na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, setembro 29, 2011

o alvoroço das togas

a justiça alvoroçada pelo cnj
os recentes escândalos promovidos ou protagonizados por uma boa parcela dos políticos brasileiros não encontram par em nenhuma parte do mundo a não ser nas republiquetas de banana e petróleo dos trópicos ou nas areias escaldantes dos desertos petrolíferos orientais. lá, como cá, manda quem pode, obedece quem tem juizo. juizo?! ô palavrinha maldosa esta! senão, vejamos: juizo: s.m. ato de julgar. faculdade intelectual de julgar, entender, comparar e tirar conclusões.julgamento, apreciação: fazer bom juízo de alguém. sensatez, bom senso, tino, siso.

no entanto, nem só políticos se alvoroçam neste pedaço chamado terra brasilis. esta semana, uma juiza da mais alta corte nacional declarou, em alto e bom som, que em nosso país, bandidos andam de toga. vige, vó! foi um rebuliço que só deus é quem sabe. alvoroçaram-se as magistradas cabeças, arrepanharam-se as togas e o deus-nos-acuda foi generalizado, não teve quieta-acomoda que desse jeito.

de há muito que os magistrados dessa corte tão alta que não lhe lambemos sequer os rastros anda incomodada com um tal de ceenejota que traduzido quer dizer, pura e simplesmente, conselho nacional da justiça, órgão criado para prestar atenção na desatenção desses magistrados para com o que deviam realmente prestar atenção. isto porque ele quer dizer, na verdade, um controle, uma busca de respeito à uma instituição que, por si só, deveria ser do maior respeito. e não tem sido. não tem se dado a tanto. e tem incomodado tanto que os togados dos altíssimos tribunais andam loucos para acabar com ele ou, no mínimo, reduzir o seu poder, a sua ingerência, o seu fuça-fuça.

revoltada, a juiza em questão, abriu o jogo e jogou farofa no ventilador deixando claro um pensamento que passa pela cabeça de todos nós mas que jamais é traduzido em palavras porque tememos a mão pesada da justiça que se considere porventura, injustiçada. a justiça brasileira tem medo de ver tornado público aquilo que ela tem de mais vergonhoso sem se dar conta (ou dando-se conta mas fazendo de conta que não é com ela) de que pior é continuar abrigando seus cânceres para não ter que expô-los à profilaxia benéfica de um mea culpa e um expurgo dos seus males mais intestinos.

enquanto membros dessas cortes (coortes?) confraternizam como uma grande confraria com malfeitores dos mais variados graus - desde aqueles de colarinho brancamente imaculados aos de peitilhos ensanguentados e bolsos mais sujos e mais repletos que os lixões da periferia de são paulo (aqui apenas referenciados por se situarem na maior cidade do país) - em festas de casamento, apadrinhamento (!) ou puros e simples regabofes nós, aqui embaixo, silenciamos tornando cada vez mais real aquela lei que diz a justiça brasileira ainda é feita apenas para pretos e pobres da periferia. que me perdoem se por acaso descobrirem aí algo que seja politicamente incorreto, racista, preconceituoso ou qualquer coisa que o valha. infelizmente, só posso dizer assim. senão perguntem a sarney, luiz estevão, zé dirceu, marcos valério, dorothy stang, nenê constantino... eu, que não tenho juizo...  

bêbado na pista

em que pesem os maus costumes dos adeptos de baco e dionísio que, depois de devidamente abastecidos, jactam-se de parentesco com as divindades e, com isto  tornam-se poderosos, invulneráveis e indestrutíveis como o meu ex-herói superman das histórias em quadrinhos - de repente, fiquei mais adepto de clark kent do que do seu alter-ego - a alegria gerada pela álcool e seus eflúvios, é realmente algo divino.

uma outra qualidade do líquido - ou seria outro defeito? - é que, além de tornar mais belos, mais valentes e mais tudo os seus usuários, liberta-os das amarras sociais, das restrições a que nos impomos em nome do bem viver. deixa-nos sem recalques ou nos torna exageradamente recalcados. um belo exemplo disto, no pior sentido, foi dado pelo ex-deputado pedro lino, atualmente ocupando uma cadeira como conselheiro do tribunal de contas do estado da bahia.

parado em seu veículo durante uma blitz de trânsito visando coibir o abuso do álcool em salvador, o mui ilustre companheiro tão adepto do copo quanto de uma boa briga, aconselhou sua companheira - que estava ao volante e sem consumir nada etílico - que recusasse ser submetida ao teste do bafômetro (engraçado, eu sempre pensei no bafômetro como um grande nariz franzido ao cheirar um sovaco ou um bocejo de manhã cedinho...). obediente, ela assim o fez. vixe, maria!

aí o conselheiro de maus bofes, fígado estragado por ter sido parado - logo ele! uma "autoridade"! - em uma blitz destinada a pobres mortais! e aí soltou o verbo ou, melhor dizendo, os humores alcoolicos pra cima dos prepostos do trânsito desqualificando-os geral, tornando-os assim mais insignificantes diante da sua excelsa presença. até mesmo o diretor do órgão fiscalizador foi tirado da sua sesta dominical para levar carteirada do indignado representante do egrégio tribunal de contas do estado.
o quiprocó gerou imagens no you tube, conversa nos botequins, como era de se esperar, e imensas discussões radiofônicas e televisivas. mas juro pelo mais sagrado gole: ele não havia bebido absolutamente nada! nem água, nem refrigerante, nem suco de uva, nem o leitinho pra dormir, nem o néctar dos deuses. (bom, desse último eu duvido porque, a depender da safra, da idade, dos barris e da cana...)


sábado, setembro 17, 2011

ovelhas sobre rodas

rodoviários param a cidade em mais uma manifestação 

ciclicamente, em períodos cada vez mais curtos, a população de salvador é assolada pela epidemia das “manifestações-relâmpago”.  manifesta-se contra e a favor de tudo. no entanto, a mais notória e letal de todas elas é a dos rodoviários. cientes de que são a base de todo o movimento físico da cidade, esses profissionais fazem dos habitantes de soterópolis e também daqueles que por ela passam, gato e sapato. manobram-nos como querem, levam-nos onde querem nas suas paralisações. não há profilaxia conhecida contra isto. na verdade, há. no entanto, não é aplicada. por quê? pergunte a deus pelos meus pecados.

paradoxalmente, ao fazer do populacho massa de manobra, tornam-se, os rodoviários, a própria massa. isto porque, desapercebidamente alguns e espertamente conscientes outros, deixam-se manipular por outros rodoviários. aqueles do topo da cadeia  político-econômica que a tudo move, que a tudo guia. até mesmo suas paralisações. elenquemo-los pois enquanto subcategoria são apenas dois: aqueles que, apoiados pelo apoio maciço dos seus companheiros, já não sujam as mãos de graxa, nem acordam madrugada ainda para sentar atrás do volante para ouvir gritos do tipo “ô pé de isopor, acelera aê qui tou atrasado pro trampo!” e os outros, aqueles cujos salas envidraçadas não permitem a entrada da fumaça negra dos escapamentos ou o burburinho dos ônibus lotados.

os primeiros, como seu eterno presidente j. carlos e outros entrincheirados no sindicato da categoria fingem lutar contra o patronato (o segundo – do qual falaremos já) em busca de melhorias laborais. os segundos, são os patrões que, embora empresários, não deixam de ser uma subespécie de rodoviários já que são os donos dos ônibus, fingem defender melhoramentos nos serviços prestados e para isto, defendem aumento de tarifas. 

para consumo externo, se digladiam. por trás dos vidros fumês de restaurantes, salas de reunião ou spas, confraternizam e buscam maneiras ainda mais eficazes de atazanar a vida dos usuários do seu sistema em busca de lucro. fazem da massa, massa de manobra contra autoridades e assim fazendo, os primeiros – os rodoviários que pegam no pesado – também são manobrados. e poucos deles se dão conta disso. a prova é a sempre maciça adesão a qualquer convocação.

como ovelhas, obedecem. e como lobos devoram nossa paciência, nosso bom humor e, ao fim e ao cabo, nossas economias quando com suas vitórias, nos deixam a mercê de aumentos de tarifas. e assim, enfileiram-se ao lado dos vencedores muito embora, como nós, sejam eternos vencidos. nós por não termos alternativas senão a de arcar com o custo da ganância daqueles de terno e gravata e eles – operadores destes – por, no final, perderem de nós o olhar complacente com que sempre vimos suas lutas.

esta semana, eles – os de terno e discurso e os que pegam no pesado – voltaram ao ataque e fizeram de nós, outra vez, gato e sapato. a motivação? os tais rodoviários (quais deles?) consideram abusivo o número de multas aplicadas pelo órgão competente contra as empresas – a maioria – e contra os profissionais (por infrações de trânsito das mais simples às mais graves). e nós? já fomos punidos com horas a fio parados nas avenidas esperando pela contra-ordem emanada dos pastores dessas ovelhas sobre rodas chamadas de rodoviários.      
  

quinta-feira, setembro 15, 2011

t'esconjuro!

histriônica a performance do radialista raimundo varela em seu "programa" na repetidora da rede record nesta quinta-feira (15). impagável! mostrando olhos indignados e expressão facial não menos ainda, o camaleônico - em todos os sentidos - radialista declarou solenemente "guerra" ao vetusto jornal 'a tarde'. tudo por conta da repercussão de uma matéria distribuida, como de praxe no meio jornalístico (parece que o varela não sabe disto) por uma agência de notícias.
furibundo e teatral, o apresentador declarou-se "indignado" com a publicação acusando os seus diretores, editores, fotógrafos, pessoal de apoio e o escambau de serem vendidos ou vendilhões (ó espelho meu!). acusou o jornal de já ser contumaz na prática e aí citou 'béu' do chiclete com banana e acredito que alguns outros "vitimados" pelos proprietários do diário. excetuando-se o caso de um jovem jornalista - este sim um caso em que 'a tarde' pisou, e feio, na bola, o radialista que começou a vida no rádio e na tv corretando comerciais nas lojas de salvador, fez uma das mais ardentes e absolutamente cretinas além de engraçadas defesas que já pude ouvir e presenciar na minha vida. me embolei de rir! rir a bandeiras despregadas. aliás, só de lembrar da cara, dos gestos e do resto, voltei a gargalhar e isto me atrapalha até mesmo o raciocínio!

no final de tudo, ele ainda perpetrou mais um teatrinho: com um ventilador fora do olho da câmera e uma lata de lixo no foco central, rasgou a edição do diário em tirinhas soltas ao vento amigo e fechou com chave de ouro: "nem o lixo quer!" quáquáquá!!! impossível descrever... perdoem-me, mas vou parar. preciso rir mais um pouco! só pra não ser taxado de egoista, divido com vocês a razão de não me aguentar.  aliás, em um trecho do seu comentário ou da sua diatribe, varela diz que "prefeitos se mijam de medo..." já eu, caro amigo, com você, tou a ponto de me mijar... de rir.