alheio confirmando aquele provérbio que diz que pimenta no badí* dos outros é puro refresco ou veuvet clicquot.
cansei de mim sem você. mas isto são outras coisas
*consulte alguém letrado em iorubá, se você for estrangeiro.

quinta-feira, julho 26, 2007

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segunda-feira, julho 23, 2007

esse tal de rafael

preciso conhecer esse tal de rafael. o sujeito é reacionário desde a mais tenra idade, nasceu no último sábado e já nasceu assim. vai virar meu ídolo. quando soube que acm estava de ingresso comprado pra goiás, já começou a dar sinais de que, se não queria ver a morte do velho cacique, pelo menos queria ver a aurora do novo dia no planeta bahia. cara esperto! e ponderado. decidiu não ver os estertores do velho nem a grita da turba insana que torcia por um retrocesso no processo – lá vou eu poetando – e resolveu nascer quase 25 horas depois do cara ter embarcado. mais esperto que isto nem lula! não pegou a rebordosa da passagem – transição, digamos – do cabeça branca pro outro lado de forma que sua alma, também em transição pro lado de cá, não fosse contaminada. definitivamente, é meu ídolo! Seja bem vindo, companheiro (ooops!) mas, fique certo de que nada mudou. por certo mudará, e isto só você e, provavelmente seus pais, verão.

renan, pam, tam...vade retro!

em respeito aos mortos da irresponsabilidade sei lá de quem (pode até ser da tam, da pista molhada, do apagão de waldir pires, do “não vi, não sei" do lula) jurei, de pés juntos, que não faria, jamais essa comparação mesquinha, que não traçaria, nunca, um paralelo entre o desastre e a comédia senatorial que ora se desenrola nos palcos de brasilha. mas, diante de tanta inverossimilhança e, ao mesmo tempo, tantos sinais celestiais, fui obrigado a quebrar minha promessa. que os mortos me perdoem e não se revolvam nas tumbas nem busquem minha alma perdida nas noites em que consigo dormir e ela se eleva (ou se afunda, já que não sei ainda o peso dos meus pecados) solta do meu eu feito de carne e ossos – no caso mais ossos do que carnes -.
esse renan canalhas (ooops!), digo, calheiros, é mesmo um cara de sorte. mas sorte maiúscula. vejamos: quando o bicho começou a pegar pra valer no palco senatorial com alguns ditos dignos indignados senadores com os contos da carochinha pespegados por renan calhorda (duplo ooops!) quero dizer, calheiros, em sua defesa... pampampam! começou o pan! e aí, olhos, ouvidos e holofotes brasileiros se desviaram do tablado senatorial de brasilha e se picaram pra cidademaravilhosa onde um cristo redentor cego, surdo, mudo e horroroso não se apequena pra redimir ninguém e se orgulha de ser uma das mais novas sete maravilhas deste mundo de meu deus. renan metralha (triplo ooops!) digo, calheiros, levantou o ouro olímpico antes de qualquer vaia ao presidente lula. ponto pra renan! Aí, perde o pan e o brasil, zil zil do galvão bueno: em meio às alegrias douradas, bronzeadas ou argentinas (aaargh!) um avião da tam mergulha nas águas da pista principal de congonhas tenta arremeter e se arremete contra um prédio da própria tam matando gente a rodo e entristecendo várias dezenas de famílias e suas periferias. ponto pra renan carrascos (epa!) calheiros, gente, calheiros!
o brasil se debulha em lágrimas e protestos vociferantes contra a falta de segurança aérea e terrena dos nossos (norte-americanos) aviões e coisa e tal, waldir pires cala-se naquela sua tranqüilidade e paz bovinas, lula decide arregaçar as mangas e fazer de conta que quem manda é ele mesmo e renan aplaude. será que pede bis? Deve ter pedido, porque, mesmo não sendo um evento de dimensões tais que mesmerize toda a nação como o foi o acidente do boeing lá de sampa, e ainda em sampa, depois de 37 dias de agonia, antonio carlos magalhães, também conhecido por acm, cabeça branca e toninho malvadeza, entrega a alma ao criador entregando a terra mater brasilis à mais profunda comoção. comoção mesmo. dividida em dois grupos de comovidos: o primeiro, enooooooorme!, daqueles que o amavam à beira da idolatria (e aí incluem-se os puxa-sacos inveterados, os punguistas da sua generosidade e os parasitas que todo ser vivo carrega) o outro, quem sabe tão grande quanto o primeiro (e aí eu é que não me atrevo a comparar pois o cara, mesmo defunto pode ainda ser vingativo) daqueles que o odiavam desde o berço. os dois grupos choraram e ainda choram o líder defuntado. o primeiro, de genuína dor; o segundo, das gargalhadas calheiros (vixe!) digo, canalhas, pois não se deve rir a morte de ninguém. no entanto, lágrimas foram derramadas, dos dois lados. se por motivos diversos, não interessa. afinal, cada um pranteia por onde sente saudade. ponto pra renan (que esteve presente ao velório e ao enterro).
enfim, esse renan é de morte! (cruz credo!) apelou pra tudo como forma de se livrar de uma punição: ganhou a final contra a argentina – tem até quem pense que foi o dunga – pela copamérica; estreou no pan ganhando vaias pra lula – que não conseguiu sequer abrir a boca; detonou um avião com quase duzentos a bordo e façanha das façanhas: fez acm exalar o último suspiro – coisa que nem todos os bozós encomendados por seus inimigos na bahia conseguiram. abençoado por deus ou protegido do diabo? esse renan é mesmo um perigo. se vacilar, ele tasca uma tsunami no lago paranoá e aí, adeus brasilha! vade retro!

terça-feira, julho 17, 2007

marta está certa, renan: relaxe e goze!

(mas não vá ao japão. lá podem te obrigar a um haraquiri sem graça nenhuma)
depois de uma longa e tenebrosa pausa nas postagens deste blog infame que eu me vanglorio de escrever(!?), aliás, diga-se que a pausa foi “longa” para mim, mas um alívio para quem se aventura por estas bem traçadas – pelo computador – linhas, aqui estou!
justifico a ausência, se é que alguém lá quer saber de justificativas: é que escândalos lá em brasilha (uma ilha sulamericana cercada de corruptos e corruptores de todos os tamanhos e cacifes e com um paranoá – o que será isto? – no meio) não valem mais como assunto, de tão banais que se tornaram. mensalões, semanões etc, etc, etc e etc não comovem os brasileiros às lágrimas. não mexem mais com os brios dos filhos teus ó mãe gentilpátriamadabrasil! já são algo assim como o feijãozinhocomtorresmo diário.
vamos então, ao motivo da bendita postagem: descobri que muriçocas (pernilongos, se assim os preferirem) são seres impermeáveis e resistem a bombardeios de gotas d’água mesmo aqueles desferidos com a violência da mão que se banha. e a descoberta foi bem assim ao estilo das grandes descobertas: por puro acaso! manhãzinha, adentrei ao cubículo que chamo de banheiro – no sentido de limpeza, banho mesmo – que, aqui pelas bandas de arembepe foi tomado de assalto por esses invasores alados, quase microscópicos, barulhentos ao extremo e com uma sede vampiresca de sangue e fui atacado pela força aérea deles com uma sanha infernal. rápido como um raio, abri a torneira ao máximo já com um sorriso diabólico na cara: vão se afogar! porra nenhuma! as bichinhas são agilíssimas e esquivavam-se com uma habilidade de top guns lá do norte. mudei a estratégia e, a cada bólido voador que se aproximava do meu corpo magrelo, armava-me com a mão cheia de água e despejava-a com vontade no (na) atacante. resultado: apesar da defesa e dos contra ataques ferozes, saí todo pinicado. Chuparam meu sangue, as miserentas (viva o vocabulário lulesco!).
aí, de novo por acaso, tracei uma analogia entre a impermeabilidade das muriçocas assassinas à de renan calheiros, um pernilongo graúdo lá de brasilha – uma ilha perdida e assediada por piratas nem de longe caribenhos – que resiste com uma impavidez colossal ao bombardeio cerrado que vem recebendo (“sofrendo” seria mais apropriado?) nos últimos tempos depois que se descobriu que ele é capaz de produzir o milagre das vacas, como jc produziu o milagre dos peixes. é que, como os pernilongos (vá lá, muriçocas!) daqui, ele também é impermeável. neste caso, à moral, à decência, à honradez, à vergonha, ao caráter e a outros atributos que fazem, mesmo do menor homem do mundo, um grande homem. como acontece com alguns super heróis de hq – que a gente antigamente chamava de gibis – ele adquiriu (por osmose, simbiose ou o por que meio?) todas as características da muriçoca (opa! muriçoca ou pernilongo?) e delas todas, aperfeiçoou a que mais nos deixa putos da vida, pensando em assassinato em massa e coisas piores como aniquilação da vida tal qual a conhecemos: a capacidade de sugar sangue tranquilamente, sem pruridos de consciência ou respeito por quem dorme o sono dos justos. no caso de calheiros, o sangue sai pelas veias abertas do senado direto para o estômago do pernilongo para alimentar a sua desfaçatez e envergonhar, cada vez mais profundamente, dois edifícios de brasilha – uma ilha cada vez mais isolada do mundo real – que deveriam servir de estrela-guia para os peregrinos deste deserto aqui de fora onde existem, e como existem! honestidade, respeito, vergonha e outros atributos que talvez renan nunca tenha ouvido falar.
mas como vivemos numa aldeia onde o chefe tem irmãos como vavá, ministra que garante que já que o estupro é certo devemos relaxar e gozar e o mesmo chefe que pede que se retire do ar a propaganda de um automóvel parafraseando a dita cuja doutora considerando que a tal peça publicitária melindra a parafreaseada sexóloga... renan está certo: relaxem e gozem. o pior pode ainda estar por vir.

terça-feira, maio 08, 2007

já não sei dizer se sou feliz "ou não"!

em nome de alguns minutos ou segundos de fama, de acordo com andy warhol, meimundegente faz qualquer negócio. aquela coisa pendendo pro panis et circensis. pra parecer engajado, politizado e sintonizado com “as minorias (massas) oprimidas”, tem gente que supera qualquer obstáculo. hoje me deparei com uma frase que... sinceramente, me deixou sem fôlego. me lembrou, às avessas, a ministra matilde que também conseguiu me embasbacar!
um certo senhor demóstenes torres, por acaso senador da republica brasilis, abriu uma discussão que deveria ser tão antiga quanto o senado onde pontua sobre a questão da maioridade penal. discussão aberta, vamos ouvir as partes, vamos curtir a chiadeira geral, os prós, os contra, os muito pelo contrário, ou os caetanados “ou não”. é uma discussão. então, ouçamos as opiniões e vejamos até onde é válido, ou não (valei-me são veloso de dona canô! a doença pega!). mas as pessoas estão levando a coisa prum lado que nem sei se existe.
voltemos à frase que deu o mote pra minha própria chiadeira. está no vetusto e prestigiado periódico mais vendido na bahia com agá, uma matéria com frases impressionantes sobre o projeto do democrata torres, opiniões assim... digamos, de matar meu louro. claro que todas elas fundamentadas na mais pura boa vontade e no mais profundo desejo de defender as minorias oprimidas pelo preconceito e pelas elites brasileiras. militante de primeira hora do movimento negro unificado – mnu – que preconiza o racismo ao racismo, o preconceito contra o preconceito e por isso se torna racista e preconceituoso, o rasta hamilton borges “walê” (de onde será que ele tirou isto?) conclamando a todos (os negros, of course) a participar, no dia 17 de maio, do ato político religioso pela vida e contra a redução racista da maioridade penal, bradou, na página nove do periódico: “isto é mais um golpe contra a população negra!” meu jesuscristinho da silva dos santos xavier! quanta energia nesta frase. que vigoroso defensor dos frascos e dos comprimidos (ooops!) dos fracos e dos oprimidos! ora, meu caro e bem articulado walê (como é que se pronuncia isto?), em tudo que é país civilizado (muito embora estejamos ainda engatinhando no processo civilizatório) a decisão favorável ou não (valei-me são gilbertoministrogil! o negócio pega mesmo!) à redução da maioridade penal não passa pela discussão da cor da pele ou da opressão a quem quer que seja. melhor pensar como outro militante do mênêú que disparou uma idéia mais sensata uma crítica mais ácida e justamente por isso mais profunda apesar de ser algo que salta aos olhos: o estado deveria investir na criação de medidas que garantissem os bens básicos à população. “o governo brasileiro deveria investir para dar mais oportunidades aos jovens” disse, pensando como ser pensante, michel chagas do instituto cultura steve biko. valeu, michel.
aqui pra nós, walê, meninos brancos matam, roubam, estupram e continuam meninos embora criminosos. meninos morenos fazem a mesma coisa e são criminosos; meninos negros, idem; indiozinhos, ibidem. o grande lance, walê, é que todos, todos são pobres, independente da cor da pele ou da etnia (pois existem negros de raça mas não de pele); mais um grande lance, walê, foi sacado por um garoto de dezoito anos, neianderson oliveira, que é a favor da redução da tal maioridade, é o que o governo tem de fazer: a ação, que eu também considero positiva, “tem que vir acompanhada de medidas sócio-educativas para reabilitar os jovens e tirá-los da criminalidade”. a propósito , meu caro, walê, neiaderson, como eu, é negro e vive nas chamadas zonas de baixa renda de salvador. e não procurou holofotes! sugestão: por que você não pede matilde em casamento? suas idéias se casam bem!

terça-feira, abril 17, 2007

bonito demais da conta! (a declaração que eu não fiz)

me senti milton nascimento e fernando brant, os próprios, com aquela inveja saudável em "certas canções" quando se questionam "que perguntar, carece, como não fui eu que fiz?". aí então, você é quem me pergunta: porque todo esse bolodório mineiro? é pra dizer o que, afinal? respondo cá das profundidades tristes onde resolvi me exilar por algum tempo: apesar de não ser tão addicted (eita!) de ver filmes quanto uma certa pessoa que, lamentavelmente, fica se culpando por não ter conseguido amar a outra e que se sente culpada por isso e que, por acaso, é uma das pessoas que mais amei na vida - como sou um homem de meia idade dado a ilações infanto adolescentes posso vir a amar de novo e espero que tenha a mesma cara, o mesmo jeito meigo/bestafera, a mesma genialidade, o mesmo cheiro/gosto de menina-fada mas que deixe as culpas sob o tapete de onde formos - mas mesmo assim gostar de, de quando em vez, ficar com os olhos quadrados de tanto ver filmes na tv (o cinema atual me apavora pelas suas dimensões mínimas e sua multidão inacreditável, pelo fedor milhocento de pipocas e gritinhos histéricos e salpicos de cacacola na nuca) a cabo, a única coisa à qual posso me dar ao luxo de pagar.
Vez em quando, tem um que gosto. aí, danou-se! é um tal de ver e rever que sou capaz de um dia virar roteirista róliudiano tupiniquim. a bem da verdade, é forçação de barra da operadora que tem mania de reprisar à exaustão cada merda que sódeussabe! voltemos à minha explicação: já vi "quatro casamentos e um funeral" trocentasnovemilvezes - por imposição da iscái - e acabei gostando muito do personagem perpetrado por ríu grante que canalhísticamente (bom malandro coca-cola) azara todo mundo e se enrola com uma criatura bonita, mas sem sal, transa com ela, ela some; transa de novo, ela volta a sumir; mais uma transa e ela se casa com outro e ele, revoltado, vai cometer casamento com outra, mais sem sal ainda, e já no cadafalso, é salvo por um mudinho ridículo cujo papel deve ser justamente esse: o de tornar previsivelmente ridículo o final do filme. deixê-mo-los então, de fora disto aqui a partir deste ponto.
o que me impressionou não foi o romance gay entre dois escoceses - um, de saiote kilt provavelmente do clã de xã côneri (o melhor zerozerosete que eu já ví) e o outro, inglesamente trajado de terno completo e tomando chá além de... deixemos de lado! - mas sim, o que foi dito no funeral do dito cujo de saiote que morre nos festejos da tal sensabor que traça e é traçada pelo malandro cacacola.
quanta inveja me deu, fadrica, do tanto de amor exarado naqueles versos e do tamanho de vazio que o amor amado é. o amor é, por sí só, autista. se contenta consigo, se acarinha consigo mesmo e, de alguma forma se sente amado, retribuido, pleno, por ser o que é: apenas amor. amor não se lamenta, se exalta! nem que seja deste jeito aí:

"Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone.
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message She is Gone*,
Put crépe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song,
I thought that love would last forever: 'I was wrong'

The stars are not wanted now, put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good. "

coisa mais de bonita de se ler, de se ouvir. eu, cá do meu jeito estrambótico de ser, não me gostaria de ser amado desse jeito. me afogaria de amor e certamente, ao me afogar, esse amor morreria. não ia dar certo nunca! você tem toda razão, mas aprecie essa beleza, mesmo adulterada. relaxe e sinta-se bem por ser amada, e não, possuida!
* no original: "He is Dead"
** "Funeral Blues" autor: W.(ystan) H.(ugh) Auden (*1907 + 1973)

quinta-feira, abril 12, 2007

o milagre dos peixes

poucos dias antes da semana santa, ocasião em que o povo desanda devorar cardumes e mais cardumes de peixes e outros frutos do mar, os habitantes da baía de todos os santos engendraram um pacto macabro: morrer aos milhares como forma de protesto contra esse ictiocídio que só encontra similar nos campos de extermínio hitlerianos. assim, envolveram-se algas, camarões, robalos, tainhas, corvinas, saramonetes, carapebas, carapicus, autoridades do alto do baixo e do médio escalão do governo estadual e alguns mestres togados da prestigiosa ufba. conluio concluido, eis que começam a aparecer nas águas calmas da baía de todos os santos a partir do recôncavo milhares e milhares de escamados e encourados habitantes marinhos e essas águas, as vezes verdes, às vezes azuis, tingiram-se de branco dos mortos boiadores. passada a estupefação, vieram as primeiras conjecturas: "foram os bombeiros da ribeira!". menino! que poder devastador têm aqueles pobres rapazes que de quando em vez, detonam os próprios braços e pernas e ainda levam de troco um mergulhador babaca! que poder de fogo! atingiram saubara lá na caetanense santo amaro!
depois, uns jornalistas e radialistas uns bêbados outros equilibristas verbais começaram a desconfiar de veneno vazado da verdeamarelinha petrobras. que gente! como ousaram assacar contra uma companhia que só faz o bem sem olhar a quem, que protege o meio ambiente como a deusa da floresta ou das águas ainda que de quando em vez haja um derramamentozinho de uns lhões de litrinhos de petróleo ou diesel pelos mangues da vida afora, isso é coisa pequena! aí, outros sem ter o que fazer, arranjaram uma cúmplice para a pobre empresa. é demais. bom é que tanto a inocente petrobras quanto sua agora cúmplice brasken ficaram assim, ó! caladinhas da silva dos santos xavier! sábias!
enquanto o bate-boca continuava em todas as peixarias e butecos que pararam de vender peixe frito como tira-gosto por falta de quem os quisesse comer (houve até buteco oferecendo como cortesia!) nossas autoridades entraram em ação ou melhor, em campo. se picaram pro nascedouro da mortandade que aumentava dia a dia e fizeram o que as autoridades sabem fazer de melhor: ofereceram cestas básicas! hélas! quantas bocas famintas atiçaram mãos e braços para recebê-las (as cestas, não as autoridades ou a estas também) mas como tudo que é bom dura pouco ou tem sempre um chato pra acabar uma boa festa, uma mulher simples, lá do meio do povo, escarrou sua revolta nas telas da tv renegando tamanha obra de paternalismo: "eu sempre vivi do meu trabalho, sempre comí e me vestí com o fruto do meu suor e vêm vocês me oferecerem esmolas?!" divina indignação! ah! o que seria do lula se todo o brasil fosse assim?
bom, a semana santa chegou mas antes que chegasse a sexta (sai de baixo, judas!) as autoridades e os doutores togados chegaram à alegre conclusão: o ictiocida em massa foi uma alga de nome complicado que mata os peixes por sufocamento! aí entraram os doutores explicando todo o processo nas rádios, nos jornais e nas tevês. como quase ninguém comeu peixe (a não ser dois urubus que viraram bois de piranha), todos comeram a história. ninguém chiou a não ser um ou outro devoto de são tomé mas que não deu pra engrossar o caldo. mas eu tenho minha própria teoria: foi suicídio em massa como naquele caso de um pastor norte-americano que levou todo mundo a se matar. foi suicídio em massa num caso agudíssimo de pmdb-da-b (psicose maníaco depressiva da braba) que levou todos os peixes daquela região, no último natal, a acreditarem que papai noel existe e, quando não o viram, entraram num estado de espírito tal que só poderia acabar como acabou: boiando, mortinhos da silva. falando nisso, posso garantir a beth wagner: eu não acredito em papai noel!

quarta-feira, março 28, 2007

matilda falou que você me açoitou

“...não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. a reação de um negro de não querer conviver ou não gostar de um branco, eu acho natural...é natural que aconteça o racismo, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou...”
se não soou patético, pelo menos parece o artigo um da declaração universal dos direitos dos negros (qualquer dia desses vamos nos norte-americanizar na linguagem e nos denominar brazucafricanos que soa melhor do que afro-brasileiros) ou ainda, o marco zero da criação da constituição brazucáfrica ou, de novo, afro-brasileira. parece. e, parecer não é ser. é em verdade, e em verdade eu vos digo, a frase de uma pessoa que não deveria, jamais, dizê-la. Jamais, sequer pensá-la. mas eu gosto de frases. de repeti-las ao extremo, à exaustão. e esta, eu vou repetir até me convencer de que é verdadeira (viva, goebels!). talvez não consiga me convencer nunca, mas vai fazer bem ao ego de quem a cuspiu. ou a defecou.
“...não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. a reação de um negro de não querer conviver ou não gostar de um branco, eu acho natural...é natural que aconteça o racismo, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou...”
me peguei pensando nisto desde a hora em que ouví. puxa! pensei, paraplagiando milton nascimento e fernando brant em “certas canções” (já ouvistes quanta inveja saudável?) como é que eu nunca pensei nisto? aí, nesse exato momento, me descobri incapaz de pensar tanto. o melhor de tudo é que quem defecou esta pérola é uma negra bonita, inteligente, sagaz, astuta, renomeada e, acima de tudo, responsável pela primeira secretaria especialmente criada para a promoção da igualdade racial. como se fôssemos iguais! não somos e nunca o seremos. e isto é que nos faz bons: sermos diferentes! pense em quanto e em como! menos na cor, pelamordedeus!
“...não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. a reação de um negro de não querer conviver ou não gostar de um branco, eu acho natural...é natural que aconteça o racismo, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou...”
não. não é racismo um negro se insurgir contra um brancoverdeamarelo que o tenha açoitado. de forma nenhuma. como também não é racismo que um brancoazulanil resolva se insurgir contra um negro que também o tenha espancado revidando ou não. o problema é potencializar, hiperbolizar o preconceito num país preconceituoso por si só. senão, vejamos: em sãpaulo (favor não tentar me corrigir, a grafia é esta mesma. tente pronunciá-la, apenas), todo nordestino é baiano; na bahêa, todo sudestino é...carioca e, no nordeste – só pra deixar o resto do país em paz e com ele os irmãos villas boas – todo sulista é alemão. ta bom? tem muito mais por baixo desse angu de caroço que tem nome de árvore.
“...não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. a reação de um negro de não querer conviver ou não gostar de um branco, eu acho natural...é natural que aconteça o racismo, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou...”
somos mal educados. somos pobres. pelo menos a maioria de nós. e, por sermos pobres e mal educados e mal alimentados e mal amados somos todos, brancos, negros, cafusos, mulatos, amarelos, morenos, mulatos sem a mínima consciência do que somos, do que podemos.
“...não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. a reação de um negro de não querer conviver ou não gostar de um branco, eu acho natural...é natural que aconteça o racismo, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou...”
eu não consigo me lembrar da sua mão me açoitando e, muito menos do açoite usado, do pelourinho onde me pendurou. você, por acaso me açoitou em algum momento da sua vida? deve ter feito isto, sim. então, eu não tenho a menor obrigação de gostar de você. mas, gosto. só pra contrariar o fórum de entidades negras e abençoar augusto dos anjos chorando a mão que afaga e que é a mesma que apedreja ou açoita. aliás, um outro poeta melancólico que gosto, um tal chico buarque que tem pai pernambucano, avô baiano e é carioca em uma das suas canções dizia bem assim, em meio a uma série de chorumelas "me perdoa por me traires" me faz lembrar que fui açoitado sim, da sua vida e, mesmo assim, eu perdôo. fato imperdoável.
“...não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. a reação de um negro de não querer conviver ou não gostar de um branco, eu acho natural...é natural que aconteça o racismo, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou...”
a frase repetida à exaustão é de matilde ribeiro, ministra da secretaria especial de política da promoção da igualdade racial do governo brasileiro.

terça-feira, março 27, 2007

nada mudou. portanto, nada a escrever

santos dumont ou o que restou dele deve estar se revolvendo na tumba - ou museu da aviação -. seu retrato deve ter querido ir pro alto da torre eiffel e de lá se atirado apenas pra morrer outra vez. de vergonha! vergonha com a aviação brasileira, com o ministro waldir pires que não entende absolutamente nada da arte de voar e controlar o vôo a não ser quando parte de aeroportos etílicos - e mesmo assim não tão controláveis tendo em vista a cara sonolenta que ele faz quando, como os bóias-frias de joão bosco e aldir blanc, toma umas biritas espantando a tristeza - verdade! como é que, na terra do pai da aviação, perde-se tanto tempo esperando pelo meio de transporte mais rápido do mundo conhecido depois do pensamento?! se bem que o professor doutor tem ilustres companheiros todos eles, de alto escalão. aliás, altíssimo. não vem ao caso. cada um faz os seus vôos do jeito que quiser. mas que é realmente...
o mensalão não morreu! viva o mensalão! em brasilha tem gente disputando a tapas o direito de ir praquele partido que, em troca, ajudava as cadernetas de poupança dos novos afiliados. josé dirceu corre o sério risco de ser anistiado e nós, brindados com novas cafajestadas em nome dos companhêros. fernando collor "senador" de mello fez um discurso hilariante de tanta emoção. lembrou aquele anúncio que tinha como tema "o primeiro sutiã". o melhor é que havia gente como os diabos morrendo de medo da catilinária do sujeiro e depois de tanta falação quase teve orgasmos múltiplos. quem tem, tem medo, mas depois se dá bem. acm sofreu um novo piripaque, prepararam (alguns muitos) os fogos e os folguedos enquanto outros (nem tantos assim) já preparavam documentos para serem enviados ao alemão lá do vaticano que embora fique dentro de uma cidade italiana é um estado soberano, para que ele providenciasse com urgência urgentíssima o processo de beatificação e canonização do cabeça branca de forma tal que assim que fossem encerradas as exéquias o cabeça branca, o cacique, o coronel o bem amado mais desamado da bahia já fosse tornado e venerado santo. pra variar, acm recorreu das suas artimanhas e num hábito todo seu, contrariou todo mundo -até mesmo a natureza - e não se entregou ao criador (aliás, eu acho que, vez em quando, ele é que se acha o criador - pelo menos da bahia!), não foi pra goiás, não morreu, não fez nada do que queriam alguns (muitíssimos por sinal) contra a vonta de outros (bem poucos porque aqui não se contam os hipócritas). e está aí, vivinho da silva dos santos xavier. a bem da verdade, nada mudou.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Choveu tamborete! Viva o carnaval!

Em que pese a tragédia carnavalesca ou a falta de sorte do cara lá de candeias, não achei título melhor para começar esta análise da “maior festa popular do planeta”. bem que eu queria começar de outra forma. tipo assim, tou com saudade de tu, meu desejo ou assobiando aquela música do damien rice “the blower’s daughter” só pra dizer que alguém não sai da minha cabeça (ooops! voltei ao título!) mas deixa pra lá. voltemos à chuva:
um casal: “a couple” sem cópula, brigou feio num certo apartamento da avenida sete – pleno circuito carnavalesco – bachianas sem serem de bach mas de baco, e a desditosa acreditada chifruda –num carnaval é bem provável – arremessou o pobre do tamborete contra seu respeitável corneador que baianamente saiu de baixo e... hélas! o tamborete, pra não perder a viagem, saiu pela janela e se esborrachou contra a cabeça do pobre cidadão que não portava adereços que aliviassem o choque como o pm que caminhava ao seu lado de capacete e tudo. resultado: os dois foram enviados para a delegacia nos barris enquanto o tamboretado, com os miolos à vista, foi direto para o hospital onde ainda se encontra entre a morte e cama perpétua. é carnaval! Mas não foi um caso de violência do carnaval. foi violência doméstica perpetrada por uma psicoterapeuta endoidada de ciúmes.
ministros, governadores, cantores e autoridades aproveitaram o “Liberou geral” e entraram em cana... dura. nada de 51, 25 ou talagada. o negócio falava o antigo celta dos irlandeses e escoceses. em alguns casos, um inglês arrevesado do tenessee. meteram o pé na jaca. azinabraram-se e, assim, não viram nenhuma violência, não viram nenhuma segregação. a festa popular não é do povo! é dos blocos, é das cordas, é dos cordeiros. a rede blogo exagerou na crítica, mas foi pertinente. afinal, quem morreu, morreu durante o carnaval. indo ou voltando, dentro ou fora. mas as “otoridades” acham que não. estão certos também. um sargento apunhalado por um aspirante estava no espaço protegido pelas cordas do bloco as muquiranas que acabara de desfilar e, portanto, não estava carnavaleando. estão certas as “otoridades” e estão erradas as câmaras de tv e os repórteres de rádio e de jornal. ponto para as otoridades! vamos eliminar estas aspas que estão enchendo o saco! o carinha que morreu em ondina com dois balaços na cabeça foi vítima de sua encrenca com o atirador. também, quem manda querer disputar ponto de drogas? o pessoal do ridejanêro já tem até cartilha ensinando que isto não é saudável. e a menina que levou uma só por estar perto do carinha? também está entre a morte e a cadeira de rodas eterna sem ter nada a ver com o peixe. em ambos os casos, estão certas as otoridades: o primeiro, que viajou pra goiás no ato, tinha uma rixa e, mesmo dentro do circuito, a motivação foi outra. a menina, também no circuito, foi um caso de muito tesão no gatilho: o cara atirou em um, gostou de ver que tinha acertado e foi conferir se ainda tinha pontaria para acertar mais um. típico caso de prática do tiro ao pombo. quanto mais se acerta, mais se quer acertar. certas as otoridades. mais ponto para elas. e menininha de 9 anos que faria dez no dia seguinte? o que houve? ela não estava no circuito carnavalesco. voltava dele. “acaso!” dizem as otoridades. certíssimas! afinal, se ela voltava do carnaval, o que tem a ver o sul com salsa?
as otoridades estão certas. no primeiro dia de folia, somente no circuito barra/ondina foram mais de oitocentos registros de agressões. violência? não. divergência de opinião resolvida numa troca de sopapos ou facadas. nada muito sério. apenas com algum sangue. ou tentativa de colaborar com a fundação hemoba sem o conhecimento que doação de sangue tem necessariamente que ter (gostou da construção?) equipamento para coleta e que sangue no asfalto quente ou molhado de nada serve. nossas otoridades têm conhecimento e sabedoria de sobra. o carnaval não foi violento. as pessoas o foram. o poder o foi. exageradamente. pra que melhor do que (não) rever aquelas cenas de policiais conduzindo uma sessão de pancadaria explícita sobre um jovem (negro e provavelmente pobre) lá pelas barras do (circuito) barra/ondina? melhor do que alugar filme pornô! vai ver o garoto falou alguma coisa sobre as mães de todos eles! e aí não foi violência policial. foi apenas o troco de alguém que se sentiu profunda e moralmente atingido naquilo que lhe é mais caro: a honra. principalmente da genitora. certíssimos. pena que não ouvimos uma única palavra do rapaz. apenas os seus gestos pedindo um tempo para se explicar. mas, explicar o quê? que o carnaval não é violento. que os blocos o são na medida em que exigem um poder aquisitivo razoável pra comprar abadás e assim adquirir o passaporte para o infernal paraíso que é estar encordoado entre trocentos decibéis de som e besteiras ejaculadas e defecadas por sangalos, psiricos (o que é isto, afinal?), lélis (em pares) béis (plural de bel?), margareths (menezes, não thatchers) e cambada. essa violência faz da festa mais popular do planeta (guiness book of records) a mais excludente do universo. e, o que é pior: em meio a esse povo todo que eu consegui enxergar, não estava você. quanta violência!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

mau humor

definitivamente, o lula é um chávez! ou melhor, um chato! se eu já não gostava da sua figura de zé-povinho metido a simpático, barbudamente papai-noel – em quem eu também não acredito – e por isso mesmo, simpático de verdade, agora desgostei de vez. por vários motivos. o primeiro, e menos importante é que o tal do barbudinho pernambulista (pernambucano que se torna paulista) brinca de estadista, se julga o bambambam e faz de conta que sabe o que diz. mentiroso demais da conta, anuncia obras que nem são projetos e projetos que nem são sonhos. de arrepiar mesmo é a sua subserviência ao seu “compañero” hugo chávez. aliás, qual dos dois é pior?
as américas nos tem dado, nos últimos tempos, líderes que... putaqueopariu! vejamos: evo morales, pinochet, carlito menez, fernando collor alfredo stroessner, george bush filho, huguito chávez e, pasmem!, lula!!! esses três últimos duas vezes ungidos. perguntou porque faltou fidel? explico-lhe, meu caro: fidel é móvel da casa desde a sua construção. perpetua-se e deteriora-se como o próprio imóvel do qual faz parte. é o câncer do câncer metastasiado em si mesmo. e, os nossos dois últimos da listinha – chavito e lulito – pretendem, sonham, desejam, imploram, suplicam e planejam seguir sua trajetória. o primeiro, pela truculência e pelo discurso assoberbado de anti-americanismo – leia-se anti-bushismo – alimentado pela sacrossanta ignorância do nosso povo desde a patagônia até o chifre dos estadosunidosdamérica (se bem que a parte de cima dessas Américas não é lá tão ignorante assim). o segundo, já bem escaldado de ter vivido escanteado nos anos dourados dos rapazes que carregam estrelas nos ombros, prefere utilizar uma tática diferente: ganhou a todos com sua barbinha simpática, sua língua plesa, seu sotaque nordestista, seu pendor pela pinga (em público. no escurinho do cinema, ele prefere um bom scotch) e com a mudança de nomes de programas sociais – paternalismo a rodo – criados pelo seu antecessor. inteligente. muito inteligente, o ex-retirante. mas, burro. burro até a alma. sua alma é patinhas, codinome joão santana, publicitário discreto, mas eficiente. tanto que garantiu este segundo mandato que lulito se pretende permanecer na cadeirona lá de brasilha ad seculum seculorum. como?, é o que patinhas pretende descobrir propagandeando superávites, transposição de rios, mares e ares.
milico de sangre caliente, chavito poderia até se parecer com bush. abre parêntesis: em ingrêis, bush quer dizer arbusto, que pode ser maconha – que não é tão arbusto assim – que remete a coca e que chega ao ridejanêro. fecha parêntesis. chavito poderia mesmo parecer com bush mas não parece. é baixinho e atarracado. mas é valentão. tanto que lulito vem se transformando no seu maior lambe-botas (pra não dizer coisa pior). a verdade é que, de líder embrionário, lulito renascido virou liderado. daqueles que dizem amém a tudo emanado do chefe, até mesmo flatulências. rola na internet um papo-cabeça de que a amazônia corre sério risco de ser norte-americanizada pelos estadunidenses do norte e retirada dos estadunidenses do sul que por acaso somos nós, aqui chamados de brasileiros. mentira! o perigo mora ao lado e tem petróleo pra dar e vender!
tá. vou parar de falar dessas coisas. cê pode estar se aborrecendo com minha catilinária e pensando “esse cara é só mais um mal humorado por conta da vitória acachapante do nosso presidentehomemdopovo” e é verdade. a mais cristalina verdade. e eu até colaborei na construção dessa verdade por que confesso, na falta do que fazer, votei no lula – perdoai-me pai, pois não sabia o que fazia – e até pensei, num momento de embriaguês domecquiana lá nas bandas de ipitanga, onde busco implementar um principado, que ele iria se regenerar e se tornar, de fato, um presidente. puta erro. reconheço. puta erro. tão grande que nem a fadinha perdoou e, com a desculpa de que não tínhamos tempo pra nós dois, picou a mula e me deixou com o fígado azedo e o coração em pedaços. de fato, tou mal humorado.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

felicidade? feli...o quê? como? quando? onde?

não me lembro bem de quanto cheguei a ser feliz. devo ter sido, algumas vezes. estas, provavelmente tão raras que acabei jogando-as em algum canto escuro das minhas lembranças.
“bela maneira de se começar um texto para postar na internet e um monte de voyeurs ficarem fuçando suas intimidades” me diz aqui de sobre – e de dentro – da minha cabeça aquilo que uns intelectuais fróidianos rotulam de consciência. deixemo-la então, de lado. Ainda mais porque, neste momento, neste caso, não quero tê-la. talvez a queira por perto qualquer outro dia, qualquer outro momento. não neste. não agora. inclusive por querer me permitir ser visto de uma forma como nunca permiti. real. inteiro. de dentro pra fora. fazer dos meus sentimentos vísceras e mostrá-las como numa cintilografia. talvez assim – hoje eu estou phodinha nos ‘talvez’ nem eu mesmo estou me agüentando – consiga domar o imbecil que é o meu alter ego ou superar a minha incompetência de preservar aquilo ou aqueles que mais me importam um pouco mais perto de mim.
chega de enrolação e voltemos ao princípio: essa coisa de não me lembrar de ter sido feliz é um tanto quanto mentirosa e reticente. a bem da verdade – bela expressão! – não consigo alcançar esse conceito “felicidade”. o que é afinal? seria aquele susto imenso e um rápido calafrio quando, sob um sol escaldante em um janeiro qualquer se consegue ouvir o próprio nome gritado acima da algazarra que é a saída da procissão do senhor do bonfim em pleno largo da conceição da praia numa cidade festeira e festiva chamada salvador? não. não deve ser isto pois foi breve demais e dizem que felicidade entra que nem furacão e inunda que nem tsunami. ainda assim, a despeito da brevidade do que foi, foi bom demais da conta.
então vai ver que, já que não foi o momento acima descrito, essa coisa deva ser então muitos breves beijos – hoje chamados de ‘selinhos’ – na azáfama do carnaval dessa mesma cidade chamada salvador, na maior correria, sob o mesmo sol escaldante, sob olhares risonhos de espectadores já mais do que acostumados a cenas iguais – eu é que não estava pois estava acontecendo comigo e, por incrível que possa parecer, sou recatado, pudico, sim...tímido! – e por isso mesmo nem estranhavam. não. não deve ter sido. dizem que beijos, mesmo selinhos, fazem pipocar estrelas, luzir tochas...nada disso ocorreu. vai ver que foi culpa da luz do sol pois estava ofuscante. mesmo assim, eram bons demais da conta.
ou então, e isto realmente deve ter sido a tal da felicidade, ouvir, em momentos variadíssimos, a voz, sentir a preocupação, sentir o prazer que chegava a travar a garganta de tão grande que era (lembra como a garganta parece que se fecha e fica um gostinho salgado quando a gente ameaça chorar?) só de ficar ouvindo a voz... não. não deve ter sido. não foi mesmo.
ou, quem sabe, foi ficar olhando olhos nos olhos, falando bobagens, no jardim de um museu, esperando uma sessão de cinema. também não era e não foi. mas foi e era coisa de outro mundo. apenas um parêntesis: cometi a heresia de andar de mãos dadas, trocar beijos em restaurantes...pintei o sete! acho que aí eu cheguei bem perto desse tal negócio. mas ainda - quanta exigência! – não o era na essência.
já achei! eureka! finalmente! ei-la: foi na primeira noite! dormir com promessa de apenas dormir, descansar e nada mais e descobrir que só dormir seria impossível e derrubar de vez a barreira de uma década foi algo como a queda do muro de berlim ou das torres gêmeas do world trade center e acordar de tudo isto quase sem ter dormido e descobrir que não fora um sonho e fazer tudo outra vez. será que foi? não sei. acho que não. foi maravilhosamente bom demais da conta mas não ainda felicidade.
quer saber? felicidade com letras maiúsculas e sólida como rocha foi estar na ilha de maré e embora houvessem todos, só havíamos nós, só havia você. ali foi felicidade pura. acredite, cheguei a ser feliz. isto é felicidade!? isto foi a felicidade? não. não foi. mas eu devo ter sido feliz. muito feliz. conosco. enquanto éramos nós. feliz demais da conta nesses e em todos os outros momentos vividos e que, quando me lembro, me vem aquele gosto de salzinho lacrimoso apertando a garganta e a boca esboça um sorriso muito embora os olhos se tornem represas. definitivamente, eu fui feliz. muito feliz. não demais da conta. mas, bastante. no entanto, como tudo que é bom, durou quase nada.