na rua, na chuva ou na fazenda

quinta-feira, abril 12, 2007

o milagre dos peixes

poucos dias antes da semana santa, ocasião em que o povo desanda devorar cardumes e mais cardumes de peixes e outros frutos do mar, os habitantes da baía de todos os santos engendraram um pacto macabro: morrer aos milhares como forma de protesto contra esse ictiocídio que só encontra similar nos campos de extermínio hitlerianos. assim, envolveram-se algas, camarões, robalos, tainhas, corvinas, saramonetes, carapebas, carapicus, autoridades do alto do baixo e do médio escalão do governo estadual e alguns mestres togados da prestigiosa ufba. conluio concluido, eis que começam a aparecer nas águas calmas da baía de todos os santos a partir do recôncavo milhares e milhares de escamados e encourados habitantes marinhos e essas águas, as vezes verdes, às vezes azuis, tingiram-se de branco dos mortos boiadores. passada a estupefação, vieram as primeiras conjecturas: "foram os bombeiros da ribeira!". menino! que poder devastador têm aqueles pobres rapazes que de quando em vez, detonam os próprios braços e pernas e ainda levam de troco um mergulhador babaca! que poder de fogo! atingiram saubara lá na caetanense santo amaro!
depois, uns jornalistas e radialistas uns bêbados outros equilibristas verbais começaram a desconfiar de veneno vazado da verdeamarelinha petrobras. que gente! como ousaram assacar contra uma companhia que só faz o bem sem olhar a quem, que protege o meio ambiente como a deusa da floresta ou das águas ainda que de quando em vez haja um derramamentozinho de uns lhões de litrinhos de petróleo ou diesel pelos mangues da vida afora, isso é coisa pequena! aí, outros sem ter o que fazer, arranjaram uma cúmplice para a pobre empresa. é demais. bom é que tanto a inocente petrobras quanto sua agora cúmplice brasken ficaram assim, ó! caladinhas da silva dos santos xavier! sábias!
enquanto o bate-boca continuava em todas as peixarias e butecos que pararam de vender peixe frito como tira-gosto por falta de quem os quisesse comer (houve até buteco oferecendo como cortesia!) nossas autoridades entraram em ação ou melhor, em campo. se picaram pro nascedouro da mortandade que aumentava dia a dia e fizeram o que as autoridades sabem fazer de melhor: ofereceram cestas básicas! hélas! quantas bocas famintas atiçaram mãos e braços para recebê-las (as cestas, não as autoridades ou a estas também) mas como tudo que é bom dura pouco ou tem sempre um chato pra acabar uma boa festa, uma mulher simples, lá do meio do povo, escarrou sua revolta nas telas da tv renegando tamanha obra de paternalismo: "eu sempre vivi do meu trabalho, sempre comí e me vestí com o fruto do meu suor e vêm vocês me oferecerem esmolas?!" divina indignação! ah! o que seria do lula se todo o brasil fosse assim?
bom, a semana santa chegou mas antes que chegasse a sexta (sai de baixo, judas!) as autoridades e os doutores togados chegaram à alegre conclusão: o ictiocida em massa foi uma alga de nome complicado que mata os peixes por sufocamento! aí entraram os doutores explicando todo o processo nas rádios, nos jornais e nas tevês. como quase ninguém comeu peixe (a não ser dois urubus que viraram bois de piranha), todos comeram a história. ninguém chiou a não ser um ou outro devoto de são tomé mas que não deu pra engrossar o caldo. mas eu tenho minha própria teoria: foi suicídio em massa como naquele caso de um pastor norte-americano que levou todo mundo a se matar. foi suicídio em massa num caso agudíssimo de pmdb-da-b (psicose maníaco depressiva da braba) que levou todos os peixes daquela região, no último natal, a acreditarem que papai noel existe e, quando não o viram, entraram num estado de espírito tal que só poderia acabar como acabou: boiando, mortinhos da silva. falando nisso, posso garantir a beth wagner: eu não acredito em papai noel!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

manifeste-se a respeito