agora, amigo velho, sou de um tempo que a gente se cotizava, fazia vaquinha e coisa e tal mas era pra arrumar uns trocados pra ajudar um coitado que nem nós mesmos a comprar uma lata de leite ninho (epa, tou fazendo merchandáisin de graça!) que tinha uma ninhada de filhos do tamanho de um time de futebol com alguns reservas na boca de espera. ou pra dar um adjutório pra ajudar a levantar uma tapera de outro que a taipa não aguentou a chuvarada e etc e tal. mesmo assim era coisa de uns - estourando - quarenta, cinquenta, cem contos (tanto faz cruzeiro, cruzeiro real ou real porque dinheiro é sempre dinheiro) agora, vaquinha de um trezentos, seiscentos mil e até milhão pra dar pro sujeito que, apesar de ser do partido dos trabalhadores, de trabalhador não tem nada... fica ruim, compadre. fica muito ruim.
eu, da minha parte, não dei nada. até porque não tenho nada pra dar e ainda tenho de me esconder do povo
lá do imposto de renda que todo começo de ano mete a mão no meu bolso sem a menor cerimônia. daqui mais uns dias, eles tão batendo na minha porta.
pra falar a verdade, me dá uma gastura sem fim quando olho a desfaçatez de zé genuíno fazendo caras e bocas pedindo prisão domiciliar definitiva e aposentadoria por invalidez na câmara dos deputados. me dá ziquizira quando leio nas folhas que zédirceu recebe oferta de emprego com salário de 20 mil contos e que o outro lá, o delúbio - que também entrou com lista de vaquinha - tá empregado de partido, associação ou coisa que o valha, com salário de mais de 4 mil. todos foram julgados e condenados pelo stf.
sou de um tempo em que condenado é condenado e, portanto, tem mais é que cumprir sua pena e saldar a sua dívida social seja lá de que peso for e não ficar por aí de cuia na mão e a conta bancária mais gorda do que uma porca e ele, se fazendo de inocente, puro e besta. é demais pra mim.
mas não é demais pro resto da companheirada que se veste de vermelho e bota uma estrela na roupa ou na testa e subscreve essas listas que, a bem da verdade, só tem o propósito de nos envergonhar.
ainda bem que desse brasil, eu me orgulho de não fazer parte.
Pois é. Aqui está um qualquer em um lugar qualquer lendo as últimas quatro postagens deste blog e bem no bico do urubu. Uso as maiúsculas após os pontos e me encanto com as minúsculas após eles. Poeta é poeta, filósofo é filósofo e orquídeas são orquídeas, são orquídeas, são orquídeas... Vivo as palavras dos outros porque me identifico e porque não me identifico e então, aprendo. Exercito-me como cavalo, com prazer e o urubu (aliás, o estar em seu bico) me dá um alimento como um tira gosto agridoce: Delicio-me. Valeu!
ResponderExcluirtens razão, heitor: poeta é poeta. o resto, é pura prosa.
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