na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, dezembro 18, 2008

foi bom, meu bem?

a soldadesca, aliviada, está de volta aos bivaques com seus tanques, seus canhões e suas metralhas. as muriçocas não têm mais a barítona companhia dos motores de guerreiros helicópteros para o seu zumbido tropicalientemente enraivecedor. diria (ou melhor, cantaria) ivete sangalo "acabô-ô-ô! acabô!". resultados?! segundo os jornalistas que lá estiveram e também aqueles que não, positivo. positivo em quê? no banho de mar da um tanto rotunda bachelet? ou da noite boêmia do pra lá de simpático - na náite - rafael correa que equatorianamente mandou seu ministro da coordenação política socializar um violão e soltou o gogó divertindo todo mundo con su perfume de gardenia.
positivo terá sido o rugido leonino de 3o e tantos gatinhos em suas duas noites de reis dos animais? diga-se que o miado partiu dos agalonados de sempre: chávez e castro. secundado pelo poncho guarani de morales e alguns outros cantos andinos. "exigem", os leõezinhos de pelúcia, que os estados unidos - estes, sim, leões de verdade e peso e garra e ferocidade - encerrem o embargo à ilha do inocentíssimo e ultra democrático castro que teima em se fingir de vivo. ora, que rugido mais ameaçador esse miado uníssono saído das dunas e coqueirais de sauípe. obama, o histórico negro (ooops! afro-americano) já anunciou em alto e bom som que pretende fazer isto. cabe então a pergunta: o rugido é para, quando a coisa acontecer, esses gatinhos espaventados comemorar e botar os louros na cabeça. os 30 e tantos de saúípe mostraram a sua força! quaquaraquaquá!, cantaria elis regina se morta não já fosse (segue o exemplo, fidel!).
o que tivemos de concreto no regabofe de sauípe? alguns muchachos borrachos, dando gargalhadas com piadinhas infames de parte a parte e, de quebra, um congresso nacional lá em brasilha que é distante pacas de sauípe mas fica impressionada com o poder dos 30 e poucos (a esta altura, daniel ortega já havia levado a sua nicarágua para moscou) votando e aprovando a entrada da venezuela no bloco do mercosul (não era proibida a presença de nações não-democráticas?) para fechar com chave de ouro a cópula (digo, cúpula) de sauípe.
em salvador, um grande show programado para o encerramento da coisa, aconteceu sem a presença nem em fotografia de qualquer um dos 30 e alguns.
pelo menos o tupamaro walter, atualmente exilado em uma barbearia de arembepe já está mais tranquilo agora que o seu coração de guerrilheiro uruguaio não precisa sair aos pinotes ao ver a rapaziada vestida de verde-oliva patrulhando a linha verde-asfalto e adjacências. ele chegou a sonhar que se tornara o mais procurado dos tupamaros em toda a história uruguaiana.
a outra pérola resultante desse emocionante encontro é a proposta de remover geograficamente os estados unidos e o canadá da américa do norte. como? criando um novo conceito de americanidade: américa para os americanos mas sem estados unidos e canadá! como vai ser isso? peguem umas folhas de coca, misturem umas raízes de ayahuasca, joguem umas duas sementes de marijuana, cinco cálices de cachaça de cabeça lá das minas gerais e três de pinga da chapada diamantina batam bem e depois bebam lentamente. aí vocês descobrirão como pintou a idéia. se não morrerem antes.
certa estava a moça kirchner: num lugar desses, é quase impossível trabalhar!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

sapateado

fiquei estarrecido com a divulgação quase simultânea de duas pesquisas que puseram o senhor luizignatiusluladasilva no mais alto podium da preferência popular. depois não entendí o meu próprio estarrecimento com aqueles resultados! ora, um povo que idolatra a canalhice - lembrai-vos da lei de gerson (aquela que preconiza levar vantagem em tudo) -, num país onde o crime se organiza a ponto de já ter representantes na esfera de alguns (podres?!) poderes... não é de se estranhar.
bem, a tal pesquisa que deixa o senhor ignatius nos píncaros da preferência popular nos leva a não refletir pois o resultado dessa reflexão pode nos deixar em pânico. no entanto, como eu sou teimoso como uma mula e burro como uma anta, penso: dilma roussef, a queridinha do senhor ignatius para acomodar as enxúndias no mais alto assento de brasilha, não tem, segundo o ex-queridinho de luigi, josé dirceu, o perfil de presidenciável e nem entende do riscado; apenas se beneficia da visibilidade que o tal do pac promove. tudo bem, o dirceu pode estar com ciúmes da sua ex-marília e olha para ela com olhos de bentinho. a pesquisa realmente bota ignatiusdasilva lá em cima, mas não diz nada a respeito de roussef - a quem, quase ninguém conhece. disso se aproveita o sisudo serra para ir rasgando a selva eleitoral que cobre sãpaulo e minasgerais. já se dá ao luxo até de exibir um arremedo de sorriso! (daqui me pego pensando que se ele já é fein' de doer sem sorrir, sorrindo bota senhor qualquer pra correr) .
deixando lula, dilma e serra de lado, achei o máximo da deselegância aquele par de sapatos atirados contra georgewalkerbush lá no iraque. o máximo da pretensão daquele coleguinha iraquiano! onde já se viu uma coisa dessas? por mais exímio atirador de sapatos que ele fosse! tinha que estar um pouco mais perto, para não correr (como correu) o risco de não acertar (o que aconteceu) e o cara ainda sair de gaiato porque se esquivou duas vezes e levou tudo como se fosse uma gracinha!
que o coleguinha aprenda a lição enquanto fica na salmoura pra se curar da surra que deve ter levado: da próxima vez, certifique-se que além de bêbado, seu alvo esteja mais próximo!

segunda-feira, dezembro 15, 2008

estrada do coco sitiada

arembepe está em vias de gozo! com essa tal de cópula (ops! cúpula!) latinamericana-caribeña, os remanescentes dos hippies dos anos setenta ficaram de cabelos arrepiados de ver tanto meganha junto. não somente pelo fato de que eles espantam a freguesia da aldeia mas também porque ainda resta em alguns o medo atávico dos pais – que permanecem hippies, embora grisalhos e pelancudos (as) – de qualquer coisa verde-oliva que se mexa a passos de ganso ou em ordem unida. mas, para os filhotes dos filhotes dos hippies, a estrada do coco toda é uma festa ou, melhor dizendo, uma parada militar extemporânea: estamos em dezembro e distante pacas de sete de setembro, dois de julho ou outras datas que o valham.
pois bem, a tal da cópula (lá vai a coisa de novo! cúpula! homem de deus!) deixou minha casa e adjacências muito bem guardadas: um tanque exibe o seu fálico canhão coberto de trapos (que os milicos chamam de camouflage) para se pretender arbusto (salve, bush!) apontando para um terrorismo utópico porque uns empaletozados de fala embolada vem aê. alguns não vêm de paletó. vêm em trajes militares como hugo chávez e o irmão de fidel que se finge de vivo e dá as cartas o tempo todo lá do além túmulo (ele é tão chato que até pra morrer dá trabalho!).
mas não só a minha casa foi agraciada pela segurança nacional: de santo amaro de ipitanga, onde reina a gramacho moema até a paradisíaca região de sauípe (esta hiperbolicamente segura) coqueiros ganharam a companhia de canhões, metralhadoras e fuzis; pescadores e nativos e turistas ganharam a companhia de batalhões de todo estilo e as garças, urubus, maçaricos e muriçocas - lá as tem à mancheia - ganharam, para fazer contraponto à graça de suas evoluções, helicópteros e jatos da força aérea. nada mais bélico num lugar tão bucólico. que a cópula (ó raios! a cúpula!) sem culpa, sofra de ejaculação precoce e todos se perguntem: foi bom, meu bem?

domingo, dezembro 07, 2008

c'est la vie! une merde!

vixe, maria! o sujeito é mesmo um santo milagreiro! usei de todo o meu poder de criador, invoquei ainda outros poderes malignos e destrutivos como o arquiinimigo do rímén, aquele tal de esqueleto, convoquei os adversários de réuri póte e até mesmo a força imensa do réu bói para destruir, matar, trucidar, eliminar, de uma vez por todas, o tal do urubu através de cujo bico, deblaterava e vociferava contra quase tudo e contra ele mas não deu certo. com uma simples expressão cabalística, o cara conseguiu o milagre da ressurreição à distância. inacreditável! o lula é o jc da blogsfera!
uma pedagoga amiga minha, petista de carteirinha, desiludiu-se com o petê, mas está de paixão avassaladora pelo lula! igualzinha a mais de 70 por cento de brasileiros (a maioria, nordestina, pobre e faminta) que elevaram o ocupante boquirroto do palácio do planalto aos píncaros da popularidade nesse país onde recessão é “marola” e que, apesar da sua imensidão e até mesmo um certo poder econômico sobre seus vizinhos, em vez de fazê-lo líder, fazem-no liderado por imbecis candidatos a ditadores vitalícios como os chávez, morales & cia.
pois é, com uma simples metáfora, o barbudinho de nariz de escocês ou irlandês – apenas pela vermelhidão contumaz – fez na blogsfera o que jc fez nos templos bíblicos: ressuscitou o lázaro! só que, em vez de dizer “levanta-te e anda!” ele simplesmente disse a este lázaro do mundo virtual “é, companheiro, você sifu!”. foi a gota serena! ou melhor, a gota d'água! o recentemente falecido levantou o bico, sacudiu as asas e volta a singrar ares dantes navegados cheio de picardia.
lula me envergonha diante de meus poucos leitores e diante de mim mesmo. meus quatro – agora cinco, juntando seu aldemir, lá da vetusta a tarde – leitores deverão estar pensando: que sujeitinho sem palavra! mequetrefe virtual que nem mesmo matar um simples blog consegue! eu, por minha vez, penso o mesmo de mim e desisto, solenemente, a partir de agora e até quando lula existir nesse formato que sonha em perpetuar, de tentar afogar minhas idéias num gesto tresloucado como este que foi o de matar e depois ter de ver redivivo o urubu que criei para me emprestar o bico.
que fique claro que não foi protesto desses quatro – agora cinco – leitores que reviveram o indigitado brog. foi o poder emanado de lula. foi o poder dele. por isso, é muito bom que aprendamos a conjugar esse verbo na sua terceira pessoa pois, quando lula estabeleceu sua metáfora diarréico-medicinal para explicar a atitude do governo para enfrentar a crise financeira mundial ele pode muito bem ter querido dizer a todos nós, eu não “mifu”, não. vocês é que “sifu”. eu, por minha vez, sugiro que digamos em uníssono: nós “nosfu” !

quinta-feira, dezembro 04, 2008

o fim de uma "era" (ou, era uma vez)

decreto, aqui e agora (agora é a hora em que isto for lido) o fim de uma era. ou melhor, por assim dizer, decreto que era uma vez um brog. metido a besta, castiço, falastraz de coisa nenhuma e sem o menor sentido de permanecer vivo na net que tem coisas muito melhores para ocupar o seu espaço ainda que virtual. desinteressante, leigo e totalmente sem assunto, precisava, carecia, pedia, implorava e, acima de tudo, merecia ser calado. não somente calado, mas apagado da memória e da visão de todos que porventura tivessem a desventura de passar os olhos por ele. assim, jazerá para sempre os restos mortais dessa idéia ridícula que o autor disto aventurou-se a chamar de brog. abato, aqui e agora, o bico do urubu. que descanse em paz! se é por falta de adeus, até logo!

quarta-feira, novembro 12, 2008

o inferno de dantes

respaldado por seu quase impronunciável nome, o delegado federal (brasilian marshall?) protógenes (isto é lá nome de gente?) queiroz arriscou-se por mares nunca dantas (vixe! dantes) navegados e tascou uma operação cujo nome se tornou verdadeira armadilha para jorna(radial)istas de todo o país: a operação sathiagraha – que alguns teimaram, meses a fio, de chamar de “satiágrarra” . pois bem, com essa operação, o tal do queiroz conseguiu a proeza de fazer com que homens togados se digladiem em público e na privada e nos jornais e nas tevês e nas rádios e nos púlpitos; que homens da lei subvertam-na ao arrepio dos códigos (perdoe-me, hamurabi!) coisa que nunca dantas (oooops, dantes!) víramos. De uma forma desabrochadoramente escandalosa, ele mostrou o escândalo da grana que ergue e destrói coisas belas (obrigado, caetano, pelo direito de fazer poesia com os versos alheios) mas, tem sempre um “mas” em histórias assim, o queiroz se queimou feio.
acusado de “vazamento de informações sigilosas” protótipo... quero dizer, protético... ou melhor, protógenes está no maior rabo de foguete do brasil, aliás, de brasilha. a polícia federal, metida a efebiái, está a investiga-lo por esse crime que expôs para a dita sociedade as relações espúrias entre poderosos do mais alto calibre e das mais altas coortes. assim, o herói perde a sua áurea e mantém-se intacta para a turba ignara, a elevadíssima honradez daqueles de cuja boca não saem só perdigotos. o inquérito da pêéfe brasileira contra o seu agente é aquilo que lulianamente podemos chamar de cortar na carne embora eu dissesse diferente mas o espaço não permite, portanto utilizemos este eufemismo: é defecar para dentro. se protó vazou ou não, é problema lá dele. no entanto, a corregedoria que o acusa é a mesma que se utiliza do seu estratagema: vaza, espalha, derrama aos quatro ventos detalhes da “investigação do inquérito sigiloso” sobre o delegado protó. Ele não podia ter feito isto mas a corregedoria pode. e faz. ô cazuza, que país é este? é o do velho axioma “manda quem pode, obedece quem tem juízo!?” o fato, que depois de escorrido são tripas, é que protó, mesmo tendo cometido seus deslizes, mexeu num vespeiro onde todos os zangões são rainhas. decidiu-se a pescar em mares nunca dantas (deusmeperdoe! dantes!) pescados e pegou peixes grandes, enormes! tão grandes que sua rede não agüentou, e assim, rede, barco e pescador afundam lentamente enquanto os grandes peixes nunca dantas (cruzes, dantes!) fisgados celebram em grandes saltos ornamentais (nunca daiane dos santos) que fazem rebrilhar o negrume de togas sob as luzes plenárias de algum lugar desse lamaçal que ainda chamamos país.

terça-feira, outubro 21, 2008

de eloá a ivete passando por um zigoto

Eu até nem gostaria de comentar o assunto mas, como leokrett – é assim mesmo, gente?! - é um assunto do dia aqui, na província e, como bom provinciano, não posso me esquivar. seria até mesmo uma falta de respeito absoluta para com a nossa rainha. mais importante que as eleições para o alcaide médio, o futuro príncipe, mesmo que bolota de células e sangue menor que aquele brotado da cabeça não sei se tão inocente de eloá ou da maldade circense de jornalistas, seria o príncipe do axé. despojou – e jamais desposaria – luiz verdes acordes ajaiô caldas – outro príncipe, pela finura descalça, pela gentileza de sorriso tímido, nas manchetes. nem um! nenhum! nem qualquer dos nossos jornais diários – e olhe que somos parcos deles! em número – deixou de dedicar ao menstro chamado gravidez de filho! - bem que podia ser filha, bem que podia ser quisto (quista, também) bem que podia ser apenas regras (não de três mas de seis semanas atrasadas ou então de 20 centímetros de matéria bem diagramada e bem produzida graficamente!
que me perdoem as ivetes, e outras tantas mães mulheres. que me perdoem mais ainda aquelas que não querem tantos holofotes pois nunca os pretenderam e muito menos os quiseram! eu ando meio gibreeel farishta (e bem que podia ser farrista)! mas me perdoem os tão provincianos quanto eu: a minha província sempre foi cética, sempre foi canalha, sempre foi maledicente e, portanto, o filho que a sangalo ainda não pariu ou fez de conta que o faria, não me bate a passarinha, não me faz acordo, não me impressiona. não tanto quanto a indiferença luliana – e este, o tal lula da silva, é o filho que a ivete jamais pariria muito embora bem próxima por ser de juazeiro, nem eu tampouco pela distância masculina e todos os seus entraves à uma provável parição. A indiferença lulianadasilva às coisas mais sérias que o zigoto da ivete – que seria (e era, pelo menos para ela e todos os jornais baianos) me permite essas e estas digressões aparentemente maldosas e maledicentes típicas de colunistas sociais ou insatisfeitos com a pouca grana que entra na minha conta bancária no fim do (meu) mês (e no deles nem tanto).permite até outras, como a inveja dircelianna que nutro pelo diogo mainardi, pelo paixão barbosa, do alto da sua indiferença grisalha e sincera, do seu desapego pelo fervor e pela indisciplina vasconcelianas de levy; pela santana andréia de cabelos grudados de uma forma que me lembra uma certa boneca desenhada para se tornar ícone da contracultura falimentar norte americana mas, que, por e debaixo deles, se revela sabiamente cosmopolita – por manejar um computador e sua metalinguagem como ninguém – e mais sabiamente linda por se disfarçar melhor que mata-hari.

de volta ao filho que não tivemos

como um rushdie – devo die in a rush? - provavelmente serei alvo da fatwa dos khomeini do axé entrincheirados nas caixas de som que não mais emanam o cheiro umbu-cajaroso (eu nunca o senti, na verdade) do que seria o encontro da cabeça da bahia com as pernas de pernambuco mas fazem a desgraça e o prazer de quem odeia o tlililin-dom-dom-dom da nova música baiana e a falta que fazem certas canções – deverasmente cantadas por quem deverasmente cantava (e olhe que não é bem este o caso da chorada ex-futura mamãe) – que o seja! nunca o fui e, por ser insignificante, não o serei mesmo! Aqui pra nós, gostodemaisdaconta, do tom que a sangalo embebe na voz. mas muito maisdaconta de como ela levanta a galera (aprendí o palavrão!!) quando levanta as pernas bem torneadas e mais ainda cuidadas nos trios elétricos e – agora shows de gravação de devedês) mas detesto quando, não sei se ela, artistas em começo de fim de carreira, apelam para sentimentos maternais, paternais, avózais, resedeáis e apostam numa menstruação alguns dias atrasada para virar manchete de peródicos. odeio mais ainda quando periódicos, diriamos algo respeitáveis, embarcam na onda (surfar é mesmo um barato!) e as ondas que a baía não tem servem de pano de fundo para tamanha babaquice que, segundo um certo veloso lá do subaé chumbado há décadas para um menino do rio que jamais virá a não ser de uma forma bem warholiana: quinze minutos (ou centímetros impressos) de fama.

Inveja. Pura inveja

vai ver que é tudo isto que está inserido no contexto do que estamos chamamos de texto. tem até uma professora da faculdadedecomunicaçãofacomdaúfiba que provavelmente o desconstruiria gostosamente – sem contar os processos e protestos a que me exponho neste espaço. além da queda, o coice. que não seria tão forte assim! porque, afinal, tudo isso não passa de “puêêêêêira ah ah ah! puêêêêiiiiira ah! ah! levantou puêira!”. eloá que o diga, pobre coitada! E nos achamos pensantes! leia a tradução disto em www.bala-no-alvo.blogspot.com/2008/10/pergunta-que-no-quer-calar.html

quinta-feira, outubro 16, 2008

a revolta do rebelde sem causa ou doutor armindo tem razão: azedei!

desisto! me rendi ao nôtibuque, ao computador em si et per si! na verdade, como diz o professor e economista baiano armando avena, a cada cinco segundos, 'verdadeiramente', me rendi ao mundo globalizado em crises. me rendi a leokrett (?) vereador quarto mais votado na capital da bahia, pretensiosa e secularmente postulante a capital do brazil – não a leokret (originariamente sei lá quem? mas masculino e sexualmente plural) – mas (de novo, um “mas”) a ambos, a cidade e ao cidadão que, em nome de mais de 12 mil imbecis ou como preferem se enturmar “revoltados, desiludidos ou até protestantes” sem cair na história da religião, sufragaram nas urnas eletrônicas – modelo terceiromundista para um outro mundo – seu demagogicrático voto nestas eleições para escolher um alcaide.
nada contra leokrettis (com dois “ts”?); nada contra ex (leia-se: équis – é a moda!) ou atuais ou futuros maridos, mulheres, afins ou o diabo a quatro de “as, bs, ou cs da comunidade dita inteligente e formadora de opinião. como eu não formo, não esboço (mentira! esboço, sim!) e tenho a minha própria (no caso, opinião), reservo-me o direito – e hajam hífens e parêntesis – de vomitá-la aqui num espaço que, por ser virtual, assinado por mim e suportado por quem se der ao luxo ou ao nojo de lê-lo (acessá-lo, é mais apropriado).
vamos a ela (opinião, não leokretinice): acredito numa sociedade onde todos os indivíduos (e tome-lhe homofobia desde sócrates, sófocles e tantos outros homofóbicos mas não tanto assim) têm o direito de amar a quem lhe aprouver de fato e de direito. não votei e não votaria jamais em alguém de nome leokrett apenas porque não entendi o seu propósito. convenhamos e aceitemos a minha parca compreensão que pode até ser traduzida em burrice. apenas isto. como todo brasileiro, e que o diga o sociólogo e antropólogo norte americano estampado na istoé que garante que nós nos ferramos (no brasil) por conta da miscigenação e da preponderância da negritude. segundo ele, somos menos inteligentes por sermos mais negros (valei-me! carlinhos brown - hoje marron!). voltemos à minha burrice lembrando que até falo ingrêis: tenho amigos - amigos! pessoas do meu mais profundo respeito e talvez até amor por pessoas do mesmo sexo – aquele amor atávico de jcristo, de buda, cujo nome é complicado demais até para este mais complicado ainda 'post'; maomé, por quem tantos matam por não se saberem matar a si próprios (na verdade, de novo segundo armando avena, não teriam então por quem morrer ou matar) ou até mesmo pelo não morrível ghandi - com quem dizem que eu, memyself, me pareço e que acabou mais matável do que jfk ou, no meu caso específico, martin luther king i have a dream – obama, também. paciência!
a minha revolta revolta revoltáveis como uma editora que carrega no nome o sobrenome mais comum dos negros do brasil: santana; revolta um dos melhores (para mim) gerentes de um dos mais gananciosos bancos do brasil: ednaldo (por acaso, também santana); sacaneia e revolta também uma das cabeças mais pensantes (elas ainda existem!) de salvador: zé de jesus (que apesar do nome simplório, carrega mais nobreza do que os múltiplos sobrenomes que fizeram ou construiram isto a que chamamos nação e o azar – ou sorte - de ser barreto). a minha revolta que é besta, idiota, simplista per si, revolta , acima de tudo, a mim mesmo. não membro, de forma nenhuma, desta confraria da bazófia instituída desde não sei quando, me vejo jogado pra lá e pra cá, à mercê dos humores de todos (aí, sim, sobrenomes ilustres ou ilustrados ao longo dos anos e conchavos) os 'honrados' e poderosos deste país (país?! que país este, ó cazuza?!). aí me volta leokretti (italianei o cara! versacce de deus!); o mott é que, não sendo homofóbico e tendo mais de meia dúzia de filhos, não me interessava, na eleição e em nenhum momento, a opção sexual de cada candidato. como não interessa. mas, ficou uma pergunta. não. não ficou uma pergunta. ficou uma constatação: aqueles mais de doze mil votos teclados em favor de leokem? não foram para ela (é assim que se diz?) foram na verdade aveniana (perdoe-me, armando avena, tantas citações), uma demonstração inequívoca de que, por falta de discernimento, confundimos protesto com avacalhação e, por isto mesmo, avacalhamo-nos a nós próprios e nos medalhamos de ouro, bronze e prata como heróis gregos (a maioria, homossexuais, mas com um conhecimento e uma dignidade que levaremos milhares de anos para conseguir). os mais de doze mil eleitores de alecsandro (alvíssaras! lembrei o nome!) deveriam ter a consciência de que não a tem ou, no mínimo de, no próximo carnaval (época de posse dos eleitos) comprarem a fantasia das muquiranas (têm a honestidade de se travestirem durante o período e depois voltarem para o armário ou, até por respeito a seus pares – a chamada dignidade – a eles nunca mais tornarem) ou dos mascarados da moça menezes – que por si et per si, é fantástica – e se fazerem de conta que fazem de conta.
dito ou escrito isto, lembro de um cirurgião amigo de um amigo meu e de quem eu usurpei a amizade, o papo ao longo de duas ou três latas de cerveja numa barraca de chapa, que acha que – aí ele concorda com um músico fantástico que, em fim de carreira se decidiu a ser ministro de um torneiro tortuoso – eu sou azedo. eu, como bom discípulo de tudo que é arremedo de filosofia neste país arrevezado, concordo com o médico, o músico e o monstro: “... ou não! “ valei-me, são caetano! purificai (ou prurificai meu subaé!)

domingo, outubro 05, 2008

recorrências 2

fui jovem.
adolesci sem sequer perceber.
maturei
como uva ou vinho
e caminhei para a envelhescência
também sem o perceber...
e de repente, percebí!
envelhecí!
não como o vinho ou como o vinho...
avinagrei.
me tornei, de tão velho, intragável

recorrências 2

fui jovem.
adolesci sem sequer perceber.
maturei
como uva ou vinho
e caminhei para a envelhescência
também sem o perceber...
e de repente, percebí!
envelhecí!
não como o vinho ou como o vinho...
avinagrei.
me tornei, de tão velho, intragável

quinta-feira, agosto 14, 2008

o marketing do cofrinho: confronto entre realidade e sonho

igor gabriel de jesus santana - isto lá é nome de gente?! -, 14 anos, 1,80 de altura, pés tamanho 44, na condição de filho extemporâneo resolveu-se a me fazer uma visita de fim de semana (decisão tomada, na verdade, pela mãe dedicadíssima à tarefa nobilíssima de me arrancar alguns trocados a mais do que a mesada que emagrece mensalmente o meu salário de escriba e palrador) lá pelas bandas de arembepe, ao norte de salvadorcapitaldabahia. tudo bem. nada demais um pai receber um filho que o visita a mando da mãe ou mesmo de moto próprio. pois bem. filho recebido na estação rodoviária e conduzido a arembepe sem muitos salamaleques, rotina de semi-ermitão quebrada, rotina de pai secularmente esquecida iniciada, leviana e espertamente faço com que o moleque crie sua própria rotina a reboque da minha: sábado (primeiro dia) hora de acordar: 4 e dez da manhã. Moleque de cara feia e olhos remelentos e remelados; caniços no carro, puçá no porta-malas; camarões no isopor e vamos à la playa antes que o sol nasça e nos faça mais negros do que já o somos naturalmente. dentuço de brancos caninos, molares e dentes outros, o moleque é, até certo ponto, bonito. algo totalmente desengonçado nas girafianas pernas, o gabriel - e ainda tem nome de arcanjo! - é um sujeito calmo, lento - nas palavras e atitudes - é simpático. depois da malsucedida pescaria, decidi-me a comprar-lhe (haja dinheiro!) alguma coisa. entramos numa antipática lojinha cheia de quinquilharias. nada havia que prestasse. apenas quinquilharias e uma mocinha que, pretendendo ser amável não conseguia desarregaçar os lábios e esconder os dentes metalizados por uma espécie de corrente dentária ornamentada com uma pedrinhas vermelhas e que a faziam falar com sibilado carioquês pretendendo 'xis' onde se advinhava um 's' ou 'c'. só que o moleque entrado na aborrescência muito recentemente, advinhava sedução onde só havia a caça ao vil metal (leia-se plástico. afinal cartões - de crédito ou débito - não são de metal); advinhava sexo onde só havia droga; sonhava rock'n'roll onde só havia baladas sorianas. eu até me peguei pensando "como é que um moleque desses que fica com a cara de televisão de tanto ver cartoonnetwork e seus desenhos (des)animados pode olhar uma mulher (ainda que horrorosa e, vai ver, por isso mesmo) com olhos de homem? sei lá! vai ver que é a dieta de hoje em dia: frango (cheio de hormônio); hambúrger (cheio de hormônio); pipocas (cheias de hormônio); hormônio cheios de hormônio; a cabeça cheia de hormônio e os neurônios com porra nenhuma! claro que como macho latino americano e de herança nagô, enchí a bola do rapazote. mesmo assim, saímos da lojinha e dos olhares da moça dos dentes de aço. íamos à barbearia. eu precisava tirar a barba e os cabelos remanescentes nas laterais e fundo da minha cabeça. entre a lojita e a barbearia, o orgulhoso projeto de casanova se saiu com um respeitoso "o senhor viu, meu pai, como ela me olhou?" "como ela te olhou!?" retruquei nada atencioso com o orgulho do moleque. "quase me comeu com os olhos. viu só que sou bonito mais do que o senhor?" eu, que tentava negociar com uma caipirosca malajambrada por um bartender que trocou de sexo e mesmo assim continuou um figuraço e tanto, engasguei com a risada e os farelos de limão. "você o quê?!" "todo mundo me diz isso quando diz que eu sou a cara do senhor!" não fosse o respeito implícito no 'senhor' e a carinha de criança precisando de apoio moral, condescendência, afago, aceitação e tantas outras coisas, minha gargalhada seria demolidora porque não sou de gargalhar. o moleque estava tentando competir comigo através da imagem! bem que ele é bonitinho - não sei a quem puxou, mas à mãe não foi! - mas é aquele bonitinho que está mais pra suco de chuchu ou preá com melancia: passa batido! mesmo assim, achei legal a competição. ou melhor, a alta da auto-estima dele. então deixei-o competir. na barbearia - propriedade do ex-tupamaro Walter que ainda sonha com a old fashioned guerrilla - fiz o que tinha que fazer com um arremate: autorizei o arcanjo negro gabriel a dar uma repaginada no negro russo igor. mais alta na auto-estima não faz mal a ninguém. mas depois fiquei com pena da inocência dele. do alto dos seus 14 anos, não percebeu que os meneios, os trejeitos de olhos, o rego da bunda mostrado como se por acidente nada mais era do que parte da estratégia de venda da mocinha de dentes de titânio e cabelos de chapinha. vai ver, quando cinquentanear que nem eu, ele perceberá.
ps 1.: eu gosto dele, sim.
ps 2 .: não comprei nada, não.
ps 3.: o título acima não tem nada a ver.

quinta-feira, julho 31, 2008

lula, os pinguins e o subúrbio

eu sou algo assim meio tímido, inteligência capenga, humor meio noir. não tem jeito, por ser o meu jeito. mas tenho alguns amigos ótimos. nada tímidos, inteligentes tanto que beiram o brilhantismo ou que o ultrapassam - se é que podem fazê-lo - léguas e léguas e de humor sagaz, afiado e até histriônico. assim o são meus parcos amigos. engraçado é que, depois de postar um brogue falando (escrevendo, ó idiota!) do êxodo dos pinguins de magalhães na suicida tentativa cabraliana de (re) descobrir o brasil da parte de cima - que culminou e ainda vai culminar em tragédia para muitos deles à semelhança do aconteceu com alguns gajos lusitanos que aqui foram comidos, literalmente, pelos selvagens habitantes destas plagas que, séculos depois (pelo menos em jauá) continuam do mesmo jeito, recebí alguns elogios e muitos apupos. na verdade, não foram apupos mas tão somente comedidas observações acerca do substantivo masculino que utilizei para localizar a quase idílica - não fossem as bombas dos pescadores - praia da ribeira que, por sua vez, fica encravada na península itapagipana que, também por sua vez, encrava-se alguns engarrafados quilômetros distante da fervilhescência do centro da cidade (leia-se barra, graça, avenida sete, daquele trambolho modernoso chamado palhácio tome de souza e etc etc etc). reclamaram eles que a quase paradisíaca (não fossem as bombas dos pescadores) ribeira não é subúrbio. sentiram-se provavelmente humilhados diante de tamanho rebaixamento ou de tão vil comparação à pra lá de quase paradisíaca (não fossem os esgotos a céu aberto e às bombas do pescadores - parecem praga - suburbanos) praia do tubarão, no longínquo são tomé de paripe; sentiram-se minimizados na suburbância de compará-los à beleza mesmerizante (apesar dos esgotos, da lama, da pobreza e da guerra surda travada entre traficantes) que é a enseada do lobato sob um luar de plenilúnio ou ainda de um coruscante por de sol em vermelhos e amarelos (a miséria, ajudada pela natureza, também produz maravilhas para os olhos enquanto entristece a alma). o melhor de tudo é que o suburbano lobato imerecedor da comparação fica bem ali ao lado da ribeira que resiste a se juntar à comunidade suburbana. têm razão, os ribeirinhos: afinal, lá é o único lugar da urbis onde ainda existe uma segunda-feira gorda (magérrima, nos dias de hoje) quando as pessoas sentam-se nas amuradas, nas mesas de bar e fazem o que sabem fazer de melhor a semana inteira: nada! empanturram-se de comidas ditas leves (mocotós, feijoadas, rabadas, peixadas, moquecas e sambas - agora ridículos pagodes) que fazem um bem terrível a donos de farmácias de outros lugares. mas isto é muito bom porque é típico de lá. um ribeirinho ou ribeirano ou itapagipense que não vá a uma segunda feira gorda merece, sim, ser taxado de suburbano. passei dez, doze, quinze anos da minha vida na condição de suburbano no quase paradisíaco (não fossem as quadrilhas que infestam o lugar) principado (ou república livre) de itapuã. puro subúrbio. nu e cru. itapuã, stella mares, flamengo, aleluia, paripe, periperi, coutos, ribeira (valei-me, deus!) tudo isto é, orgulhosamente, pelo menos para mim que os vejo belos, subúrbio. alguns cheios de charme -leia-se, dinheiro - outros de pobreza, mas a beleza está nos olhos de quem vê. não de quem escreve bobagens tamanhas como essa aí acima, reiterando a condição suburbana e maravilhosa da quase divina (não fossem as bombas dos pescadores) ribeira.
mas, tudo bem. uma das pessoas a quem eu mais respeito na vida quase se acabou de rir ao ler a postagem anterior. pura condescendência de fada madrinha.
em tempo: subúrbio: s.m., do latim suburbiu - localidade próxima de uma cidade e que depende desta; arrabalde; arredores;redondezas; cercanias ou proximidades (de cidade ou povoação).
portanto, a ribeira é, sim, suburbana!

quarta-feira, julho 30, 2008

lula, os pinguins de magalhães e a reforma aquária

repercutiu muitíssimo bem nos sete mares a bombástica declaração do presidente luizignatiuslulalelédasilva anunciando a decisão (muito sóbria) de realizar – agora que já temos (?) reforma agrária – a reforma aquária! e o melhor de tudo: o anúncio foi feito na quase paradisíaca (não fossem as bombas detonadas pelos pescadores) praia da ribeira, subúrbio quase encantador da capital da bahia. agora, o que se entende por reforma aquária? será criado um ministério dos mares (não da marinha pois este já existe) que mapeará as regiões aquáticas para fins de divisão? ou será apenas uma secretaria especial como aquela do futuro que é governada pelo mangabeira (argh!) unger que se dedicará a estabelecer limites entre águas produtivas e improdutivas para que os peixes grandes latifundiários tenham que rever seus conceitos e posições de modo a beneficiar pititingas, sardinhas, chicharros (grafei certo?), peixes-palhaço e camarões todos minifundiários e, claro, potenciais alvos dessa genial reforma.
o anúncio repercutiu tão bem que o the big reef journal of gossips, prestigioso e prestigiado hebdomadário da grande barreira de corais australiana publicou em manchete com letras garrafais o decreto brasileiro e cobrou das autoridades recifenses (os grandes tubarões brancos) medida semelhante naquelas águas.
mas, como é práxis em brasilha, a bem intencionada reforma aquária luliana, antes de ser anunciada com pompa e circunstâncias na quase idílica ribeira soteropolitana já havia vazado com a precisão de uma operação sathiáguara da polícia federal da antártida.
sabedores da intenção, graças à inteligência gelada lá do calcanhar (a outra palavra é menor mas é... digamos assim, escatológica e não pegaria bem num brogue tão sério quanto este) do mundo, pingüins de magalhães (estreito de magalhães, patagônia, argentina) se fizeram n’água alguns meses atrás e, pelo menos quinhentos deles chegaram ao litoral baiano pelo menos quinze dias antes do anúncio presidencial. imaginem em que praia a maioria aportou? ribeira, claro.
alguns se perderam e foram parar em sergipe, três outros foram ainda mais desafortunados ou então foram simplesmente irresponsáveis quando, embasbacados pela beleza do litoral norte da bahia e já fora de rota, resolveram que antes de ver e ouvir a alvissareira notícia, deviam fumar unzinho lá pras bandas de jauá e, como novidade, tornaram-se protagonistas de um estranho churrasco no quintal de um pescador. pingüim no bafo tem gosto de quê? expliquemos aqui a razão dessa debandada geral pinguiniana lá de magalhães. além do fato de se localizar na patagônia, geopoliticamente o lugar é portenho e apertadíssimo. tanto que o seu nome é “estreito de magalhães”. pelamordedeus não vão pensar bobagens anatômicas! já que o estreito é estreito e como brasil, grande, largo, imenso, descomunal, gigantesco, colossal, formidável etc etc e etc está se propondo a fazer uma “reforma aquária” para onde nuestros hermanos (pingüins ou não, são argentinos!) iriam? mesmo nos detestando historicamente, onde eles todos acabam fazendo a vida (no bom sentido, claro!)? acá, em brasil! então vieram todos aqueles possíveis para a realização do sonho impossível dos brasileiros da parte de cima - e que os da parte de baixo fingem não saber que existem a não ser quando saem de férias ou é carnaval -: conhecer, de verdade, em penas, bico e ossos um pingüim sem ter precisado morrer de frio.

quinta-feira, julho 17, 2008

(des) caminhos

onde começou a estrada que terminou em nós dois?
em que fim de estrada começamos o caminho de volta?
se volta houve, onde iniciamos o começo?
onde chegamos ao fim?
em algum lugar, em algum momento, começamos.
em algum lugar, em algum momento, chegamos.
onde? no começo? no meio? no fim?
estradas talvez até não tenham começos nem 'fins'
talvez sejam apenas 'estradas' a todos os lugares...
a lugar nenhum...
são apenas começos, vislumbres de um fim
ou um fim que não se reconhece começo.
onde terminou a estrada que começamos em nós?

quinta-feira, julho 03, 2008

couraça

a minha solidão é pesada
não tem a menor complacência
e dói em quem a percebe.

me envolvo nela como couraça fosse
como útero carinhoso
para não me sentir

na minha solidão
não amo menos nem mais
não me dou e nem recebo

e cercado assim pela minha muralha
nem tão chinesa assim
vivo somente aquilo que há pra viver

sexta-feira, junho 13, 2008

a guerra de bush em salvador (ou a guerra do iraque é fichinha)

uma semana de salvador, aliás, uma semana, não. meia semana de salvador conseguiu matar mais baianos do que as balas e bombas inteligentes americanas e homens burros bomba iraquianos no oriente médio. e olhe que não há nenhuma guerra, daquelas convencionais, por aqui. há sim, uma disputa absurda e suja por pontos de droga e poder. há sim, uma guerra suja e silenciosa, entre poderes que não são o estado ou as outras instituições conhecidas pelos sociólogos como poderes e pilares de uma sociedade. polícias civil e militar se bicam a cada instante. secretários alardeiam factóides e inteligentsias mas no fundo não fazem nada!
vivemos num momento estranho. Enquanto grupos de extermínio fervilhavam na periferia, extinguiu-se o grupo de repressão a esses crimes. justamente quando o ministério público criava um grupo de apoio a esse grupo exterminado. porque? era a hora certa. diziam. tanto não era que os grupos de extermínio metastasiaram-se do subúrbio, onde originalmente, surgiram para as bordas mais internas da cidade. e agora? a secretaria da justiça não fala e não sabe do que faz a de segurança que por sua vez, parece ignorar solenemente a da justiça.
e nós? como ficamos? como no provérbio, na briga entre a maré e o rochedo, quem leva a pior é o caranguejo. quem somos nós?

quarta-feira, maio 28, 2008

pior que ele, só ela!

tem jeito, não. por mais que eu tente fazê-lo me esquecer e dele, esquecer-me eu, ele volta. lépido e fagueiro como um cruzado medieval e me ataca pelas costas, pela frente, pelos lados. como um esqueleto daqueles de pesadelo, sai do armário e entra na minha vida assim, descaradamente. despudoradamente. por mais que eu tente, é impossível livrar-me. mas não me deixarei dominar. não me deixarei vencer. jamais! muito menos agora que faltam apenas dois anos para que esse meu sonho de me ver livre dele se concretize. desistir desse sonho?! nem com reza braba!
sério! eu pensava que havia conseguido a façanha de não ser tentado a escrever mais sobre luizignatiusluladasilva et caterva. mas estava enganado. o cara é maquiavélico! faz de tudo pra me provocar e o pior é que consegue sem muito esforço. E olhe que eu é que me esforço pros diabos pra não dar a mínima pra ele que, num estalar de dedos, acende em mim toda essa fúria destrutiva, todo esse palavreado que ele nem lê, muito menos seus assessores mais distantes. Talvez faça isso de estalar os dedos em minha direção, por me ignorar e, me ignorando, saber com toda a certeza de que, como amanhã será outro dia, nem tão novo nem tão bom, mas outro dia, eu ficarei indignado.
suportei as gracinhas lulistas loooongo tempo. suportei a briguinha dele com dom cappio, com alguns congressistas, com marina silva, com hugo chávez, com evo morales, enfim... suportei ainda quando ele andou aspirando ares de salvador das américas...tudo. tudo! mas agora é demais! semana passada, ele cansou de fritar marina silva e a mandou de volta pro congresso, depois, ao empossar o mais novo candidato à frigideira, veio com gracinhas ridículas com metáforas pebolísticas “faça de conta que você é amarildo na copa de 62 e substituiu pelé!” antes, ele dizia que “em time que está ganhando não se mexe!” quando a cêpêemeéfe foi derrubada, o país inteiro comemorou, menos ele. dias depois, veio dizendo que o país tinha atingido superávite (quem é esse herói em quadrinhos?) mesmo sem cêpêemeéfe; um pouquinho mais depois dizia que precisava de mais grana e ia criar mais um imposto, mas que a responsabilidade seria do congresso; mais um pouquinho depois, acusou os empresários de não ajudarem em nada. e agora, bastante depois, os seus puxa-sacos mais próximos criaram tudo que ele mais sonhava: trouxeram – ou pretendem trazer – à vida, a falecida cêpêemeéfe com o nome de cêésseésse.
pelamordedeus! pior que lula só dilmarrrrousséfe!

sábado, maio 10, 2008

recorrências 2

fui jovem.
adolesci sem sequer perceber.
maturei
como uva ou vinho
e caminhei para a envelhescência
também sem o perceber...
e de repente, percebí!
envelhecí!
não como o vinho ou como o vinho...
avinagrei.
me tornei, de tão velho, intragável

segunda-feira, abril 28, 2008

recorrências

minhas manhãs de lua cheia
perseguem-me e encurralam-me
pensando você.
o marulhar do riacho onde pesco
imagens carrega um quê da sua voz.
durmo desolado isolando sonhos
que você invade.
o meu amor é recorrente.

terça-feira, abril 22, 2008

Fiquei,
De algum modo, parado
Nas pregas de um tempo
Que nem sei se houve algum dia.
Me lembro,
Como se fosse agora,
Do teu riso choroso,
Do teu choro risonho e,
Ainda como se fosse agora,
Te ouço nos cantos da memória que,
Embora em mim,
Morreu nos degraus da tua casa.