na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, abril 13, 2011

melhor do que isto...

espero em deus não cair na pieguice até certo ponto retrógrada de reclamar que “isto poderia estar sendo distribuído entre os pobres da periferia e bla, bla, bla e etc e tal” mas é mesmo de estranhar, de mesmerizar ou, sertanejamente falando, “de lascar” a atitude do governo do estado, aqui devidamente representado pela secretaria de agricultura com relação aos integrantes do movimento dos sem terra ou êmeéssetê como se querem ser chamados que aportaram às portas da dita cuja supracitada acima referendada secretaria.


parece mentira, seu minino! homequásiormedeixe! comemorando um tal de abril vermelho (ou negro) para “lembrar da chacina de eldorado dos carajás quando morreram quase duas dezenas de militantes” (e onde já se viu lembrar tragédias com comemorações?) os militantes dessa facção notoriamente associada ao partido dos trabalhadores – nada contra o partido, hoje no alto do poder -, já invadiram, até o momento desta postagem, 30 fazendas e pretendem aumentar este número para cinqüenta, aqui, na bahia. há dias, acampam no coração do governo, no centro administrativo, em plena capital.



sitiada cavalheirescamente, a seagri, digo o governo, também reage à altura: cavalheirescamente. é assim que se faz. os sem-terra se alojaram por lá numa boa e o estado, como é do seu dever, providencia a infra-estrutura para que nada incomode os invasores: banheiros químicos (higiene e saneamento são fundamentais para o sucesso de qualquer invasão! que o digam aquelas espalhadas por toda salvador!) e, para coroar o desempenho dessa produção toda, iniciou a distribuição diária de 600 quilos de carne para os mais de três mil integrantes dessa nova casta de baderneiros legalmente reconhecidos.


aliás, a situação é tão esdrúxula, mas tão compreensivelmente diplomática (em termos de diplomacia, o povo da seagri poderia dar um banho em celso amorim, reconhecidamente o maior diplomata petista) que próceres do órgão governamental desdobram-se em demonstrações de camaradagem para com os invasores. tanto que a diretora geral do mêsitê fez questão de anunciar o fornecimento, por parte do governo, de lonas, toldos, água e ainda dois chuveiros improvisados. isto, praticamente no saguão da seagri! fossem outros os invasores... (não resisti ao ataque de pieguice, sorry y’all).


a bem da verdade, esta postagem quer mostrar, não indignação, como pode parecer, mas estupefação, ignorância absoluta do que é governar ou garantir governabilidade através do diálogo e de gestos de tolerância fundamentados no desejo de harmonizar as mais diversas correntes do pensamento e da ação políticas. reconheço: nestes terrenos sou muito pior do que um zero à esquerda dessa minha esquerda varonil. continuo canhoto enquantos eles se fazem canhestros. algo me lembra um certo poema de um certo russo...


talvez por essas e outras, a nível de terra brasilis, mereçamos os bolsonaros, tiriricas, romários e outros tantos como nossos legítimos representantes num congresso que, de nacional, tem apenas o fato de que todos são brasileiros e batem ponto (quando o fazem) em brasilha.

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