na rua, na chuva ou na fazenda

segunda-feira, julho 24, 2006

ali-lulá, quantos são os ladrões?

jurei, um milhão de vezes, antes de começar a escrever isto aqui, que não falaria do lula. jurei e manterei, na medida do possível, o meu juramento. e olhe que isto é uma tarefa hercúlea. porque, para não falar do lula, presidente do haiti “é aqui” de gilberto gil e caetano é meio complicado quando se trata de falar de brasilha e seus desdobramentos de bandeiras, carteiras, mensalidades e processos.
por isto, optei por falar – ou escrever – sobre 112 (não seriam bem mais?) ilustres cidadãos de conduta ilibadíssima – a tal ponto que não me sinto honesto o suficiente para grafar-lhes aqui os nomes – citados por eminentíssima revista de circulação por todo o território da pátriamadidolatradaéstubrasil com direito a retrato trêsporquatro e nome de partido.
menino! que coisa mais bonita de se ver! 112 (e não seriam bem mais?) guapos e respeitáveis cidadãos, exemplos de pais, maridos, irmãos, amigos, concubinos, súcubos, íncubos em quem votamos na mais deslavada confiança cientes de que perpetrávamos o melhor para este retumbante país, que sufragávamos nas eletrônicas urnas – modernidades do terceiro mundo – o reflexo das nossas mais secretas aspirações (lanchas de 52 pés, mansões em paraísos tropicais, contas em paraísos fiscais, amantes em clubes fechados de brasilha, pin-up girls nos chamando de titios – se quem estiver se aventurando neste blog agora for do sexo feminino, por favor, desconsidere o machismo – apaniguados, aparentados ou não tanto, como sogras e concunhados pendurados em cargos bem remunerados nas tetas da viúva) denunciados como se fossem meramente bandidinhos com os quais convivemos tanto em presídios como nas casas ao lado da nossa! eu, por exemplo, na república livre de itapuan, cumprimento todos os que conheço, inclusive a mim mesmo. a diferença, entre nós e a turma que elegemos é que a vida nos leva a isto. a mim só levou, pelo menos por enquanto, a pequenos delitos como deixar a conta da mercearia e do bar pro mês seguinte, deixar de pagar a luz até receber a ameaça de corte e etc., já a outros vizinhos, as vicissitudes e outros vícios levaram a outros lugares... paciência, os estofos, nem sempre são iguais.
voltemos aos nossos 112 (não seriam bem mais?). vou, de bate pronto, rebater a famigerada matéria da indigitada revista de circulação absurdamente nacional: declaro, para todos os efeitos, em alto e bom som (letras escritas têm sonoridade?) que não acredito na reportagem. apesar de muito bem feita, trabalho de profissional competente, investigativa, elucidativa e esclarecedora, a matéria quer, simplesmente, acabar com a minha, a sua, a nossa fé nesses 112 homens-santos (será que não seriam muito, mas muito mais?) que, motivados por um enorme sentimento patriótico “dosfilhosdestesolésmãegentilpatriamadabrasilsilsilsil!” tentaram, da melhor forma possível, recuperar tudo aquilo que, em mais de 500 anos de dominação estrangeira nos surrupiaram. a tal matéria, supra-sumo do bom jornalismo, quer apenas que não sufraguemos novamente os nomes, digníssimos nomes (e não números prisionais) desses 112 (não seriam muitíssimo mais?) que, a despeito de toda a arquitetação maquiavélica dos editores da tal revista semanal, já estão aí, a postos com as caras aplicadas em cartazes e, brevemente, em vt’s nos dizendo da sua santidade e da confiança que têm na nossa capacidade de nos lembrar que eles! eles, sim! são a nossa salvação da condenação eterna.
não creio em revistas. creio nesses 112 (será que eu não esqueci mais alguns algarismos? não seriam eles um pouco bastante mais?) que voltarão, lépidos e fagueiros em defesa dessa pátriaamadómãegentil da qual não sabem nem uma estrofe completa do hino de louvor mas defendem-na com um ardor que a revista não teve, que você não tem e eu, muito menos.
voltarão, sim. pastores evangélicos, católicos praticantes, bispos e acólitos, ex-guerrilheiros, sapos-barbudos, lampião e as volantes. e que um tal diogo mainardi me faça uma última gentileza quando sair disso aqui: me inclui no pacote de pacote de papel higiênico e me leva junto?!
viu só? não falei do lula, mas ele garante que, como os 112 (viu que tinha, pelo menos, mais um?), vai voltar. sorte sua!

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