na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, janeiro 10, 2013

bbb

rançoso como só eu mesmo, conheço poucos. acho que pior do que eu só toucinho meio apodrecido. mesmo assim, não é por esse ranço de velho que me ufano de jamais ter visto algumas coisas produzidas pela rede grobo de televisão e que servem como divisor de águas com meio brasil varonil idolatrando e a outra metade fazendo caretas, torcendo o bico, dando muxoxos e desancando. isto sem contar quem, não por ranço mas por falta de aparelhos receptores como os kayowas (é assim que se escreve?) que estão no epicentro de mais uma nova contestação da moda. não me refiro aos neo kayowas e sim àqueles que o são de fato. mas como eles - os índios - são uma outra nação, nem entram nessa briga.

vamos lá: a grobo lançou duas coisas aí para este começo de ano. as novidades são uma minissérie que tem a bahia, suas festas e seus ritmos e suas musas e seus musos e sua música (?)  como palco e seu sotaque global indisfarçável como contraponto histriônico e uma outra coisa lá que é bem nova, novíssima até, como a novilíngua de george orwell: o big brother brasil edição 1984 milhões.

desde jean willys, de quem tenho ouvido falar pouco e que foi o brother que melhor capitalizou seus 15 minutos de fama quase eternizando-os num mandato de deputado federal, que esse negócio capitaneado por um pedro bial dismorfo mesmeriza o país, movimenta milhões de reais (estaria eu sendo contido nos meus cálculos?) e faz o milagre que nenhuma cnbb conseguiu até hoje: juntar a família todas as noites em casa. se bem que não pelo divino propósito ceenebebista, mas reúne. se bem que, cá entre nós, o meu lado voyeur ainda que correndo o risco de ficar cego de um olho, prefere o bom e velho buraco de fechadura pra bisbilhotar as intimidades alheias. mas, como já não se fazem mais fechaduras como antigamente...

nas redes sociais - por quê "redes sociais"? - o tal do bbb repercute, divide, reparte, solapa, cria divergências, preferências enfim... movimenta a sociedade brasileira que busca um novo herói. saído do anonimato em que se escondia esperando o momento certo para sua aparição retumbante, este impávido colosso (qual seria mesmo o feminino disto aí?) reinará por alguns carnavais, umas tantas raves, algumas dezenas de desfiles e até eventos beneficentes em prol dos desprovidos de fama até desvanecer-se no seu próprio sonho ou ser morto em "alguma tentativa de assalto" - como já aconteceu - e voltar às manchetes ainda que defuntado para todo o sempre.

na questão minissérie, sarajane, a moça do "abre a rodinha" co-gestora (no sentido de maternidade e não de administração) da axé music, que andava esquecida no baú de recordações dos "studios wr" pomposamente chamado, à epoca, de maior estúdio de gravações e produções do norte/nordeste, vituperou furiosamente querendo, e deve estar coberta de razão, a sua parte nos direitos autorais se não da minissérie pelo menos da música que acaba com nossos (seus porque os meus não estão a serviço de penico) ouvidos como trilha sonora da indigitada peça televisiva.

difícil mesmo é engolir o "sotaque" baiano que a grobo inventou e que mesmo baianos da gema como ivete sangalo, margareth menezes e tantos e tantos outros baianíssimos tão da gema que você pode batê-los no liquidificador que darão um excelente tônico como o seu correlato feito com o produto posto pela galinha, assumiram, como prova dessa baianidade nagô (quem inventou isto?).

mas a grobo é a grobo. que ergue e destrói coisas belas diria caetano veloso se tivesse que reinventar 'sampa'. por isso mesmo, recolho-me à minha insignificância, desaprendo-me desapegando-me dessa globalização e reaprendo-me no isolamento das raízes do mangue de siribinha, fazendo retratos de nascedouro morrente e de uma barra de rio prenhe de gente e vazia de peixes.

plim! plim! repararam que eu não falei de ignatius nem do pt?




2 comentários:

  1. Isso é genial, o blog do senhor deveria ser mais divulgado

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  2. faço minha as suas palavras, deveríamos boicotar programas preconceituosos, tais como essas minisséries, pois esse tipo de gente só se "toca" quando o bolso "coça".

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