na rua, na chuva ou na fazenda

terça-feira, dezembro 15, 2020

entre "eles" e "nós" e "finalzinho de pandemia" a vacina vira responsabilidade dos mortos

 "estamos no finalzinho da pandemia." a frase típica do ex-capitão transformado em presidente do brazil é o epitáfio para mais de 160 mil brasileiros mortos até este dezembro pela covid-19.

o grande problema é que ele fala coisas como essa pleno de convicção. da mesma forma como acha que joe bidden não venceu seu idolatrado trump. tanto acredita que não acredita nas vacinas em produção e, por isso mesmo, vencido pelo clamor do povo da ciência, baixou um decreto autorizando a vacinação mas ressalvando que quem se dispuser a tomar a vacina terá que "assinar um termo de responsabilidade".

é mais um round da luta de rua de bolsonaro contra a vacina; é mais uma rodada dessa maluquice, dessa insanidade que grassa no gabinete lá de brasilha onde ele faz de conta que trabalha e que seus filhos fizeram de playground para exibirem suas armas (essas, de verdade).

infelizmente, 37 por cento de brasileiros professam da mesma fé. mas a culpa dessa insanidade instalada na terra brasilis recai única e exclusivamente na cabeça de uma pessoa: luizignatiusluladasilva por sua teimosia em dividir um país antes supostamente único em dois: "eles" e "nós". venceram o "eles" do discurso lulista (não petista, mas lulista) e perdemos nós todos. 

terça-feira, novembro 10, 2020

“...este país precisa deixar de ser um país de maricas!” e la nave va!


hasteiem as flâmulas! rufem os tambores! ergam-se os estandartes e espoquem os fogos de artifícios para anunciar mais uma acachapante vitória do senhor do feudo brasiliano vassalo do landlord defenestrado e recalcitrante cujo poder se esvaziou ao longo dos últimos tenebrosos dias eleitorais.

de cabisbaixo e meditabundo - bicudo como criança que teve seu brinquedo preferido negado - o inquilino do palácio do planalto despertou eufórico com a suspensão dos testes da vacina contra a doença global que tem vitimado milhões mundo afora e, aqui nessas plagas abaixo da linha do equador tem levado seu quinhão diário.

"mais uma vitória!" brada, sem empatia alguma, o mandatário que afronta a si próprio ao afrontar milhões de compatriotas e desdenhar de todos os mortos dos quais ri à socapa. é a compensação que tanto esperava pela derrota que lhe impuseram ou que impuseram à sua submissão os seus amados compatriotas do hemisfério norte.

nós, daqui de baixo, também fomos e estamos sendo derrotados. a cada palavra cuspida pela cloaca presidencial. a cada palavra cuspida pelos menestréis que regem a sua orquestra genocida engendrada pela infantilidade da sua insanidade que grita a plenos pulmões em rede de tv: “este país precisa deixar de ser um país de maricas!”. e la nave va!

domingo, novembro 08, 2020

quem vai querer comprar banana?


tá tudo muito bem, tá tudo muito certo mas, de alguma forma, as eleições dos estados unidos da américa do norte acabaram deixando um gosto de café dormido na boca dos nativos da mais nova colônia ianque no mundo pós guerra. em brasilha, a capital dessa nova colônia, os homens-fortes dessa coalizão andam meio cabisbaixos por ter perdido sua retórica trumpístico/autoritária/eugenística.

isso me leva ao título deste post que, por sua vez, me remete a uma canção do disco "mico de circo" do saudoso luiz melodia: presente cotidiano (quem quiser que procure no you tube). nele, o genial autor de estácio, holly estácio questiona: "quem vai querer comprar banana?" é o que deve estar agora se perguntando o clã presidencial que perdeu a chance de ter um presidente pra chamar de seu.

imagem: reprodução do conversa afiada


sexta-feira, novembro 06, 2020

a síndrome do cachorro à mesa do jantar.

os psicanalistas de plantão e os observadores políticos onipresentes devem estar se sentindo no sétimo céu observando os movimentos da maré eleitoral dos estados unidos da américa do norte. lá, como aqui, possíveis derrotados buscam desqualificar a possível vitória do seu opositor. de todas as maneiras.

lá, pelo menos, existem leis, uma democracia até certo ponto consolidada e que vem sendo atacada justamente pelo primeiro mandatário que não parece muito satisfeito com a ideia cada vez mais clara de que poderá perder a boquinha conquistada há quatro anos quando sucedeu barack obama.

aqui, embora não tenha a mesma importância global da de lá, as eleições municipais surfam as ondas de sua própria insignificância mundial atoladas nos seu próprio modus operandi de sempre: abuso de poder, manipulação de sentenças e decisões judiciais, pesquisas sem base científica e de credibilidade nula etc e tal.

em brasilha, ilhado no seu seio familiar, o nosso presidente promove até -imagino eu - rodadas de oração pela re-unção de trump à cadeira mais alta do salão oval da white house.

lá, trump esperneia que nem criança em busca das tetas maternas no início do desmame.

aqui, o plantel do clã familiar que rege o país, põe os olhos famintos para cima com expressão de súplica.

como cãezinhos rodeando a mesa de jantar.


quarta-feira, novembro 04, 2020

e eu que pensei que morava no brasil


andei meio distante de ler notícias internacionais nos últimos dias e, por causa disso, me tornei um completo alienado geopolítico. acabo de descobrir, com imensa surpresa, que saí do brasil e me tornei cidadão norteamericano com direito a voto e a zorra toda já há algum tempo sem nem ter tido o (des)prazer de passar pela imigração gringa.

claro que fiquei inflado de orgulho de poder saudar a bandeira de stars and stripes como um legítimo papa-bacon com direito a deixar de lado essa coisa verde-amarelo ufanística de gritar "brasil acima de tudo e deus acima de todos!". afinal soa muito mais cosmopolita e desenvolvimentista dizer "god save america!" ou vestir uma camiseta com a carantonha de trump onde se pode ler "make america great again".

o melhor de tudo isto - de ter me tornado norteamericano sem ter pedido - é ver nossos parlamentares, nossos ministros, nosso presidente subirem a palanques e tribunas pedindo votos dizendo que a democracia vencerá e trump vencerá biden cuja única intenção é acabar com o mundo e com as liberdades (temo-las?).

é altamente patriótico olhar o olhar embasbacado daquele rapaz lá do planalto idolatrando a figura daquele cara lá da white house como se santo fosse. tenho mesmo a impressão que aquele olhar é de súplica ou, quem sabe, de amor profundo.

às vésperas das eleições municipais - que determinam o rumo daquelas que vem por aí, em 2022 - o brasil só tem olhos para as urnas norteamericanas.

e eu que pensava o tempo todo ser brasileiro, me descubro um afro-american lá dos bayou da louisianna. 

domingo, novembro 01, 2020

a noiva mais cobiçada

desejada por dez entre dez entre dez postulantes ao cargo de prefeito na bahia, a presença do governador rui costa na campanha eleitoral gratuita no rádio e na televisão tem sido chôcha de fazer dó. isso quando se fala oficialmente. extra-oficialmente, rui tem sido citado, mostrado, tocado e, de certa forma vilipendiado a torto e a direito.

na capital, ele decidiu abrir o leque e aposta suas fichas em denice, bacelar, isidoro ou quem tiver olhos e unhas mais rápidos muito embora o sucessor do alcaide já esteja praticamente com a bunda na cadeira se as pesquisas (e o povo) forem levados a sério. já pelo interior, o bicho pega ponto com ponto bêérre.

em ilhéus, itabuna e adjacências no sul da bahia, a coisa chega a ficar engraçada. em ilhéus, rui e neto (prefeito de salvador e com quem o governador deu um belo exemplo do que seria a política ideal nesses tempos de pandemia) cavalgam diferentes alazões. neto, para marcar território com vistas a 2022; rui, para defender seu feudo.

em itabuna, outra jóia (ainda que gasta) da coroa, rui não dá as caras. quer dizer: dá e não dá. dos onze candidatos, apenas um se declara "itabuna acima de tudo e deus acima de todos!" os outros, direta ou indiretamente, ainda esperam as bençãos de rui. inclusive o candidato - que deveria ser, em tese, o  ungido - do seu partido.

fernando "cuma" gomes, usa imagens garimpadas da internet em eventos já quase esquecidos para lembrar que, em algum momento, recebeu afagos do "correria"; o capitão azevedo, com seus saltinhos miudinhos e sua legítima correria pelas vielas grapiúnas, também alardeia um lugar garantido sob a égide de rui; neófito como administrador, o ex-deputado augusto castro, sobrevivente da covid quer atribuir a um milagre a sua cura e a rui, a sua eleição; geraldo simões, petista de quatro costados, aguarda com santa (im) paciência a definição ou um aceno que seja do cacique baiano. para todos, até o presente momento, nada. nem tchum!

sinal dos tempos? ou será o novo normal da velha política baiana?

de qualquer forma, rui ou a sua presença ainda é a noiva mais cobiçada para subir ao altar no dia 15 de novembro.



sábado, outubro 31, 2020

as várias facetas de um candidato à eternidade

não foi por falta de tempo ou de assunto o súbito e continuado desparecimento de novos textos nesse - nem tão democrático assim - espaço. foi mesmo aquela coisa de estar de mal comigo por não me saber bom o suficiente para falar daquilo que todos falam o tempo todo. até porque seria chover no molhado.

dia desses, conversando com joão "o bonitão" leão, por voto vice-governador da Bahia, recebi um sábio conselho: "você escreve bem mas escreve demais, bonitão! seja mais conciso, depois do tuíter e do zap, ninguém quer saber de muito texto, de muita leitura!"

sábio joão!

então, aí vai a minha primeira tentativa de me reduzir aos termos da "nova leitura" nesse novo normal panderiano.

em itabuna, o octogenário fernando "cuma" gomes, no cargo de prefeito se aferra à possibilidade de continuar sentado na cadeira de mandatário e não mede esforços: joga borra de asfalto sobre ruas enlameadas e posa entre os espalhadores do betume misturado com cascalho capturando cenas para seu programa eleitoral. a justiça eleitoral sequer ergue a venda pra olhar.

fazendo história, o histriônico prefeito manda um eleitor enfiar o voto no c*!; ao outro, ele simplesmente avisa: "você não manda em nada! o prefeito aqui sou eu!" sem lembrar que pede o "voto de gratidão" em seu trabalho de convencimento do eleitor. elegante e pretensioso, na abertura do seu programa, sua imagem aparece sobrepondo-se à cidade vista de cima e, como uma divindade, proclama: quem manda em mim não está aqui. é deus e nossa senhora! e desfia todo o seu rosário.

famoso desde sempre pelo "cuma" fernando decretou a abertura do comércio itabunense (então sob o mais intenso ataque da covid-19 no estado) na base do "morra quem morrer". Isto em julho, no pico da pandemia (e das mortes na cidade). 

agora, na campanha, tenta se redimir, "evita" aglomerações e diz que "em respeito à vida suspendeu as carreatas e caminhadas." na prática, aumentou-as. é o fernandinho de sempre: bigodinho à la cantinflas, só que torto como sua boca; a fala engrolada como um bêbado que não vê a equilibrista e a pose de um gigolô dos tempos áureos do cacau.

melhor mesmo é a leitura (se é que se pode chamar assim) dos bloques locais. é difícil saber quem cobra mais para copiar e colar releases das assessorias. novos tempos. o novo normal do jabá!

em tempo, ó sabio joão: ainda não consegui reduzir a verborragia por mais que o tente!

domingo, abril 12, 2020

Jair ganha a batalha da imbecilidade e o povo sai às ruas. Viva a ignorância!


um vizinho (e eu quase o diria um amigo), pescador, motorista de ambulância e bolsonarista extremo me saiu, na última quinta-feira com uma pérola típica dos  defensores mais ardorosos do presidente brasileiro ao repercutir (ou papagaiamente repetir) uma afirmação cunhada pela equipe de comunicação do gabinete presidencial e exarada dos lábios do próprio capitão em mais um desses eventos matinais de brasilha: “depois dessa crise, vocês vão dizer que os cientistas estavam errados e o presidente estava certo o tempo todo!”

a frase afirmativa e majestática nasceu como arma a ser usada contra os defensores do isolamento social e aqueles que criticam a paixão de bolsonaro e uma parte do seu grupo ministerial pelo medicamento hidroxicloroquina ou, com mais intimidade, “cloroquina” como remédio eficaz contra a sars-cov-19 ou também intimamente, coronavírus.

em meio aos impropérios dirigidos à rede globo de televisão – eleita por dez entre dez bolsonaristas como responsável pela explosão da pandemia no brasil – e ao médico dráuzio varela que acaba de ser nomeado ‘médico da globo’ esse meu vizinho, ao repetir a frase de bolsonaro me fez lembrar de fernando collor de mello que se apossou de uma frase secular da filosofia grega ao vaticinar: “o tempo é o senhor da razão.” isto, nos estertores do seu malfadado mandato.

o messias bolsonaro tem, em sua personalidade, algumas características que fariam a alegria de qualquer psiquiatra ou analista da natureza humana se ele se permitisse a tal estudo. o culto à personalidade de homens que tendem a pruridos ditatoriais como donald j. trump, presidente norte americano e seu ídolo maior depois de edir macedo, olavo de carvalho e carlos bolsonaro, seu filho (e aqui, invertem-se os papéis com o filho se tornando referência para o pai); a mudança repentina de humor e de opinião e a aversão absurda que tem a ser contrariado. "bolsonaro odeia sombra" dizem os chegados ao seu cercadinho.

evangélico, o presidente queria que serviços religiosos como cultos e outras práticas se tornassem parte dos serviços essenciais da nação como saúde, educação, segurança e etc. não conseguiu e esperneou horrores. é quase a mesma coisa de quando quis nomear outro dos seus filhos – aquele que passou um tempo nos istêites aperfeiçoando o ingrêis ao fritar hambúrgueres como embaixador brasileiro junto à maior potência mundial.

contra tudo e contra todos, o presidente brasileiro se opõe ferozmente contra o isolamento social e contra o seu ministro da saúde, luiz mandetta (seguramente o seu hoje mais importante e sério auxiliar – pelo menos tecnicamente) e chegou a cogitar em demiti-lo: “a caneta ainda funciona!” teria dito. os dois tiveram vários ‘arranca-rabos’ em meio a reuniões ministeriais e os alcoviteiros de plantão como onyx lorenzoni e osmar terra, por exemplo, se apressarem a limpar as gavetas de mandetta. não deu certo. a popularidade de mandetta subiu aos céus e bolsonaro quase desce aos infernos antes do terceiro dia.

entre os que se aliaram, desde o início, ao presidente na cruzada contra o isolamento proposto pela organização mundial da saúde e outros organismos para combater a covid-19 estão prioritariamente pastores, “bispos” e “apóstolos” pentecostais como r.r. soares, valdemiro santiago e o próprio edir macedo, dentre outros menos midiáticos. a razão? suas igrejas perdem uma receita brutal com o confinamento. quer razão mais lógica? o fiel bolsonaro, de imediato, baixou um decreto liberando os cultos. perdeu para a justiça que determinou o contrário.

como um menino malcriado, bolsonaro desobedece sistematicamente as regras do combate ao coronavírus e, para mostrar que não está isolado, vai a padarias, farmácias de bairro, feiras-livres só faltando mesmo ir a uma festa de paredão. como ele é inimigo da rede globo, uma visita ao bbb 20 está descartada. mas sendo como é... quem sabe?

ao pregar a quebra do isolamento e sair por aí, o presidente finalmente conseguiu uma vitória. como nas eleições em que se consagrou como aquele que derrubou o poste de luizignatiusluladasilva, bolsonaro mostra que a imbecilidade, a ignorância e a irresponsabilidade (inclusive para com os outros) é contagiosa e contamina rápido. apenas 48 ou 49 por cento das cidades brasileiras estão respeitando as regras.

muitos ainda morrerão. mas a falta de senso, não. carpe diem!