na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, maio 25, 2006

histórias estelares - calote sideral - pt saudações

sério mesmo, camarada. eu fiquei de cara - não confundir com outra parte da anatomia - pra lua uns dias atrás, pensando em como seria bom que o brasil tivesse um astronauta que tivesse dito "a terra é azul!" ou então desse uma passada na superfície lunar e cagasse "este é um grande passo para a humanidade". quanto orgulho teríamos! o peito estouraria de prazer e ufanismo verde, amarelo e branco azul anil! as estrelas nos ombros dos generais, coronéis, brigadeiros, almirantes, majores, capitães e até tenentes brilhariam mais do que nunca, os cassetetes dos sargentos e soldados se levantariam mais do que o falo de príapo! eita, brasil poderoso e belo!
eu falei aí em cima que essa divagação olhando pra bola selenita no firmamento ocorreu há uns dias atrás. não foi. foi há um bocado de tempo. eu era ainda criança, e plínio salgado me ensinava preceitos da opus dei nos seus livros de educação, moral e cívica guiado pelas vivandeiras que não apenas rondavam os bivaques mas também davam dentro deles - em segredo, claro - e nossos homens de farda tresandavam de orgulho varonil "eu te amo meu brasil, eu te amo!" bradavam uns rapazes metidos a músicos e que se chamavam os incríveis. pois é. assim como eu, muito provavelmente, um certo luiz inácio - ainda não lula - da silva também devia estar fazendo o mesmo. pode até não ter sido no mesmo dia. mas que fez, com certeza, fez. só que, mais visionário - e presunçoso - que eu, ele devia estar pensando também no seguinte: "assim que eu viajar de pau de arara pra 'sumpalo' cum minha famía, crescer, virar torneiro mecânico numa fábrica de automórve e dexar a máquina torar o dedo mindinho, vou virar líder sindicalista. bom aí, apruveito pra criar um partido que vou chamar de partido dos trabaiador, butar uma estrela cumaquela que tou veno agora e depois, vou virar presidente. no cumeço, vou tê de fazê um supretivo de primero grau, pra ninguém me chamar de anafabeto e faço mermo, nem que seja no telecurso. e depois de virar presidente, mando um astronauta brasileiro pro espaço". bom paremos um pouco nas divagações do menino lula. analisemo-nas à luz dos dias de hoje: tudo correu direitinho, à exceção de que precisou de mais do que uma campanha para poder se tornar presidente. tão direitinho que o partido idealizado por aquela criança sertaneja e agora adulto cosmopolita, se tornou imenso, poderoso cheio de ideais e moralidade. a idéia, ou melhor, a criação do matuto pernambucano foi tão boa que lhe rendeu salamaleques e bajulações mís de portentosos expoentes da intelligentsia tupiniquim. esses homens de cérebros maiores que melancias infladas e q.i. de 4 dígitos, renderam-se àquela humildade sertaneja, àquela capacidade de articulação adubada com jerimun e farinha de mandioca e uns goles de água quando havia a dita cuja e aceitaram-no como presidente da sua própria idéia! aí, o menino já tinha barba, um dedo a menos e tinha o apelido de lula. virou então, luiz inácio lula da silva. um dedo a menos, barbas demais e o maior terror da burguesia de então. pulemos algumas partes dessa biografia não autorizada que não é sequer o tema dessa nossa conversa.
de qualquer forma, o sonho do petiz se tornou realidade. e ele virou presidente. aí o bicho desandou.
aí, cara-pálida, você deve estar dando uma de moraes moreira se perguncantando: desandou por quê? pois bem desandou pelo seguinte: o pt que era uma constelação, uma congregação de santos – todos do pau oco, veio a se descobrir logo depois – se lascou em banda, como dizem os baianos ali da ladeira da montanha, os caras, que viviam num pau de goiaba da miséria – ou da peste, pra usar o sotaque original do presidente – nunca tinham visto tanta grana junta, tanto poder junto e tascaram o pau! foi dinheiro a rodo escorrendo por ralos nunca dantes vistos, indo pra contas que os dedos não dão conta e tudo fora do país. bem, aí é outra história, porque se disser (escrever) quinhentos, vão pensar que eu também sou petista e vou cobrar uma ponta, então, deixa o mundo quieto.
vamos então, pra conversa original que, coitada, inda nem começou: o presidente, que em menino sonhava num astronauta brasileiro, empombou de realizar o sonho e tome-lhe tentativas. uma delas, naufragou ainda no papel que a nasa mandou dizendo que não tinha vaga no time dentes-de-leite que já contava com japoneses, russos e o escambau. desistiu? p.n. au contràire: insistiu e, já na segunda tentativa, bingo! a Rússia, desmantelada, ferrada, comprando fiado e pedindo troco, abriu as pernas e tchum! o pernambucano enfiou-lhe um guapo engenheiro com farda de voador em troca de uns míseros vinte milhões de dólares pra treinamento e um cruzeiro espacial de uma semana a bordo da velhusca estação espacial já prestes a ser desativada. muitos juram que a soma foi um tantinho maior – são da oposição, companheiro – e a missão (aaarrrááá!) era de vital importância para o sonho, desculpem, o programa espacial brasileiro. e, o que que era essa missão mesmo? como toda missão que se preze, cheia de cientistas, tinha de ter experimentos científicos. e o que eram eles? bom, o principal deles era descobrir porque e como o vaga-lume acende a bunda. perdão, de novo. era descobrir as propriedades do líquido bundal do vaga-lume. certo, sabichão. Você taí querendo me dizer pro cara ir pra goiás ou pro pantanal que a concentração de vaga-lumes lá é tão grande que ele ia acabar descobrindo alguma coisa. até mesmo como acender a própria. só que no espaço tem mais charme.
fim de assunto. o cara, com todo o respeito, coronel, foi pro espaço – no bom sentido – não descobriu pn, voltou, fez mais um tratamento no spa russo e veio pra pátriaamadaidolatradaéstubrasil. Apoteose total! habemus astronautus! fumacinha branca nas chaminés e as porras. aí, o governo daquele ex-menino, agora presidente patrocinador de astroturismocientíficoinvestigatóricobundavagalumiano, declarou com pompa e circunstância que o programa espacial (sonho idiota para os não tão íntimos assim) brasileiro finalmente decolara.
beleza! só que esqueceram de contar pro cara, que ele não ia poder faturar mais do que o que ele já faturara com as férias espacialmente remuneradas. aí, fudeu Maria-preá. o cara ficou na dele um tempinho deixando esfriar a remandiola e, semana passada, na surdina, chutou o pau da barraca e pediu pra sair de campo! na espinha mole. agora, todos vão ficar felizes para sempre: o menino de nove dedos e faixa presidencial por que entrou para a posteridade ao criar o astronauta e o calote sideral; o astronauta que, de coronel sem muito futuro, apareceu em propaganda de tudo que foi coisa, ajudou na criação do calote sideral, não descobriu porque vaga-lume acende a bunda e agora vai dar palestras sobre como a terra é azul vista do espaço ganhando uma bolada pra isto (aprendeu com o partido) e nós, daqui de baixo vamos continuar sonhando e bolando uma estratégia pra mandar todos eles pra plutão com bilhete só de ida.