na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, novembro 02, 2011

lula diagnosticado por house


tá no texto de daniel pereira na veja: “desde julho passado quando antonio palocci foi obrigado a deixar a casa civil sob suspeita de enriquecimento ilícito e tráfico de influência, a presidente dilma rousseff já realizou seis mudanças no ministério – uma impressionante marca de uma troca a cada 24 dia.” (veja, 2241, 2 de novembro,  “escândalo latente”)

tá no texto bíblico: “... e deus fez a terra e os céus e descansou no sétimo dia.” a se fazer a analogia entre os dois textos, guardadas as devidas proporções dos respectivos feitos históricos, a presidente brasileira, está bem perto da marca divina da criação do mundo.  se você se decidir a fazer um exercício de imaginação e colocar os 24 dias de intervalo das trocas ministeriais como se fossem 24 horas de um dia comum, e os quase seis meses, de julho até agora, como dias de uma semana, bem que la rousseff chegou bem perto...

daí você grita sua pergunta: “ô pá, mas que raios é que ela está a criar?” em verdade, em verdade eu vos digo, ela está a criar o próprio ministério já que este que ela está à frente foi criado pelo seu antecessor luiz ignatius lula da silva primeiro e único com embalagem retornável. e ele não está a gostar nem um pouco disso tudo embora, a dilma, com um jogo de cintura de fazer inveja a qualquer ludopedista do quilate de mané garrincha ou, mais recentemente, neymar et caterva, tem aplicado uns dribles desconcertantes na insatisfação do ex-primeiro mandatário brasileiro contumazmente tratado pelos massageadores de eco de plantão de “presidente” – sem o ex que o caracterizaria como realmente o é.

e isto, os dribles desconcertantes e a inexorável caminhada em busca do seu próprio jeito de governar a partir do seu próprio ministério, dona dilma vem mostrando que é quem foi eleita pra ser, e não um títere nas mãos de quem foi, me ganhando e ganhando o brasil a despeito de todos os esforços da legião de seguidores do ex que não se contenta com as exéquias prestadas quando entregou a faixa para a primeira mulher presidente (e é isto o que ela é: presidente do brasil). lula teima em se achar “o” presidente. insiste em mandar na presidente.

bom, ao fim e ao cabo, vendo suas investidas resultarem, na grande maioria das vezes, infrutíferas, o barbudo decidiu mudar de tática. como seu ídolo aqui do lado e, ao que parece, com uma mãozinha biológica, o ex-presidente com pompa e circunstância, foi anunciado esta semana, acometido de uma rouquidão que prenunciava um tumor, logo transformado em câncer, na laringe e, sob holofotes e clarins, fez um primeiro exame que confirmou o diagnóstico preliminar e mesmo com mais de 80 por cento de chances de remissão, a sua tragédia pessoal transformou-se em nacional com direito a protestos, apupos e muita, muita, muita oração. ê povinho religioso! 

nos intervalos, bêbados ao volante matavam pedestres nas calçadas e pontos de ônibus em amanheceres diversos, velhinhas e menininhas morriam nos hospitais por falta de atendimento e outros tantos cânceres matavam  outros tantos brasileiros sem chances sequer do diagnóstico primário. mas nenhum deles era lula. nenhum deles é o presidente lula. que, sem parafrasear getúlio, pode nem querer deixar a vida porque já entrou para a história. mas pode muito bem querer reencarnar depois desse novo papel: o de mártir de si próprio.

aliás, como alguém que deseja se tornar um ser humano melhor e seguindo os ensinamentos do pai celestial, desejo ao ex-presidente – como venho desejando desesperadamente ao meu filho – que o seu tratamento seja totalmente eficaz e que saia dele plenamente curado (até mesmo dessa sede insana de poder).