na rua, na chuva ou na fazenda

sábado, janeiro 07, 2012

resoluções de ano novo

como em todos os anos, no dia 31 de dezembro do ano passado debrucei-me sobre uma agenda lotada de anotações de compromissos (99,99 por cento deles não cumpridos), e tasquei-me a escrever as minhas resoluções para o ano entrante. firme como uma rocha, detalhei as decisões destinadas a mudar o curso da minha vida durante o ano que me serve como marco regulatório dos tempos que me sobram sobre as pedras deste planetazinha mesquinho.

diverti-me horrores ao me imaginar - pelo menos no arquétipo desenhado nas folhas - um sujeito correto, de conduta absolutamente ilibada, não fumante, não alcoólico, não isto, não aquilo, isto sim, aquilo não. também sofri horrores ao descobrir que jamais o seria. em momento algum desta sobrevida que me deram neste pais que tem arremedo de tudo. nada é definitivo. tudo é transitório nestas vastas e verdejantes (em alguns pontos) paragens do lado de baixo do equador.

até a justiça emanada das cortes olímpicas lá de brasilha é transitória. que o diga jader barbalho. quando não, faz jus à imagem que a personifica aos nossos olhos. uma senhora cega com uma balança e uma espada enferrujada vestindo um baby doll ou camisolão em pose de sei-lá-o-quê. aquela cegueira... aquela cegueira é que faz a festa de sarney, por exemplo. em outras terras, outras épocas, o bigodudo e toda sua prole - inclusive os agregados - já estariam devidamente hospedados n'alguma masmorra (não quero chegar aos extremos de desejar-lhes cabezas cortadas). mas não. aqui eles penam em ilhas paradisíacas, tem império de comunicação, ocupam os céus em helicópteros públicos e eternizam-se em fundações dedicadas a... eternizá-los no culto hedonístico da própria imagem.

assim, minhas resoluções de ano novo morreram no nascedouro ou antes de alcançarem-no. natimortas não podem jamais serem acusadas de não terem funcionado. abandonadas antes de serem algo, não foram sequer cogitações. apenas uma vingou e deve servir de farol, baliza, lanterna de afogados ou qualquer coisa que o valha para mim ao longo deste ano: não elucubrarei resoluções mais nunca em nenhum ano novo vindouro. apenas tentarei sobreviver a ele.   

ou, simplesmente, virar fumaça!

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