na rua, na chuva ou na fazenda

quarta-feira, janeiro 18, 2006

pior fome é boca pura

"Um dia vieram e levaram meu
vizinho que era judeu. Como não
sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era
comunista. Como não sou
comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram
meu vizinho católico. Como não sou
católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me
levaram; já não havia mais
ninguém para reclamar..."
Martin Niemoller, 1933
hoje acordei...como se diz na moda, revendo todos os meus conceitos. me revendo. aí, é que deu! comecei por um conceito emitido pelo mais filósofo dos filósofos que eu conheço: chico, ou melhor, chiquinho motorista lá da repartição onde trabalhamos. "pior fome é de boca vazia". dá-lhe, chico! profundíssimo. claro! de barriga vazia a gente não pensa, não analisa, não faz boas escolhas...o que vier é troco. verdade. de barriga vazia a gente até come feijão dormido de seis dias atrás e já com aquele cheirinho que até cachorro rejeita. vamos então, desconstruir - palavra nova no pedaço! (pelo menos para mim) - esse conceito chiquiniano.
foi por causa dele, do conceito, não de chico, que eu, de barriga vazia de democracia verdadeira, com fome de um presidente do povo e escolhido (mesmo!) pelo povo e com cara de povo, tasquei um voto grandioso e sonhador num apelido de quatro letras e mil toneladas de esperanças. esquecí-me, por conta daquela fome, de que por trás do apelidozinho carinhoso, tão pequeno quanto fácil de falar, até mais fácil do ter que dizer fêagácê - pouca gente sabia o que era aquilo - , dizer "lula" soava como chocolate branco derretendo na boca; levava jeito de...ahnnn...vamos exagerar...beijo de amor. daqueles bem novelescos. imbuído - ê aurélio, morre de inveja! - sapequei-lhe meu voto lulístico e aí eu digo do que esqueci. esqueci que por trás daquele tal apelidozinho carinhoso havia a sua matriz pomposa: luiz ignácio lula da silva. o apelido tinha virado nome do meio. táqueopariu! a fome de barriga vazia de um presidente que falasse a minha língua e entendesse as minhas necessidades escondeu a possibilidade daquele ente imperial "luiz ignácio lula da silva" aflorasse do "lula" zépovinho como eu e o subjugasse. foi aí que me ferrei. ria, não besta. cê também se ferrou. sem nunca o ter sido, agarrei bandeiras petistas e as brandí em meio ao populacho ensandecido. festejei a vitória brasileiramente.
e agora? bom, aos poucos o operário se deixou convencer pelo imperador que o melhor era trocar de avião, mudar a decoração da casinha lá de brasília, derrubar uma estrela do céu e plantá-la no jardim da granja, bem vermelha. e o pior é que seus ajudantes o incitavam mais e mais a se deixar imperializar.
o seu richelieu, acostumado a brigas de galo, o fez provar do mais puro néctar do olimpo: um romaneé conti - é assim que se escreve? - de mais de sete contos de réis - coisa impensável prum operário criado a 51. ensinou-lhe também que viajar faz um bem danado e, tome-lhe viagens. o que ele deve ter de calo na bunda de tanto viajar não em nenhuma mão de operário que se preze. mas ele é o imperador.
e como imperador, se deu ao luxo de avacalhar minha fome de um presidente presidente.
tem nada não. amanhã, dizia o poeta, há de ser outro dia. e aí quem vai ignorá-lo imperial, solene e olimpicamente, serei eu. daqui de baixo, da poeira do meu chão de zépovinho que deixou de acreditar em sonhos, operários, papai noel e saci-pererê (pra ser mais brasileiro e menos aculturado). vou votar na opus dei (pelo menos acredita em virgindade, silícios, suplícios e coisa e tal) e, isso eu garanto, não passa fome nem que a vaca tussa! nem fome de comida, nem fome de poder - porque já o tem em excesso - ou mesmo de renovar esperanças.
a melhor fome é pensar nela como algo que não existe.
e não me enganem de novo com apelidos porque gato escaldado de água quente tem medo até de desenho de torneira .
e viva o mst que não explora petróleo mas ganhou verba da petrobrás. salve duda mendonça que soube ganhar o dele - que ninguém é besta - só repetindo "não basta ser pai, tem que participar" não basta ser remédio, tem que ser gelol" "não basta ser ótica, tem que ser ernesto". maluf que fez! umm um

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