na rua, na chuva ou na fazenda

terça-feira, maio 28, 2013

a pitonisa da caixa

foto/brumadoagora.com.br
o brasil "b" convulsionou-se e quase sofre um infarto fulminante coletivo com a notícia de que um dos mais populares programas assistencialistas - para não dizer demagógicos do mundo - iria acabar. hecatombe de efeito global, seria o armaggedon para milhares e porque não dizer, milhões de pessoas "abaixo da linha da pobreza" que, com esse golpe abaixo da linha da cintura, iriam à bancarrota, à derrocada geral. não só elas. tal desastre arrastaria também milhares de satélites aboletados em órbitas de prefeituras, câmaras de vereadores, assembleias legislativas, associações de bairros e, quem diria? até mesmo nas cercanias, reentrâncias e recônditos palacianos de brasilha. já imaginou?

o bom de tudo é que, apesar da convulsão e da febre de devastadora, salvaram-se todos. de "fiapaví" como diria luizmestregonzagão. isto porque a caixa econômica federal, vetusta e respeitável instituição a quem cabe gerir os recursos pecuniários que dão suporte a esse cabresto eleitoral que os egrégios tribunais eleitorais solenemente ignoram, agiu pronta e rapidamente. e evitou o fim do mundo - politicamente falando, claro!

serenados os ânimos, apascentados os cordeiros desse imenso rebanho de bocas e bolsas abertas, coube ao presidente da cef, explicar o absolutamente explicável. não sem antes terem surgido as inefáveis teorias conspiratórias a respeito do boato que quase acaba o brasil e com ele, boa parte dos brasileiros que a troco de migalhas sustentam uns tantos outros portentosos brasileiros que se preferem proclamar tudo, menos brasileiros. abramos parêntesis só para uma pergunta inocente: quem foi o língua de trapo que espalhou tal maledicência?

a resposta inicial: "intriga da oposição". a seguinte: "vândalos cibernéticos". a outra que se seguiu: "tentativa de desestabilizar o governo e o pt". ministros (as), militantes, sectários e adjacências palacianas arvoraram-se a multiplicar explicações. a polícia federal carioca foi rápida, mais rápida do que os 'csi' norte-americanos e já apontou uma empresa de telemarketing (daquelas que te enchem o saco oferecendo, cobrando e usando o gerúndio como arma para encher tua paciência) como a responsável pela disseminação de tal peste pior que a peste negra. ponto final. ponto final? ledo engano. falta a melhor parte que eu comecei a dizer e resolvi tergiversar. portanto, voltemos à caixa econômica e sua admirável capacidade de antecipar-se à crise que faria da nação de pedintes um titanic de proporções ainda mais épicas que o original.

bem, a caixa "vem pra caixa você também!" antecipou-se de maneira absolutamente magistral. conseguiu prever (e prevenir) a intriga oposicionista misturada com ataque cibernético e tentativa de desestabilização do partido com uma arma fantástica, uma carta oculta na manga: uma pitonisa! ééé... uma vidente! dê o nome que quiser, mas foi isto mesmo! a pessoa em questão, manipuladora da bolinha de cristal, tarô, mesa ouija ou cartas de baralho cigano conseguiu prever que haveria esse ataque inominável no domingo e, já na sexta-feira, fez com que todo o sistema de apoio da cef aportasse os recursos nas contas dos portadores daquele cartãozinho verdeamarelo ó pátriamadidolatrada. pronto! foi o começo do fim do fim do mundo. claro que ainda sobraram aqueles renitentes que, em seu descontentamento ainda fizeram algumas arruaças. dos males, o menor.

como nossos antigos nos ensinaram e nós ensinamos aos que vem depois de nós, prevenir é melhor do que remediar. assim, habilíssima prestidigitadora, com um simples gesto, um pequeno ritual cabalístico, a caixa fechou a caixa de pandora. e o resto é apenas especulação. o tiro saiu pela culatra. resta saber apenas - e isto é uma questão menor pelos padrões da moralidade política brasileira - em que mãos estava a arma.