na rua, na chuva ou na fazenda

sábado, setembro 22, 2012

criador e criaturas 2

a bandeira lula empunhada por todos os candidatos petistas nesta campanha eleitoral provoca algumas situações surreais. em algumas cidades o partido do ex-presidente que não consegue se desvencilhar do cargo mesmo fora dele disputa consigo próprio. e esses pugnadores disputam a imagem e a voz do chefe como o mais fundamental dos direitos eleitorais (?!).

em ilhéus, no sul da bahia, um candidato, jabes ribeiro, por não ter sido beneficiário da honraria de ouvir a voz rouca do velho companheiro conclamando o povaréu a sufragar o voto em seu nome, tomou uma providência algo assim, digamos, extrema: contratou um imitador. nada mais justo. assim, os ilheenses também tem sua cota - eh, palavrinha cheia de entendimentos! - de lula falando do jabes. só que o lula de verdade (ele existe?!) não ri como o seu imitador baiano.

em brasilha, durante a sessão de fotos na linha de montagem petista de participações lulísticas nas campanhas brasil afora, a candidata itabunense juçara "com cê cedilha" feitosa mostrou seus maus bofes e tascou um "sai da frente" ao fotógrafo oficial, recebeu em troca um civilizado "senhora, eu estou trabalhando" e devolveu um ainda mais mal humorado "mesmo assim, sai da minha frente!".

de volta às terras grapiúnas e amargando índices de popularidade mais baixos que novelas mexicanas no canal do sílvio santos, a moça resolveu mostrar musculatura em uma caminhada que tinha muita gente... dos arredores de itabuna, dos "movimentos sociais" que, como sanguessugas, adoram as veias do governo e de bêbados desequilibrados. ao cabo e ao fim da caminhada, restaram, nas esquinas e praças, bandeiras vermelhas rotas e esfarrapadas, garrafas e garrafas de cachaça vazias. lulinha paz e amor fez, faz e fará muita história.

criador e criaturas

sem sombra de dúvida, luizignatiusprimoetuno fez história neste país. ao apropriar-se do latifúndio de um partido surgido de legítimos - e legitimados - anseios populares, tornou-se popularesco e, do torneiro mecânico que se transmutou em presidente de um país, tornou-se, ele próprio, um paradoxo.

vitimado por uma doença que grassa entre aqueles que experimentam o poder, ignatius sonha, pugna em tornar-se eterno, onipotente. e aqueles que o cercam - mesmo de muito longe - foram todos contagiados. de brasilha a quixeramobim, de sãpaulo a chorrochó. os aquinhoados com a estrela vermelha do partido dos trabalhadores em sua mais alta graduação, empunham a carantonha (até simpática) de ignatius como bandeira nestas eleições municipais e nem por isto tão menores como a que o endeusado pernambucano tornado paulista sonha disputar (ele deve pretender o lugar de deus - e já o é, pelo menos aos olhos petistas e daqueles politicamente inocentes).

deixemo-lo de lado com sua egolatria. voltemo-nos a paragens mais rasteiras eleitoralmente mas que são o cimento, o alicerce dos sonhos desse deus etilizado e etílico cujo olhar dardeja fulminante e mesmeriza hostes, multidões (já nem tão multidões mas ainda assim, hostes).

em todos os rincões onde há eleições e candidatos, estrelas se digladiam com ou se juntam a aves, corações e símbolos tantos quanto as letras das suas siglas em busca do... poder (algo a ver com edir macedo?). inimigos de outrora são amantes shakesperianos, inseparáveis até que o voto os separe. e em tudo emerge, soberana, a figura (ainda carismática) daquele que nada sabe e nada vê, o onisciente (ou seria nihilisciente) almight lula.

alçado com muito gosto a salvador da pátria, defensor dos frascos e dos comprimidos, ignatius vai aonde o (seu) povo está. não importa como. se o palanque é sólido, lá está ele para solidificá-lo ainda mais. se é mambembe e treme das pernas diante do adversário, lá está ele ungido para dar-lhe consistência. criou-se assim, no país do futebol, a mais imbatível das equipes pebolístico-eleitoreiras: o time de lula! ainda que com alguns atletas que envergonhariam a mais subterrânea das criaturas, o escrete está em todos os gramados.

sem perceber (na verdade, percebendo-o muito bem e disfarçando melhor ainda) ignatius desconstrói lula e destrói o pt. suja a história que construiu com o auxílio luxuoso de patinhas, duda mendonça e outros próceres da propaganda brasileira. uma história que, em outra história, não acabaria nada bem. mas convenhamos, vivemos no paraíso terrestre chamado brasil. bem podia ser shangri-lá, pasárgada ou algo que o valha.

no entanto, a olhos que costumam ver, o partido de lula se confunde a um cavalo desembestado em direção a um precipício e com o dono em cima.

Se bem que a imagem refletida poderia bem sugerir o contrário: o dono, desembestado, arrastando o pobre equídeo em direção ao abismo.

terça-feira, setembro 11, 2012

...felizes para sempre

provérbio de pescadores de ilhéus: água mole em pedra dura tanto bate até que mariscos, lagostas vão embora porque em briga da maré contra o rochedo...

as eleições no sul da bahia tem propiciado momentos tensos, dramáticos até.

no mais recente deles, o capitão fábio declarou-se devidamente divorciado da campanha petista que pretende elevar juçara feitosa à cadeira de alcaide mor de itabuna. motivo: a insatisfação com o tratamento que lhe estava sendo dispensado pela cúpula da campanha - leia-se geraldo simões.

a "briga" do capitão com a campanha da candidata petista, trombeteada na blogosfera local - uma das mais atuantes do estado - durou pouco ou quase nada. dizendo melhor, entre mortos e feridos salvaram-se todos. nada que um empurrãozinho na carreira não curasse.

promovido a major no fechar das portas do avião que levou o governador j.w. para longe do território nacional e o tirou das ruas de salvador antes do sete de setembro, o capitão, agora mais estrelado lambeu as feridas do orgulho e selou as pazes com o qg geraldino em um almoço sorridente no restaurante do itabuna palace hotel no início da tarde desta terça-feira, 11.

no final do regabofe, fotos e juras de amor eterno... até que geraldo os separe. de novo.

domingo, setembro 02, 2012

fogos de artifício

inventados pelos chineses, os fogos de artifício já tiveram uso diversificado pela criatividade brasileira: de anunciadores de alvíssaras a alarmes anti-polícia nas bocas de fumo de todo o país passando, claro, pela função primordial de espetacularizar festas - tanto populares quanto burguesas (nestas últimas apenas para deixar a plebe ciente e participativa ainda que à distância).

nesses tempos eleitoreiros, o foguetório também festeja palavras de ordem - ainda que lugares comuns de sempre - discursos ininteligíveis, promessas vãs e magrianamente (lembram do rogério, ex-ministro?) 'incumpríveis' feitas por candidatos boquirrotos mas cientes do efeito que elas tem sobre o populacho.

o foguetório é, na verdade, a 'claque' para esse auditório que, no próximo 7 de outubro, definirá nas urnas quem teve mais fogo nas algibeiras. quais girândolas tiveram mais cores e quais rojões espoucaram mais alto. é assim, na terra brasilis, do oiapoque ao chuí, do atlântico baiano às plantações de coca bolivarianas que fazem das nossas fronteiras florestais, secas e molhadas terra de ninguém.

discursos e intenções à parte, com a entronização da blogosfera no território das disputas políticas a liberdade de expressão tornou-se algo surreal. o "jornalismo" praticado por blogueiros - 99,99 por cento deles ditos "jornalistas" - parece mais escambo. algo bíblico até. falta apenas um nazareno para expulsá-los do templo.

há quem diga, e talvez cheio de razão (valha-me shakespeare!) que a imprensa sempre esteve a serviço de algo ou de alguém. não serei eu a discordar ou concordar. muito pelo contrário. no entanto, surpreende e muito, a olhos mais atentos ou que queiram se aprofundar além da telinha dos notebooks, ipads, iphones, tablets et caterva, o que se passa por detrás de cada nota que se propõe a analisar este ou aquele candidato, ato de campanha, movimento de partes (epa!) ou reunião de próceres. a única isenção que existe é a do imposto de renda ou de outros tributos como i.s.s., já que tudo que se resenha não deixa de ser um serviço.

todos tem cores partidárias (leia-se pecuniárias) embora disfarcem-nas publicando gotículas dos seus desafetos (por pagarem menos ou por resistirem ao seu canto de sereia - aqui a trilha sonora sugerida seria aquela marchinha que diz inocentemente "ei, você aí, me dá um dinheiro aí..."). venalidade teu nome é blogueiro?

uma olhada nos blogues das terras grapiúnas nos dá uma antevisão do que se passa sob as folhas do cacaual empesteado de vassoura-de-bruxa que uma campanha política pode ser. a blogosfera local - uma das mais exuberantes e diversificadas desta bahia de apenas um jorge - explode em cores, palavras, rubores, tons, sobretons e partidos altos e baixos. explodem e colorem os céus - faltando só pintar nos céus como uma esquadrilha da fumaça os nomes dos seus ungidos.

o novo "jornalismo" inaugurado nessa blogosfera é, deveras, novo. tão novo que ainda não aprendeu a escrever a palavra ética. muito menos o que pode significar. claro que existem aqueles que diferem, divergem destes mas, infelizmente, como tudo de bom, são suplantados em número e ardilosidade.

mas há sempre um contraponto. apesar de conduzirem a disputa política para dentro das suas páginas, os grapiúnas ainda estão léguas sem fim adiante de uma publicação lá de morro do chapéu, na chapada diamantina.