na rua, na chuva ou na fazenda

terça-feira, fevereiro 28, 2006

carnaval da bahia - tudo de bom!

ói nóis aqui de novo! estou amando de paixão essa insanidade chamada carnaval. tomaram de assalto a praça do campo grande, a praça castro alves, confinaram as estátuas e os pombos, confinaram as flores, puseram os pardais de quarentena - na verdade eles se picaram porque pardal não é que nem pombo que é besta e fica voando à toa tentando entender as barbaridades que esse barulhão quer dizer - e, surpreeeeesa! desapareceram com os mendigos e inauguraram a era dos sem-teto-por-causa-da-festa-e-da-cachaça. se bem que cachaça agora tem outros nomes: birinaites, roska, capeta e por aí a fora.
tou mesmo amando o carnaval onde ivete sangalo mostra as pernas e exibe o enésimo candidato a namorado sob juras de amor eterno (interno, não seria melhor?). se bem que, depois de dois beijos públicos, ela descarta o indigitado numa rapidez de banda nova de axé, que deus me livre! aliás, tudo que eu menos gostaria na vida era ganhar um beijabraço de ivete. não que a idéia não seja estimulante. o problema é que ex de ivete é a mesma coisa de ser porta voz de lula: fica marcado pro resto da vida e nunca mais pode ser ele mesmo. é transitório. vixe mainha! (quer dizer, vixe, maria! axé music é mesmo de matar e pega que nem a gripe do frango.) nunca ví, ou melhor, nunca ouví tanta baboseira como no carnaval. e por isto mesmo, amo cada vez mais, esta folia.
carnaval é o de salvador. aquele negócio pasteurizado do ridjaneiro com aquelas mulheres ou nuas de mais ou vestidas de sobra desfilando ao ritmo torturante de uma música cuja letra é feita de acordo com o patrocinador de plantão - este ano teve até elegia a hugo tchávez! - não chega aos pés da folia baiana: aqui, cada canto tem seu próprio ritmo. o amor - leia-se o sexo - ama nos bares, becos, sombras de árvores, sob viadutos, na grama, na lama, enfim. a putaria (que me perdoem as moças pertencentes à categoria à qual o substantivo/adjetivado se remete pertencem) rola federalmente - nenhuma ligação com o planalto central onde existe um negócio chamado congresso. e é preto com branco, homem com homem, mulher com mulher e vamos lá.
amo os cheiros do carnaval. desde a alfazema dos filhos de gandhi ao cheiro de mijo e merda que a cidade adquire pra ficar parecida com paris. e não adiantam os esforços suarentos dos garis com aquelas fálicas mangueiras - hoje estou terrível - despejando água perfumada sobre os dejetos carnavalescos. alías, adianta sim. acrescenta um fedor inigualável aos ares da cidade. tente ler, com o nariz, esta descrição. mijo, merda, perfume, bodum...tudo junto! que maravilha! dá até pra cantar aquela musiquinha de jorge ben quando ainda não havia se tornado outra pessoa "ela vem toda de branco, toda molhada e despenteada que maravilha ela é o meu amor". e, no meio desses cheiros todos, que se fazem um só, homens e mulheres rolam, se agarram, se beijam, trocam fluidos por cima por baixo (e aqui vale uma observação: se as peças iniciais do sexo - ou amor, como queiram - ficam no meio do corpo, por que essa mania de dizer embaixo?). A cornucópia de prazeres tem um fundo musical de zilhões decibéis (não tem um tímpano virgem nesta cidade!) e claro, essa cortina sensorial nos nossos narizes (engraçado como no carnaval os urubus desaparecem).
por isto, amo o carnaval. amo de paixão. só quem não concorda muito comigo é meu corpo. meu nariz, coitado já nem sequer se cheira mais. minha cabeça dói horrores; minhas pernas já me deram um ultimato: ou eu paro ou elas se recusam a andar o pior deles nessas rebeldias contra esse meu amor pelo carnaval, são meus pés. recalcitrantes, incompreensivos e acima de tudo intolerantes, já não aceitam carinhos, afagos nem nada. De tanto doerem me fizeram parar. aaaah! eu adoro o carnaval.