na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, dezembro 22, 2010

pequenos comentários de um cidadão comum

sobreviver ou não




faltam apenas alguns dias para o encerramento do segundo império de luiz ignatius lula primeiro da silva (ou da silva primeiro) e eu ainda não tenho a certeza de que sobrevivi a ele. faltam também alguns poucos dias para a entronização do seu avatar, dilma rousseff, primeira – e, por enquanto – única mulher a assumir ou a ser entronizada em tal cargo na terra brasilis achada por um tal cabral que buscava uma terra solitária para descarregar seus degredados, pois ainda não haviam inventado os presídios de segurança máxima com todas as regalias possíveis exigidas pelos fora-da-lei locais (nem pelos daqui, já que os nativos tinham, digamos, leis bem próprias). também não sei se sobreviverei a este primeiro reinado rousseffiano. o tempo dirá, já que é o senhor da razão.

aliás, com muita propriedade, um certo russo dizia que quanto mais você olha para o abismo, o abismo olha de volta para você.

o balanço da “casa”



22 de dezembro foi o último dia de trabalho legislativo em todo o país já que os parlamentares só voltam a trabalhar no dia primeiro de fevereiro quando tomam posse de seus respectivos mandatos. na bahia, não foi diferente. na assembléia legislativa, deputados reuniram-se (poucos, bem poucos deles) para votar o orçamento estadual (emblemático, não?) para 2011. ao fim e ao cabo, um tal barbudo (parece praga essa coisa de barbudos no poder da pátria brasilis. será que dilma também vai aderir e usar uma ainda que postiça?) presidente da “casa” disse que, legislativamente, este foi uma ano “atípico” por conta das eleições. em 365 dias, descontando-se as férias, recessos, parlamentares, campanha política, negociações, negociatas e viagens de “trabalho” os deputados baianos votaram exatos 161 projetos que devem ter consumido menos do que 161 dias dos 335 trabalhados pelo cidadão comum que ainda paga – com impostos – mais 45 dias dos seus parcos salários. ainda assim, o tal barbudo, que se mexe de acordo com o movimento da maré do poder, considerou que foi um ano produtivo. concordo com ele em gênero, número e grau, terminaram o ano com um aumento de 8 mil reais no salário (consequentemente, aumento também nas outras firulas legais que fazem vinte mil reais pularem para mais de 60) e a consciência, mais do que firmada de que somos todos nós, até você, completos idiotas. completos parvos. mas isto vale para toda terra brasilis. o ex-pugilista, ex-garoto propaganda e ex-outras coisas mais graves, acelino popó freitas, que ganhou de presente de dilma rousseff e de mário negromonte e até do próprio elenco de leis que compõem o código eleitoral, o mandato de deputado federal, comemorou desabridamente tanto a assunção quanto o aumento salarial desrespeitoso, escroto, vilipendioso para a casta cá de baixo e elogiou exultante a presença de mais uma excrescência política (como se fosse novidade) no já tão desacreditado congresso nacional: a de tiririca. nada contra. afinal, parafraseando um certo francês: palhaços são os outros.




o brasil é massa! em países desenvolvidos eleitoral e moralmente, para se evitar essa coisa mal-cheirosa que é a relação espúria entre autoridades do executivo e a casa parlamentar, todo aquele que detém um mandato, ao assumir um cargo executivo no governo, pede demissão daquele para assumir este ou então, declina do convite. walter pinheiro... resistir, até quando? negromonte, ainda que ministro, permanece deputado. mas que se faça justiça: a farra não fica só nos círculos ou câmaras federais, estaduais e municipais. passa ainda por outras que adoram apontar dedos, fazer julgamentos mas não toleram ser julgadas ou apontadas. só não passa na câmara escura de onde sai o hollerite do assalariado.