estou precisando mesmo de dar um grau nas minhas emoções desde um fatídico abril de 2021 quando me desconfiaram possivelmente neoplásico. frouxo que sou, comecei a fazer as investigações preliminares na levada dos sambas de martinho da vila "bem devagar, devagarinho..." pura frouxidão mesmo! mas o tempo passa, o tempo voa e os deslizes do corpo não perdoam. chegou a confirmação indesejada de todo: eu estava portador de um tumor na região da orofaringe que, por tabelinha e pura diversão me atingiu a base da língua e ameaçava as cordas vocais.
me mantive fleumaticamente britânico, gelado que nem um viking que antes de conquistar os países nórdicos vivia em botswana e, pra se acostumar à gelidez da vida e da meteorologia, passava as férias de verão no kilimanjaro . tradução: o medo se instalou geral a ponto de me fossilizar . não adiantaram os acalantos de amigos, parentes e aderentes na base do "porra véi a medicina tá super evoluida! pare com isso!" meu estado de espírito flutuava qual alma penada (trocaralho do cadilho de tão infeliz!): ia do purgatoriano limbo aos infernos bíblicos e dantescos em milisesgundos. não que eu não tenha medo da morte. tenho, sim; e como!!! apenas finjo que não é comigo. mas esse medo é perfeitamente compreensível: qualquer vivente tem medo daquilo que não conhece!hoje, em um leito de hospital dito especializado, me surpreendo com o desprendimento de meninas e meninos, homens e mulheres novos e nem tão novos assim que se doam em busca de lenitivo para as dores de uns como eu e outros a quem o acaso se encarrega de castigar por erros ainda não cometidos ou cometidos em tempos doutrora. é fato e é bonito este lado de uma casa pra se morrer falando em saude. tocante o desespero (real) que bate nos olhos dos embriões de médicos e enfermeiros (com todos os gêneros a que esses profissionais optem neste mundo cheio de preconceitos dentro de preconceitos) quando um paciente mais cético e mais cansado desiste. presenciei dois desses casos de desânimo pela vida e o entusiasmo com que dão à morte seu último suspiro. certamente não pensaram no sofrimento de quem se esforçava pra deixá-los aqui mais um tempinho e se sentiram lesados levianamente.
na enfermaria que ocupo somos quatro. o time recebeu reforços depois de duas desistências. resistir é preciso; viver também é?
lindo e lido com um nó na goela, olhos porejando. meu irmão querido, saiba que muito te gosto e respeito. é que, mesmo distante, estou junto. um beijo. força.
ResponderExcluirSem palavras, meu amado mano vei Charles Albert! A não ser as de sempre, que tu bem sabe. Ai loviu!
ResponderExcluirUm grande herói luta e ainda têm tempo para escrever, eu amo esse herói.
ResponderExcluirConhecir o senhor a tão pouco tempo a minha admiração e respeito, parabéns pela criatividade de ajuda outras pessoas vc é um vencedor Deus ti abênçoe grandemente um abraço
ResponderExcluirEstupendo, meu amigo! Você já se eterniza em coração!
ResponderExcluirEu ia dizer IMPRESSIONANTE, mas com Laís nada era de fato impressionante, sempre havia mais. Siga o seu caminho em paz.
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