neste país de enxovalhamentos diversos, em algum momento alguém deve ter pensado "a cpi da covid vai dar em algum lugar!" à medida que o tempo passa, os bate-bocas, o mutismo e as atitudes mais deslavadas que o plenário da cpi se nos apresenta, tenho quase certeza de que não vai dar em outro lugar senão a gaveta mais remota e profunda do congresso.
lotado de personagens às vezes histriônicos, o plenário onde se desenrola essa cpi muito se assemelha ao que está contido em a gaiola das loucas, fogueira das vaidades, a nau dos insensatos e contos da carochinha(?). Testemunhas e/ou depoentes se garantem o direito à mudez (e muito se fala em liberdade de expressão) deixando os inquiridores em palpos de aranha e sem se sentirem desmoralizados; senadores se prestam a moleques de recado e defensores de frascos e comprimidos não dando a mínima para o respeito que, em tese, deveriam ter para (pelo menos) com aqueles que os elegeram.
esses mereceriam pelo menos tópicos à parte. eduardo girão, marco rogério, fernando bezerra, renan calheiros (para ficar nos que mais estão expostos) cada um à sua maneira desconstrói a imagem que deveríamos ter e manter de um congresso sério, de parlamentares sérios.
girão, rogério e bezerra seriam, em outras circunstâncias, aqueles a quem caberia a pecha de jagunços, paus mandados, ou em casos heróicos, buchas de canhão. tudo o que fazem é manter a cabeça-de-ponte instalada pelo pranalto em todas as frentes de batalha. já o calheiros, coitado, como relator vê agonizarem suas esperanças de desconstruir a imagem que tem no imaginário de muita gente substituindo-a por uma novinha em folha: a de paladino da pandemia.
o rogério (marcos), ah, o rogério! este é um caso à parte. sempre se colocando como 'jornalista' defende, com garras e dentes, tudo aquilo que todo jornalista, à exceção dos "ícones" da estirpe de alexandre garcia, considerariam indefensáveis. mas, como os sites de pornô costumam destacar naquelas ocasiões em que as atrizes se submetem a posições de fazer inveja ao lado dark do kama sutra, é apenas uma questão de pov (point of view).
ao cabo e ao fim ou vice-e-versa, estamos todos sendo enganados estrepitosamente em som e imagem e textos. em redes sociais ou antissociais (é assim que se escreve?); em desfiles mixurucas fazendo de tanques caminhões postais; em briguinhas de compadres envolvendo togas e faixas e mais toscamente no silêncio ensurdecedor das "testemunhas-chave" chamadas à cpi.
a lixeira espera, de boca escancarada, os resultados de tamanha encenação. ah, cazuza, que país é este?