na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, novembro 25, 2015

dies irae, mariana!

lama de mariana em praia capixaba: banhistas aprovam
alguma coisa acontece no meu coração quando encaro os mares de lama que se espraiam brasil afora. dá um aperto assim daqueles que a lágrima desiste de escorrer pra não se envergonhar. se é no planalto central onde um enclave dominado por austeros bandidos manda em todo o país, cerca e refeniza aquela que deveria vir a ser a primeira mandatária, a administradora da nação que, por sua vez, se deixa refenizar e se torna moeda de troca num cambalacho sem igual. como diria aquele cidadão de voz roufenha "nunca na história deste país..." pois é, tem toda razão, ignatius.

a lama da samarco enterra a capacidade de  nos indignarmos
nunca na história deste país a terra tremeu tanto como agora. a terra e os homens. oremos por mariana e seu distrito e seus tantos ainda não contados mortos. a lama que saiu das minas enveredou por mares capixabas e matou, além de homens, animais, árvores, ervas santas e daninhas, matou a nossa capacidade de nos indignarmos. assim como o mar de lama que envolve brasilha não nos move uma palha sequer. na verdade, deixa-nos apenas com a vontade de fazer apostas: quem cai, quem não cai. não nos indignamos mais com a podridão que elegemos pois a culpa é nossa. chora mariana!

se não choram marias, clarices - preferem com dois "esses"? - chora, escondida, a dilma. por não
saber ser aquilo por que tanto lutou, ela chora nos recantos luxuosos do palácio onde não pontua, apenas habita. chora e, por vingança ou qualquer outro motivo, assassina o vernáculo, joga as metáforas na masmorra de um discurso enfadonho e sem sentido para um povo sem fala que não entende o que ela diz. reza, mariana!

tempestade à vista e nada da arca salvadora
no sub enclave das redomas brasilhanas, figurinhas coroadas travam um embate sangrento para ver quem tem menos sujeira sob as unhas e nesse embate se sobrepõe o sotaque carioca e cheio de malandragem de um homem que deveria presidir, com pompas e circunstâncias, a comissão de frente de uma penitenciária de segurança máxima, embora isto não exista no brasil. e é ele mesmo que, desanca e desautoriza seus adversários achincalhando-os olho no olho sem medo de dizer: você é igual a mim! lamenta, mariana!

mas nem tudo está perdido. a caixa econômica federal, com suas loterias - embora o jogo de azar seja proibido no país - arrecadou esta semana, só em um concurso da mega sena, 5,1 bilhões de reais para pagar um felizardo (provavelmente de um bolão de cartas marcadas como se sabe mas nunca se provou) pouco mais de 200 milhões. alegra-te mariana, pois este "alguéns" nem se lembrará da tua dor, nem das centenas de famílias que passarão por um período de míngua até a lama passar pelo rio doce e acabar com a vida por, pelo menos, uma dezena de anos. aposta, mariana!

vai que acabei de me lembrar de uma musiquinha pra elevar o moral nos tempos da minha longínqua juventude: "este é um país que vai pra frente...!"

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