na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, novembro 04, 2020

e eu que pensei que morava no brasil


andei meio distante de ler notícias internacionais nos últimos dias e, por causa disso, me tornei um completo alienado geopolítico. acabo de descobrir, com imensa surpresa, que saí do brasil e me tornei cidadão norteamericano com direito a voto e a zorra toda já há algum tempo sem nem ter tido o (des)prazer de passar pela imigração gringa.

claro que fiquei inflado de orgulho de poder saudar a bandeira de stars and stripes como um legítimo papa-bacon com direito a deixar de lado essa coisa verde-amarelo ufanística de gritar "brasil acima de tudo e deus acima de todos!". afinal soa muito mais cosmopolita e desenvolvimentista dizer "god save america!" ou vestir uma camiseta com a carantonha de trump onde se pode ler "make america great again".

o melhor de tudo isto - de ter me tornado norteamericano sem ter pedido - é ver nossos parlamentares, nossos ministros, nosso presidente subirem a palanques e tribunas pedindo votos dizendo que a democracia vencerá e trump vencerá biden cuja única intenção é acabar com o mundo e com as liberdades (temo-las?).

é altamente patriótico olhar o olhar embasbacado daquele rapaz lá do planalto idolatrando a figura daquele cara lá da white house como se santo fosse. tenho mesmo a impressão que aquele olhar é de súplica ou, quem sabe, de amor profundo.

às vésperas das eleições municipais - que determinam o rumo daquelas que vem por aí, em 2022 - o brasil só tem olhos para as urnas norteamericanas.

e eu que pensava o tempo todo ser brasileiro, me descubro um afro-american lá dos bayou da louisianna. 

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