na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, julho 13, 2011

o machismo pebolístico de barretin’ em…

...As ‘meninas’ do Brasil 
(por zédejesusbarreto)


Meu editor-chefe Nelsinho Rocha me pediu para falar da Seleção Feminina de Futebol. No dia seguinte o time de Marta, a melhor jogadora do mundo, perdeu dos EUA e não chegou às finais do Campeonato Mundial. As meninas do Brasil perderam em função do tamanho e da força física das americanas.
Aprecio o jogo de Marta, genial nalguns instantes em campo, de Cristiane, de Pretinha(baiana) ... mas, cá dentro do coração deste ‘jovem ancião’ sempre há uma ressalva: o futebol é um esporte duro demais, diria que até violento demais para o corpo feminino. Gosto de mulheres leves, sinuosas, salientes, delicadas. Um pouco de peito, boas ancas, pernas fornidas, pele macia... enfim, sou uma macho, hetero ainda, que me perdoem os (as) homoafetivos(as).
A cada cotovelada das brutamontes norte-americanas, a cada canelada, a cada bolada, a cada matada de bola nos seios... sinto um dor por dentro, como se fosse uma agressão à natureza... não me agrada ver.
Joguei bola e sei como é aquilo, tenho canelas marcadas, tomei boladas que me tiraram do ar, dei entradas maldosas e cotoveladas, troquei pontapés, queria ganhar a todo custo. Acho que os machos foram dotados para o combate, a guerra, a caça, as pancadas... As mulheres não. Prefiro-as na natação, apesar dos costados musculosos,no tênis, no vôlei até pois não há contato físico. E os movimentos são menos bruscos, elas continuam belas, voam soltas...
Pensamentos, sentimentos de outra geração, de um tempo que já se acaba... Mas não gosto de pernas musculosas, de barriga de tanquinho, de biceps malhado, de peito siliconado, de cara plastificada, daquele beiço bico de pato, de bunda que não rebola ...
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O futebol é um jogo duro, brabo, de choque... e mulher, pra mim, sempre pede carícia, carece de ternura, afago, dengo... A craque Marta que me desculpe, o amigo Nelsinho que me perdoe ... Futebol é pra homem. E tem umas jogadoras de bola que eu não encaro. De vera!

segunda-feira, julho 11, 2011

aceita cartão?

já não estou mais naquela idade em que adolescentes e até jovens adultos me olham e me chamam de “tio”. a essa altura do campeonato idade em que me encontro está mais fácil – e mais coerente até – me chamarem de vovô. mas, um velho adágio reza que o tempo nos traz sabedoria... mentira! e da grossa! quer saber?
Foto: M. Pavan 

numa dessas manhãs brumosas de junho, lá estava eu em frente à igreja de itapuã, notório bairro da capital baiana e que já foi até cantado em verso e prosa antes do crack, a prostituição e outras drogas tais transformarem a sua poesia em fumaça (as brumas a que me referi  linhas atrás não eram desta ‘fumaça’ de agora) quando fui abordado por um garoto mirrado aparentando, no máximo, 12 anos. vozinha triste e educada, recitou-me uma ladainha mais triste ainda que findava com a seguinte estrofe “...para comprar um saquinho de balas de maçã para fazer dinheiro e comprar uma sandália.” (e aí, mostrou-me os  restos de uma sandália nos pés rugosos mas limpos)”.  meu coração de  ex-repórter de polícia apequenou-se e, decidi a catar algumas moedas  no bolso. minha cabeça, mais lúcida, menos afeita a laivos de ternura dizia: “vai com ele aí na padaria ao lado e compra as balas!” meu coração, já na lona, nem pestanejava: “que mesquinhez!” venceu o coração.

dos 50 centavos originalmente pretendidos à doação, acabei sapecando nas mãos do moleque 4 reais em moedas de r$ 1, novinhas em folha. pareciam de ouro! meu coração vencedor soltou o foguetório! recém-enfartado, rejuvenesceu e não perdeu o compasso no resto do dia de uma longa viagem até a chapada diamantina.

dias depois, bem perto da pracinha da igreja, à beira da praia onde os “sacizeiros” de todas as idades fizeram seu baluarte sob os barcos de alumínio ou velhas catraias de madeira, me deparo com as tristes figuras dependentes do crack, da cocaína, da maconha e até mesmo da prosaica cachaça 51, algumas a pedir, outras a ameaçar tomar à força um trocado “para um pão”. entre elas, o garoto triste de tempos atrás com seu “pacote de balas de maçã”: um copo plástico, daqueles de água mineral, uma espécie de cachimbo e três pedrinhas de crack cinza-amareladas na mão. e na carinha de santo um sorriso bestificado.

nunca, na história deste país – como diria certo ex-nordestino – alguém se sentiu mais ingênuo do que eu. mas não aprendi a lição: horas atrás, uma senhora, numa esquina de outra cidade, me abordou com uma criança aboletada nos quadris e duas outras de mãos dadas como caranguejos e rezou sua ladainha: “...é pra butar uma sandáia nos pé dus minino e comprar uma rôpinha pr’essaqui (a do colo)”. meu coração alvoroçou-se no peito. por sorte, eu não tinha nada no bolso ou nas mãos. mas deu vontade de perguntar: aceita cartão? 
  

sábado, julho 09, 2011

conselho e água...

prefeitos presos na Operação Carcará (rep. revista ISTOÉ)
deveria ter sido um dia comum para mim e para milhões de outros “eus” como este que
lhes escreve. não foi. de súbito, uma revista jogada na mesa de centro da barbearia abre
sua reportagem e me joga contra uma realidade à qual não me habituo nunca: escândalos,
denúncias e prisões de ‘autoridades’.

deveria me rejubilar: “estamos entrando nos eixos da civilidade!” não pude. que civilidade
é esta onde aqueles que escolhemos para nos representar ou nos gerenciar não nos
representam, não nos gerenciam e, tangencialmente, nos roubam? fica complicado pensar assim, viver assim.

que mal há, afinal, em se acrescentar dois ou três zerinhos a mais ou a menos aqui e ali? que mal há em se tentar ajudar aquele compadrinho que a gente conheceu semana passada e nos
conselhos ao pé do ouvido...
mostrou a sua empresazinha tão arrumadinha? que mal há, gente do céu? que mal há em se ter uma pequena empresa que cresce apenas 86.500 por cento? só porque o pai do dono - por sinal, menino bem empreendedor - é ministro do governo lá em brasilha?

Por essas e outras é que um amigo, ex-prefeito, e apesar de tudo, ainda quer voltar a sê-lo se cerca de cuidados: não fala a sério no celular, só conversa em mesas de bares lotados onde ninguém ouve ninguém e se cala em meio aos silêncios alheios. certíssimo. nesses tempos bicudos onde uma simples licitação gera tamanhos mal-entendidos que resultam em barras na janela...

...acabam assim.
eu até teria alguns conselhos a dar a ele e a quem mais interessar possa. no entanto, como conselho (provado por patinhas, milionário por saber aconselhar lula et caterva) e água (provado pelas empresas de abastecimento) só se dá a quem paga...