meu caro amigo (se é que tenho a liberdade de chamá-lo assim), ao longo dos meus quarenta e tantos anos como jornalista e radialista, convivi com gente de toda estirpe. gente boa, gente mediana, gente grande, gente pequena... gente que nem merecia ser chamada de gente. convivi, tolerei (e olhe que a tolerância, assim como a pena é um dos piores sentimentos que se pode nutrir pelo outro) e passei incólume por todas essas gentes.
sou, por natureza, reservado. sou, também por natureza, pouco dado a demonstrações públicas de afeto. mas faz-se necessário - pelo menos para mim - o reconhecimento desses alguns poucos anos nos quais tive a honra, o prazer e, às vezes, o desgaste de trabalhar com o senhor (com você, se realmente eu fosse o amigo que esta escrita em tom coloquial pode levar a crer). desgaste, sim, porque, também às vezes, o seu temperamento forte mascarava o sujeito parcimonioso, afável e, desculpe a exposição, gentil e sentimental. fora isso, a convivência é fácil embora nem sempre leve por conta de todos os seus próprios problemas enquanto parlamentar, enquanto líder político, enquanto ser humano que se dividia entre política, família, amigos e inimigos. inimigos nem tanto... uma boa parte, adversários.
vi o seu sofrimento com o sofrimento alheio. senti na pele essa preocupação genuína (lembra-se?). vi o sofrimento que se lhe cai nos olhos quando amigos queridos desavençam-se consigo (louro, ramon, otto e outros tantos), e a alegria que os fazem brilhar quando retornam. generosidade característica de almas nobres. não sei e não quero saber se já praticou alguma maldade. se bem que, quem nunca o fez que atire a primeira pedra.
esta postagem deveria ser endereçada apenas para o senhor mas prefiro torná-la pública como um reconhecimento, como uma homenagem de um profissional que aprendeu a admirar e respeitar um grande homem, um homem de respeito e a quem se deve respeitar. não se trata de uma despedida. despedidas são lúgubres e pesam na alma e a minha está leve. apenas entristecida.
aprendi muito com o senhor. em todos os momentos. mesmo quando discordava dos seus pontos de vista. o humor estranho mas bem humorado, a mania de perfeição - a perfeição é uma meta defendida pelo goleiro, dizia a música - mesmo quando totalmente impossível. a eterna briga por morro do chapéu (que, sinceramente, eu não creio que o mereça tanto).
este post, senhor deputado josé carlos araújo, jca, "seo zeca", doutor josé ou ainda simplesmente, compadre zé carlozaraújo, como dizia o finado virgulino, é uma homenagem. pura, sincera e simples. como devem ser as homenagens.
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