diante de tanta ignomínia que tenho visto, ouvido e lido
sobre a república brasilis nesses tempos bicudos de lava-jato, eu havia
decidido abrir mão do direito de tentar opinar sobre tudo isto que vem
acontecendo. porém, ah! porém, como diria o mestre paulinho da viola,
descuidei-me da minha decisão e eis-me aqui, outra vez, falando por escrito,
aquilo que me vai na alma brasileira que carrego nas costas. no noticiário de
sexta-feira (2 de junho), luizignatiusluladasilva, primeiro e único (e espero,
último) boquirrotou para quem quisesse ouvi-lo
(e existem milhões de tolos que o veneram)entre gargalhadas da plateia: "um canalha de um
empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra dilma, mas a conta
está no nome dele e ele que mexe na grana. tá na hora de parar de palhaçada,
que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento."
investigado
em cinco inquéritos na operação comandada pelo juiz sergio moro (eleito como o
incendiador de brasilha e de outros cantos das grandes empreiteiras), ignatiusluladasilva manipula com extrema
habilidade a multidão embasbacada que o acompanha nos comícios que tem feito
desde que começaram as investigações. ora vítima, ora algoz, ora criminoso ora
herói, ele ganhou, de há muito, o meu
respeito por essa habilidade. sim, eu o respeito como um dos mais habilidosos
políticos que este país já concebeu algum dia. sem diplomas acadêmicos - à
exceção daqueles honoríficos - o sujeito que passou de "sapo barbudo"
a "pai dos pobres" com suas ações de cunho assistencial-populista
como um getúlio vargas nordestino (embora ele o negue sempre com atitudes que
nada tem a ver com o sertanejo deste lado de cá do país), ignatius, cuja enorme
capacidade de articulação e manipulação é a mesma da sua voracidade aos
espíritos etílicos sejam lá de que procedência forem, desqualifica toda e
qualquer acusação. na verdade, ele nem deveria mais tentar desqualificá-las
mais já que a culpa foi, segundo ele mesmo em depoimento a moro, da pobre dona
marisa, egressa deste mundo de meu deus há pouco tempo. declaração das mais
infelizes que esse astro do picadeiro em que o brasil se transformou já pode
prestar.
deixemo-lo
de lado, vamos pensar nas outras pobres criaturas que, como ele (não deu pra
deixá-lo completamente de lado), foram ou são alvos da lava-jato: luiz argolo,
ex-deputado federal, antonio palocci, ex-braço direito de ignatius; marcelo
odebrecht, ex-mandachuva da empresa que leva o nome da sua família; eduardo
cunha, ex-todo poderoso da câmara; sergio cabral, ex-governador do rídejanêro e
amante de jóias e jantares nababescos... todos (por enquanto) enjaulados e
apreciando a paisagem das janelas (?) de suas celas. outros, que não foram e
não são alvos da lava-jato, percorrem as ruas e vielas do país como baratas
tontas procurando emprego, comida, escola, saúde e tudo o que o estado deveria
- em tese - ser o provedor, estão tão encarcerados quanto os acima citados e
seus companheiros que não foram aqui nominados. são prisioneiros de homens sem
escrúpulos (e suas mulheres) que fazem valer a máxima publicitária cunhada na década de 70 do século
passado quando um jogador de futebol dizia que "como todo brasileiro,
eu gosto de levar vantagem em tudo!".
o
empresário-bomba, joesley batista, também está luxuosamente prisioneiro na
quintavenida lá de noviorque em seu apartamento de 52 milhões de dólares.
enquanto isso, sãpaulo se divide em cracolândias e o rídejaneiro vê as armas
dos traficantes chegarem em seu principal aeroporto. mas "o rio de janeiro
continua lindo..." diria gilberto gil em seus antigos devaneios musicais.
aliás, o rio de janeiro continua sendo o principal polo de tráfico
internacional de cocaína do país, continua sendo o quartel general dos barões
da droga. infelizmente. porque, como o resto dos brasileiros, o rio de janeiro
não merecia e nem merece ter se tornado isto. chicobuarqueando: "amanhã,
há de ser outro dia..."
e como
nem só de luizignatius et caterva vive o meu desapontamento com este
brasilvaronil, o atual inquilino do palácio do planalto e que prefere se
homiziar no palácio do jaburu, também articula e manobra suas artimanhas: para
proteger seus aliados e quebra-facas, baixa medidas provisórias como as
crianças baixam aqueles joguinhos enjoados no tablets. só que, no caso dele,
são ordens que blindam seus asseclas e os isolam da possibilidade (real) de
visitarem, na condição de hóspedes, os mesmos presídios da turma que falei lá
em cima; para se proteger, demite e nomeia ministros justamente para os
tribunais onde ele poderia, eventualmente, ir parar.
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