na rua, na chuva ou na fazenda

segunda-feira, dezembro 01, 2014

black o quê?

foto ATARDE
sincera e honestamente, achei fantástica a ideia de se transformar um evento basicamente consumista numa espécie de catarse nacional. essa coisa de se nomear um evento 'historicamente' degradante em uma coisa festiva (para os lojistas) é, deveras, uma ideia genial dos marqueteiros. pelo que aprendi nas minhas parcas leituras, a chamada "black friday" era um evento lá dos estadosunidos escravagista quando os fazendeiros sulistas s reuniam numa grande feira para vender... negros cativos. e, como sempre, adotamos a ideia. como sempre, copiamos a coisa. mas, a julgar pela farra que foi com shoppings, lojas, botecos, brechós, vendinhas e até barracas de frutas podres lotadas... foi o maior sucesso!
bom mesmo vai ser a ressaca no vencimento da primeira prestação daquele televisor de trocentas polegadas que não cabe sequer no muquifo inteiro quanto mais na sala de estar onde se pretendia exibir o troféu.

segunda-feira, novembro 17, 2014

um poço sem fim

eu andava até que meio saudoso desse meu espaço de escrevinhamento. o grande problema é que andava meio atarefado demais da conta. mas, estou de volta. e completamente envolvido no escândalo da petrobras como quase todos os brasileiros que conheço e alguns que não tive a honra de conhecer.

não que eu tenha metido a mão em nenhum centavo dos bilhões de reais que andaram prospectando com a sondas petrolíferas brasileiras ou texanas. nem tampouco vi a cara de nenhum penny dos milhões de dólares norteamericanos que a turma depositou offshore pelas bandas da suíça (lá tem mar?) só pra se garantir.



verdade seja dita: apesar de estar envolvido nesse dólarduto (só por ser brasileiro e, consequentemente corrupto desde que fui
descoberto) minha conta no bb anda mais vermelha do que bandeira de sem-terra. mas sou feliz. cheio de graça, de dilma, de dirceu nem tanto, mas daquele tal de cerveró que tem um olho que me lembra personagem de desenho animado... a simetria dos olhos dele... vixe, nossenhora! perfeita!

de qualquer forma, apenas para comprovar que estou vivinho da silva dos santos xavier, escrevo estas mal traçadas linhas. por hoje é só. a partir da próxima semana, "posts" quase diários. aguardem!

quinta-feira, abril 24, 2014

política a ferro e fogo

eu jurei de pés juntos que jamais voltaria a falar desse tal de prisco. jurei em vão pelo santo nome dele. depois de ter sido 'refenizado' pelo seu desejo atávico de ter poder a qualquer custo, fui pego no contrapé - assim como todos os que se encontravam nessa terrinha abençoada por deus e maldita pelos filhos de caimmy - com uma violenta paralisação dos rapazes de farda responsáveis - em tese - pela nossa segurança.
dita pacífica, a paralisação dos policiais militares baianos foi, na verdade, violentíssima. isto porque, desde o seu nascedouro rasgou a constituição e nos violentou a todos ao nos manter presos na bolha escura do terror.

ainda assim, havia uma certa legitimidade. não no movimento em si mas naquilo que ele se propunha a reivindicar. mas aí é que entra o surreal: os milhares de policiais que nos emparedaram no medo assim agiram espicaçados, insuflados por um desejo de dois ou mais sujeitos ditos "seus representantes".
na retórica desses "representantes" dos senhores fardados, a luta era por dignidade na profissão, respeito no trato e honestidade nos contracheques e etc e etc e etc. por trás da retórica aprendida com um certo barbudo repugnante 27 vezes nomeado 'doutor honoris causa' em universidades mundo afora, havia e há um outro fator: as eleições de outubro próximo quando os dois principais protagonistas do movimento vislumbram a possibilidade de galgar um outro patamar em suas carreiras.

estrelado no galardão de capitão, o deputado estadual tadeu fernandes sonha com o clima seco de brasilha
. sonha refestelar-se num gabinete do congresso nacional com seu nome inscrito na porta sobrecimado ou antecedido pelo aposto "deputado federal"; por seu turno, marco prisco, ainda que desprovido de galardões - era soldado do corpo de bombeiros e perdeu essa condição ao ser expulso da corporação - mas tornado vereador da soterópolis depois de um movimento semelhante ao que deflagrou na semana passada, quer deixar de ser um simples edil de província e tornar-se um rotundo frequentador do cafezinho e da cantina da assembleia legislativa da bahia. para isto, era preciso mesmerizar, como um edir macedo dos quartéis, aqueles que, novamente em tese, teriam a mesma origem profissional que eles. e conseguiram. conseguiram com o canto da sereia de uma quartelada que prometia mundos e fundos.

aos olhos da tropa, a greve teve toda razão de ser. e teve, para ser justo. afinal, nossos policiais estão entre os que tem as piores condições de trabalho, salários indignos e nenhuma possibilidade de crescer profissionalmente. no máximo, acena-se-lhes com a possibilidade de um enterro com honras militares num cemitério da periferia que é onde a grande maioria habita. isto fez com que se transformassem facilmente em massa de manobra para prisco e tadeu fernandes. isto fez com que fechassem os olhos e, em alguns casos, a consciência para o que estavam fazendo com os sem farda que, indiretamente, ajudam a lhes pagar o parco salário.

a busca frenética de prisco e fernandes pelo eldorado das urnas resultou em três dias de saques - até uma mãe e seu pequeno participaram de um deles - arrastões, assaltos à mancheia e 148 assassinatos (entre eles, três policiais militares) somente em salvador e feira de santana, as duas maiores cidades do estado. tornou-se então necessária a intervenção divina encarnada na figura do arcebispo primaz do brasil. amainaram-se os ventos tempestuosos, acalmaram-se os ânimos e chegou-se a um... digamos, consenso. fim? não. recomeço.

depois da churrascada comemorativa, fernandes e prisco retiram-se para um descanso no paradisíaco mas nem tanto assim litoral norte da bmp (perguntem à torcida do bahia o que significa a sigla!) e os outros, que sempre serão os outros, de pança cheia e consciência do que é coletividade zerada, para o seu paraíso particular nas quebradas do mundaréu.

sexta-feira santa. abre-se um novo capítulo desse dramalhão: prisco é preso por crime federal. tadeu nem pisca pois a prisão de prisco já era contada de priscas eras. apenas atrasou um pouco. escala-se como o defensor dos frascos e dos comprimidos e anuncia um novo aquartelamento. a cidade, o estado, estremecem e uma nova onda de pânico começa a tomar vulto. horas depois, novamente com a intervenção divina, desta vez travestida de uma magistrada - que também está de olho no caminho de santiago das urnas. aborta-se o armaggedon.

mas eis que, nas ondas do rádio, fernandes proclama-se um herói para todos: "evitei uma tragédia na em salvador!" ufana-se. esquece-se das mais de cem mortes que lhe deveriam ser imputadas. a ele e a seu comparsa. esquece-se dos milhares e milhares de reais que viraram escombros nos saques e arrombamentos. importa-se-lhe somente os holofotes ganhos com a inabilidade da outra parte que não soube negociar com os verdadeiros merecedores do diálogo. os inocentes que serviram de massa de manobra. de ferramenta para alavancar o firme propósito eleitoreiro, o desejo de poder pelo poder.

o soldado expulso e tornado celebridade às custas das vítimas provocado pela sua sanha insana em busca de votos continua preso e já começa a ser considerado pelos seus advogados e por aqueles que de olhos nos despojos de uma possível vitória eleitoral em outubro como "um anistiado político", um "mártir da categoria". é o anti-herói ganhando status de santo.

o deputado que quer fazer um upgrade na carreira segue capitalizando a visibilidade ganha e tem, na prisão do seu pupilo, a grande ferramenta para se manter canalha enquanto se disfarça de líder.

no fim e ao cabo (embora nada disso tenha indícios de ter se encerrado) todos saíram derrotados. pela torpeza, pelos baixos instintos que guiam o homem em sua eterna busca pelo poder (ainda que relativo).

segunda-feira, abril 14, 2014

o hábito faz o monge...?

causou-me espécie ver, nesta segunda-feira - fatídica para torcedores rubro-negros baianos e atleticanos das minas que se viram a perder títulos sem perder jogos - em um vídeo postado nos principais 'sites' de notícias as imagens de um desvio de comportamento de um cidadão tido e considerado como acima de qualquer suspeita.

não sei se por estar ainda sob o efeito anestésico avassalador dos dois empates dos meus times preferidos ou se, por estar tão afeito a esses 'deslizes comportamentais' dessa gente tão pública, não dei tanta importância assim. considerei ou cheguei a considerar que essas imagens teriam mesmo um quê de desrespeitosas, criminosas até, por terem sido captadas sub-repticiamente através das lentes de um indesejável telefone celular - a praga do século.

acreditando-me ainda estar penalizado do tal sujeito, dispus-me a rever ad nauseam, as tais imagens. credo em cruz! passou o pifão, a ressaca, a rebordosa da derrota empatosa e me lasquei na risada. mas não uma risada qualquer, foi uma risada larga, folgada, daquelas que só se dá com a desgraceira dos outros.
então, realmente, a ocasião faz o ladrão!!! nunca vi adágio mais certeiro!




mas de repente, me veio aquela coisa, aquela dúvida e descobri a falta de relevância de tais imagens que geraram tal fato: se, em 2012, josé maria marin, ex-vereador, ex-governador, presidente da cêbêefe poderoso até não mais poder, embolsou uma medalhinha que deveria ter sido entregue a um dos meninos do corinthians, campeão da copinha paulista de futebol junior (depois, ele obrigou a éfepêéfe a dizer que foi uma cortesia dada a ele, mas ninguém comeu o reggae), por quê que aqui, na terrinha, um diretor da éfebêéfe, não poderia imitar o seu correlato mais poderoso? quanto provincianismo!!! tudo bem que lá, o cara foi filmado pelas grandes redes de tevê e aqui, o desinfeliz foi filmado pelas lentezinhas de um celular mequetrefe ou quem sabe, xingling, mas e daí?!

lá, o tal do zé maria marin, se safou e ainte cobrou desculpas. aqui, o pobre do jorge lima foi peremptoriamente limado sob a desculpa de que seu gesto "pegou mal" para a instituição. nesse ponto, o povo mais acima de jorge tem uma certa razão: se ele fez isso com uma coisa simples como uma medalha que era destinada ao pescoço de um triunfante jogador do bahia e acabou no seu bolso, o que será que ele tem feito com os cofres da éfebêéfe esse tempo todo em que esteve diretor financeiro?


talvez nada mas, como diz o adágio - certeiro como uma flecha: o hábito faz o monge.

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

as vaquinhas do brasil

eita povo bom demais da conta, esse povo brasileiro! bondade infinita, talvez maior do que a do criador. benemerência pura, até a alma. e o que dizer do altruísmo desse povo que não pode ver o seu 'parecero' numa pior que corre a se cotizar pra levantar a moral do pobre coitado? ainda que essa moral tenha o mesmo cheiro do esgoto-rio que corta salvador da bahia e deságua no costa-azul tornando o mar de uma cor assim indefinida quando a memória ou a imaginação não encontram comparativos, esse povo é solidário.

agora, amigo velho, sou de um tempo que a gente se cotizava, fazia vaquinha e coisa e tal mas era pra arrumar uns trocados pra ajudar um coitado que nem nós mesmos a comprar uma lata de leite ninho (epa, tou fazendo merchandáisin de graça!) que tinha uma ninhada de filhos do tamanho de um time de futebol com alguns reservas na boca de espera. ou pra dar um adjutório pra ajudar a levantar uma tapera de outro que a taipa não aguentou a chuvarada e etc e tal. mesmo assim era coisa de uns - estourando - quarenta, cinquenta, cem contos (tanto faz cruzeiro, cruzeiro real ou real porque dinheiro é sempre dinheiro) agora, vaquinha de um trezentos, seiscentos mil e até milhão pra dar pro sujeito que, apesar de ser do partido dos trabalhadores, de trabalhador não tem nada... fica ruim, compadre. fica muito ruim.

eu, da minha parte, não dei nada. até porque não tenho nada pra dar e ainda tenho de me esconder do povo
lá do imposto de renda que todo começo de ano mete a mão no meu bolso sem a menor cerimônia. daqui mais uns dias, eles tão batendo na minha porta.

pra falar a verdade, me dá uma gastura sem fim quando olho a desfaçatez de zé genuíno fazendo caras e bocas pedindo prisão domiciliar definitiva e aposentadoria por invalidez na câmara dos deputados. me dá ziquizira quando leio nas folhas que zédirceu recebe oferta de emprego com salário de 20 mil contos e que o outro lá, o delúbio - que também entrou com lista de vaquinha - tá empregado de partido, associação ou coisa que o valha, com salário de mais de 4 mil. todos foram julgados e condenados pelo stf.

sou de um tempo em que condenado é condenado e, portanto, tem mais é que cumprir sua pena e saldar a sua dívida social seja lá de que peso for e não ficar por aí de cuia na mão e a conta bancária mais gorda do que uma porca e ele, se fazendo de inocente, puro e besta. é demais pra mim.

mas não é demais pro resto da companheirada que se veste de vermelho e bota uma estrela na roupa ou na testa e subscreve essas listas que, a bem da verdade, só tem o propósito de nos envergonhar.


vai ver que é por isso que o zédirceu, depois de ter recebido mais de um milhão de reais, postou em letras garrafais a sua ironia (finíssima, por sinal): obrigado, brasil!!



ainda bem que desse brasil, eu me orgulho de não fazer parte.