Desde o Renascimento, quando o conhecimento científico ganhou relevo, contrapondo-se aos valores religiosos tão arraigados no homem medieval, o mundo vem ganhando contornos imprevisíveis. É impossível dizer se as próximas descobertas e transformações, pelas quais a humanidade ainda passará, serão favoráveis ou não, na sua grande maioria, ao seu bem estar.
As ideias iluministas trouxeram, no século XVII, uma forma diferente de enxergar o mundo. O homem consolidou o seu pensar racional, atribuindo à ciência um absolutismo, quem sabe tão dogmático quanto o poderoso viés religioso e aristotélico usado para explicar os fenômenos nos quais a sociedade estava mergulhada.
A despeito dos avanços trazidos ao planeta pela sistematização do conhecimento, a superação do empirismo acarretou um positivismo perigoso sobre o qual, em meados do século XIX, mentes consideradas brilhantes depositaram exclusivamente suas esperanças de progresso nas diversas áreas de atividade e de necessidade humanas.
A ideia era manter a sociedade em ordem e deixar que os cientistas encontrassem o caminho a ser percorrido para melhorar a condição biológica, psíquica, econômica e social. Mas para isso, era necessário um silêncio e uma passividade por parte daqueles considerados intelectualmente inferior. O melhor para os “donos do conhecimento”, era um indivíduo pensado e não pensador.
Questionar os avanços e os meios pelos quais eles foram obtidos, soava talvez tão mal quanto a reação dos renascentistas diante das descobertas vigentes na obscuridade religiosa medieval. Os valores haviam mudado? Sim. Porém outra forma de domínio estabelecia-se, mesmo com a pregação de liberalismo político e econômico, hoje ainda tão proclamada por uma corrente ideológica que defende a individualidade e a liberdade do homem. Mas essa defesa talvez seja a forma encontrada para fazê-lo preso com uma falsa sensação de liberdade.
(* Artigo by Tony Santos - radialista, beletrista, pensador de Ribeira do Pombal)
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