na rua, na chuva ou na fazenda

terça-feira, novembro 10, 2020

“...este país precisa deixar de ser um país de maricas!” e la nave va!


hasteiem as flâmulas! rufem os tambores! ergam-se os estandartes e espoquem os fogos de artifícios para anunciar mais uma acachapante vitória do senhor do feudo brasiliano vassalo do landlord defenestrado e recalcitrante cujo poder se esvaziou ao longo dos últimos tenebrosos dias eleitorais.

de cabisbaixo e meditabundo - bicudo como criança que teve seu brinquedo preferido negado - o inquilino do palácio do planalto despertou eufórico com a suspensão dos testes da vacina contra a doença global que tem vitimado milhões mundo afora e, aqui nessas plagas abaixo da linha do equador tem levado seu quinhão diário.

"mais uma vitória!" brada, sem empatia alguma, o mandatário que afronta a si próprio ao afrontar milhões de compatriotas e desdenhar de todos os mortos dos quais ri à socapa. é a compensação que tanto esperava pela derrota que lhe impuseram ou que impuseram à sua submissão os seus amados compatriotas do hemisfério norte.

nós, daqui de baixo, também fomos e estamos sendo derrotados. a cada palavra cuspida pela cloaca presidencial. a cada palavra cuspida pelos menestréis que regem a sua orquestra genocida engendrada pela infantilidade da sua insanidade que grita a plenos pulmões em rede de tv: “este país precisa deixar de ser um país de maricas!”. e la nave va!

domingo, novembro 08, 2020

quem vai querer comprar banana?


tá tudo muito bem, tá tudo muito certo mas, de alguma forma, as eleições dos estados unidos da américa do norte acabaram deixando um gosto de café dormido na boca dos nativos da mais nova colônia ianque no mundo pós guerra. em brasilha, a capital dessa nova colônia, os homens-fortes dessa coalizão andam meio cabisbaixos por ter perdido sua retórica trumpístico/autoritária/eugenística.

isso me leva ao título deste post que, por sua vez, me remete a uma canção do disco "mico de circo" do saudoso luiz melodia: presente cotidiano (quem quiser que procure no you tube). nele, o genial autor de estácio, holly estácio questiona: "quem vai querer comprar banana?" é o que deve estar agora se perguntando o clã presidencial que perdeu a chance de ter um presidente pra chamar de seu.

imagem: reprodução do conversa afiada


sexta-feira, novembro 06, 2020

a síndrome do cachorro à mesa do jantar.

os psicanalistas de plantão e os observadores políticos onipresentes devem estar se sentindo no sétimo céu observando os movimentos da maré eleitoral dos estados unidos da américa do norte. lá, como aqui, possíveis derrotados buscam desqualificar a possível vitória do seu opositor. de todas as maneiras.

lá, pelo menos, existem leis, uma democracia até certo ponto consolidada e que vem sendo atacada justamente pelo primeiro mandatário que não parece muito satisfeito com a ideia cada vez mais clara de que poderá perder a boquinha conquistada há quatro anos quando sucedeu barack obama.

aqui, embora não tenha a mesma importância global da de lá, as eleições municipais surfam as ondas de sua própria insignificância mundial atoladas nos seu próprio modus operandi de sempre: abuso de poder, manipulação de sentenças e decisões judiciais, pesquisas sem base científica e de credibilidade nula etc e tal.

em brasilha, ilhado no seu seio familiar, o nosso presidente promove até -imagino eu - rodadas de oração pela re-unção de trump à cadeira mais alta do salão oval da white house.

lá, trump esperneia que nem criança em busca das tetas maternas no início do desmame.

aqui, o plantel do clã familiar que rege o país, põe os olhos famintos para cima com expressão de súplica.

como cãezinhos rodeando a mesa de jantar.


quarta-feira, novembro 04, 2020

e eu que pensei que morava no brasil


andei meio distante de ler notícias internacionais nos últimos dias e, por causa disso, me tornei um completo alienado geopolítico. acabo de descobrir, com imensa surpresa, que saí do brasil e me tornei cidadão norteamericano com direito a voto e a zorra toda já há algum tempo sem nem ter tido o (des)prazer de passar pela imigração gringa.

claro que fiquei inflado de orgulho de poder saudar a bandeira de stars and stripes como um legítimo papa-bacon com direito a deixar de lado essa coisa verde-amarelo ufanística de gritar "brasil acima de tudo e deus acima de todos!". afinal soa muito mais cosmopolita e desenvolvimentista dizer "god save america!" ou vestir uma camiseta com a carantonha de trump onde se pode ler "make america great again".

o melhor de tudo isto - de ter me tornado norteamericano sem ter pedido - é ver nossos parlamentares, nossos ministros, nosso presidente subirem a palanques e tribunas pedindo votos dizendo que a democracia vencerá e trump vencerá biden cuja única intenção é acabar com o mundo e com as liberdades (temo-las?).

é altamente patriótico olhar o olhar embasbacado daquele rapaz lá do planalto idolatrando a figura daquele cara lá da white house como se santo fosse. tenho mesmo a impressão que aquele olhar é de súplica ou, quem sabe, de amor profundo.

às vésperas das eleições municipais - que determinam o rumo daquelas que vem por aí, em 2022 - o brasil só tem olhos para as urnas norteamericanas.

e eu que pensava o tempo todo ser brasileiro, me descubro um afro-american lá dos bayou da louisianna. 

domingo, novembro 01, 2020

a noiva mais cobiçada

desejada por dez entre dez entre dez postulantes ao cargo de prefeito na bahia, a presença do governador rui costa na campanha eleitoral gratuita no rádio e na televisão tem sido chôcha de fazer dó. isso quando se fala oficialmente. extra-oficialmente, rui tem sido citado, mostrado, tocado e, de certa forma vilipendiado a torto e a direito.

na capital, ele decidiu abrir o leque e aposta suas fichas em denice, bacelar, isidoro ou quem tiver olhos e unhas mais rápidos muito embora o sucessor do alcaide já esteja praticamente com a bunda na cadeira se as pesquisas (e o povo) forem levados a sério. já pelo interior, o bicho pega ponto com ponto bêérre.

em ilhéus, itabuna e adjacências no sul da bahia, a coisa chega a ficar engraçada. em ilhéus, rui e neto (prefeito de salvador e com quem o governador deu um belo exemplo do que seria a política ideal nesses tempos de pandemia) cavalgam diferentes alazões. neto, para marcar território com vistas a 2022; rui, para defender seu feudo.

em itabuna, outra jóia (ainda que gasta) da coroa, rui não dá as caras. quer dizer: dá e não dá. dos onze candidatos, apenas um se declara "itabuna acima de tudo e deus acima de todos!" os outros, direta ou indiretamente, ainda esperam as bençãos de rui. inclusive o candidato - que deveria ser, em tese, o  ungido - do seu partido.

fernando "cuma" gomes, usa imagens garimpadas da internet em eventos já quase esquecidos para lembrar que, em algum momento, recebeu afagos do "correria"; o capitão azevedo, com seus saltinhos miudinhos e sua legítima correria pelas vielas grapiúnas, também alardeia um lugar garantido sob a égide de rui; neófito como administrador, o ex-deputado augusto castro, sobrevivente da covid quer atribuir a um milagre a sua cura e a rui, a sua eleição; geraldo simões, petista de quatro costados, aguarda com santa (im) paciência a definição ou um aceno que seja do cacique baiano. para todos, até o presente momento, nada. nem tchum!

sinal dos tempos? ou será o novo normal da velha política baiana?

de qualquer forma, rui ou a sua presença ainda é a noiva mais cobiçada para subir ao altar no dia 15 de novembro.