na rua, na chuva ou na fazenda

segunda-feira, setembro 09, 2013

manifesto genoíno

certamente você vai achar que estou me aproveitando do momento de fragilidade moral e física (talvez até cívica) do senhor zé genoíno e das instituições brasileiras para verbalizar esse meu manifesto. também certamente achará que é um despropósito esse dito manifesto a se levar em conta o sem-número de manifestações que já estão a congestionar as principais ruas e avenidas das cidades deste país. certamente você estará certo. ou errado. a depender do ponto de vista. do meu, claramente, você estará certíssimo. do seu, mais do que equivocado.

apesar do manifesto ser meu e, acima de tudo, legítimo, estou errado em hasteá-lo como bandeira de luta individual neste país que começa a aprender a lidar com o coletivo. "nunca, na história desse* país" como diria um habilíssimo e conhecido manipulador de massas, soube-se tão bem diferenciar o individual do coletivo. porque então insisto nessa minha individualização? sei lá! vai ver que é pelo gostinho de ser e estar do contra.

mas vamos ao ainda não-manifestado manifesto: lí, dia desses, que o senhor zé genoíno anunciou aos quatro ventos do ar condicionado do seu gabinete deputadorial, em brasilha, que, confirmada a sua condenação pelo stf, requererá aposentadoria por invalidez. bom. está no direito dele de, aposentado, aposentar-se novamente. condenado, condenar-se a ter - e manter - um padrão de vida digno de um condenado da sua estirpe. mais: condenando-o à prisão seja ela em que regime for, tornaram-no definitivamente um inválido. ainda bem que no brasil existe um mecanismo de suporte ao presidiário que lhe garante (na verdade, à sua família) um saláriozinho acima do mínimo para sua subsistência, senão...

por isso mesmo, nada mais justo, um direito genuíno de genoíno, pedir a sua aposentadoria por invalidez provocada por uma cardiopatia e agravada por joaquim barbosa e cia. é aí que eu entro de sola como se diz no jargão pebolístico!

eu também sou portador de uma cardiopatia crônica, orgulhosamente carrego no peito umas molinhas que
ajudam a tubulação a segurar o tranco das minhas aflições e revoltas e trabalho, de sol a sol, com algumas passagens lunares há mais de 35 anos. no entanto, o inss que prefere ser chamado majestaticamente de "previdência social" nega-me tal direito por conta de uns breves períodos de desempregabilidade compulsória provocados por esse defeito meu de ter envelhecido à medida que os anos passaram sem me dar conta que velhice neste país, é pré requisito pra inutilidade reconhecida.

com essa deixa do genoíno quero ver se os previdentes técnicos do inss vão ter coragem de se negar a reconhecer a minha invalidez. o planalto já a reconhece pois, por mais que proteste, faz ouvidos de mercador e nem tchum! o congresso, nem se fala! grito, esperneio, faço pichação, escrevo no blog (este ninguém lê) pinto o sete e quando o alvoroço é muito grande eles lá fazem de conta que ouviram, dão uma "recueta" de leve e logo, logo, tudo volta a ser como dantes no quartel de abrantes. não valho nada. todos reconhecem como fato consumado. salvo em alguns momentos bem pontuais - eleições pra prefeito, vereador, governador, presidente e um ou outro plebiscito - quando sou requisitado a sair da minha desonrosa e inútil invalidez. então, porque não me aposentam? prometo que, cada vez que requisitado for, desvestirei a minha bermuda de beira de praia, descalçarei as minhas sandálias de pescador e não fugirei à luta como manda aquela musiquinha ufanista.

prometo que farei de genoíno meu santo protetor, padroeiro da minha aposentadoria e patrono dos meus manifestos. depois dele e abaixo de zé dirceu, só mesmo aquele santinho, o natan donadon!