na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, setembro 13, 2007

o dia em que o senado afundou

com quantos adjetivos se nomeia um senado? e um senador? reúnam-se todos os dicionários, colham-se todos os pejorativos e, ainda assim, não o teremos definido. o que se viu ontem, em brasilha, foi uma calheirice – ooops! canalhice – generalizada. morra de vergonha, judas! quarenta calheiros – de novo, ooops! canalhas – avalisaram o que, há quinhentos anos e uns pedacinhos, nós – pelo menos eu – estamos carecas de saber: o brasil, ao contrário do que prega o hino ufanista é corrupto por natureza. façamos justiça no entanto: o hino tem até uma certa correção quando se diz “gigante pela própria natureza” o problema é a corrupção embutida, metastasiada nesse gigante.
quem estava sendo “votado” em julgamento oculto, sombrio, escamoteado dos olhos de quem queria ver, não era o tal do alagoano (a partir de agora, caia-me a língua, apodreçam-me os dedos se eu falar ou dedilhar seu nome!), era o próprio senado. era a nossa fé, a nossa crença, a nossa confiança. que foi deslavadamente enxovalhada – trocaralho do cadilho, este – por quarenta ladrões que julgavam ali-babá. se bem que alguns dos pares do maior vaqueiro das alagoas se dispuseram a apontar-lhe o dedo e, isto, creio eu, mais por demagogia –baseada na teoria martasuplyciana de que “já que o estupro é certo, relaxe e goze” – do que em defesa de uma moralidade que em brasilha e, por conseqüência, no brasil, já que brasilha é a mãe de todos os males, não existe desde que um tal de cabral perdeu o rumo da sua nau – rima pobre em prosa mais pobre ainda – e veio dar com os costados nas costas da bahia – e tome-lhe trocadilhos! - .
ganhou o vaqueiro das alagoas! remexe-se em seu túmulo outro alagoano este, um menestrel. seus ossos devem estar pedindo, mesmo defuntos, pra ir embora pra pasárgada. perdemos nós? não. não perdemos porque nunca tivemos. me refiro a dignidade, a honradez, a respeito. de lá, da nórdica finlândia, passeando de charrete, o sapo barbudo (que me perdoem os sapos) nomeado e votado e aclamado presidente-em-chefe desse grande latifúndio, bem do seu jeito etílico de ser e ignorar o óbvio (u)lulante, bem do seu jeito de fazer de conta que não tem nada a ver com o peixe, deu uma de marioneteiro e mexeu todos os cordões que tinha à mão e à conveniente distância que há entre o brasil e a finlândia, moveu céus e terras, mexeu todos os pauzinhos tirados da floresta amazônica para salvar da guilhotina da honradez o seu apaniguado criador milagroso de gado. conseguiu e balbuciou que “esta é mais uma prova da democracia que grassa no país”. apesar das aspas, a frase é minha. toda minha. indignada como toda esta pátriamadidolatrada brasil. mas a minha, ou nossa, indignação não basta para fazer calar as vozes que dão asco.
estamos tendo hoje o nosso dia do medo de todos os medos. o medo de que um dia tudo isto mude e tenhamos no senado de brasilha, um grupo de homens honrados e na cadeira de presidente desta fazendola um homem de atitude que, ao contrário de certas majestades, reine, governe. e que tenha opinião. mas isto, na verdade, é apavorante para quem se acostumou a chafurdar na lama da corrupção, da impunidade e da desonra. o senado desabou! viva o senado! viva a república das alagoas!
é tudo que merecemos: panis et circensis!

Um comentário:

  1. Depois da sessão escamoteada do Senado Federal, em que uma ruma de covardes senadores absolveu um corrupto comprovado, só nos resta planejar um Movimento Nacional, de cunho soberano, pelo FIM DO CONGRESSO CORPORATIVISTA NACIONAL.

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