me senti milton nascimento e fernando brant, os próprios, com aquela inveja saudável em "certas canções" quando se questionam "que perguntar, carece, como não fui eu que fiz?". aí então, você é quem me pergunta: porque todo esse bolodório mineiro? é pra dizer o que, afinal? respondo cá das profundidades tristes onde resolvi me exilar por algum tempo: apesar de não ser tão addicted (eita!) de ver filmes quanto uma certa pessoa que, lamentavelmente, fica se culpando por não ter conseguido amar a outra e que se sente culpada por isso e que, por acaso, é uma das pessoas que mais amei na vida - como sou um homem de meia idade dado a ilações infanto adolescentes posso vir a amar de novo e espero que tenha a mesma cara, o mesmo jeito meigo/bestafera, a mesma genialidade, o mesmo cheiro/gosto de menina-fada mas que deixe as culpas sob o tapete de onde formos - mas mesmo assim gostar de, de quando em vez, ficar com os olhos quadrados de tanto ver filmes na tv (o cinema atual me apavora pelas suas dimensões mínimas e sua multidão inacreditável, pelo fedor milhocento de pipocas e gritinhos histéricos e salpicos de cacacola na nuca) a cabo, a única coisa à qual posso me dar ao luxo de pagar.
Vez em quando, tem um que gosto. aí, danou-se! é um tal de ver e rever que sou capaz de um dia virar roteirista róliudiano tupiniquim. a bem da verdade, é forçação de barra da operadora que tem mania de reprisar à exaustão cada merda que sódeussabe! voltemos à minha explicação: já vi "quatro casamentos e um funeral" trocentasnovemilvezes - por imposição da iscái - e acabei gostando muito do personagem perpetrado por ríu grante que canalhísticamente (bom malandro coca-cola) azara todo mundo e se enrola com uma criatura bonita, mas sem sal, transa com ela, ela some; transa de novo, ela volta a sumir; mais uma transa e ela se casa com outro e ele, revoltado, vai cometer casamento com outra, mais sem sal ainda, e já no cadafalso, é salvo por um mudinho ridículo cujo papel deve ser justamente esse: o de tornar previsivelmente ridículo o final do filme. deixê-mo-los então, de fora disto aqui a partir deste ponto.
o que me impressionou não foi o romance gay entre dois escoceses - um, de saiote kilt provavelmente do clã de xã côneri (o melhor zerozerosete que eu já ví) e o outro, inglesamente trajado de terno completo e tomando chá além de... deixemos de lado! - mas sim, o que foi dito no funeral do dito cujo de saiote que morre nos festejos da tal sensabor que traça e é traçada pelo malandro cacacola.
quanta inveja me deu, fadrica, do tanto de amor exarado naqueles versos e do tamanho de vazio que o amor amado é. o amor é, por sí só, autista. se contenta consigo, se acarinha consigo mesmo e, de alguma forma se sente amado, retribuido, pleno, por ser o que é: apenas amor. amor não se lamenta, se exalta! nem que seja deste jeito aí:
"Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone.
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message She is Gone*,
Put crépe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song,
I thought that love would last forever: 'I was wrong'
The stars are not wanted now, put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good. "
coisa mais de bonita de se ler, de se ouvir. eu, cá do meu jeito estrambótico de ser, não me gostaria de ser amado desse jeito. me afogaria de amor e certamente, ao me afogar, esse amor morreria. não ia dar certo nunca! você tem toda razão, mas aprecie essa beleza, mesmo adulterada. relaxe e sinta-se bem por ser amada, e não, possuida!
* no original: "He is Dead"
** "Funeral Blues" autor: W.(ystan) H.(ugh) Auden (*1907 + 1973)
Sinto muito por sua amada. Só uma pergunta: Ela sabia disso ou é um amor não revelado? Fiquei curiosa... O texto é lindo, mas acho que nem todas as mulheres tem sensibilidade para receber algo tão belo, talvez seja o corre-corre, onde as pessoas se tornam tão frias e sem tempo.
ResponderExcluirQuer saber; simplesmente ADOREI!!!
Adorei, muito lindo,Mas sei de uma coisa, o homem não morre quando deixa de viver e sim quando deixa de amar,e se depender disso você nunca vai morrer, por que de amor você entende muito bem.Uma grande paixão pode fugir ao tempo, mas nunca ao destino,Se não tiveres a coragem de desafiar-te,farás sempre e somente o necessário.Beijosssssssss
ResponderExcluirUm Pensamento:
ResponderExcluir"A maior virtude do ser humano, é manter um sorriso nos lábios
enquanto.o coração explode de dor."
"Nosso caráter é aquilo que fazemos quando achamos que ninguém está
olhando."
"Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a
tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos
fracassos."
Tenha uma ótima semana.
Mas e a vida? E a vida, o que é? Diga lá, meu irmão!Ela não é a batida de um coração ou uma doce ilusão?Não é maravilha ou sofrimento, alegria ou lamento? Enfim, há que se viver tudo para se viver. E é, simplesmente, isso!!
ResponderExcluirbjs
A gente se fala!
Pare todos os relógios, desligue o telefone
ResponderExcluirImpeça o cão de latir com um suculento osso
Silencie os pianos e abafe o som do tambor
Traga para fora o caixão, deixe vir as carpideiras
Deixe os aviões em circulo lamentando no alto
Rabiscando no céu a mensagem “Ela se foi”
Ponha laços em volta da garganta e o branco das pombas públicas
Deixe o guarda de trânsito desgastar as luvas pretas de algodão
Ela era meu norte, meu sul, meu leste e oeste
Minha semana de trabalho, meu domingo de descanso
Meu meio-dia, minha meia-noite, minha conversa, minha canção
Pensei que o último amor duraria para sempre “Eu estava errado”
As estrelas não são queridas agora, ponha para fora cada uma;
Embrulhe a lua e desmanche o sol
Ponha afastado o oceano e limpe a madeira
Porque nada agora vale mais a pena
E aí, Carlão? Corrija o que tiver errado,pois me arrisquei a traduzir este belo texto.
Abraços!!