na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, dezembro 07, 2016

"Tempos estranhos os vivenciados nesta sofrida República",

ando mesmerizado com esse brasil varonil dos últimos tempos. até parece que a nação inteira está sofrendo de transtorno bipolar ou de esclerose múltipla ou de esquizofrenia aguda ou de imbecilidade crônica. qualquer das opções parece ser válida. assim, tem dias que o país é uma alegria só, uma gargalhada só. dia seguinte é uma tristeza de dar dó. dia seguinte ao dia seguinte, é de uma violência ímpar - mata-se diariamente no brasil uma batalha africana. na sequência desses dias, pacifica-se em meio à sua guerra pessoal e chora pitangas por jornalistas e jogadores de futebol. é um país justo e fraterno em meio a tanta injustiça e fratricídio generalizado.


é este brasil que me apavora, já que não me encanta. lá em brasilha, que teve a honra de receber brasileiros ilustres e outros nem tanto assim (penso que aquele rapaz lá, da aventura palociana, era sim, um dos mais ilustres embora menos letrado), a bruxa anda solta - falando nisso, o quer quer dizer "estou na bruxa"? - num joguinho absurdamente estranho que começou com a derrocada de madame rousseff, avatar de ignatius, as peças do dominó do poder também caem, sequencialmente, uma atrás da outra. e essa queda parece não ter fim. primeiro, dilma; depois, o cunha; agora, o renan periga seguir o mesmo caminho e abrir caminho para os jucás, os vianna et caterva. até o temer, que deixou seu articulador-mor, geddel, cair, pode também seguir este caminho. mas renan, e não somente ele, não quer cair sem lutar, sem espernear. afastado da presidência do senado pela corte suprema da justiça que o tornou réu, renan não se afastou. muito pelo contrário: juntou seus coligados - pra não usar algo mais pesado na definição - e determinou que soldassem sua bunda à cadeira que o garante como um provável substituto de temer numa provável ausência - curta, prolongada ou até mesmo defintiva.
a frase que dá título a esta postagem não é minha. é do ministro marco aurélio mello que afastou o renitente não afastado renan. e ele tem toda razão. os parlamentares, diante da lava-jato comandada por um tal sérgio moro, de quem eu nunca havia ouvido falar até começarem a ruir os pilares do congresso, inventaram de criar uma nova lei para se juntar às milhares - e quase inúteis - que já temos por aqui: um pacote anti-corrupção que previa julgamentos rápidos e penas duras para tal crime. aí, na calada da noite, sorrateiramente, mudaram a zorra toda e ainda pespegaram um tal de crime por abuso de autoridade a ser imputado a juízes, promotores e policiais ao investigar possíveis criminosos. desmoralizado o congresso, cambaleante o executivo, resta apenas enxovalhar, achincalhar, desmoralizar a justiça.

é... tempos estranhos os vivenciados nesta sofrida república!

quarta-feira, julho 13, 2016

homens sábios...


durante todo esse imbróglio - que ainda não acabou - lá nas pradarias de brasilha, eu fiquei aqui, no meu cantinho, mudo. até porque o mar não está pra peixe nem o céu pra urubu. vai ver que alguém resolve, nem que seja de brincadeira, apontar o dedo pra mim e vocês bem o sabem que, nesses tempos de lavagens a jato, até que você prove que jacaré não voa, o bicho pega e pega feio. mas voltemos ao que interessa já que, medo desses negócios eu não carrego ou, se carrego, nunca senti o peso.


recomecemos: durante todo esse imbróglio lá nas pradarias de brasilha, eu fiquei no meu cantinho completamente mudo, com olhos esbugalhados e ouvidos estuprados, vilipendiados a não mais poder diante de tudo que via e ouvia (continuo vendo e ouvindo). o brasil é estarrecedor. desde os primeiros tempos de brasil. emparedado por denúncias sobre denúncias e embasbacado diante do cinismo vigente de quem, por definição, deveria ser liso (no sentido de honestidade) me sentia assim meio que o cocô do cavalo do bandido que roubou seu próprio parceiro. e olhe que o cavalo nem merecia estar no meio dessa bandalheira!


bem, diante do exposto, vamos ao que interessa e que é o motivo desta postagem: duas frases, ditas por personagens diametralmente opostos até onde eu sei, me motivaram. a primeira, escrita por um jornalista, resume bem o pensamento de uma grande parcela de quem acompanha a movimentação brasiliana (menos o carlos marun et caterva): "cunha é hoje um cadáver político e um presidiário adiados". lapidar. a outra, dita por ninguém menos que eduardo cunha, aponta claramente o descalabro que é a forma como os brasileiros escolhem seus representantes e o que eles fazem as esconsas pelos corredores do congresso: "hoje sou eu. amanhã, serão vocês." e reafirmou: "hoje sou eu. é o efeito orloff. vocês, amanhã". também lapidar. 


defendendo o indefensável, cunha disse que passa por um processo político. dona dilma disse e vive dizendo a mesma coisa. quem tem mais razão? disse ainda que existem 117 dos seus pares e 30 senadores que são alvo de investigações e, segundo ele, não escaparão. parafraseando um poeta baiano, só nos resta dizer: triste brasil! podre brasilha! por uma questão de justiça, devo dizer que, mesmo assim, ainda existem homens de bem que não carregam a pecha aplicada a cunha&cia. existem figuras que, apesar da proximidade do chiqueiro não chafurdam na lama. que continuem assim.



quinta-feira, abril 28, 2016

a gênese do brasileirês (o advento, segundo patinhas)

conheço bem o ex-bendengó, jornalista e homem de marketing joão santana. este é o vulgo registrado no cartório de patinhas. um sujeito calmo, metódico, de gesto bem alinhado e que já chegou a ser conhecido nas antigas redações recheadas de olivettis, remingtons e teletipos  e telexes como "tripé", "pé de mesa" e outros nem tão claros assim. mas isto é pré história.

do que esta postagem pretende falar e que envolve patinhas (tangencialmente, já que parte do crédito vai para duda "briga de galo" mendonça, outro homem de marketing que cunhou o palavrão "marqueteiro") é a gênese porque passa o linguajar português no brasil de dilma, lula, temer e cunha. pobre língua tão vilipendiada, tão ultrajada, tão estuprada por aqueles (eles mesmos) que a pretendem bela a ponto de sofrer assaltos tão avassaladores. pior é que encontram seguidores entre jornalistas.

dia desses, já faz um bom tempo, me queixei, como venho me queixando, desse palavreado tinto de vermelho petê que cunhou o verbete 'presidenta' só porque uma mulher ascendeu ao cargo máximo desta republiqueta verdamarelo. todo o brasil dos cumpanhêros e cumpanhêras vibrou e adotou a tal palavrinha como o supra sumo da 'finesse' linguística. 

acompanhando a onda, alguns neo-jornalistas, recém egressos da faculdade e recém ingressados no metiê das redações onde não mais pontuam a barulheira das máquinas de escrever nem os frenéticos estalidos dos telexes e teletipos ou a fumaceira dos hollywoods, ministers, continental sem filtro e, às vezes, só para transgredir, alguma cannabis sativa que se misturava ao tabaco, embarcaram de vez nesse negócio de encher a língua pátria (caetano veloso a quer mátria) de novos palavrões. alguns, calcados numa versão livre dos termos anglo-saxônicos que regem a tecnologia da informação; outros, apenas para seguir o modismo - quer dizer, seguindo a manada (melhor dizendo, seguindo a tropa).

Assim, carregar (um arquivo) passou a ser "upar"; apagar (um erro de digitação, uma informação incorreta) virou "deletar"; mandar uma mensagem do aplicativo mais comum é agora uma das expressões mais correntes no diálogo virtual: "te mando um zap!" e la nave va!

perplexo, me deparei, há algumas semanas, quando um repórter jogou na minha cara, quer dizer, tascou no seu texto para ser lido on-line, um "feminicídio". chocado, imaginei estar sonhando, passando por uma crise de senilidade ou então lombrado por ter fumado um baseado maior do que o usual. mas aí, me lembrei que nunca experimentei nem um "pau" sequer de um béck. me arrepiei todo mas deixei a coisa passar. vai ver que era só um espasmo qualquer do tal escriba (ele sim, deve ter fumado algum ou cheirado um pouco de orégano). 

nem bem duas semanas se passaram e lá vou eu, na minha ronda inútil pelos sites e blogs em busca de algo interessante nas notícias. daí que meus infelizes olhos se deparam com a chamada trágica: "homem mata sogra e esfaqueia ex-mulher em amaralina". a miséria humana é extremamente atrativa. muito mais quando é a dos outros. como ex-repórter policial (verdade! fui repórter de polícia um dia!), corro sedento para a notícia e eis que fico estarrecido (não com o crime, a morte agora é banal demais para estarrecer quem quer que seja!) com o fechamento da notícia: ("... o delegado fulano ficou encarregado de investigar o feminicídio"). danou-se!
com o palavrão "presidenta" patinhas fez escola. falta pouco para estabelecermos definitivamente que feminino de estudante é estudanta; que a fêmea do elefante é elefanta; que o macho da formiga é formigo e vamos por aí.

valha-me deus, nossa senhora! com essa gênese,

daqui mais um pouco chega o apocalipse!




segunda-feira, abril 18, 2016

o perigo de se pedalar na republica brasiliana

nunca morri de amores por aquela senhora que se aboleta no palácio do planalto central e que seus admiradores - mesmo os mais letrados - apelidaram de "presidenta". também não morro de amores pelo sorriso vampiresco do sujeito escolhido para ser o seu segundo e que, por isso mesmo, ocupa um outro palácio planaltino. menos, bem menos ainda, pelo carioca representante-mor da vagabundagem política que se tornou rotineira no país. simpatias à parte, o espetáculo grotesco oferecido na tarde/noite deste domingo (que alguns pressupõem histórico) na câmara dos deputados, lá em brasilha, me deixou num estado de depressão digno de um sujeito que começa a subir o cadafalso.

no caso da tal senhora, vai que o problema dela não é a sua arrogância contumaz, não é a sua incompetência como gestora ou sua submissão ao seu criador. deve ter sido, simplesmente, o peso monstruoso do crime cometido contra a língua portuguesa quando pespegaram-lhe nas costas o aposto de "presidenta". uma palavra "monstra". Deixemos de lado as questões linguísticas e de personalidade até porque não tenho sequer resquício de especialização para tais julgamentos.

o espetáculo proporcionado por cunha e seus pares foi, como disse lá em cima, deprimente. até mesmo para um sujeito razoavelmente bem humorado como eu. pra começo de conversa - e já estamos no meio dela - não entendi a razão dos 30 segundos para se dizer "sim" ou "não". ninguém respeitou o cronômetro. todos tinham necessidade de homenagear entes queridos não importava se vivos ou mortos, cidades, vilas, vilarejos e, quem sabe?, animaizinhos de estimação. isto sem contar com as inúmeras citações de cunho religioso. eu não imaginava, nem de longe, que a câmara dos deputados era tão ciosa da presença do onipotente até ontem. nunca, na história deste país (lembra, lula?) o senhor de todas as coisas foi tão lembrado. um certo cantor de axé que se metamorfoseou de pastor evangélico soltou a pérola das pérolas: "a soberba 'procede' a queda" disse o tal. eu sempre soube que "preceder" é uma coisa e "proceder", outra. no entanto, nesses tempos de novidades como a palavra presidenta...

mas não foi só ele que nos brindou com essas coisas. houveram muitos outros. então, deixemo-lo de lado. pior mesmo era ter que assestar o olhar na cara de eduardo cunha e notar a sua indiferença, a sua impavidez diante daqueles que, dedo em riste, apontavam-no como mentor de toda a pantomima apenas para garantir a sua sobrevivência sob o sol de brasilha e do rídejanêro sem ter de vê-lo nascer quadrado sob os olhos amendoados do japonês da federal. o sujeito não mexia um músculo sequer a não ser aqueles responsáveis pelo esgar de cinismo proporcionado pelo risinho de canto de boca com que ele, de vez em sempre, nos brindava. o desprezo que ele deve ter pela moral deve ser do tamanho do universo. e seu exército? teve até um dos seus capitães que profetizou a sua entrada para a história do brasil. só não disse por qual porta.

enfim, apesar de todas as homenagens, beijos enviados com atraso ao filho esquecido, saudações a martin luther king que, se vivo fosse pediria pra morrer outra vez e odes a lugares recônditos sempre citados como "minha terra amada" e etecétera e tal, ficou claro como as águas do rio doce que em, brasilha, no que se refere a política, é muito, muito perigoso andar de bicicleta.




segunda-feira, janeiro 11, 2016

jacques, sem 'c' e o pragmatismo da "cumpanherada"

sempre fui aconselhado pelos mais velhos - ou mais experientes - a nunca tentar me defender desqualificando meu ou meus acusadores. isto, até quem tem qualquer fio de cabelo a mais do que eu - que não tenho tantos assim - está careca de saber. até mesmo velhos 'cumpanhêros' do partido organizado no brasil com o propósito de servir à classe dos trabalhadores. intenções à parte (já que não conheço partido algum que defenda interesses de classe outra que não a dos seus integrantes), parece que a militância (é assim que chamam a massa que o acompanha em suas manobras) o tal do partido dá mostras, e de sobra, que a máxima a que me referi não surte o menor efeito em seus dirigentes mais diligentes.

envolvido até o talo no festival de horrores que se apresenta no palco da política brasileira, o partido ou seus próceres, para não me tornar tão injusto assim, faz elegia à autocrítica mas não aceita, sob nenhuma hipótese, a crítica. nem aquela que, partindo do seu próprio seio, deveria ser mais bem digerida por ser uma autocrítica, um reconhecimento dos erros cometidos e um possível farol para um novo caminho. 

por esses dias, o ex-governador baiano e atual ministro da casa civil de dona dilma rousseff, jaques wagner - cujo nome perdeu o 'c' da grafia original para se aportuguesar e se tornar um pouco mais baiano - teve a ousadia (e a coragem, diga-se de passagem) de manifestar-se e dizer, com todas as letras, que a agremiação da qual ele é um dos expoentes, "se lambuzou no poder" ao reproduzir metodologias antigas. wagner não descobriu a pólvora ao citar aquele ditado dos nossos avós que diziam que gato que nunca comeu melado, quando come se lambuza. mas foi de uma honestidade nunca vista dantes na história do partido dos 'cumpanhêros e 'cumpanhêras'. e sua honestidade custou caro porque, "nunca, na história deste país" como diria o portador de deficiência física em uma das mãos, luizinácioluladasilva, primeiro e único, ninguém tem o direito de criticar o partido que tirou o povo do afogamento econômico e social por estar abaixo da linha de pobreza. nem mesmo seus melhores quadros. como é o caso de wagner.

pois bem, aí a "cumpanhêrada" reagiu e assim, logo depois das declarações do ministro baiano/carioca da gema, começaram a espoucar denúncias de todos os pontos cardeais do presídio lá do paraná onde se encontram os principais elementos capturados pelas redes das operações da polícia federal numa pesca capitaneada pelo juiz sérgio moro e pelo procurador da república, rodrigo janot. claro que as denúncias fazem parte da cartilha orientada por quem? a quem interessa a queda do homem que fez mea culpa e expôs ao país, pela primeira vez, a face compungida de um pecador que se
ajoelha e diz "perdoa, porque pequei!"?



o atual ministro de dona dilma está agora sob suspeição de ter participado de não sei quantas falcatruas de mensalão, petrolão, propina disto, propina daquilo... isto deste 1.500 quando cabral achou o brasil e pero vaz de caminha descobriu que aqui, em se plantando tudo dá. só faltam acusá-lo de ter roubado uma lata de leite ninho, uma dúzia de ovos e um quilo de farinha no mercado da rede carrefour. se o acusarem disto, meu amigo... sinto muito: vai ser cadeia pro resto da vida e mais seis meses.

em tempo: numa entrevista à folha de são paulo, um grande jornal lá do sul maravilha, uma conceituada brasilianista norte-americana disse que o que mais chama a atenção nos casos de corrupção brasileira noticiados nos estados unidos é a atitude dos envolvidos "com a certeza da impunidade". ela é barbara weinstein, professora da universidade de nova york.