na rua, na chuva ou na fazenda

terça-feira, maio 21, 2019

a star is born

desde janeiro, me abstive de postar qualquer coisa neste espaço que, embora considere meu, sei que de fato não o é. abstive-me simplesmente porque falar de política no contexto atual é chover no molhado ou, ainda pior, é inscrever-me em uma das duas facções em que se dividiu o país antes e depois das eleições de 2018.

o sentante atual da cadeira mais alta, mais macia e mais encantadora do palácio do planalto - um néscio comprovado - tem tentado cumprir as suas promessas de campanha: decretos e mais decretos sobre armas (por último, liberou a compra de fuzis); bate-bocas inúteis, sem sentido e sem fundamento pelas redes sociais que ele faz de conta que administra embora todos nós estejamos carecas de saber que o verdadeiro administrador é um dos seus filhos queridos.

manipulado por não sei quantas mãos e dedos, o discípulo do astrólogo olavo de carvalho rende-se ao canto de sereia daqueles que sonham com a imortalidade do bronze com que ditadores perpetuam sua vaidade e seu desejo de poder. ferido de morte para ganhar sobrevida durante a campanha presidencial, jair bolsonaro não é um sobrevivente. é o resultado de uma estratégia que só agora se revela como tal com o apelo a uma manifestação em prol dele mesmo no próximo dia 26.

E, como todos os seus antecessores na história das américas que não tem o inglês como sua língua mater, o presidente brasileiro desponta no horizonte nublado como candidato a mais novo caudilho deste pedaço de mundo chamado américa latina.

ignatius bem que o tentou ao fazer um jogo extremamente populista e que nos lançou no buraco financeiro em que nos encontramos. só não deu certo porque, como dizem os cientistas sociais lá de itapoan, o olho cresceu demais e aí meteram a mão na jaca "de com força" tanta que não sobrava nem caroço. e, além de tudo, do alto da sua esperteza, luiz ignatius, foi besta, otário, babaca, ao não perceber que pra todo sabido tem um mais sabido ainda. e deu no que deu.

o capitão, que se cercou de generais (talvez pra se vingar dos tempos de caserna quando recebia ordens até de majores) e astrólogos e atores pornôs e pastores e venezuelanos pra educar brasileiros e, acima de tudo, de familiares (filhos, primos, ex-mulher, compadres, afilhados e o diabo a quatro) aprendeu rápido, a dizer e desdizer em frações de segundo.
perigosamente à deriva, o brasil navega em direção a uma nova ruptura institucional comandada por um sujeito que acredita que o pior mal do país é a classe política - da qual ele emergiu direto para a presidência da república - e que a história que se conta da história do país precisa ser refeita, reescrita e recontada. desta vez, sob a sua ótica.