promotor: membro do
ministério público, responsável pela defesa do patrimônio público, do
meio-ambiente, dos direitos dos consumidores, do direito econômico, defesa do
patrimônio histórico-cultural brasileiro, defesa dos hipossuficientes tais como
crianças, idosos, minorias etc. dentre muitos outros interesses coletivos de
relevância social.
cigano: trapaceiro,
sabido, espertalhão, burlador, velhaco, trapaceador (...)
as duas
palavras acima e suas definições são nossas velhas conhecidas. quem, com raízes
tão profundas em um mesmo pedaço de chão a ponto de nunca ter saído do torrão
natal não já foi chamado – depois de uma transação onde levou alguma vantagem –
de... cigano? que atire, então, a
primeira pedra. quem, nas públicas repartições lotadas de aproveitadores das
necessidades alheias nunca pagou juros de... cigano! pelos caraminguás
destinados a segurar as despesas até o próximo holerite? que atire a primeira
promissória (ou cheque).
pois, não
é que um promotor de justiça um tanto ocioso decidiu-se
que a definição pejorativa dada à palavra (e, às vezes merecidamente, aos
nômades) é motivo justo e frouxo para o banimento das bibliotecas, livrarias e
casas do ramo (inclusive escolas) do dicionário
houaiss com a sua apreensão?
imaginem agora o bafafá que baianos deveriam criar com
paulistas, cariocas e/ou sulistas em geral para quem todo e qualquer nordestino
é baiano aí se querendo dizer negro
(?!) preguiçoso, safardana e por aí afora? até os mineiros, que só são
nordestinos quando se trata de abocanhar federais verbas via sudene, são
atacados na poética definição antropológica (?) de que “mineiro é um baiano cansado!”
e os paraibanos? o que deveriam dizer quando outro compatriota
nordestino, já que o brasil sutilmente se divide em dois: o brasil do
norte-nordeste e o sul (¹) , chama alguém atabalhoado de... paraíba!?
melhor é a definição que damos para polaca?! quer saber? procure o houaiss
antes da apreensão!
melhor é a definição que nos dão os belgas às nossas
mulheres. sob o sotaque franco-belga com direito a biquinho charmoso, a palavra
brésilienne sapecada às nossas
queridocas desde 1884, traduz-se muito vulgarmente numa gíria que até já nem se
usa tanto por lá mas significa travesti.
e olhe que eles tem toda razão já que exportamos - de há tempos e tempos
atrás mas também nem tanto tempo assim - travestis para a europa.
o tal do procurador de justiça, que é outra acepção para
promotor, bem que podia ater-se à raiz grega da palavra cigano: athígganos (intocável) que o dicionário
houaiss, passível da condenação de banimento, também define muito embora
tenhamos importado a palavra cigano do francês cigain em meados do século 16.
será que o procurador, ao fundamentar o seu pedido de
apreensão do “houaiss” por esclarecer a forma como nós usamos a palavrinha
“cigano” procurou verificar a que ações apelidamos carinhosamente de “asneiras” ou o que o baiano define como
“presepada”?
sei não... sei não.
(¹) a definição é imprecisa: ao que parece, e de acordo com
os informes sobre trânsito e situação de aeroportos do país veiculados pelas
grandes redes de tv nos jornais matutinos, o brasil se divide em são paulo e
rio de janeiro (nesta ordem) e, eventualmente, brasília. o resto? bom, o
resto...
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