na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, dezembro 07, 2017

a justiça é cega

A justiça é cega mas enxerga o lado que quer
foram vários anos de espera para duas famílias: de um lado, a família da médica oftalmologista kátia vargas. do outro, a dos irmãos emanuel e emanuelle mortos em um conflito de trânsito numa avenida litorânea de salvador. no início deste dezembro, as duas famílias se encontraram no salão de um tribunal rodeadas de advogados e diante de uma plateia ávida por um espetáculo mas, dizendo-se ansiosa por justiça. e é aí que a porca torce o rabo.

o desfecho do embate entre acusadores e defensores foi o mais inesperado, o mais surpreendente possível. por quê? menos pela habilidade dos contendores togados, mais pela inapetência do brasileiro já acostumado pela impunidade grassante nos mais altos níveis da sociedade, quatro dos sete jurados absolveram, totalmente, a médica que saiu sorridente, assim como todos que a cercavam, livre, leve e solta. e a sua consciência?

kátia vargas foi protagonista de uma cena cada vez mais comum em nossas ruas e avenidas: por um nada, motoristas, motociclistas, transeuntes e ciclistas se xingam, se estapeiam e, como neste caso, acabam matando. depois de alguma coisa que não ficou muito clara, kátia vargas e os dois irmãos se estranharam no charmoso bairro de ondina e a médica, também não se sabe por quê, armou-se do seu carro e arremeteu contra os dois que ocupavam a motocicleta. resultado: a moto, atingida pelo carro, desgovernou-se e nesse desgoverno, colidiu contra um poste matando os irmãos.

kátia vargas, ao longo desse tempo - entre o "acidente" e o julgamento - mudou, várias vezes, a sua versão para o fato. e, neste começo de dezembro, final de primavera, os jurados da pantomima em que se tornou o julgamento, decidiram que essas mortes foram obra do acaso. entre a fisionomia chorosa e abatida com que chegou ao salão do júri na condição de ré e o sorriso largo de inocente que ostentou na saída, ficaram a consciência da médica e seus defensores (aí se inclui ricardo molina -aquele mesmo do caso de pc farias e sua namorada - pago a peso de ouro para vir desqualificar os peritos locais) e a frustração de quem, por necessidade de sonhar com uma lei que servisse para todos, indistintamente, viu cair por terra sua fé na justiça dos homens.

kátia vargas está livre e impune. quem acreditava na justiça acabou condenado. 

bem a tempo, me vem à lembrança a revolta de um jovem jornalista de quem gosto muito. franco adailton, filho de dois bons e velhos amigos, disparou em uma rede social: "se quiser matar e sair impune, é só atropelar." tem toda razão, franco. toda razão.


terça-feira, novembro 14, 2017

jaws

eu sei que vocês vão tirar sarro da minha cara por causa do título acima. a razão dessa metidez de título postado em inglês é por uma só razão: não encontrei outro e aí me veio à cabeça aquele aterrorizante filme de steven spielberg onde um tubarão branco matava meimundegente numa praiazinha lá dos estadunidos. isto (o filme) foi em 1975 (viu como sou velho?). o título original do filme era "jaws" e aqui foi tupiniquimente traduzido para "tubarão". o interessante é que o cartaz do filme mostrava um tubarão exibindo galhardamente a sua dentadura como um sorriso. e daí, o que tem a ver o sul com a salsa? vais a excrever uma crônica sobre tuas memórias, ó gajo velho? podes estar a me perguntar enquanto lês. não. não é nada disso.

como sou velho e distraído, nunca havia me dado conta de um fenômeno provocado pelo advento dos celulares e das redes sociais que espocam a cada segundo e modificam hábitos, moldam novas personalidades até mesmo em quem já as tinham formadas de muitos e muitos anos. e esse fenômeno pode ser visto nos shoppings, nos jardins, nas praias, nos bares, nos restaurantes, nos cinemas e até...em acidentes. chamado de "selfie", o fenômeno é um exercício de narcisismo que serve, tanto para alegrar, quanto para entristecer. embora não pareça aos olhos de quem é adepto, pode ser perigoso para quem não se inclui na paisagem. 
resgate do passageiros da lancha  (foto:PM/BA)

outroramente, nos primórdios da 'selfie', uma moça estadunidense acabou filmando a própria morte ao se "selfiar" enquanto dirigia. recentemente, aqui na terra brasilis, um grupo de estouvados - e provavelmente, bêbados - a bordo de uma possante lancha fazia uma farrinha entre a baía de todos os santos e o litoral sul da bahia quando a tal da lancha naufragou. e o que um deles fez enquanto esperava ser resgatado? uma selfie. sacou do celular, botou o bracinho pra cima, arreganhou os dentes e, ploft! um click para a posteridade! dá pra imaginar leonardo di caprio e kate winslet fazendo uma selfie (ao diabo com as aspas!) na proa do titanic apontando pro céu segundos antes de despencarem nas águas geladas do atlântico norte?

pois bem. o tal do selfismo galopante que atinge bebês (eles já nascem agarrados ao celular antes das tetas da mãe), crianças, adolescentes, jovens e velhos, me passava desapercebido até poucas horas atrás quando saí do prédio em que trabalho e me deparei com um sujeito de dentes cavalares, um barbicacho sob o queixo, um sol de lascar e parado, aproveitando um baita engarrafamento monstruoso, sacou o celular e, num gesto universalizado, entortou-se todo, levantou o celular, congelou o sorriso dos tais dentes que não cabiam na boca e tascou-se um click. depois, num outro gesto também universalizado, foi conferir o resultado. não gostou e fez de novo.  depois, teclou qualquer coisa no aparelhinho, abriu outro sorriso aterrorizador e foi-se embora. fiat lux, nasceu este post!

vai que steven spielberg, num salto para o futuro, conheceu a técnica da selfie e aplicou-a no filme ou, pelo menos, no cartaz. 




terça-feira, outubro 17, 2017

lavando as mãos ou um outro jeito de tirar o braço da seringa

eu ando careca de saber que em brasilha - e fora de lá - ultimamente, tudo pode acontecer. e acontece. tão careca de saber disso, deixei de escrevinhar sobre o assunto porque já virou papo de preá com melancia e todo mundo fala sempre a mesma coisa. são os batista, é o battisti, são os vieira (não as vieiras portuguesas que são deliciosas!), enfim... aí você deve estar se perguntando: "então por que cargas dágua resolveu escrever agora, mané?" bem, a explicação é simples e beira o nonsense.

nessa coisa do aécio das neves empedradas que despeja nos copos de whisky nos bares do rídejanêro, há uma queda de braço entre o éssetêéfe e o senado. segundo as más línguas, um quer meter a colher na sopa do outro e, no meio dessa profundíssima discussão, desse profícuo debate, estão os colegas do tadin' do aécin'. todos torcendo por uma "solução pacífica". há quem queira que o sobrinho do finado tancredo saia. há também quem não queira e, há ainda aqueles que não o querem nem tão perto nem tão longe. apenas não o querem. mas não dizem isto às claras nem que a vaca tussa.

nesta fase, em que os poderes que andavam se bicando fizeram as pazes, os senadores viram-se então atormentados por outro dilema: como fazer a tal solução pacífica?  e descobriram um jeitinho que já se utilizaram outras vezes e propuseram então a votação secreta. vozes se alteraram, o "clamor popular" (que não aconteceu mas se advinhava que viria) calou fundo nas consciências e um juiz-ministro jogou a pá de cal: "vai ser tudo às claras!" detonou o magistrado novamente metendo o bedelho nas soluções alheias. aí danou-se!

com a decisão do cidadão togado, o senado fez-se correria (nada a ver com o governador baiano rui costa) e o resultado é que está uma debandada geral com as desculpas mais esfarrapadas possíveis para tirar o braço da reta. tem senador em missão no exterior, tem senador visitando a avózinha que está em vésperas de ir pro goiás... tem desculpa pra todo gosto. agora, aqui pra nós, a desculpa mais deliciosa - e é a razão deste 'post' - é a de ronaldo caiado, ruralista de quatro costados, ele próprio que do mesmo jeito que seu colega quase condenado a ter o mandato guilhotinado, também tem os olhos vigilantes daquela moça vendada sobre si. caiado disse estar impossibilitado de comparecer à sessão velório ou de extrema-unção por um motivo muito simples: caiu da mula.

não apresentou atestado médico. a mula ainda vai ser ouvida pela pgr e já negocia uma delação. até lá....

quarta-feira, setembro 13, 2017

as malas da redenção

onze entre dez baianos reagiram com uma sincera inveja à descoberta do navio santa clara* e seus tesouros em plena sala de um apartamento num bairro no antigo centro nobre de salvador. emprestado por um amigo, o apartamento - que se tornou uma espécie de eldorado - serviu, depois da descoberta do tesouro escondido, de motivo de descontentamento para os moradores humanos do prédio que tiveram atraida para o seu, até então bucólico sossego, as atenções de gregos, soteropolitanos, jornalistas, blogueiros e até fofoqueiros de todo o país. quanto desconforto!

pois bem, o tesouro de ali babá encontrado no bairro da graça deixou no ar inúmeras e variadas opiniões. variaram do "como é que eu não sabia disso?" a até o famoso "eu já imaginava!". mas revelou também uma demonstração do que o amor materno pode fazer pela sua cria. para minimizar 51 milhões e alguns trocados de esperteza, a mãe do dono dessa dinheirama, mesmo tendo sido visitada pelos agentes da lei - que não perdoa a posse de tesouros escamoteados sem declaração do imposto de renda, fundo partidário e o quinhão de banco dos mais chegados, declarou com os olhos rasos d'água que seu filho amado, sofria de uma doença psíquica: a cleptomania!

a moléstia que acomete o gordinho ex-todo poderoso nas salas, ante e entre-salas de brasilha é uma doença que, ao que parece, naquelas e em outras plagas vem se tornado de tal forma contagiosa que, daqui mais um pouco, a organização mundial da saúde vai recomendar que os cientistas se debrucem à cata de uma vacina para blindar os mandatários de todas as esferas de governo mundo afora. mas, como criar uma vacina dessa estirpe, já que a bendita doença é da cabeça, da personalidade, é da alma? vai que a gente precisa mesmo, para que isso dê certo, daquela máxima da rainha do conto alice no país das maravilhas: "cortem-lhes as cabeças!"

pensando bem - e olhe que se eu pensasse tão bem assim provavelmente não seria eu - as malas e caixas que criaram essa imagem da nau santa clara, do eldorado, de tesouro de ali babá na minha cabeça, podem muito bem ter sido as malas da destruição do que restava do poder do gordinho valente que chora quando é picado por uma reles muriçoca. podem ter sido... pra ele e o seu clã e agregados mas, pra muita, muita gente mesmo, seriam isto sim, as malas da redenção! o santo graal dos acasos.

*curiosamente, o santa clara saiu de salvador com uma carga avaliada em, cerca 200 milhões de dólares atuais e naufragou ali pelas bandas de arembepe, bem perto de onde o moço dos parcos 51 milhões (de reais) mantém um bela casa.

terça-feira, agosto 15, 2017

reconhecimento de paternidade ou o que falta do que fazer não faz?

 hoje cedo, nas minhas viagens pelos sites de notícias da cidade da bahia, me deparei com uma notícia deveras assustadora para quem, como eu, gosta de animais ou mais sofisticadamente falando, "pets". a desalentadora notícia tinha como pano de fundo a iniciativa de uma vereadora (escrevo assim por ignorar completamente o feminino de 'edil' e tenho a vaidade de querer escrever de forma culta) que pretende obrigar os cartórios a emitirem certidões de nascimento para cães e gatos soteropolitanos tornando por consequência, os declarantes dos dados constantes dessas certidões mães e pais dos canídeos e felinos que com eles convivem. 

portalcafebrasil.com.br
a moça - que me perdoe a presunção - afirma que sua iniciativa vai promover uma maior integração entre os animais e a família dos seus donos (quero dizer, pais) e ainda vai facilitar a locomoção dos bichanos e totós nas viagens da família porque, ao lado da tal certidão de nascimento, vai também uma "carteira de identidade" dos bichinhos com direito a foto e devidamente reconhecida pela autoridade cartorária. ah, sim, haverá também a obrigatoriedade de "dar o nome" ao bicho. quer dizer: na hora em que o bicho é reconhecido em cartório como membro da família, ele ganha também o direito de usar o seu sobrenome. 

lá em casa, em priscas eras, quando um casal de akitas era dono do terreiro, ia ser uma festa! uroi, um akita tigrado, iria se chamar uroi vittorio roma de santana. peraê! dona dida teria parido um cachorro?! valha-me deus! pior seria se um 'adevogado' desses mal intencionados resolvesse exigir que o meu cachorro, a partir do momento em que foi reconhecido como filho tivesse todo o direito inerente à sua nova posição no seio familiar? 

isto que cito acima é apenas a ponta visível do iceberg do projeto da ilustre defensora dos pets. em sua justificativa, ela chega a dizer "eu tenho vontade de ter o registro do meu animal, do meu filho!" aí eu me pego imaginando uma cena em que ela, vai caminhando com seu maltezinho ou chihuaha ou vira-latas e encontra uma amiga de longas datas: "matilde, querida, há quanto tempo!" "oi, mila, menina, você não mudou nada e que cachorrinho lindo esse!" "ah, menina, este é meu filhinho toby, de dois anos" "ah, querida, e você casou quando?"

pior é se, seguindo sua iniciativa, outros parlamentares da mesma linha de defensores dos animais resolverem aperfeiçoar sua ideia e estenderem-na para outras espécies. nossenhora! o que vai ter de orgulhosos pais dizendo "meu filho é um jumento" ou mães gloriosas curtindo no face "olha só a vaca da minha filha!"

o que a falta do que fazer não faz?


sexta-feira, junho 02, 2017

desisti de desistir (o retorno)

diante de tanta ignomínia que tenho visto, ouvido e lido sobre a república brasilis nesses tempos bicudos de lava-jato, eu havia decidido abrir mão do direito de tentar opinar sobre tudo isto que vem acontecendo. porém, ah! porém, como diria o mestre paulinho da viola, descuidei-me da minha decisão e eis-me aqui, outra vez, falando por escrito, aquilo que me vai na alma brasileira que carrego nas costas. no noticiário de sexta-feira (2 de junho), luizignatiusluladasilva, primeiro e único (e espero, último) boquirrotou para quem quisesse ouvi-lo (e existem milhões de tolos que o veneram)entre gargalhadas da plateia: "um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana. tá na hora de parar de palhaçada, que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento."


investigado em cinco inquéritos na operação comandada pelo juiz sergio moro (eleito como o incendiador de brasilha e de outros cantos das grandes empreiteiras),  ignatiusluladasilva manipula com extrema habilidade a multidão embasbacada que o acompanha nos comícios que tem feito desde que começaram as investigações. ora vítima, ora algoz, ora criminoso ora herói, ele ganhou, de há muito,  o meu respeito por essa habilidade. sim, eu o respeito como um dos mais habilidosos políticos que este país já concebeu algum dia. sem diplomas acadêmicos - à exceção daqueles honoríficos - o sujeito que passou de "sapo barbudo" a "pai dos pobres" com suas ações de cunho assistencial-populista como um getúlio vargas nordestino (embora ele o negue sempre com atitudes que nada tem a ver com o sertanejo deste lado de cá do país), ignatius, cuja enorme capacidade de articulação e manipulação é a mesma da sua voracidade aos espíritos etílicos sejam lá de que procedência forem, desqualifica toda e qualquer acusação. na verdade, ele nem deveria mais tentar desqualificá-las mais já que a culpa foi, segundo ele mesmo em depoimento a moro, da pobre dona marisa, egressa deste mundo de meu deus há pouco tempo. declaração das mais infelizes que esse astro do picadeiro em que o brasil se transformou já pode prestar.

deixemo-lo de lado, vamos pensar nas outras pobres criaturas que, como ele (não deu pra deixá-lo completamente de lado), foram ou são alvos da lava-jato: luiz argolo, ex-deputado federal, antonio palocci, ex-braço direito de ignatius; marcelo odebrecht, ex-mandachuva da empresa que leva o nome da sua família; eduardo cunha, ex-todo poderoso da câmara; sergio cabral, ex-governador do rídejanêro e amante de jóias e jantares nababescos... todos (por enquanto) enjaulados e apreciando a paisagem das janelas (?) de suas celas. outros, que não foram e não são alvos da lava-jato, percorrem as ruas e vielas do país como baratas tontas procurando emprego, comida, escola, saúde e tudo o que o estado deveria - em tese - ser o provedor, estão tão encarcerados quanto os acima citados e seus companheiros que não foram aqui nominados. são prisioneiros de homens sem escrúpulos (e suas mulheres) que fazem valer a máxima  publicitária cunhada na década de 70 do século passado quando um jogador de futebol dizia que "como todo brasileiro, eu gosto de levar vantagem em tudo!".

o empresário-bomba, joesley batista, também está luxuosamente prisioneiro na quintavenida lá de noviorque em seu apartamento de 52 milhões de dólares. enquanto isso, sãpaulo se divide em cracolândias e o rídejaneiro vê as armas dos traficantes chegarem em seu principal aeroporto. mas "o rio de janeiro continua lindo..." diria gilberto gil em seus antigos devaneios musicais. aliás, o rio de janeiro continua sendo o principal polo de tráfico internacional de cocaína do país, continua sendo o quartel general dos barões da droga. infelizmente. porque, como o resto dos brasileiros, o rio de janeiro não merecia e nem merece ter se tornado isto. chicobuarqueando: "amanhã, há de ser outro dia..."


e como nem só de luizignatius et caterva vive o meu desapontamento com este brasilvaronil, o atual inquilino do palácio do planalto e que prefere se homiziar no palácio do jaburu, também articula e manobra suas artimanhas: para proteger seus aliados e quebra-facas, baixa medidas provisórias como as crianças baixam aqueles joguinhos enjoados no tablets. só que, no caso dele, são ordens que blindam seus asseclas e os isolam da possibilidade (real) de visitarem, na condição de hóspedes, os mesmos presídios da turma que falei lá em cima; para se proteger, demite e nomeia ministros justamente para os tribunais onde ele poderia, eventualmente, ir parar.

segunda-feira, janeiro 16, 2017

encarcerados

finalmente, as grandes redes de tevê brasileiras decidiram-se a mostrar, ainda que superficialmente, a guerra civil em curso no brasil. deixaram de lado as mazelas bolivarianas, as querelas religiosamente discutidas a mísseis, bombas e correlatos lá do oriente médio, a catequização supostamente evangélica dos macedos e seus congêneres praticada exaustivamente com o fito de enriquecer "bispos", "apóstolos" "pastores" e nenhum "judas" através de horários comprados ou não e deram notícias sobre o quanto se mata neste imenso país tropical. nem todas o fizeram, claro. mas devem ter lá suas razões.

foram declinados da cobertura, a turma lá do éssetêéfe, a mulher do cunha, o sofrimento de cabral, e o calvário de odebrecht lá em curitiba. sequer foram lembrados "à vera" o calheiros, o maia ou mesmo o temer - presidente tão acidental quanto a matança lá do amazonas - ou o collor de mello, grande defensor dos seus direitos e autor de metade dos pedidos de impugnação do procurador janot e dos juízes do tribunal que citei acima.

eu não sei  - e aí me perdoem a ignorância - qual a população carcerária do brasil (se é que se pode chamar de cárcere aquele lugar onde se fazem festas regadas a whiskies, vodkas e etcoetera servidas por prostitutas ou melhor dizendo, garotas de programa e com segurança estatal na figura dos guardas penitenciários agenciados por diretores penitenciários e, algumas vezes, desembargadores). só sei que mesmo chegando a 10 ou 20 por cento do total de brasileiros, ela já se organizou social e politicamente. tem toda uma cadeia (trocadilho mais infame!) de comando digna de brasilha.

organizaram-se em "facções" onde cada um toma partido (mais um trocadilho miserável!) para o que mais lhe convier e menos lhe ameace o pescoço. tem partido, quero dizer, facção pra todo gosto: pcc. cv, cn e muito mais dessa sopa de letrinhas que o brasileiro tanto se apega. nas terras baianas, onde a criatividade reina, existem o bdm e as outras siglas já ditas acima e uma outra de nomezinho bem sugestivo: katyara. quanta singeleza!

estamos nos primeiros dias de 2017 e, sem nenhuma sombra de dúvida, a articulação político-administrativa dessa parcela de brasileiros, mostra que sabe mandar e sabe se fazer obedecer. para mostrar seu poder de organização e mando, determinou a seus ministros, secretários, subsecretários e juízes uma ação efetiva em todos os seus palácios e o resultado é - até porque a ordem é ainda vigente - algo em torno de 200 mortos. pelo menos metade deles, decapitada.

a sorte do povo que esvoaça em brasilha é que, lá não se cortam cabeças. pelo menos não literalmente. de qualquer maneira, embora estejamos, em tese, livres da prisão, vivemos todos encarcerados.