conhecido mais pelos furdunços e arruaças que promove, o rapaz que se autodenomina príncipe do gueto caminha muito mais ao largo da lei e da ordem do que o pensa e lê a nossa sociedade. protagonista de diversos "b.o's" em variadas ocasiões e delegacias, os seus seguidores adotam a violência como forma de manifestação de liberdade de expressão, de musicalidade e de vida. surpreende-me assim a decisão monocrática quase ditatorial do alcaide que tem algo que nos lembra, levemente, o personagem de duas faces de um romance muito famoso por conta de suas atitudes às vezes contraditórias. esta seria uma delas.
a despeito da forma educada como foi anunciada, entre sorrisos e a falsa doçura do mandante ao anunciar que "atendendo aos mais de não sei quantos mil pedidos no meu instagram, solicitei ao presidente da saltur" e bla-bla-bla, bla-bla-bla, que "inserisse o igor kannario na programação do carnaval "porque o povo gosta dele, eu gosto dele e vamos colocá-lo na grade momesca". ponto. faltou só o ancestral murro na mesa. pra chancelar a coisa. pra dar um cunho ainda mais oficial à contratação de alguém nem um pouco recomendável como "atração" dessa festança.
o fã das loucuras desse tal de kannario que, ao contrario do pássaro cujo nome e vida tem uma grafia e história mais simples e mais honrosa, devia estar trancafiado numa cela, não deve ter pensado direito no que ele está promovendo ou se pensou, esqueceu-se da sua posição e das conseqüências de tamanha admiração. o que o alcaide da cidade da bahia pensa afinal? não sei. sei apenas que em alguns momentos de sua trajetória tem feito escolhas equivocadas apenas para não dizer erradas. e esta, é uma delas. mas cada um comete a loucura que merece. nero tocou fogo em roma. neto bota kannario num pedestal. e la nave va.
aliás, vai ver que ele se espelhou numa publicação recente de emiliano josé, político militante antológico da esquerda baiana e brasileira, professor e jornalista que defendeu bravamente o moçoilo e seu direito de promover arruaças movido a marijuana e otras cositas más. e aí tá tudo certo, vida que segue, ainda que por caminhos tortuosos.
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